25 de jun. de 2017

Raças de Cavalos


As raças brasileiras começaram a ser formadas a partir da segunda metade do século IX. A primeira delas foi a raça Mangalarga ( conhecida popularmente como “Mangalarga Paulista” seguindo-se as raças Mangalarga Marchador ( conhecida popularmente como “Mangalarga Mineiro”), Campolina, Crioula, Piquira, Pantaneira, Marajoara, Campeira, Nordestina, Brasileiro de Hipismo. Um décimo agrupamento de equinos vem sendo constituído desde 1993, através do Serviço de Registro Genealógico da ABCCPAMPA – Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Pampa. Mas não se pode considerar como raça, tendo em vista que pampa define pelagem, sendo comum em várias raças, como nas próprias raças Mangalarga, Mangalarga Marchador, Campolina, Piquira, como exemplos. A morfologia e o andamento, apesar de serem orientados por um Padrão Racial, são de padronização quase que impossível, pois são registrados animais oriundos de quase uma dezena de raças, além dos animais sem origem conhecida. 

De acordo com a função, as raças são dividas em: Esporte, Lazer, Serviço. As raças brasileiras especializadas para serviço são a Crioula, Pantaneira, Marajoara e nordestina. São criadas em regiões específicas, onde adaptaram-se para o desempenho de determinadas funções. Assim, o cavalo Crioulo, uma das raças mais antigas do país, foi desenvolvido na região dos pampas gauchos, lidando com manadas de gado, cavalo, muares, ovinos. É um cavalo resistente, de criação rústica, ágil, veloz, inteligente, de boa treinabilidade. Para demonstrar suas aptidões funcionais, executa uma prova de maneabilidade e velocidade, conhecida como “Freio de Ouro”. O cavalo Pantaneiro é um especialista na lida de gado nas regiões alagadas do Pantanal do Mato Grosso, tangendo enormes boiadas de áreas inundadas para outras pastagens aproveitáveis na época das enchentes. O cavalo Marajoara é um especialista no trabalho de gado na região úmida da Ilha de Marajó, onde predominam grandes criações de búfalos, que também foram treinados para serem montados. O cavalo Nordestino é um especialista no trabalho de gado e rebanhos de caprinos e ovinos na caatinga do sertão do Nordeste, de vegetação espinhosa. Infelizmente, esta raça deixou de ser reconhecida pelo Ministério da Agricultura, desenvolvendo-se em condições desordenadas de seleção e melhoramento genético.  

As raças nacionais especialistas na prática de esportes são a Mangalarga e Brasileiro de Hipismo. O esporte original da raça Mangalarga era a caça de veados, inicialmente praticada na região montanhosa do Sul de Minas, com os cães nacionais, de faro apurado para localizar os veados nas montanhas. Posteriormente, levado para a região dos prados planos do oeste paulista, as caçadas passaram a ser realizadas pelos cães americanos, de menos faro, mas visão mais apurada, e os cavalos foram selecionados para galopar com mais velocidade e agilidade, e desenvolver um andamento característico, denominado de marcha trotada, de deslocamentos amplos, de maior progressão em relação à marcha de tríplices apoios dos “Mangalargas Mineiros”, e bem alçados e flexionados. Atualmente, o cavalo Mangalarga é muito utilizado em provas funcionais de velocidade e maneabilidade, na lida de gado e cavalgadas. Seu andamento característico, a marcha trotada, confere ao cavaleiro comodidade superior àquela derivada do trote convencional, porque o momento de suspensão é menor, e muitos animais apresentam sustentação dinâmica com base em apoios monopedais e quadrupedais, o que reduz os atritos verticais associados aos apoios duplos diagonais sincronizados. O cavalo Brasileiro de Hipismo, chamado de BH, é de formação mais recente, sendo derivado de raças estrangeiras especialistas em salto. 

As raças nacionais especialistas em lazer são a Mangalarga Marchador, Campolina, Piquira, Campeira. O que define a especialização de lazer é docilidade e a MTAD – Marcha de Tríplices Apoios Definidos, um andamento de média velocidade que, ao contrário do trote, confere ao cavaleiro, ou amazonas, a comodidade necessária para a satisfação nos passeios e cavalgadas de média a longa distância. A MTAD tem base genética, mas sofreu influencia do meio ambiente. Nas trilhas estreitas e sinuosas das regiões montanhosas do Sul de Minas e Campos das Vertentes, os animais eram forçados a uma locomoção de deslocamentos assimétricos. Apesar de tendências atuais de premiações de animais portadores de marcha batida excessivamente diagonalizada, ao extremo da marcha trotada e do trote desunido, todas as quatro raças ainda estão bem representadas por animais portadores do principal atributo que é referência mundial de “Pleasure Horses” ( cavalos de passeio ), a MTAD. Estas raças brasileiras de cavalos de marcha representam  autênticos patrimônios nacionais, que merecem mais atenção dos órgãos federais. Da mesma forma, também está sendo ignorado pelo Governo Federal o Jumento brasileiro da raça Pêga, o único marchador no mundo, capaz de produzir os mais belos e melhores muares marchadores do mundo. 

Quanto às raças estrangeiras, chamadas de exóticas, ou importadas, a maioria delas incluem-se na categoria de esportes. As mais difundidas são a Quarto de Milha, Puro Sangue Inglês, Árabe, Andaluz, Appaloosa, Luzitana, Paint Horse. A raça Árabe é a mais antiga, tendo participado da formação de um grande numero de raças. É modelo universal de beleza, sendo especialista em enduros de velocidade, pois tem resistência inigualável. A raça Puro Sangue Ingles, conhecida como P.S.I. tem como especialidade as corridas de média e longa distância. A raça Quarto de Milha tem duas especialidades: corridas rasas, de 400 metros ( um quarto de milha ) e o “cow sense”, que se traduz na aptidão nata para lidar com gado. Estas duas especialidades geraram um leque de esportes amplamente praticados no Brasil: corridas, vaquejadas, Prova dos 3 Tambores, Prova das 6 Balizas, Prova de Apartação, Prova de Laço. Os representantes das raças Appaloosa e Paint Horse derivam diretamente da raça Quarto de Milha, tendo conformação semelhante, bem como as aptidões funcionais. As diferenças estão nas pelagens que lhe deram os nomes: Appaloosa ( pintas escuras sobre pelo branco ) e Paint ( malhado ). São pelagens que não foram aceitas pelo Serviço de Registro Genealógico da raça original, Quarto de Milha. A raça Andaluz é especialista em touradas e adestramento clássico para exercícios de alto escola. Ë representada por cavalos fortes, inteligentes, de fácil treinabilidade. A raça Luzitana é tronco da raça Andaluz, tendo sido formada em Portugal.

Raças de Trote


Arabe - É a raça atual mais antiga e pura, tendo sido base para a formação de quase todas as raças existentes. Foi originária dos desertos da Arábia. A conformação é nobre, de beleza e refinamento ímpares. A cabeça é pequena, perfil de chanfro concavilineo, fronte larga, olhos salientes, boca pequena, pescoço delicado, arqueado, tronco brevelineo a mediolineo. O porte não é dos maiores, com altura média em torno de 1,50m. As pelagens são variadas, predominando a tordilha, alazã e castanha. A resistência destes cavalos é um atributo que os tornam preferenciais para a prática de enduros. Nas exposições são apresentados em diversos tipos de categorias, demonstrando a impressionante versatilidade desta raça.


Quarto de Milha - É a raça americana mais popular, famosa por ter sido a preferida pelos lendários cowbows dos filmes de faroeste. Originalmente, foi formada nos Estados da Virgínia e Carolina, por colonizadores ingleses. É o resultado do cruzamento de reprodutores Puro Sangue Inglês com éguas mustangs, nativas de sangue espanhol. As finalidades são várias, mas principalmente nas corridas de curta distância, um quarto de milha, o que lhe conferiu o nome, na lida com o gado, demonstrando um cow sense nato, e em provas de laço e de rédeas como apartação, três tambores,6 balizas. O cavalo Quarto de Milha é um animal de tronco compacto, dorso-lombo curto, musculatura geral bem desenvolvida, volumosa, membros anteriores curtos, membros posteriores longos, o que favorece a potência nas arrancadas. O temperamento é muito dócil, a inteligência uma das mais notáveis dentre as raças equinas. Qualquer pelagem sólida é comum, sendo a mais frequente a alazã. A altura média é em torno de 1,56m.


Puro Sangue Ingles - É uma raça formada na Inglaterra, no início do século XVII, com base no sangue Árabe. A finalidade principal é a corrida, em distâncias médias e longas. O corpo é esguio, de mediolineo a longelineo, com pernas longas e fortes. O pescoço é delicado, longo, cabeça harmoniosa. As alturas ideais variam de 1,60 a 1,70m. Qualquer pelagem sólida é de incidência frequente. O Puro Sangue Ingles, popularmente chamado de P.S.I. exerceu uma contribuição marcante na formação de inúmeras raças em todo o mundo.


Appaloosa - É uma raça norte-americana, formada no Vale "Palouse", região noroeste dos Estados Unidos. A origem é semelhante à do Quarto de Milha, inclusive a conformação. A finalidades também são parecidas, mas devido à pelagem os exemplares desta raça são muito procurados para circos e
desfiles. A pelagem é denominada de Appaloosa, podendo ser mantada, com manchas circulares de cor sólida sobre fundo branco incidindo na garupa e dorso-lombo, ou a variedade Leopardo, com as manchas circulares distribuídas sobre fundo branco em todo o corpo, pescoço e cabeça.


Paint - É um Quarto de Milha pampa. Criadores insatisfeitos com a discriminação da pelagem pampa pelo Padrão oficial da raça Quarto de Milha, fundaram uma associação para congregar pessoas admiradoras da pelagem pampa, que nesta raça é denominada de Tobiano ou de Overo. As pelagens foram originárias dos cavalos selvagens conhecidos como Mustangs, as montarias preferidas dos índios. A pelagem pampa denominada de tobiano é a padrão, de mecanismo genético dominante, caracterizando-se por malhas irregulares, que ultrapassam de um lado a outro, entre o pescoço e a garupa. No caso da variedade Overo, recessiva, as malhas são mais circulares, e raramente ultrapassam de um lado a outro, sendo comuns os animais de olhos azulados e cabeça branca. Como herança do Quarto de Milha, o Paint Horse é um animal muito dócil, inteligente, ágil, excelente na lida com gado, com a vantagem de possuir a pelagem pampa como diferencial de mercado.


Andaluz - Raça formada a partir do cruzamento de cavalos Bérberes, do norte da África, com éguas nativas da Espanha. A finalidade é o adestramento clássico, mas na Espanha são largamente utilizados nas touradas. O cavalo Andaluz possui um tronco compacto, robusto. Ao mesmo tempo que é um animal extremamente dócil, também é ativo, ágil, vigoroso nos deslocamentos de inigualável elegância, sendo considerado o mestre dos cavalos na nobre arte da alto escola equestre. A pelagem mais comum é a tordilha. A altura média é de 1,57m. Dezenas de raças no mundo foram formadas com base no sangue Andaluz, inclusive a maioria das raças brasileiras. Em Portugal, foi formada a raça Lusitana, de conformação e finalidades similares às da raça Andaluz, porém com um tipo mais refinado.


Poney brasileiro - É uma raça de origem britânica, descendente do Pôney Shetland, a menor dentre as nove raças de Pôneis existentes no continente inglês. No Brasil, os reprodutores Shetland foram acasalados com éguas nativas, popularmente conhecidas como Piquiras, dando origem ao Poney brasileiro, de altura inferior a 1,10m, muito requisitado para a diversão de crianças, como montarias ou em atrelagem. Apesar do tamanho reduzido, são animais muito fortes. As pelagens são vairadas e a conformação geral é bastante harmoniosa.


Bretão - Raça de origem francesa, formada a partir de cruzamentos entre as raças Percherão, Boulonnais e Ardenais. As pelagens mais comuns são a alazã, rosilha e castanha. É um animal mais leve em relação ao Percherão, raça mais conhecida no Brasil. O temperamento é muito dócil, facilitando o manejo. A finalidade principal também é a tração, em serviços agrícolas e de atrelagem, mas também podem ser usados para montarias. Como são muito fortes, são indicados para a tração de grandes carroças e charretes.


Brasileiro de Hipismo - Conhecido como BH, é uma mistura de várias raças, com grande concentração de sangue Inglês. A própria conformação, é bastante semelhante à do P.S.I. São animais de grande porte, alturas médias acima de 1,65m, tendo como finalidade principal o salto, que é uma das atividades do Hipismo Clássico. O manejo é especializado, exigindo treinamento profissional.

RAÇAS BRASILEIRAS DE MARCHA


1 - MANGALARGA MARCHADOR

A formação do cavalo Mangalarga Marchador teve a sua origem no Sul de Minas Gerais, na Fazenda Campo Alegre, sediada no município de Baependi. Gabriel Francisco Junqueira, conhecido como o Barão de Alfenas, foi o proprietário da Fazenda Campo Alegre, onde nasceu em 1782 e faleceu em 1869. No ano de 1812, o Barão de Alfenas recebeu como presente do príncipe Regente D. João VI, um cavalo da raça Alter (procedente da Coudelaria Alter do Chão, em Portugal), de nome "Sublime", usando-o para fins de cruzamento com suas éguas crioulas. Os produtos resultantes deste cruzamento constituíram a base dos primeiros cavalos Mangalarga Marchadores.

O cavalo Alter Real é de origem Andaluziana, sendo bastante semelhante em aparência ao cavalo Andaluz, com a diferença de ser um pouco mais refinado em suas linhas gerais. Em 1812 Portugal foi invadido pelos franceses, liderados por Napoleão Bonaparte. Inúmeras fazendas de criação de cavalos da raça Alter, inclusive a própria Coudelaria Alter do Chão, foram saqueadas. Nos anos subseqüentes, os cavalos Alter remanescentes no país foram cruzados com diversas raças cavalares, principalmente com a raça Árabe. No início do século XX, o sangue Andaluziano foi reintroduzido na raça, restabelecendo o tipo original.

O cavalo "Sublime", marco inicial da raça Mangalarga Marchador, veio para o Brasil antes da invasão francesa em Portugal e, portanto, era um puro exemplar da raça Alter. Quanto às éguas brasileiras nativas, estas foram originadas dos primeiros animais introduzidos no Brasil pelos colonizadores, sendo a maioria de sangue Bérbere e Andaluz. Outro fato histórico a ser lembrado é que os cavalos Bérbere e Libianos foram levados para a Espanha, onde passaram por cruzamentos sucessivos com indivíduos da raça Andaluz, dando formação aos famosos cavalos conhecidos como "Ginetes Espanhóis", os primeiros cavalos introduzidos na América do Sul pelos conquistadores. E alguns destes exemplares já apresentavam naquela época um andamento mais cômodo, derivado da Andadura. Desde o início dos trabalhos de sua seleção, Gabriel Francisco Junqueira levou em consideração o andamento cômodo, a resistência, rusticidade e o brio dos animais de sua criação. Naquela época, como o cavalo era o único meio de transporte, a notícia da existência de cavalos de andamento cômodo na Fazenda Campo Alegre despertou um grande interesse em todo o Sul do Estado de Minas e vários criadores adquiriram animais do Barão de Alfenas.

De acordo com o estudo realizado por ANDRADE (16), a versão mais sensata quanto à origem do nome Mangalarga é que o mesmo procede da "Fazenda Mangalarga", localizada em Pati do Alferes, no Estado do Rio de Janeiro. Os donos daquela fazenda somente compravam os seus cavalos no Sul de Minas, e quando iam à Corte Real, no Rio de Janeiro, pelo caminho chamavam a atenção pela elegância e beleza de seus cavalos e de imediato surgiam as perguntas: Quem eram os cavaleiros e cavalos? E a resposta vinha logo: Eram os donos da Fazenda Mangalarga. Assim, quando os compradores iam ao Sul de Minas pediam cavalos Mangalarga, isto é, iguais aos da Fazenda Mangalarga.

Com a mudança de várias famílias Junqueira para o Estado de São Paulo, o Mangalarga Marchador foi introduzido naquele Estado vizinho, onde, posteriormente, sofreu a infusão de sangue exótico, dando formação à raça Mangalarga Paulista, cuja Associação foi fundada em 1934. Paralelamente, os criadores mineiros, principalmente os Junqueiras descendentes do Barão de Alfenas, continuaram a selecionar o Mangalarga Marchador com base em sua pureza original, e diversas outras fazendas, além da Campo Alegre, constituíram a base inicial da formação da raça Mangalarga Marchador: 

Entre os reprodutores famosos que mais influenciaram na formação da raça Mangalarga Marchador temos: Soberbo, Brinquedo, Rio Branco, Rio Verde, Dourado, Ouro Preto, Caxias, Beline, Panchito, Cuera, Predileto, Abismo, Clemanceau, Sargento e outros. Aos interessados, o livro de autoria do Dr. Ricardo Figueiredo Santos (25), apresenta fotos de reprodutores famosos dentro da raça Mangalarga Marchador, Campolina e Piquira. E o livro do Dr. Ricardo Casiush (29) apresenta fotos históricas de renomados exemplares Mangalarga Marchadores.

Em 16 de julho de 1949, em reunião realizada em Caxambu-MG foi fundada a Associação dos Criadores do Cavalo Marchador da raça Mangalarga. hoje uma entidade de âmbito nacional. A raça M. Marchador é um grande exemplo de aprimoramento genético, sendo representada por animais extremamente versáteis, resistentes, rústicos, cômodos e belos. Logo, é uma raça de excelentes aptidões para o trabalho, passeio, provas funcionais e o hipismo rural.


2 – CAMPOLINA 

De acordo com as conclusões do excelente trabalho elaborado por FONTES (1957), a raça Campolina foi formada na região de Entre Rios de Minas, na Fazenda Tanque, cujo proprietário, Cassiano Campolina (1836 - 1904), iniciou em 1857 a sua criação de cavalos, constituída por um rebanho sem características definidas. Mas a verdadeira data de formação da raça é considerada como sendo o ano de 1870, quando Cassiano Campolina recebeu de um amigo (Antônio Cruz) uma égua preta, de nome Medéia, durante uma visita à cidade de Juiz de Fora-MG. Medéia era uma égua nacional e estava prenhe de um puro reprodutor da raça Andaluz, pertencente a Mariano Procópio, que o recebeu de presente do Imperador D. Pedro 11. Na Fazenda Tanque, Medéia gerou um lindo potro tordilho negro, autêntico 1/2 sangue Andaluz, cujo nome era Monarca, considerado o cavalo fundador da raça Campolina, tendo servido durante 25 anos no rebanho de fêmeas nacionais da Fazenda Tanque. Desde o início, Cassiano Campolina concentrou os seus trabalhos de seleção e melhoramento genético na obtenção de animais de elevado porte, de grande sobriedade e de andamento cômodo.

Com a morte de Monarca, em 1898, aos 28 anos de idade, Cassiano Campolina, devido a seu pouco conhecimento das raças exóticas, adquiriu um garanhão da raça Percherão (tração pesada), usando-o durante pouco tempo nas filhas de Monarca, visto que a experiência resultou no nascimento de produtos pesados, com estrutura grosseira e bastante ruins de sela. E como não poderia deixar de ser, Cassiano Campolina saiu em busca dos filhos de Monarca, a fim de dar continuidade ao seu trabalho seletivo.

Após o falecimento de Cassiano Campolina, o seu trabalho teve prosseguimento com o coronel Joaquim Pacheco de Rezende, a quem mais tarde sucedeu seu filho Joaquim Rezende, e a este o Gastão Rezende e seu fIlho, o atual proprietário da maior parte da criação marca C.C., iniciada por Cassiano Campolina. E paralelamente ao trabalho de Cassiano Campolina e dos Rezendes, um trabalho seletivo foi sendo criteriosamente conduzido na Fazenda Campo Grande, município de Passa Tempo (aproximadamente 70 Km da Fazenda Tanque), pelo coronel Gabriel de Andrade, cujo trabalho foi brilhantemente continuado por seu filho Bolivar de Andrade e, atualmente, por Márcio de Andrade. Ainda no município de Passa Tempo, José Ferreira Leite e Américo de Oliveira organizaram na Fazenda Primavera um núcleo de grande importância. Segundo FONTES (21) também devem ser lembrados os trabalhos de Pedro e Joaquim Carlos em Santo Antônio do Amparo; de Ascânio Diniz em Carmo da Mata; dos Almeidas em Pedra Azul, todos no Estado de Minas Gerais.

Além de Monarca, diversos outros garanhões de outras raças também exerceram uma influência significativa na formação da raça Campolina: 

Raça Anglo-Normando - Ainda na época de Cassiano Campolina, foi utilizado o garanhão Menelike, proveniente da cocheira "Murax", no Rio de Janeiro. Entre os bons descendentes de Menelike foram relacionados Bonaparte, Oder I e Oder II (21). O Anglo-Normando é uma raça de grande porte e de linhas gerais leves e harmônicas. Mas a principal razão que teria levado Cassiano Campolina a introduzir sangue desta raça parece ter sido a obtenção de boas éguas "mulateiras", visto que já naquela época as parelhas de muares grandes e robustos alcançavam bons preços, principalmente no Rio de Janeiro (21).

Raça Clydesdale - Após a morte de Cassiano Campolina, o seu sucessor, cel. Joaquim Pacheco de Rezende, procurou melhorar o andamento da tropa C.C., já que a tendência do mercado era para andamentos macios (marcha picada). E foi com tal objetivo que adquiriu do cel. Gabriel de Andrade, da Fazenda Campo Grande, um garanhão de nome Golias, possuidor de 1/4 de sangue da raça Clydesdale. Esta raça foi formada na Escócia, sendo de tração, tendo como características principais o grande porte, ossatura forte, grande quantidade de pelos nos membros, bom temperamento, boa disposição para o trabalho, inteligência e com uma predominância de pelagem baia e castanha, com calçamentos e frente aberta. O próprio Golias era baio, de porte pronunciado, excelente marchador, tendo exercido uma influência marcante na formação da raça Campolina. Entre os seus filhos, destacaram-se: Otelo I, Tupy, Caruso, Otelo 11. E entre as fIlhas: Walkiria, Colônia, Wanda, todas elas mães de excelentes reprodutores.

Raça Holstein - Por volta do ano de 1908 os criadores José Ferreira Leite e Américo de Oliveira, da Fazenda Primavera, município de Passa Tempo, adquiriram do cel. Horácio Lemos um garanhão Holstein, de nome Treffer, importado por Herm-Stoltz & Cia. Esta é uma raça formada na Alemanha, com influência de sangue espanhol e inglês. Os animais apresentam trem posterior possante, ossatura forte, membros relativamente curtos, boa profundidade torácica, com predominância de pelagens preta, castanha e baia. A altura média é em torno de 1,54 m e as funções principais são o trabalho e o salto. Segundo o Sr. José Ferreira Leite, a introdução de Treffer em sua criação visava em linhas gerais a mesma meta de Cassiano Campolina ao introduzir o Anglo-Normandio. Tendo deixado vários descendentes, mais tarde Treffer teve influência nos rebanhos de Santo Antônio do Amparo e Oliveira. Seus descendentes mais conhecidos foram: Urano, Soberano, Aliado, Liberal, Roseira, Primavera, Rainha, Nuvem e Sonâmbula.

Raça American Saddle Horse - Contrário à orientação de seus vizinhos ao introduzirem animais pesados, o Dr. Donato de Andrade, irmão de Bolivar de Andrade, aconselhou o seu pai, cel. Gabriel de Andrade, a procurar animais mais leves e "bons de sela", preferindo a raça American Saddle Horse. Assim, no ano de 1909 foram adquiridos do Kentuchy, Estados Unidos, dois garanhões desta raça, de nome Yankee Prince e Golden Viscount. Principalmente o primeiro, teve uma grande influência no planteI da Fazenda Campo Grande onde deixou, entre outros, Florete, Herval e Florão. As principais contribuições do American Saddle Horse para a raça Campolina foram: elegância de andar, porte, refinamento de linhas corporais e andamento mais cômodo.

Raça Mangalarga Marchador - Enquanto novos núcleos de criadores de Campolina se formavam, os continuadores da obra de Cassiano Campolina se preocupavam com o tamanho um tanto avantajado que vinham adquirindo seus animais e o perfil excessivamente convexo de alguns reprodutores, resultado da influência de animais ocidentais usados, principalmente Menelike e Golias - e também do próprio Monarca, que tinha sangue Andaluz. Por tais razões, preferiram voltar um pouco ao sangue oriental através de Rio Verde, nessa época (1934), já famoso reprodutor Mangalarga Marchador, descendente de animais do Sul de Minas e de propriedade do cel. Gabriel de Andrade, da Fazenda Campo Grande (21). Entre outros, Rio Verde deixou o famoso garanhão Gás Rex, campeão nacional e pai de reprodutores bem conhecidos, como: Emblema, Radar, Primor e Cromo. A decisão de introduzir sangue Mangalarga Marchador foi tomada por Joaquim Rezende, fIlho do cel. Joaquim Pacheco Rezende, sucessor de Cassiano Campolina, principalmente após o fracasso da introdução de sangue P.S.I. e possivelmente de Oldemburguês. Todos os animais descendentes destas duas raças foram vendidos, não tendo exercido influência sobre a formação da raça Campolina.

É importante ressaltar que pelo menos nos últimos 50 anos, não se tem registros de introdução de sangue exótico em plantéis da raça. Os registros históricos mostram que os últimos cruzamentos foram com a raça Mangalarga Marchador, através de Rio Verde no ano de 1934. Posteriormente, os filhos de Rio Verde foram utilizados, e com grandes benefícios para a raça Campolina, principalmente nas características andamento e refinamento morfológico, particularmente no pescoço e cabeça. E atualmente, todas as infusões de sangue exótico mencionadas, mesmo a contribuição genética oriunda do Mangalarga Marchador, já estão bastante diluídas. E como prova deste fato incontestável, basta lembrarmos do alto nível qualitativo e da padronização da representação de animais presentes nas exposições nacionais especializadas da raça, realizadas anualmente pela Associação.

Em 1951 os criadores de Campolina fundaram em Belo Horizonte a Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Campolina, quando foi elaborado o novo padrão da raça para efeito de Registro Genealógico. Este padrão foi amplamente atualizado em 1975, tendo em vista a evolução marcante que tem sofrido a raça Campolina.

No mercado atual, o cavalo Campolina tem uma grande aceitação. Enquanto que na criação do cavalo Mangalarga Marchador nos deparamos com um grande número de linhagens tradicionais, algumas das quais, oferecendo pouca contribuição para o melhoramento genético daquela raça, na atual criação de Campolina do país, praticamente pode-se  afirmar que apenas duas linhagens constituem a base dos rebanhos. Tal fato, sem dúvidas, facilita muito os trabalhos de seleção e melhoramento genético da raça, em decorrência da menor heterogeneidade dos representantes da raça. Outro fator importante para o rápido desenvolvimento desta raça no Brasil é que a criação, até pouco tempo atrás, encontrava-se concentrada em mãos de uns poucos criadores, de maiores recursos econômicos e de maior orientação técnica, que conseguiram conduzir um trabalho sério em seus criatórios. Hoje, com o grande movimento verificado na criação de cavalos Campolina, podemos notar com imensa satisfação que a representação da raça evoluiu aceleradamente, com rara consciência, tanto do ponto-de-vista morfológico como funcional.

Garboso, sóbrio, de andar rápido e excelente comodidade, o cavalo Campolina é hoje um animal bastante requisitado e indicado para as longas caminhadas e os trabalhos de campo nas fazendas. Tendo como características peculiares o andamento (marcha) e o magnífico porte, é uma raça muito apreciada para cruzamentos com jumentos para a obtenção de animais de serviço ou para cruzamentos orientados com raças exóticas (Exs.: Puro Sangue inglês e Anglo-Árabe) com a finalidade da obtenção de produtos aptos para provas eqüestres diversas.


3 - PIQUIRA

A raça Piquira foi formada através de cruzamentos dirigidos de éguas nacionais de porte pequeno com reprodutores pôneis da raça Shetland. Desde o início a seleção baseou-se em duas características fundamentais: o porte pequeno e o andamento marchado. Ainda é uma raça com uma larga variação genética, em decorrência da mestiçagem recente e do fato de várias éguas sem origem conhecida terem sido registradas, levando-se em consideração apenas a marcha e o porte dentro dos limites de altura estabelecidos pelo padrão racial. Entretanto, é importante ressaltar que já existem inúmeros animais de excelente e bem definida caracterização racial, completamente enquadrados no padrão racial.

Os criadores de Piquira estão filiados à Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo pônei, fundada no ano de 1970 e com sede em Belo Horizonte, estado de Minas Gerais.

A principal utilidade do cavalo Piquira é para montaria de crianças, seja para o passeio e divertimento ou para os trabalhos de campo nas fazendas, os concursos de marcha ou as provas funcionais. O Piquira é um animal extremamente dócil, de temperamento calmo e bastante cômodo. O seu padrão racial estabelece o seguinteAs raças brasileiras começaram a ser formadas a partir da segunda metade do século IX. A primeira delas foi a raça Mangalarga ( conhecida popularmente como “Mangalarga Paulista” seguindo-se as raças Mangalarga Marchador ( conhecida popularmente como “Mangalarga Mineiro”), Campolina, Crioula, Piquira, Pantaneira, Marajoara, Campeira, Nordestina, Brasileiro de Hipismo. Um décimo agrupamento de equinos vem sendo constituído desde 1993, através do Serviço de Registro Genealógico da ABCCPAMPA – Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Pampa. Mas não se pode considerar como raça, tendo em vista que pampa define pelagem, sendo comum em várias raças, como nas próprias raças Mangalarga, Mangalarga Marchador, Campolina, Piquira, como exemplos. A morfologia e o andamento, apesar de serem orientados por um Padrão Racial, são de padronização quase que impossível, pois são registrados animais oriundos de quase uma dezena de raças, além dos animais sem origem conhecida. 









17 de jun. de 2017

ciclo estral da égua



O ciclo estral da égua, ou simplesmente cio, é o período correspondente ao intervalo entre uma ovulação e a ovulação subsequente. O conhecimento e a manipulação da duração do ciclo estral equino e suas fases têm-se tornado muito importante com a crescente utilização de técnicas de inseminação artificial e transferências de embriões na espécie. A quantidade limitada de sêmen congelado e o alto custo no transporte de sêmen refrigerado de garanhões tornam necessária uma diminuição do número de inseminações por ciclo para não inviabilizar economicamente a técnica. Para tanto, tem-se procurado conhecer melhor a duração dos componentes do ciclo estral, bem como o momento exato da ovulação e o momento ideal de se realizar a inseminação. Apesar de poliéstrica, anual ou estacional, muitas éguas em função da latitude exibem atividades ovarianas máximas durante o período de primavera-verão. Nos meses de inverno, essa atividade é bem reduzida e é conhecida como anestro sazonal. Entre os meses de ciclicidade e os meses de anestro existe um período conhecido como período de transição no qual a é apresenta atividade ovariana, porém essa não é eficiente no sentido de haver ovulação. Isso ocorre novamente entre o período de anestro e o período de ciclicidade. O fator determinante deste comportamento de variação é a duração do período de luz/dia, ou fotoperíodo, mas outros fatores como nutrição, temperatura e estado sanitário podem alterar os padrões de ciclo estral. O ciclo estral normal na égua é de um ou dois dias maior que na vaca (22 ± 3 dias), sendo que o período de estro é o fator mais variável e responsável pelas grandes alterações na duração do ciclo estral, uma vez que o diestro é mais ou menos constante entre os animais da espécie.

O estro na égua é marcado por um período de receptividade sexual bem característico, mas em algumas éguas só é perceptível por meio do acompanhamento folicular por exame ultrassonográfico, uma vez que as manifestações psíquicas não são demonstradas (cio silencioso). Essa manifestação é muito comum no período conhecido como “cio do potro”, que ocorre entre 5° e o 15° dia pós-parto.


Diestro


Na égua, o padrão de desenvolvimento folicular é menos definido que na vaca, e esse pode determinar não só uma longa duração no período de estro, como também uma elevada incidência de ovulações múltiplas, mais comuns em animais de raças de salto e da raça Árabe.A maioria das ovulações ocorre de 24 a 48 horas antes do final do estro. Essa relação do momento de ovulação com o final do estro dificulta sua determinação exata, prejudicando muitas vezes a utilização de programas que envolvam sincronização de cio, como no caso da utilização de inseminação artificial, da transferência de embriões e até da IATF. Com esse índice de variação do ciclo estral tão alto entre as espécies e até mesmo entre indivíduos, faz-se necessário um estudo prévio do histórico reprodutivo de cada égua já que suas características tendem a se repetir de um ciclo a outro e de uma estação a outra. Fazendo isso, conseguiremos um maior número de animais nascidos numa estação de monta, uma economia em envio e utilização de sêmen congelado, lotes de nascimentos mais homogêneos e com indivíduos mais prontos para as competições de potros, tão exigentes nos dias de hoje. Assim se faz um campeão.


15 de jun. de 2017

Período de Reprodução nos Equinos



Capítulo 2
Manejo e comportamento Reprodutivo da Fêmea

A fêmea Inicia a sua atividade sexual, Isto é, manifesta estro (cio>, antes dos 24 meses de Idade.
A Idade à puberdade é um Indicativo da precocidade dos animais e depende, entre muitos fatores, da raça e da alimentação. Potras criadas com restrição alimentar de energia, proteína, minerais e vitaminas, têm seu crescimento retardado e mostram o primeiro estro depois de aproximadamente
6 a 12 meses da média da raça. A Idade da fêmea à puberdade, primeira exteriorização do estro e ovulação se dá aos 14 a 18 meses em média. Entretanto, a vida reprodutiva em nossas condições de
criação começa efetivamente ao redor de 36 meses, quando já se possui equilíbrio hormonal e desenvolvimento físico suficientes para levar a termo a gestação. A taxa de prenhez em potras colocadas em reprodução aos 36 meses e manejadas em pastagem de Coast-cross (Cynodon
dactylon> tem alcançado 89,0%.
A fêmea equina é um animai poliéstrico-estacional, Isto é, apresenta certa Inatividade ovariana no período de pouca luminosidade no Inverno. A atividade ovariana é mais Intensa nas estacões da primavera e do verão (outubro a fevereiro>, conseqüentemente o maior índice de fertilidade ocorre neste período. Entretanto, nas regiões próximas ao equador, a fêmea apresenta-se como poliéstrlca contínua, com cicios estrais durante o ano todo. Isto se explica pela duração do período de luz o ano todo, que age por melo do controle de liberação dos hormônios FSH e lH provocando a atividade ou Inatividade ovariana.
A eficiência reprodutiva está, portanto, entre outros fatores, ligada diretamente à luminosidade, nutrição e temperatura. A disponibilidade alimentar afeta a atividade sexual, e a luminosidade, juntamente com a temperatura, provoca, devido ao maior desequilíbrio nos níveis hormonais, maior ou menor funcionalidade ovariana, desde o anestro até a clcllcldade dos estros.
No período do ano de transição de inverno para a primavera, a fêmea desloca-se progressivamente de um período de inatividade para um período de atividade ovariana, e pode apresentar estros prolongados ou irregulares antes de ocorrer a ovulação.
A época escolhida para a reprodução está na dependência da região, da conveniência do criador, da mão-de-obra, leilões, disponibilidade de pastagens e, sobretudo, da atividade sexual da fêmea. Normalmente, a manifestação natural do estro tem Início em setembro e outubro, quando melhoram as pastagens e o fotoperíodo é mais longo.
Na nossa criação, o período reprodutivo tem início em julho e se estende até dezembro. Em julho, as fêmeas são colocadas solteiras em um programa de luz artificial, que proporciona um adiantamento na manifestação do estro ovulatório. Este manejo reduz a milo-de-obra, diminui o intervalo entre as estações de monta, concentra as parições, facilita o manejo do recém-nascido e seu desenvolvimento, e permite, ainda, que a desmama ocorra no período de adequada disponibilidade e qualidade das pastagens.

A égua, para atrair o macho, urina levantando seu rabo e deixando a mostra a vulva. O macho que se interessar, normalmente é o garanhão, aproxima-se com a cabeça erguida, cauda e orelhas para trás cutuca, belisca e empurra a fêmea. Para que ele possa determinar a maturidade sexual dela ele fareja a urina que foi expelida por ela. Esse comportamento estimula a secreção das éguas e a ereção no macho. Se ambos se sentem satisfeitos, ele monta e a cópula ocorre.
Com 18 meses aproximadamente eles já atingem a maturidade sexual, mas o ideal é que machos e fêmeas esperem até atingir os 36 meses para iniciar a reprodução. O cio dura em média 11 dias, não sendo recomendado cobrir a água no início do mesmo. A ovulação se dá apenas de 24 a 46 horas antes do término do cio, o ideal é cobrir a fêmea a cada 2 dias, e de outubro a dezembro é o melhor período para realizar a monta.
A gestação da fêmea demora 11 meses e quando nasce com no máximo 2 horas o potrinho já ficará de pé e até mesmo andar. Eles nascem sem dentes, com até 9 meses eles devem ter aparecido todos os dentes de leite e com até 6 anos todos os dentes de leite já se tornam permanentes. O tamanho das pernas no nascimento é pouca coisa menor do tamanho que ficarão quando ele se tornar adulto.




11 de jun. de 2017

Mecanismo Biológico da Reprodução de Equinos



A atividade sexual nos equinos é iniciada e mantida por diferentes fatores, como hormonais, nutricionais e genéticos, podendo, ser caracterizada por fenômenos como: puberdade, ciclo estral. ovulação, gestação, parto e lactação nas fêmeas, e a produção de espermatozoides, capacidade de cobrir e fecundar nos machos.
A produção de células germinativas, tanto na fêmea como no macho, se dá por meio de mecanismos Que ocorrem inicialmente no complexo hipófise-glândula pituitária, onde, sob a influência de fatores estimulantes ou inibidores como alimentação, calor, luz, trauma físico, dor e presença do macho, há secreção do hormônio liberador de gonadotrofina IGnRHl, o Qual provoca a liberação dos hormônios folículo estimulante IFSHl e luteinizante ILHl, Que atuam diretamente nos ovários e testículos. o hormõnio FSH, nas fêmeas, é responsável pelo crescimento dos folículos ovarianos, e nos machos pelo estabelecimento da diferenciação dos espermatozoides nos túbulos seminíferos dos testículos.
O hormônio LH, nas fêmeas, proporciona a maturação final do folículo pré-ovulatório, a indução da ovulação, e o início da formação dos corpos lúteos primário e secundário. Os corpos lúteos produzem progesterona até o 14º ao 15º dia pós-ovulação. com pico no 6º dia. NOS machos. o hormônio LH induz a síntese de andrógenos Itestosterona e deidrotestosteronal pelas células de Leydig, estimulando a espermatogênese, formação de espermatozoides, pelas células de Sertoli.
Após a cobertura ou inseminação, os espermatozoides são transportados, útero, até a junção útero-tubárica-istmo, onde se potencializam para encontrar o ovócito, realizar a fusão, finalizando com a fecundação e a formação do zigoto. NO início da gestação, o zigoto entra no útero e é envolvido por uma cápsula de função imunoprotetora, antiluteínica, e após 20 a 21 dias, inicia-se o processo de estabelecimento da Placentação alanto-coriônica.
O mecanismo biológico da reprodução de equinos está esquematizado na Figura 1.







7 de jun. de 2017

Origem dos Equídeos (Cavalos)



Origem dos Equídeos

        Os equinos atuais descendem de animais que habitavam a Terra aproximadamente há 50.000.000 anos, no período geológico conhecido como Eoceno. Estes mamíferos, pouco parecidos com o cavalo atual, possuía 25 a 50 cm de altura (tamanho de uma raposa), dorso ligeiramente arqueado e apoiava-se sobre 4 dedos nos membros anteriores e posteriores. O maior número de dedos capacitava os animais a correrem de maneira segura e eficiente nos campos pantanosos das florestas tropicais, buscando alimento ou escapando dos predadores, saltando e escondendo-se entre os arbustos. Possuía dentes com estruturas simples mais apropriados ao consumo de folhas tenras, brotos e porções carnosas das plantas. Um fóssil desse pequeno animal foi classificado na Inglaterra em 1838 como um roedor, recebendo o nome de Hyracotherium. Mais tarde, em 1876, o Hyracotherium foi comparado a outro fóssil encontrado na América do Norte, denominado Eohippus, quando foi constatado que se tratavam de animais de mesmo gênero. Pelas leis de prioridade do Código de Nomenclatura Zoológica, o nome Hyracotherium prevalece sobre o Eohippus, apesar de que o último nome é amplamente utilizado.
    Outros fósseis da época Oligoceno encontrados na América do Norte constituíram a segunda peça da evolução dos equinos, entre eles dois tipos distintos. O Mesohippus, com aproximadamente 60 cm de altura, três dedos e dentes semelhantes ao seu ancestral que não correspondiam a animais consumidores de pasto. Outro tipo foi o Miohippus, que era muito semelhante ao Mesohippus, mas com maior estatura, o qual acredita-se que tenha migrado para a Europa e, posteriormente, desaparecido.
    O estudo da origem dos equinos na época Mioceno, mostra que estes viviam em três ambientes distintos: terras baixas (Pliohippus), terras altas (Parahippus) e terras desertas (Merychippus) comprovando as notáveis adaptações evolutivas em relação ao tamanho, estrutura esquelética e dentição. No Mioceno, as gramíneas tornaram-se mais abundantes e os herbívoros deixaram de ser consumidores de arbustos para consumirem pastos, havendo necessidade de adaptação dos dentes a este alimento mais fibroso, que promovia maior desgaste dentário.
    Para escapar dos predadores estes indivíduos sofreram transformações anatômicas para adquirir velocidade. No estudo da Osteologia observa-se que no antebraço a fusão dos ossos rádio e ulna determinou a perda de rotação dos membros anteriores. Nos membros posteriores, a tíbia e a fíbula também sofreram fusão semelhante. As articulações dos cavalos começaram a trabalhar num só plano, para frente e para trás, o que permitiu aumento na velocidade quando comparado a outras espécies. O dedo médio tornou-se maior e mais robusto, sendo capaz de suportar o próprio peso, os laterais apesar de apresentarem pequenos cascos não entravam em contato com o solo quando em estação, ainda que isto poderia acontecer quando corria. Os gêneros dessa época possuíam aproximadamente um metro de altura, eram mais esbeltos, mais ativos, inteligentes e atléticos. Restos fossilizados destes animais foram encontrados em praticamente toda a América do Norte.
    Muito semelhante ao cavalo moderno o Pliohippus (Época Plioceno), foi o primeiro gênero a apresentar um só dedo, embora os ossos estilóides (metacarpianos e metatarsianos acessórios) fossem maiores que no cavalo moderno. O Pliohippus mesmo sem apresentar significativas mudanças evolutivas é considerado o antecessor do gênero Equus.
    O Pleistoceno foi a Época do surgimento do homem e simultaneamente do gênero Equus, que difundiram-se por todo o mundo. Fósseis desse gênero foram encontrados na Ásia, Europa, África, América do Norte e América do Sul. O gênero Equus (Época Pleistoceno) difere pouco dos seus antepassados próximos (Pliohippus) e a estrutura dentária é a principal diferença, mais especializada na trituração de pasto por apresentar dentes pré-molares e molares com mesas dentárias mais desenvolvidas.
    Acredita-se que o berço da evolução do cavalo até o gênero Equus foi a América do Norte, pelos inúmeros fósseis dos diferentes gêneros encontrados em diversas regiões como os estados da Flórida, Texas, Montana, Califórnia e Óregon. Apesar desta teoria, quando o Hemisfério Ocidental foi descoberto pelos europeus não existiam cavalos nas Américas, o motivo ainda representa um dos mistérios da história.
    Após a difusão do Equus por todo o mundo, a partir da América do Norte, desenvolveram-se formas distintas desse gênero em diferentes regiões e em diferentes épocas, provavelmente influenciadas pelas grandes variações de altitude, clima, solo e alimentos. Os primeiros equídeos selvagens adaptaram-se bem a vários ambientes como estepes, bosques, desertos e tundras. O Equus caballus (cavalos domésticos) foi encontrado no norte da Ásia e em toda a Europa, o Equus hemionus (Onagro e o Kiang) no centro e sul da Ásia, o Equus asinus (jumentos) no norte da África e as diferentes espécies de zebras, entre elas, Equus zebra, também encontradas na África.

Os cavalos selvagens

    A história recente dos cavalos selvagens é mais obscura que a sua própria origem, pois baseia-se em desenhos encontrados nas cavernas do sul da França. Estes mostram cavalos com características distintas, como o de tipo pesado que representa os animais de tração (ou tiro) e os de sela que é representado por um tipo menor e refinado. Os verdadeiros cavalos selvagens habitavam a Europa e a Ásia, já que haviam desaparecido completamente das Américas no fim do período Terciário.
    A classificação inicial dos cavalos é baseada nos tipos sela e tração, classificados em cavalos orientais e ocidentais. Os orientais, chamados também de "sangue quente" (temperamento ativo), eram cavalos pequenos bem proporcionados, esguios, de membros altos e finos, cabeça pequena com fronte ampla, chanfro curto e estreito, pele fina e perfil cefálico quase sempre reto, poucas vezes subconvexo ou subcôncavo. Denominados Equus caballus orientalis (Tarpã), provavelmente originaram os animais de sela da região do Mediterrâneo.
    Os cavalos ocidentais ou Equus caballus occidentalis, também chamados de "sangue frio" (temperamento calmo), eram grandes, pesados, com abundantes crina e cauda, pelos longos, pele grossa, linhas notadamente convexas e de grande potência, provavelmente originaram os animais de traçãona Europa Central.
    Outro tipo selvagem existente até o final dos anos 80, era o Equus caballus przewalskii, que habitava, em estado puro, o leste asiático próximo à fronteira da Mongólia. Eram animais compactos e pequenos, com 1,30m de altura, com cabeça comprida e larga, crinas curtas e eretas, cor do corpo variando do castanho ao baio, com crina e cauda negras. Contribuiu para formação das raças locais, os cavalos do sul da Rússia e da Mongólia.


A história do homem e o cavalo

    A primeira relação entre o homem primitivo e os equinos foi alimentar, pois os cavalos sempre foram fonte de alimento para diferentes espécies, inclusive para o ser humano. Mais tarde, o homem descobriu outras virtudes nos cavalos além de proporcionar alimento, o que com certeza contribuiu para sua domesticação. A época e o local exato desta domesticação ainda é uma dúvida entre os historiadores, citam a China e a Mesopotâmia, entre os anos 4.500 a 2.500 a.C., como dois desses locais. No ano 1.000 a.C., o cavalo já havia sido domesticado e difundido em quase toda a Europa, Ásia e norte da África.
    Logo após a sua domesticação, o cavalo foi utilizado como poderoso instrumento de conquista, transporte, carga, tração, diversão e de competições esportivas. São incontestáveis os benefícios que a domesticação dessa espécie trouxe para a humanidade, pois todas as grandes conquistas dos diferente povos, desde as mais antigas civilizações até a idade moderna deram-se no dorso dos equídeos. Muitas são as provas desta estreita relação, onde a mitologia e a própria história mostram cavalos imortalizados como Bucéfalo, Roan Barbary, Incitatus e Marengo. Nas conquistas intercontinentais, como por exemplo a colonização das Américas, os cavalos também tiveram presença marcante. Quando os primeiros europeus desembarcaram no "Novo Mundo" trouxeram muitos equídeos que foram os principais recursos desses conquistadores.


COMPARAÇÃO DE TAMANHOS ENTRE ALGUMAS ESPÉCIES ANCESTRAIS DE CAVALOS.

Os ancestrais dos cavalos

Hyracotherium

O primeiro equídeo de que há registo foi classificado pelo nome de Hyracotherium. Era um pequeno animal de floresta nos primórdios do Eoceno, há cerca de 55 milhões de anos atrás – “apenas” 10 milhões de anos depois de se extinguirem os dinossauros.
Este pequeno ancestral do cavalo moderno, que não media mais de 30 centímetros ao garrote, era muito diferente em aparência dos cavalos que vemos hoje em dia. Era na verdade um pouco parecido com um cão: dorso arqueado, pescoço curto, pernas curtas e uma longa cauda.
A sua alimentação baseava-se em frutas e folhagem de árvores. Graças à sua morfologia, este pequeno animal tinha tanta facilidade em saltar como um veado, sendo apenas mais lento e um pouco menos ágil.
Este pequeno equídeo foi em tempos conhecido pelo nome de Eohippus, que significa “cavalo do amanhecer”.


HYRACOTHERIUM

Hyracotherium tinha algumas características que devem ser referidas:
  • Sendo um animal de floresta e de pântano, possuía quatro dedos em cada membro anterior e três em cada membro posterior. Aquilo que é actualmente o casco era uma das unhas, estando ainda presente em alguns cavalos a segunda unha vestigial;
  • A forma como o Hyracotherium apoiava as patas era semelhante á dos cães, exceptuando o facto de ter pequeninos “cascos” em cada dedo, em vez de ter garras;
  • Cérebro pequeno, com lobos frontais especialmente pequenos;
  • Baixa inserção dos dentes, sendo a dentição composta por três incisivos, um canino, quatro pré-molares distintos e três molares “moedores” em cada lado de cada mandíbula (esta é a constituição dentária dos mamíferos mais primitivos). As cúspides dos molares foram ligeiramente unidas em cristas baixas, dentição típica de um animal omnívoro.
Nesta altura da era Eoceno os equídeos não eram muito diferentes dos restantes membros do grupo perissodáctilo. O género em que se inclui o Hyracotherium inclui também outras espécies que podem estar até relacionadas (ou mesmo ser ancestrais) com o rinoceronte e o tapir.
Fazendo uma retrospectiva, o Hyracotherium, apesar de ser bastante primitivo, foi um animal que se adaptou perfeitamente ao meio onde habitava. Aliás, ao longo da maior parte do Eoceno, esta espécie sofreu poucas alterações. O corpo e membros mantiveram-se praticamente inalterados, apenas com ligeiras diferenças nos dedos. A maior alteração deu-se ao nível da dentição. À medida que os equídeos começavam a comer mais plantas e menos fruta, começaram a desenvolver mais dentes de moer, para melhor lidar com o novo tipo de alimentação.


OROHIPPUS

Aproximadamente a meio do Eoceno houve uma gradual transição do Hyracotherium para um parente próximo. O Orohippus era em tudo semelhante ao Hyracotherium, costas arqueadas, pescoço curto, “patas de cão”, focinho curto, etc.
A alteração mais significativa verificou-se nos dentes. O forma do ultimo pré-molar alterou-se, dando ao animal mais um “dente moedor”. A juntar a isto, as cristas nos dentes eram mais pronunciadas, indicando que o Orohippus estava a comer alimento mais rijo.

Epihippus

Epihippus surgiu do Orohippus. Tal como os seus antecessores, possuía ainda bastantes semelhanças com um cão. Cérebro pequeno, quatro dedos nos anteriores e três nos posteriores, patas com almofadas plantares. No entanto a forma dentária continuava a evoluir. Nesta altura os dois últimos pré-molares tornavam-se semelhantes aos molares, proporcionando ao animal cinco “dentes moedores”.
Há uma fase posterior do Epihippus, algumas vezes chamada de Duchesnehippus. Não está provado se seria um sub-género ou uma espécie de Epihippus. Este animal era basicamente um Epihippus com uma dentição semelhante ao mesmo, apenas um pouco mais primitivo do que o posterior cavalo do Oligoceno.

Fim do período Eoceno, inicio do Oligoceno

À medida que se aproximava o Oligoceno (36-23 milhões de anos atrás), a fisionomia dos cavalos começava a sofrer algumas alterações.
O clima da América do Norte estava a tornar-se mais seco, as ervas a começar a desenvolver-se e as vastas florestas estavam a começar a diminuir de tamanho. A resposta dos animais a esta alteração do seu habitat natural foi o desenvolvimento de uma dentição mais resistente, o alargamento do corpo e começaram a surgir animais um pouco mais altos e com membros que lhes permitiam a fuga em caso de necessidade, uma vez que cada vez mais viviam em espaços abertos.


MESOHIPPUS

A espécie Mesohippus celer surgiu “repentinamente” no ultimo período do Eoceno. Este animal era ligeiramente mais largo e mais alto que o Epihippus, medindo cerca de 50 centímetros ao garrote. Já não era tão semelhante a um cão. Tinha o dorso menos arqueado, os membros mais compridos, o pescoço mais longo e mais fino, o chanfro estava também mais largo e mais comprido.
Mesohippus tinha três dedos nos seus posteriores e nos anteriores o que era o quarto dedo estava agora reduzido a uma unha vestigial que com o passar do tempo acabaria por desaparecer.
Outras alterações significativas:
  • Hemisférios cerebrais notoriamente mais largos;
  • Os últimos três pré-molares eram semelhantes aos molares, proporcionando ao Mesohippus um conjunto de seis “dentes de moer” semelhantes, com apenas um pré-molar na frente;
  • Tem as mesmas cristas de dente que o Epihippus, bem-formadas e agudas, mais próprias para moer a vegetação mais resistente.

Miohippus

Pouco depois do aparecimento do Mesohippus celer e do seu parente próximo Mesohippus westoni, surgiu um animal semelhante, o Miohippus assiniboiensis.
Esta transição ocorreu algo “repentinamente”, mas felizmente foram encontrados alguns fósseis de transição que permitiram relacionar os dois géneros. Um Miohippus era notoriamente mais largo do que o típico Mesohippus, possuindo também um crânio ligeiramente mais longo.
Miohippus começou também a apresentar uma crista nos seus dentes superiores. Esta crista tornou-se uma característica nas mais recentes espécies equinas.

Primórdios do Mioceno

Mesohippus acabou por desaparecer a meio do Oligoceno. O Miohippus continuou a existir durante algum tempo tal como era, e logo no principio do Mioceno, há cerca de 24 milhões de anos, começou a modificar-se rapidamente. A família de cavalos começou a separar-se em pelo menos duas linhas principais de evolução e mais um pequeno ramo distinto.
  1. Indivíduos com três dedos em cada membro. Estes indivíduos tornaram-se bastante resistentes, espalhando-se gradualmente pelas planícies. Sobreviveram durante cerca de dez milhões de anos. Mantiveram a dentição do Miohippus. Este género inclui o Hipohippus e o Megahippus;
  2. Uma linha de cavalos pigmeus, que acabaram por não sobreviver durante muito tempo. Eram os Archeohippus;
  3. Uma linha de indivíduos que evoluiu através da alteração dos hábitos alimentares, tirando partido dos novos tipos de pasto.
Grandes planícies começavam agora a surgir, criando uma nova oportunidade aos “comedores de erva”. Estes precisavam de uma dentição forte e resistente, pois este novo tipo de alimentação era mais difícil de mastigar.

O cavalo como animal de planície



PARAHIPPUS

À medida que a terceira linha de cavalos do Mioceno se começava a alimentar unicamente de ervas, diversas alterações começaram a ocorrer, começando obviamente pela dentição.
As pequenas saliências nos dentes começaram a alargar e a formar uma espécie de cristas que ajudavam a moer a comida. Houve um aumento na altura das coroas dos dentes, para que estes pudessem continuar a crescer depois do desgaste do topo do dente, desgaste esse que era provocado pelo movimento continuo de mastigar.
Estes cavalos tornaram-se exímios corredores. Houve um aumento no tamanho do corpo, no comprimento dos membros e no comprimento do chanfro. Alguns ossos que antes estavam unidos por ligamentos começaram a fundir-se. A musculatura das pernas tornou-se ideal para os movimentos de andar para a frente e recuar.
A alteração mais significativa foi o facto de que, a partir de dada altura o cavalo começou a manter-se em “pontas dos pés“, ou seja, em vez de apoiar todos os dígitos no chão (como um cão, por exemplo), passou a apoiar o peso de cada membro sobre um único casco que se desenvolveu com essa finalidade. Esta alteração permitia uma maior velocidade em caso de necessidade de fuga.
Esta foi uma das épocas mais interessantes no que toca á evolução do cavalo. A transições podem ser vistas nos seguintes exemplos.

Kalobatippus

Este género não é dos mais conhecidos, mas o seu tipo de dentição parece ser um meio termo entre o Miohippus e o posterior Parahippus.

Parahippus

Surgiu no inicio do Mioceno. O típico Parahippus era um pouco mais largo que o Miohippus, mas mantendo uma forma corporal semelhante e um tamanho de crânio igual. O Parahippus ainda mantinha os seus três dígitos, mas estava a começar a desenvolver os ligamentos elásticos que seriam de grande utilidade quando fosse um animal com apenas um digito.
Parahippus mostrou modificações graduais nos seus dentes, inclusive o estabelecimento permanente da crista extra que foi tão variável no Miohippus. O Parahippus evoluiu rapidamente até se tornar um cavalo rápido e ágil, ao qual foi dado o nome de Merychippus gunteri.
Os fósseis encontrados de Parahippus (Parahippus leonensis) que foram encontrados, são na verdade tão semelhantes ao Merychippus que se torna difícil traçar uma linha entre os dois géneros.

Merychippus

Um Merychippus media aproximadamente cerca de 80 centímetros, o maior cavalo daquela altura. O chanfro alongou mais um pouco, o maxilar tornou-se mais profundo, os olhos do cavalo “moveram-se” um pouco mais para trás, para dar espaço ás grandes raízes dos dentes, o cérebro aumentou de tamanho, tendo um neocortex fissurado e um maior cerebelo, o que fazia do Merychippus um cavalo mais inteligente e mais ágil do que os restantes.
Meryhippus possuía ainda três falanges, no entanto o peso de cada membro já assentava unicamente sobre um casco, que mantinha o seu movimento através de uma rede de ligamentos bastante elásticos e resistentes. O rádio e o cúbito do antebraço fundiram-se, eliminando assim a rotação do membro. Do mesmo modo a fíbula sofreu uma diminuição no seu tamanho.
Todas estas mudanças ocorreram para que o cavalo em corrida conseguisse ter mais velocidade e agilidade de movimentos, mesmo em terrenos difíceis!

Fins do Mioceno

Nos fins do Mioceno, há cerca de 5 milhões de anos atrás, o Merychippus foi um dos primeiros animais a habitar as planícies. Este animal rapidamente evoluiu e deu origem a 19 novas espécies de cavalos que se dividiram em três grandes grupos.
  1. Os herbívoros de três falanges. Este género era extremamente resistente e adaptou-se bem ao seu novo habitat. O Merychippus dividiu-se em quatro diferentes géneros e cerca de 16 espécies. Estes espalharam-se desde o Novo Mundo até ao Velho Mundo, em várias épocas de migração conjunta;
  2. Uma linha de cavalos mais pequenos que incluía os Protohippus e os Calippus;
  3. Uma linha de “verdadeiros equinos”, nos quais as falanges laterais estavam a diminuir de tamanho. O Merychippus deu origem a duas novas espécies: O M. sejunctus e o M. isonesus. Estes por sua vez deram origem ao M. intermontanusM. stylodontus e M. carrizoensis.
Como esta breve lista mostra, novas espécies surgiram em rápida sucessão, em todos os três grupos. Esta rápida especificação torna difícil determinar exactamente quais espécies surgiram primeiro, ou quais deram origem a quais.
Através de toda a evolução das várias espécies, a fossa nasal destes animais tornou-se mais complexa. As novas espécies que entretanto foram surgindo foram desenvolvendo um certo tipo de glândulas semelhantes ás que possuem actualmente os veados e antílopes.

Cavalos com uma única falange (casco)



PARAHIPPUS

Concentremo-nos agora na linha do Merychippus, linha essa que conduziu aos “verdadeiros cavalos”.
As ultimas espécies desta linha, tais como o M. carrizoensis eram cavalos largos, com pequenas unhas vestigiais na lateral do casco, na linha que divide o casco da quartela. Estes deram origem a dois grupos distintos que com o tempo acabaram por perder as unhas vestigiais. Á medida que estas alterações anatómicas ocorriam, desenvolviam-se ligamentos que tinham como objectivo ajudar a manter o casco estável durante a corrida em terreno difícil.
Este grupo incluía:

Pliohippus

Surgiu a meio do periodo Miocénico como um animal ainda com três unhas. A perda gradual das unhas é visto no Pliohippus através de três diferentes épocas do Mioceno.
Pliohippus era bastante semelhante ao posterior Equus, o que fez com que até recentemente se pensasse que seria o seu antecessor directo. Duas diferenças significativas esclareceram este ponto. O Pliohippus tinha uma fossa nasal bastante funda, enquanto que a do Equus não era tão funda. Além disso, os dentes do Pliohippus eram bastante mais curvados do que os do Equus.
Apesar de o Pliohippus estar relacionado com o Equus não foi uma evolução directa de um para o outro.

Astrohippus

Astrohippus foi um dos descendentes do Pliohippus, outro cavalo que tinha apenas uma unha (casco). Este animal possuía também uma fossa nasal bastante pronunciada.

Dinohippus

E finalmente a terceira geração de cavalos com uma só unha (descobertos recentemente).
O antecessor directo do Dinohippus ainda não é conhecido. As espécies mais recentemente conhecidas são o D. spectansD. interpolatus, e D. leidyanus. Estes já tinham diversas parecenças com a espécie Equus, no que toca á anatomia do casco, dentes e forma do crânio. Os dentes eram ligeiramente mais estreitos do que no Merychippus, e as fossas nasais diminuíram significativamente.
Uma espécie que surgiu um pouco mais tarde foi chamada de D. mexicanus. Esta espécie tinha os dentes ainda mais estreitos e fossas nasais menores.
Dinohippus era o tipo de cavalo mais comum na América do Norte, e acredita-se que tenha dado origem ao Equus (relembremos que o Equus tinha os dentes muito estreitos, direitos e quase não tinha fossas nasais).


EQUUS SCOTTI

Chegamos então ao Equus, a génese de todos os equinos modernos. O primeiro Equus media entre 90 centímetros a um metro mas já possuía um corpo de cavalo.
Coluna rígida, pescoço longo, pernas compridas, alguns ossos dos membros fundidos e sem nenhuma rotação, chanfro comprido, curvilhões baixos. O cérebro era um pouco mais baixo do que no Dinohippus. Tal como o Dinohippus, o Equus era (e é) um animal com uma única unha (casco), possuindo ligamentos elásticos que impedem que o casco torça ou saia do sitio.
Os exemplares do género Equus possuem ainda o código genético que faz com que continuem a surgir unhas vestigiais. Por vez acontece um poldro nascer com unhas completamente formadas, mas de tamanho diminuto.
As mais recentes espécies de Equus conhecidas formavam um grupo de três, conhecido como Equus simplicidens. Estes tinham ainda algumas características primitivas do Dinohippus, tais como uma ligeira fossa nasal. Tinham também listras de zebra e um crânio de burro. Tinham provavelmente crinas duras e erectas, uma cauda com pouco pêlo, membros listrados e alguma perda de pêlo no corpo.
Estes diversificaram- se rapidamente em quatro grupos diferentes, e pelo menos 12 espécies novas. Estas novas espécies coexistiram pacificamente com outras como o Astrohippus, enquanto prosseguiam a sua evolução natural. Durante a primeiro era glaciar (fim do Plioceno, há cerca de dois milhões de anos) várias espécies de Equus migraram para o Velho Mundo.
Algumas entraram em África e deram origem ás zebras que conhecemos actualmente. Outras espalharam se através da África do Norte, evoluindo para espécies adaptadas a condições desérticas. Outras espécies espalharam- se através da Ásia e Europa, mais concretamente aquele que foi considerado o “verdadeiro cavalo”: Equus caballus. Outras espécies Equus espalharam-se pela América no Sul.
Comparemos o Equus ao Hyracotherium e podemos concluir que nunca poderiam ser considerados do mesmo “tipo” pois as diferenças entre ambos sugerem uma evolução a longa escala.

Equinos Modernos



EQUUS FERUS CABALLUS

Gradualmente foram desaparecendo os cavalos com três unhas. A maioria dos cavalos com uma unha, que habitavam na América do Norte acabaram também por desaparecer à medida que tinha lugar uma era glaciar.
No entanto, os exemplares do género Equus conseguíram resistir até cerca de um milhão de anos atrás. O género Equus estava presente por todo o território de África, Ásia, Europa, América do Norte e América do Sul.
No Pleistoceno, na América do Norte e América do Sul houve diversas espécies que se extinguiram, incluindo grandes mamíferos. Todas as espécies equinas que habitavam estas zonas desapareceram, assim como o mamute e o tigre dentes de sabre.
Estas extinções em massa parecem ter sido causadas por uma combinação de alterações climáticas, assim como um excesso de procura e caça destes animais. Pela primeira vez em milhões de anos não havia espécies equinas nas Américas.
Os únicos exemplares do género Equus (e de toda a família Equidae) que sobreviveram:
  • Equus burchelli – A zebra africana, inclui as sub-espécies zebra de Grant, zebra de Burchel’s e a zebra de Chapman’s, o Quagga, etc. Este tipo de zebra é o que se considera a “típica zebra”, com listras verticais largas e listras horizontais no dorso.
  • Equus zebra – A zebra sul-africana. Uma espécie mais pequena e com um padrão diferente da anterior.
  • Equus grevyi – A maior espécie de zebra, com listras muito estreitas e enormes orelhas.
  • Equus ferus caballus – O verdadeiro cavalo, que por sua vez deu origem a muitas outras subespécies.
  • Equus ferus przewalskii – O cavalo de Przewalski, uma subespécie selvagem e rara de cavalo.
  • Equus hemionus – Espécies adaptadas ao deserto, incluindo “onagros”, Equus kiang.
  • Equus asinus – Burros, localizados na África do Norte.

Conclusão



ORIGEM E EVOLUÇÃO DO CAVALO


Para muita gente, a espécie equina é o exemplo clássico de evolução. À medida que mais e mais fósseis de cavalos foram sendo encontrados algumas ideias sobre a evolução destes animais foram mudando, mas os equinos não deixam de ser um bom exemplo quando nos referimos a evolução.
De facto, temos agora fósseis de diferentes espécies e gêneros, que nos permitem avaliar as causas de uma outra outra especificação própria do processo evolutivo.
Além de mostrar que houve de facto uma evolução, o fóssil equida mostra outras características da dita evolução:
  • A evolução não acontece numa linha exata. É como um arbusto que se vai desenvolvendo, sem ter um objectivo predefinido. A evolução do cavalo não teve um sentido inerente. Há a noção de que houve de facto um desenvolvimento da espécie porque acontece apenas um dos gêneros estar vivo, o que leva algumas pessoas a pensar que a evolução tinha como objectivo esse gênero específico. A evolução equina é um ramo bastante diversificado, que está amplamente descrito nos livros e textos de biologia.
  • Não há nenhuma “tendência” verdadeiramente consistente. Seguir uma linha desde o Hyracotherium até ao Equus mostra que várias alterações se foram dando, tais como a redução do numero de dígitos, aumento do tamanho dos dentes e modificação dos mesmos em prol da mudança de alimentação, alongamento do chanfro, aumento do tamanho do corpo. Mas estas alterações não se verificam em todas as linhas de evolução. A tendência principal foi o aumento da altura dos exemplares, no entanto há espécies que não respeitam esta regra, ou seja, que diminuíram de tamanho em relação aos seus antecessores (ArcheotippusCalippus). Alguns cavalos desenvolveram fossa nasal, outros perderam-na. Estes traços não evoluíram necessariamente juntos ou de uma forma constante. Por exemplo, durante todo o período eocénico os membros mudaram muito pouco e somente os dentes evoluíram. Durante o período miocénico dentes e extremidades (dos membros) evoluíram rapidamente. As taxas de evolução dependem das pressões ecológicas que a espécie tem que enfrentar.
  • Novas espécies podem surgir através de mecanismos evolucionários diferentes. Por vezes as espécies podem afastar-se das características dos seus antecessores (ex: Miohippus do Mesohippus) e passar a co-existir com os mesmos. Outras espécies podem surgir através de uma alteração genética nos seus antecessores. Por vezes apenas um ou duas espécies surgiam, ou então haviam longos períodos sem surgir nenhuma nova espécie (ex. em todo o período Eocénico só o Hyracotherium existiu), outra vezes haviam um vasto leque de novas espécies, quando as condições ecológicas o permitiam.
De novo a evolução ocorre de acordo com as pressões ecológicas a que estão sujeitas os indivíduos das várias espécies e nas variações ocorridas dentro das várias espécies.
A evolução acontece no mundo real, com variações diversas, não podendo ser reduzida a um processo simples e único.