22 de set. de 2016

Aspectos agro e zooecológicos na criação de Bovinos de Corte

Clima

A região Sudeste está localizada entre as latitudes 14oe 25osul, estando assim com praticamente toda sua área na zona tropical. O Sudeste brasileiro é uma região que apresenta grande diversidade no regime térmico e pluvial, em virtude de sua posição latitudinal, que lhe confere a média de incidência de radiação solar de 0,37 a 0,39 cal/cm2/min (em ondas curtas) e 0,30 cal/cm2/min (em ondas longas), e de sua proximidade ao oceano Atlântico, o que alimenta intenso processo de evaporação e condensação, ativado pela elevada quantidade de calorias disponíveis. A energia solar disponível na superfície do solo, para a produção de matéria seca vegetal, varia entre 9.022 e 19.608 calorias/cm2/mês, significando potencial de produção mensal entre 2,3 e 4,9 t/ha de matéria seca de forragem, ou de 9,0 a 19,6 t/ha de matéria fresca, considerando forragem com 25% de matéria seca, desde que não falte água.
Além desses fatores, o relevo da região Sudeste apresenta os maiores contrastes morfológicos do Brasil, com numerosas serras intercaladas por vales, com o maior contraste ocorrendo nas bordas litorâneas, o que aumenta a turbulência do ar pela ascensão orográfica, em especial durante a passagem das correntes perturbadas do Sul, Oeste e Leste, mais freqüentes no inverno e no outono.
Na zona tropical, o ritmo do clima é definido por duas estações: a chuvosa e a seca. O que mais define o clima é a variação de temperatura durante o ano, cuja variabilidade gera verões mais ou menos quentes ou invernos mais ou menos frios, influindo mais sobre as atividades do homem do que a variabilidade das chuvas.
A média da temperatura anual é de aproximadamente 21oC (Figura 3.1), a média dos meses mais quentes (dezembro a fevereiro), de 24oC (Figura 3.2) e a média dos meses mais frios (maio a agosto), inferior a 18oC (Figura 3.3). Existe grande variabilidade entre regiões, porém, ocorrem duas regiões distintas com médias anuais mais elevadas: o interior mais ocidental (vale do São Francisco, Triângulo Mineiro e vale do Paraná) e o litoral (Figura 3.1). As temperaturas mínimas ocorrem predominantemente nas regiões mais montanhosas, chegando a ser muito menores do que as normalmente ocorrentes em outras regiões intertropicais do País, cobrindo 32,3% do Estado de Minas Gerais e 21,2% do Estado de São Paulo. Nas regiões mais próximas do mar há atenuação das temperaturas máximas, porém, não das mínimas.
As chuvas (Figura 3.4) concentram-se em mais de 70% de outubro a março, com média de 1.300 mm anuais, e ocorrência média de 300 mm no período seco. O déficit hídrico dos 3 a 5 meses mais secos (Figura 3.5) pode chegar a 166 mm mensais. A evaporação do tanque de classe A varia de 4 a 9 mm no mês mais seco, com média diária entre 3,6 e 4,5 mm ao longo do ano. A média anual da umidade relativa do ar está em torno de 75%.
A baixa distribuição de chuvas durante o período frio e de baixa luminosidade reduz drasticamente a produção de matéria seca e, consequentemente, influencia no ganho diário de peso animal. Essa redução na produção de matéria seca de forragem das pastagens obriga o produtor a usar suplementação energética, a fim de evitar quebra na produção, mas onera o custo de produção.  

Solos

A região, com relevo modelado sobre rochas sedimentares (Figura 3.7), caracteriza-se por presença de colinas com topos aplainados, tabulares, e declividade dominante entre 10 e 20%, predominando os Latossolos Vermelho-Amarelo e Vermelho-Escuro de baixa fertilidade natural, distróficos ou álicos, formados a partir de arenito sobre basalto assentado sobre arenito, o que lhe confere fragilidade potencial para erosão hídrica de muito baixa a muito alta. O teor de argila varia de 25% a 32%. Esses solos são representativos da região Sudeste, embora metade da região esteja assentada sobre rochas do complexo cristalino, onde o relevo é bastante movimentado com presença de montanhas.

Vegetação

A vegetação nativa varia entre a de Cerrado e a de Floresta subcaducifólia tropical ou mata mesófila semidecídua, predominantes na região Sudeste (Figura 3.8), com grande diversidade de flora e fauna. As gramíneas predominantes, implantadas após a derrubada da vegetação florestal, são as braquiárias, em especial Brachiaria decumbens. Existe, porém, grande variabilidade climática adequada para diferentes grupos de espécies de forrageiras, e que já foram classificadas para o Estado de São Paulo (Figura 3.9), utilizando a média de temperatura anual, a média das mínimas mensais e a deficiência hídrica, podendo servir de referência para os outros Estados. Nas áreas em que se utiliza o pastejo rotacionado, as gramíneas tropicais adubadas podem também estar representadas por capim-marandu, capim-coastcross, capim-tanzânia e capim-napier. 

Adubação

A capacidade de suporte de 0,5 UA (UA = 450 kg de peso vivo) por hectare não permite produção sustentável de bovinos em regiões com custo elevado da terra. Assim, o estímulo ao maior desenvolvimento vegetal com o fornecimento especialmente de nitrogênio, na base de 50 a 70 kg/ha de N por período de pastejo, logo após a retirada dos animais, permite elevar a capacidade de suporte no período das águas para até 10 UA/ha, com até 1 UA/ha na seca. Suplementação da dieta animal com volumoso no período seco, utilizando silagem de capim ou cana picada + uréia, possibilita manter média de lotação anual de 6 UA/ha, evitando-se que os animais passem fome e percam peso, podendo-se reduzir a idade de abate de 4 ou 6 anos para 2 anos. A adubação nitrogenada pode ocorrer na forma mineral ou na forma de resíduos orgânicos.
A adubação nitrogenada das pastagens permite mantê-la verde durante todo o ano, produzindo forragem por mais tempo após o final do período das chuvas e possibilita iniciar o desenvolvimento vegetal no início das chuvas. Isso ocorre porque as áreas adubadas desenvolvem o sistema radicular em profundidade, o que facilita a obtenção de água, e reduz o risco de incêndio das pastagens.  

Os princípios ecológicos de manejo das pastagens

A legislação ambiental brasileira é embasada em princípios ecológicos, que, quando respeitados, permitem aumentar a capacidade de suporte biológico dos recursos naturais, a eficiência dos insumos externos utilizados (adubos e água) e a produtividade de forma sustentável.
A água residente é um dos elementos mais importantes para a produção vegetal nos trópicos e somente pode ser implementada por manejo e conservação de solo e vegetação permanente, constituindo o tripé indissociável do sucesso agrícola: água residente + solo permeável + vegetação diversificada. 
A manutenção da permeabilidade do solo, mediante pastejo adequado ou descanso, para que as plantas forrageiras possam recuperar-se, por exemplo, por meio da vedação, além das práticas que aumentam o retorno de resíduos vegetais para a superfície do solo, como a suspensão das queimadas, permite a reposição de água do lençol freático e a manutenção da vazão das nascentes, bem como reduz o escoamento superficial das águas.
A proteção permanente da superfície do solo pela vegetação evita seu sobreaquecimento e seu ressecamento, além de diminuir sua compactação superficial e seu arrastamento por águas pluviais. A vegetação arbórea, estrategicamente disposta na paisagem, atuando como bomba vaporizadora e hidrotermorreguladora, que consegue bombear água do lençol freático, aumenta a umidade relativa do ar, reduz a temperatura e, assim, aumenta o conforto animal e permite melhores condições de desenvolvimento das pastagens, e conforme as espécies utilizadas, podem servir como fonte de alimento no período seco do ano, além de fonte de nutrientes para as gramíneas forrageiras. O estabelecimento dos sistemas silvo-pastoris tem esse objetivo.
Sua implementação é recomendável, em especial nas regiões com mais de dois meses de seca. As árvores estabelecidas como quebra-ventos reduzem as perdas de água residente. Todas essas práticas e as árvores protegendo os mananciais e os corpos de água permitem maior disponibilidade de água para o estabelecimento rural, reduzindo a necessidade de irrigação, de energia elétrica e de captação de água, além de valorizar a terra e de aumentar a produtividade e a lucratividade. A sustentabilidade econômica passa pela recuperação e pela conservação dos recursos naturais água-solo-biodiversidade, e pela sustentabilidade ambiental, na qual está embutida a segurança social. 
Considerando que a agricultura, em especial a pecuária extensiva, contribui para a mudança climática, em conseqüência do desmatamento de extensas áreas, além de constituir-se em produtora de gases de efeito estufa, causas da elevação da temperatura e do agravamento de falta de água no período seco, ter-se-ia, com a suspensão das queimadas, aumento da produtividade vegetal sob pastejo rotacionado e redução da idade de abate (evitando que os animais percam peso no inverno), técnicas de impacto ambiental positivo, já que permitem que ocorram menor produção de gases de efeito estufa (gás carbônico pelas queimadas e gás metano pelos ruminantes) e maior seqüestro ou imobilização de gases de efeito estufa, pelas árvores em crescimento e pelo sistema radicular das forrageiras nos ciclos de pastejo em que ocorre morte-renovação consecutiva. Para a recuperação rápida do componente arbóreo, deve-se dar preferência às leguminosas fixadoras de nitrogênio e de desenvolvimento mais rápido, sob as quais podem-se estabelecer espécies nativas de maior valor econômico. 
Evitando o acesso dos animais aos corpos de água, em especial em terrenos amorrados, com estabelecimento de bebedouros, previne-se a formação de trilhas de escoamento superficial de água e a formação de vossorocas, bem como a contaminação e o assoreamento dos corpos de água, além da contaminação da água com coliformes fecais e vermes, que podem reinfestar os animais, além de prejudicar a saúde das populações ribeirinhas, ou encarecer o tratamento da água para abastecimento urbano a jusante.
Assim, verifica-se que o atendimento aos princípios ecológicos, que aumentam a produtividade, o valor da propriedade e a lucratividade, automaticamente coloca o proprietário rural de acordo com a lei ambiental, evitando-se o pagamento de multas ambientais.
Aconselha-se ao proprietário rural contatar os escritórios do Ibama e do Departamento de Recursos Naturais ou a Polícia Ambiental e o Departamento Estadual de Águas ou o órgão de Assistência Técnica Agrícola mais próximos, para melhor orientação quanto ao manejo e à conservação de solo e água, à outorga de uso de água, à construção de barragem ou ponte, à captação de água limpa, ao lançamento de águas servidas, à necessidade mínima de reposição e manejo florestal legal, à reposição de mata ciliar e à recuperação das áreas de proteção permanente.

 Fisionomicamente, o Cerrado é uma savana mais ou menos densa, com uma cobertura herbácea contínua, e com um dossel descontínuo de elementos arbóreos e arbustivos, de galhos retorcidos, cascas espessas e, em muitas espécies, grandes folhas coriáceas.
As formações savânicas do Brasil abrangem terras onde coincidem as seguintes condições climáticas e edáficas: 
a) clima tropical estacional com chuvas da ordem de 1.500 mm anuais e duração da época seca, definida em termos de déficit hídrico, de 5 a 7 meses, coincidindo com os meses mais frios do ano; 
b) solos distróficos na grande maioria da região onde as condições de baixa fertilidade se somam a elevada acidez e altos valores de saturação de alumínio.
Ecologicamente, os dois principais fatores determinantes da presença dos Cerrados são os solos ácidos (álicos), de baixa fertilidade (distróficos), e o clima estacional. No entanto, existem outros tipos fisionômicos aos quais se associam determinados fatores. Por exemplo, quando as condições ambientais acima expostas se somam a ocorrência de solos arenosos, litólicos ou hidromórficos, que implicam em diferentes tipos de limitações adicionais, as fisionomias resultantes tendem a formas mais abertas, localmente chamadas de Campo Cerrado, Campo Sujo, ou Campo Limpo.
Ao contrário, quando ocorrem condições ambientais que implicam em compensações hídricas ou edáficas, as fisionomias tendem a formas mais densas, como Cerrado Denso ou Cerradão. Nestas circunstâncias podem ainda ocorrer as formações Mata Mesofítica e Mata de Galeria. Quando um fator limitante adicional atua plenamente, como é o caso da saturação hídrica dos solos em áreas de surgências, a vegetação típica dos Cerrados passa a ser substituída por campos Inundáveis, Veredas ou Campos de Murundus.
No estrato herbáceo os Cerrados apresentam como espécies dominantes o Capim-Flechinha (Echinolaena inflexa) e diversas espécies dos gêneros Agenium, Axonopus, Schizachryrium e Aristida.
As principais espécies dos estratos arbóreo e arbustivo são a Lixeira (Curatella americana), o Barbatimão (Stryphnodendron adstringens e Dimorphandra mollis), o Pau-Santo (Kielmeyera coriacea), o Pau-Terra (Qualea grandiflora), Gritadeira ou Douradão (Palicourea rigida), Cagaita (Eugenia desynterica) e o Murici (Byrsonima coccolobifolia).
A heterogeneidade de condições ambientais dos Cerrados é um elemento a ser levado em conta, especialmente na pesquisa agropecuária, uma vez que essa característica vai influir nas possibilidades de extrapolações de resultados. Cabe ressaltar uma característica marcante do clima dos Cerrados que é a interrupção do período de chuvas estivais. Este fenômeno, conhecido como veranico, assume importância agronômica decisiva, devido ao fato de que mais de 90% dos seus solos são fortemente ácidos e com elevada saturação de alumínio, o que limita o desenvolvimento de raízes das culturas à pequena camada da superfície do solo quando corrigida apenas com calcário (sem a aplicação concomitante do gesso agrícola). Dessa forma, o efeito da estiagem é mais acentuado nos Cerrados do que nas áreas onde o volume do solo explorado pelas raízes é maior.
O estudo de mapeamento dos solos da Região dos Cerrados é bastante recente, sendo a EMBRAPA/SNLCS a principal responsável por este levantamento, quando em 1981 publicou o Mapa de Solos do Brasil, em escala 1:5.000.000. Neste Mapa, devido à escala cartográfica utilizada, as unidades de solos mapeadas foram constituídas por associações de solos em que apenas os componentes principais são indicados.
Baseado no Mapa de Solos do Brasil, verifica-se que os Latossolos ocupam a maior parte da área total do Cerrado brasileiro, com uma área de 993.330 km2(48,8%). Os solos de Areia Quartzosas ocupam uma área de 309.715 km2 (15,2%); os solos Podzólicos ocupam uma área de 307.677 km2 (15,1%); os solos Litólicos ocupam uma área de 148.134 km2 (7,3%); os solos tipo Lateritas Hidromórficas ocupam uma área de 122.664 km2 (6,0%); os solos Cambissolos ocupam uma área de 61.943 km2 (3,0%); os Solos Concrecionários ocupam uma área de 57.460 km2 (2,8%); as terras Roxas ocupam uma área de 34.231 km2(1,7%), enquanto outros tipos de solos ocupam uma área total de 19.154 km2 (0,9%). Por esta estatística apresentada, verifica-se a importância que os Latossolos desempenham no Cerrado brasileiro.






7 de set. de 2016

Criação de Bovinos de Corte (Introdução e Importância)

Introdução

Dentre os principais fatores inibidores da produção de carne bovina no Brasil, estão aqueles inerentes ao processo produtivo, ligados a alimentação, sanidade, manejo e potencial genético. Os sistemas de criação, normalmente extensivos em regime de pastagens, sujeitam os animais à escassez periódica de forragem, comprometendo seu desenvolvimento e sua eficiência reprodutiva, e concentrando a oferta de carne em determinada época do ano. A falta de adequação do potencial genético dos rebanhos ao ambiente e ao manejo, ou vice-versa, também é um dos principais entraves do setor produtivo. Esses problemas culminam em subutilização dos recursos disponíveis, resultando em baixa produtividade, sazonalidade de produção e, conseqüentemente, baixa disponibilidade de proteínas de origem animal para o consumo humano. 
Nas condições atuais, com o alto custo do frete, a instabilidade da oferta durante o ano e a concorrência de outras atividades, principalmente em determinadas regiões do País, a competitividade tornou-se elemento fundamental no setor pecuário de corte e, com ela, a necessidade de se disponibilizar, para o mercado consumidor, produtos de qualidade a um preço acessível. Produzir de forma eficiente e eficaz tornou-se sinônimo de sobrevivência ou permanência no negócio.
Outro aspecto de extrema importância e que tem influência direta nos sistemas produtivos é a preocupação com a sustentabilidade. Deve-se mencionar a possibilidade de o Brasil, nos próximos anos, se fortalecer como fornecedor mundial de carnes, com reflexos positivos na captação de divisas para o País, além do potencial de incremento de consumo de carne bovina no mercado interno. Quanto ao mercado externo, é importante ressaltar as exigências de controle ambiental colocadas pelos países ricos, que se traduzem em imposição de padrões de requerimentos semelhantes para as importações. Nesse contexto, torna-se fundamental, entre outros fatores, que se atendam às exigências sanitárias, envolvendo tanto a questão de saúde do rebanho como da saúde pública. 
A inserção definitiva da carne bovina brasileira na economia mundial e o seu fortalecimento interno, nas próximas décadas, dependem da capacidade que os sistemas de produção e os demais segmentos da cadeia de produção tenham de disponibilizar produtos saudáveis; de utilizar de forma conservadora os recursos não-renováveis; de garantir o bem-estar social; de aumentar a participação no mercado externo; e de contribuir para a melhoria da eqüidade social. 
A pecuária de corte intensiva pode contribuir de maneira significativa na promoção do desenvolvimento do setor de produção de carne bovina no País, uma vez que favorece a utilização racional dos fatores de produção e do potencial e da diversidade genética animal e vegetal. 
Nesta publicação, são fornecidas informações úteis àqueles que desejarem intensificar seu sistema de produção de carne bovina.

Importância econômica

A produção de carne bovina assume posição importante, com valor da produção em 2001 de aproximadamente US$ 9 bilhões, representando cerca de 1,8% do PIB brasileiro (US$ 504,11 bilhões).
A média do consumo de carne bovina no Brasil foi de 36,5 kg de equivalente-carcaça/pessoa/ano em 2000, sendo superado em nível mundial apenas pelo Uruguai (75,3 kg), pela Argentina (69,0 kg), pelos EUA (45,3 kg), pelo Paraguai (43,0 kg) e pela Nova Zelândia (42,4 kg). Contudo, há de se considerar com cautela os dados de consumo per capita no Brasil, em conseqüência da elevada concentração de renda. Políticas que favoreçam a eqüidade na distribuição de renda poderão elevar o consumo per capita de carne bovina no Brasil. 
A análise detalhada da Tabela 2.1 evidencia os movimentos do consumo per capita de carnes e ovos em função da renda per capita. Pode-se observar que nos anos com maior renda per capita, 1995, 1996, 1997 e 1998, o consumo de carne bovina foi maior, havendo redução do consumo em 1999 e 2000, quando a renda per capita foi menor, e elevação do consumo per capita de carnes de frango e suína, comparativamente aos anos anteriores.  
A produção animal é uma tarefa bastante complexa. A redução dessa complexidade a uma simples questão de tecnologia pode ser um dos fatores que interfere na capacidade da pesquisa em resolver problemas do setor agropecuário. O baixo nível de adoção das tecnologias pode ser um dos indicadores desta visão simplificada da pesquisa. No entanto existem exemplos de sucesso na utilização das tecnologias como: a ampla distribuição geográfica da raça Ibagé; a utilização da consorciação de trevo branco, azevém e cornichão como principal alternativa forrageira na região sul do Brasil e a dosificação estratégica no controle parasitológico. Durante muito tempo tem sido buscado incremento na produção, via introdução de tecnologia, porém incrementar a produção sem uma visão da cadeia produtiva, pode resultar em prejuízos aos produtores pela queda dos preços do produto. Desde as últimas décadas, têm sido buscadas alternativas para aprimorar os sistemas de produção de bovinos de corte, seja através de alternativas isoladas, seja através de pacotes tecnológicos. Hoje há uma nova realidade: é necessário produzir com sustentabilidade, garantindo a continuidade da "exploração" animal pelas gerações futuras num dado ambiente. Assim, nos sistemas de criação de bovinos de corte, cada vez mais é importante o estudo das interações entre todos os fatores bióticos e abióticos que levam às respostas produtivas desejadas. O rebanho brasileiro é de 157,5 milhões de cabeças, dos quais 13,47 milhões no Estado do Rio Grande do Sul. A produção brasileira de carne é de 7,3 milhões de toneladas, sendo a participação do Rio Grande do Sul de 604.147 toneladas, ou seja, 8,2% do total brasileiro. A carne bovina é um dos principais itens na pauta de exportação do país que representa uma quota significativa da balança de pagamento, além de gerar empregos nos setores primário, secundário e terciário. A fase de terminação é o sistema de produção típico como fonte de renda na região sudoeste do Rio Grande do Sul, que é responsável por cerca de 30% do abate oficial do Estado. Esta publicação descreve um conjunto de alternativas que, uma vez incorporadas aos sistemas de produção existentes, melhoram os coeficientes produtivos da fase de terminação, contribuindo para a sustentabilidade da atividade.