19 de abr. de 2020

Criação de Pacas (Agouti paca)



Paca (Agouti paca)

A paca é o segundo maior roedor encontrado no país, perdendo apenas para a capivara. Seu comprimento varia de 32 a 60 centímetros, da cabeça à base da cauda e pesa em média 10 quilos (MARTHA, 1996).
Em cativeiro a paca convive bem com outros animais. Num grupo de pacas estudados por Piccinini (1971), composto por 3 fêmeas e 3 machos em cativeiro, foram observados:

- há demarcação territorial, feita com urina, principalmente ao redor dos comedouros;

- a eliminação das fezes ocorre num único local e bem afastado do bebedouro e do comedouro;

- a paca deve ser alimentada ao entardecer. Ao manejar o animal, o tratador deverá usar bota de cano longo (prevenindo-se contra mordidas), luvas e redes próprias. 
O animal deverá ser apanhado em horários de poucas atividades, evitando-se o estresse.
Os recintos devem ser situados em locais com sombra e plano. Para um grupo de 3 pacas (1 macho e 2 fêmeas), a área deve medir 20 metros quadrados e deve ser cercada com tela tipo alambrado medindo 1,5 metros de altura, com baldrame de 60 centímetros de profundidade para evitar as fugas. Deverá haver um abrigo para cada animal, sendo os mesmos de troncos ocos, tubos de concreto ou tocas de alvenaria.

Figura 12: Paca (Agouti paca).

Os comedouros deverão estar em locais devidamente protegidos por coberturas de sapé, folha de coqueiro, cimento, amianto etc. Para a correta alimentação das pacas, devese considerar os seguintes fatores:
- hábito do animal: noturno e crepuscular;
- ração semelhante à da cutia, fornecida apenas à tarde, em quantidade quatro vezes maior;
- apresentação do alimento: em pedaços, com casca, cru;
- higiene do comedouro, com a remoção dos restos alimentares, evitando-se processos fermentativos;
- os comedouros, de cantos arredondados e superfícies lisas, devem estar instalados em locais iluminados, ventilados e secos.

Antes de colocar água para os animais, que deve estar sempre limpa, potável e fresca, observe com atenção seus hábitos, pois há espécies que costumam banhar-se regularmente, necessitando de bebedouros em forma de tanque. Os bebedouros deverão ter dimensões adequadas de acordo com as espécies, o número de animais no recinto e o respectivo consumo. É recomendável que os bebedouros tenham cantos arredondados, superfície lisa e bordas rampadas, com inclinação média de 60º graus, da borda para o centro, facilitando a entrada e a saída dos animais, bem como a proteção aos filhotes.

Como criar paca

Mais profissionalizada, a atividade se espalha,visando à conservação do plantel nacional e ao lucrativo comércio de matrizes e carne

Se, de um lado, as carnes exóticas já não são novidade como eram há pouco mais de uma década, de outro, a maior presença delas nos canais de venda mostra como a proteína animal vem sendo bem aceita pelos brasileiros. Um bom exemplo do avanço do produto no mercado nacional é a multiplicação de criatórios de paca (Agouti paca) pelo país, com vistas a atender à demanda de um comércio lucrativo.

Produtor da região do Cerrado, especializado em manejo de animais silvestres e exóticos, Fábio Morais Hosken informa que existem de norte a sul do Brasil dezenas de restaurantes e churrascarias que possuem carne de paca em seus cardápios. O produto também pode ser encontrado em redes de supermercados, butiques e lojas de carnes instaladas em grandes centros urbanos.

O aumento da participação do alimento nos pratos dos consumidores é um reflexo da profissionalização dos criadores alcançada nos últimos anos. Leve, macia e saborosa, rica em proteínas, cálcio e fósforo, a carne de paca provém de animais tratados em estabelecimentos fiscalizados pelos Estados. Antes de responsabilidade do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), a autorização e fiscalização exigidas para a criação comercial de qualquer animal silvestre passaram a ser de competência exclusiva dos Oemas (Órgãos Estaduais de Meio Ambiente) desde a publicação da Lei Complementar (LC) 140/2011.

A venda de matrizes para reprodução é outra atividade que pode trazer rendimentos para quem tem planos de iniciar uma criação. Ao mesmo tempo, o trabalho tem um caráter conservacionista e contribui para a recuperação do plantel de pacas no território nacional, que foi reduzido devido à caça predatória e à diminuição do hábitat natural promovida pelo desmatamento ao longo dos anos.

De baixo custo e necessidade de pouco espaço, o manejo de pacas tem como desafios a adaptação dos animais à vida no cativeiro e a formação de famílias, pois elas são consideradas territorialistas e fáceis de se estressar. Contudo, se cuidadas com dedicação e com o aproveitamento de dicas de profissionais experientes, apresentam bom comportamento.

Pacas nascidas em cativeiro, no entanto, tendem a ser mansas e não apresentam problemas de agressividade. De hábitos noturnos, o roedor tem pelos curtos e de cores que variam do castanho-pardo ao castanho-avermelhado. Com 32 a 70 centímetros de comprimento na idade adulta, pode viver até os 12 anos.




CRIAÇÃO MÍNIMA: um macho e quatro fêmeas
CUSTO: R$ 1.000 é o preço médio de cada exemplar
RETORNO: 30 meses
REPRODUÇÃO: dois partos por ano com uma cria cada


INÍCIO> Obtenha informações sobre as exigências que devem ser cumpridas para começar a atividade e a autorização do projeto de criação junto a um Oema. Somente após contar com as instalações, adquira os animais de criatórios com referências e devidamente registrados. Também é indicado ao criador iniciante contar com o acompanhamento de uma assessoria profissionalizada, como um zootecnista, que pode orientar a respeito das melhores técnicas para lidar com as pacas.

AMBIENTE As pacas vivem bem em locais com diferentes condições climáticas, por isso podem ser criadas em qualquer região do país. Como gostam de se molhar, é importante instalar um tanque ou piscina de, pelo menos, 1 x 1 metro de área, com profundidade de 25 centímetros. Para dar mais conforto aos animais, providencie uma caixa-ninho de 1,1 metro de comprimento e 70 centímetros de largura.

ESTRUTURA  O intensivo, considerado o melhor sistema de criação, utiliza um galpão dividido em baias de 3 x 4 metros até 5 x 5 metros, com piso de concreto, mureta de alvenaria de 50 centímetros e tela até o telhado. Um espaço ocioso, ou até mesmo um chiqueiro desativado na propriedade, pode ser adaptado para o confinamento dos animais, reduzindo os custos da implantação. Há como opção o sistema semi-intensivo, realizado em piquetes na mata com 100 metros quadrados cada, cercados de mourões de madeira, tela e arame farpado. Abaixo da cerca, faça um baldrame com 50 centímetros de profundidade a fim de evitar que as pacas fujam cavando buracos.

CUIDADOS  Antes de começar a lidar com a criação, é recomendado ao produtor tomar vacina antitetânica. O uso de botas é mais uma precaução necessária para realizar o manejo dos animais. Para evitar que a adaptação seja agressiva para as pacas, comece com dois exemplares e aos poucos vá introduzindo os demais integrantes. Entre as doenças comuns do roedor, estão estresse, vermes e eventuais problemas dentais. Contar com a visita de um médico-veterinário de dois em dois meses contribui para manter a saúde das pacas.

ALIMENTAÇÃO Pode ser produzida no próprio local, pois as pacas se alimentam de vegetais, grãos, raízes, coquinhos, legumes e frutas em geral. Opte pelos plantios que se dão bem com o clima, solo e ambiente da região. Como complemento, ofereça aos animais ração destinada para coelhos ou apenas milho em grão.

REPRODUÇÃO  São dois partos realizados por ano, gerando uma cria cada. Enquanto as fêmeas estão prontas para ser mães a partir dos oito meses de vida, os machos iniciam o período de reprodução entre nove e dez meses. De março a setembro é a principal época de procriação do mamífero, com 31 dias de ciclo produtivo. O infanticídio é um ato comum entre as pacas, por isso recomenda-se isolar as fêmeas antes do parto, até que os filhotes ganhem mais peso e força. Se nascerem junto do grupo, podem ser atacados pelos demais nas primeiras semanas.



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