Foi um dos mais notáveis reprodutores da raça Campolina em todos os tempos. Produziu 45 Campeões Nacionais e 16 Reservado Campeões Nacionais, entre potros, potras, éguas e garanhões. Nasceu na Fazenda Palestina, município de Entre Rios de Minas. Foi vendido para o proprietário da Fazenda Serra do Paraiso, criatório sufixo "Angelim", em Potyragua, Bahia, onde foi o responsável pela notoriedade alcançada por aquele criatório. De lá, foi transferido para o Estado do Rio de Janeiro, por volta dos 16 anos de idade, pela quantia de Um milhão de dólares, na época o maior negócio já realizado na América do Sul envolvendo um garanhão. Foi comprado por um grupo de criadores cariocas, que constituíram um condomínio.
Gas Dengoso, conhecido no Brasil apenas como Dengo, reinava em uma fazenda montada só para ele e seu vasto harém. Diariamente chegava alguma égua para ser servida. A sua herança proliferava. Mas o destino foi cruel para este garanhão fora de série. Uma úlcera fulminante terminou com seu reinado antes de completar um ano de permanência no Rio de Janeiro. Mas sua herança continua viva em centenas de filhos, filhas, netos, netas ....
A vida dos garanhões corre sérios perigos com os distúrbios intestinais, provocados, principalmente, pela ingestão de quantidades excessivas de ração concentrada, de capim picado fermentado, muito fibroso ou mal triturado. Em um livro publicados pelo Zootecnista Lúcio Sérgio de Andrade e o criador de campolinas José Eugênio Câmara Filho - Pesquisa Histórica e de longevidade de garanhões notáveis da raça Campolina -, foi constatado que quase 50% das mortes prematuras dos animais foi devido às cólicas intestinais.
- Nesta mesma obra é relatada a morte de um reprodutor que fez história na raça Campolina, o Xerife de Passa Tempo. Nascido na Fazenda Campo Grande, sudoeste mineiro, Xerife foi transferido ainda jovem para outra fazenda no norte de Minas, onde vivia com muita saúde, apesar de dois casos de cólicas renais após viagens de caminhão para deslocamento até outras propriedades com a finalidade de servir éguas.
Aos 23 anos de idade, em 1982, Xerife foi homenageado na Semana Nacionaldo Cavalo Campolina, em Belo Horizonte. Naquela mostra,estiveram presentes no Parque "Bolivar de Andrade" (criador do Xerife de Passa Tempo) 250 descendentes diretos, entre filhos(as) , netos (as) e bisnetos (as). Era impressionante o fato de um garanhão nascido há duas décadas atrás ainda se apresentar atual, e com uma virtude extra, uma marcha batida clássica de fazer inveja aos campeões nacionais de marcha daqueles tempos. Antes de retornar para o norte de Minas, Xerife fez uma escala para descanso e recuperação do estresse na Fazenda Campo Grande. Mas com 15 dias, sobreveio uma forte cólica renal.
O competente e renomado Médico Veterinário Prof. Biondini, passou dois dias e noites cuidando do Xerife, mas não houve solução. Lá se foi o "Xerife da raça Campolina"...Um outro reprodutor notável da linhagem "Passa Tempo" na raça Campolina foi o Expoente de Passa Tempo, o nome fala por este garanhão. Era mesmo fora de série. Além da sua trajetória vitoriosa nas pistas, tendo conquistado todos os títulos nacionais possíveis já aos 4 anos de idade, Expoente também fez história como reprodutor, tendo deixado inumeros campeões nacionais.Mas dois fatos chamam a atenção na vida deste garanhão. Um, o de não ter produzido fêmeas tão boas quanto os machos.
O segundo, por ter gerado algunas cavalos que se tornaram famosos pelo mal comportamento, sendo que um deles, o Quinau de Passa Tempo, encerrou um julgamento em Goiânia/1979, ao morder as costas de seu apresentador e tomar o cabresto, provocando uma badérnia jamais vista em uma pista de julgamento. Ocorre que havia uma tropa de cavalos de rodeio e bois no centro da pista, aguardando o momento do Rodeio. Quinau pulou para dentro daquela pista e foi cavalo e boi para todo lado,acabando com todos os julgamentos que aconteciam simultaneamente ao da raça Campolina. Expoente era um cavalo de uma docilidade a toda prova.
Mas o mesmo não poderia ser dito para seu pai, o Miraí Rififi. Este sim,era um leão, somente o seu tratador entrava na baia. É a genética do temperamento, que foi buscar no avô, os genes indesejáveis.Assim como o temperamento, muitos outros aspectos da criação de equinos são fortemente marcados pela genética, que é uma ciência fria, calculista, muitas vezes ignorada ou mal avaliada por aqueles que se consideram selecionadores. Rio Verde não foi cria da Fazenda Campo Grande, linhagem "Passa Tempo", onde chegou ainda potro, no ano de 1928, recebido pelo Cel. Gabriel Andrade de presente, dado pelo amigo José Octavio Carneiro, na época, destacado criador no sul de Minas, em Conceição do Rio Verde. Por um descuido, Rio Verde foi vendido antes de ter sido testado na reprodução. Como Rio Verde era a melhor montaria da fazenda, o Cel. Gabriel gostava de oferecê-lo para as visitas montarem. Porém, cavalo árdego e muito sensível, Rio Verde não aceitava comandos inexperientes. Após a queda de um amigo, o Cel. Gabriel se aborreceu e resolveu vender Rio Verde. Quando sua primeira e única prole nasceu, foi um espanto geral. Bolivar de Andrade (filho caçula do Cel. Gabriel) de imediato disse: "Reprodutor igual ao Rio Verde, somente outro Rio Verde". Durante alguns anos a familia e amigos procuraram sem sucesso pelo paradeiro do Rio Verde. Quando esperanças já não existiam, um telefonema de um amigo trouxe notícias animadoras. Um cavalo castanho escuro, preenchendo a descrição do Rio Verde, foi visto no extremo nordeste do Estado, divisa com a Bahia, nas mãos de um cigano, servindo, até mesmo, como animal de carroça. Bolivar enviou um amigo para conferir, levando um cheque assinado em branco. Era mesmo o Rio Verde. Após nove anos, finalmente tinha sido encontrado. Havia sido vendido por 2 contos e oitocentos mil réis. Foi readquirido por 3 contos de réis. Assim, Rio Verde retornou, para desempenhar a mais nobre das funções: estruturar definitivamente a base genética da tradicional linhagem Passa Tempo e consolidar a trajetória gloriosa dos exemplares "marca F". Rio Verde morreu aos 31 anos de idade, deixando cinco éguas prenhes. Morreu de parada cardíaca, logo após servir uma das éguas. Por iniciativa futura e oportuna de Márcio Andrade (sucessor de Bolivar de Andrade) um monumento do Rio Verde foi erguido em frente à casa sede da Fazenda Campo Grande, com todas as medidas lineares, em cuja placa encontram-se gravadas as seguintes palavras: "Entre todos o mais inteligente; montado, o melhor; como reprodutor, incomparável" Nasceu em 1926 e morreu em 1957.
Os cavalos são essenciais nas fazendas para a lida com o rebanho, mas também podem se mostrar excelentes parceiros em atividades de lazer, como a montaria, e até mesmo como exímios competidores em provas de hipismo. De acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil possuía um plantel de 5,58 milhões de cabeças em 2016.
O número total de cavalos, éguas, potros e potrancas criados no Brasil cresceu 0,5% em comparação com os dados de 2015. Ainda segundo a pesquisa Produção da Pecuária Municipal, os estados que lideram a criação de equinos são Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Bahia, com, respectivamente, 13,7%, 9,6% e 8,6% do plantel nacional. Conheça as principais características de famosas raças de cavalos criadas nas fazendas brasileiras.
1- Mangalarga marchador Os animais desta raça possuem médio porte e são conhecidos por serem ágeis, fortes, vigorosos e por terem temperamento ativo e dócil. O Mangalarga Machador se destaca por sua facilidade de adaptação a qualquer tipo de adversidade climática ou no terreno. Além disso, tem a capacidade de viajar longas distâncias sem se cansar. Este cavalo não necessita de uma alimentação específica, por isso se adapta bem a um regime no estábulo e também em campos abertos. O Mangalarga Marchador é resistente a doenças e parasitas.
2- Cavalos Mangalarga Desde a sua origem, o cavalo da raça Mangalarga foi selecionado como animal de trabalho na lida com gados e para a prática de esportes. De acordo com informações da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM), as principais características desta raça são os bons andamentos, a resistência e docilidade. Atributos como membros fortes, articulações grandes e tendões nítidos fazem com que o equino seja um excelente cavalo de sela.
3- Puro Sangue Inglês O cavalo da raça Pura Sangue Inglês tem temperamento ativo, valente, além de ser corajoso. Por ser destemido, este equino tem aptidão para corridas planas ou com obstáculos de média distância, salto, além de ser um bom cavalo de corrida. Além de ser velocista, é também utilizado como cavalo de sela para passeio.
4- Nordestino Com porte médio, temperamento ativo, dócil e aptidão para o trabalho com o gado, os cavalos da raça Nordestino se destacam pela sua sobriedade, rusticidade, rigidez de músculos e cascos duros. No terreno árido, o cavalo Nordestino é capaz de percorrer até 70 km por dia. Os equinos desta raça possuem a capacidade de se adaptar facilmente ao meio em que vivem e ao processo de criação.
5- Quarto de Milha Os cavalos Quarto de Milha são conhecidos por sua agilidade, facilidade de domar, docilidade e inteligência. Equinos desta raça se destacam, principalmente, no trabalho no campo, além de serem muito dóceis, robustos e velozes. De acordo com a Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Quarto de Milha (ABQM), os equinos desta raça se adaptam a qualquer situação, podendo transforma-se em instrumento de força e de transporte. Além de melhorador de plantel, o Quarto de Milha é difícil de ser derrotado em provas equestres.
6- Cavalo Crioulo O cavalo da raça Crioulo é criado, principalmente, em países como Uruguai, Chile e Argentina. No Brasil, o animal está presente em mais de 22 estados, mas a maior população está concentrada no Rio Grande do Sul. A raça é conhecida por sua força, resistência e saúde. O animal consegue viver em situações de extremo fio ou calor com o mínimo de alimentação. O Crioulo é considerado um cavalo de trabalho, ideal na lida com gado, para passeio e enduro, podendo ser usado para percorrer grandes distâncias.
7- Árabe Os equinos desta raça possuem trote e galope rasteiros, além de possuírem um temperamento muito vivo e uma grande resistência. O cavalo da raça Árabe é capaz de resistir a prolongados períodos de trabalho intenso com o mínimo de cuidado e alimentação. No trabalho na fazenda, os criadores ficam satisfeitos com a produtividade do Árabe, capaz de se recuperar rapidamente após um dia inteiro de atividade.
8- Pampa O cavalo Pampa possui pelagem malhada, quase sempre de cor branca, mesclado com outra coloração. Equinos desta raça possuem musculatura definida e expressão vigorosa, e apesar de serem dóceis, são conhecidos por sua coragem, velocidade e agilidade. A principal característica do Pampa é a marcha, que o qualifica como um animal ideal para turismo equestre, cavalgadas e provas de enduro equestre.
Cavalo não é vaca, mas ainda há muitas pessoas que teimam em fazer manejo de equinos da mesma forma que fazem o manejo do gado.
Na maioria das propriedades voltadas à criação de equinos, o mal mais comum que atormenta os proprietários, treinadores e tratadores é a cólica.
Todos os criadores já passaram por situações onde algum de seus animais sofreram com esse tipo de problema.
Normalmente, quem é indicada como culpada por desencadear esse problema é sempre a ração. Mas veremos que uma série de fatores pode levar a essas condições, que na maioria das vezes, erros simples e corriqueiros no manejo diário são os responsáveis por desencadear esse e outros problemas.
Mas antes é importante lembrar porque a nutrição de equinos é tão especifica e algumas diferenças no trato digestório guardam a chave para que fiquemos atentos a esses cuidados.
Os cavalos estabulados são suscetíveis aos vícios e ao estresse e por isso devem ser mantidos sob observação constante.
Equinos e o sistema digestório
Uma série de particularidades, no trato digestório de equinos, exige cuidados especiais para sua nutrição, ainda que a tropa seja criada a pasto.
Iniciando pela boca, umas das particularidades do equino é a altura de pastejo.
Equinos têm o hábito de pastejo muito rente ao solo. Ele seleciona os brotos e as folhas mais novas.
É muito comum em piquetes mal manejados, áreas com gramas mais altas e com excesso de pastejo, exatamente devido a essa seleção na hora de pastejar.
A dentição dos animais
Fator que precisa ser acompanhado periodicamente, é preciso avaliar se os dentes estão sem pontas grosseiras que possam estar machucando-o.
Caso seja necessário, deve-se chamar um profissional especializado para fazer essas avaliações e efetuar a correção.
Estômago
Outras duas particularidades no trato digestório de equinos estão no estômago, que é relativamente pequeno se comparado ao tamanho do cavalo e no intestino delgado, que apresenta uma taxa de passagem alta.
Esses fatores são relevantes, pois interferem no tempo de retenção do alimento. Isso é importante principalmente quando se refere ao fornecimento da ração.
Por isso, que se recomenda o fracionamento do seu fornecimento. Quanto mais fracionada, maior será seu aproveitamento e menor as chances de ser mal digerida quando chegar ao Intestino Grosso e fermentar.
“O manejo diário, seguindo a rotina com horários certos para o fornecimento da comida, treinamento, banho, entre outras ações, ajuda na redução do estresse de baia”.
O Intestino Grosso de equinos é onde ocorre a fermentação dos alimentos, neste compartimento acontece a degradação e o aproveitamento do capim realizada pelos microrganismos intestinais.
Essa simbiose é importante na nutrição equina e é a partir dela que equinos e bovinos possuem a capacidade de ser herbívoros. Nesse compartimento, uma das características é o grande volume hídrico.
Essa alta concentração de água no Intestino Grosso de equinos, entre outras funções, funciona como uma caixa d’agua, sempre que o animal precisa de água por alguma razão e não tem acesso a bebedouros. É nesse compartimento que ele irá retirar parte da água que precisa para manter-se.
Essas são apenas algumas das diferenças que os equinos apresentam. O que é importante lembrar é que tudo está interligado e pequenos erros de manejos podem influenciar em toda uma cadeia muito bem organizada e isso pode atrapalhar o desempenho de seu animal.
Erros comuns de manejo
Uma palavra é fundamental no dicionário de quem lida com cavalos: “rotina”.
Fazer o manejo diariamente, seguindo uma rotina com horários certos para o fornecimento da comida, para o treinamento, banho, entre outras ações, ajuda muito na redução do risco de distúrbios e até mesmo na redução do estresse de baia, além de ajudar a identificar quando algo não está bem com alguns dos animais.
O ditado: “É o olho do dono que engorda o gado” deve ser utilizado no manejo de equinos de forma cada vez mais atenta.
Mas não podemos deixar a rotina nos afetar e passar a exercer o trabalho de forma mecânica. Executá-lo desta maneira pode ser citada como a primeira ação para iniciar um manejo errado.
Deve-se tomar cuidado principalmente com animais mantidos em baias, que são susceptíveis aos vícios e ao estresse e por isso devem ser mantidos sob observação constante.
Quando realizamos o trabalho de forma mecânica, não observamos sinais claros que, muitas vezes, estão a nossa frente. Por isso, é sempre importante observar se os animais estão comendo, se estão ingerindo água e principalmente se estão com dor de qualquer tipo.
Cavalo com dor não come normalmente e tende a apresentar perda de peso.
Com relação à cólica, é extremamente importante deixar claro que há os mais variados tipos e que ela pode surgir a partir dos mais variados estopins.
1) Não fracionar o fornecimento de ração durante o dia
Devido ao estomago relativamente pequeno e a taxa de passagem alta no Intestino Delgado, quanto maior a quantidade de ração fornecida por refeição, pior é seu aproveitamento.
Fornecer volume grande de ração em uma única refeição reduz a eficiência da ação gástrica e a taxa de absorção dos nutrientes no Intestino Delgado.
As chances dessa ração mal digerida chegar ao Intestino Grosso, fermentar e criar um quadro de cólica é muito alta. Dessa forma, é extremamente importante ter em mente que, quanto maior for o volume de ração que você queira fornecer para seu cavalo, maior deve ser o número de vezes que deverá fracionar o seu fornecimento ao longo do dia.
O fornecimento de muita ração em uma única refeição reduz a eficiência da ação gástrica.
2) Não respeitar um período mínimo entre o fornecimento de ração e o fornecimento do feno
Após o fornecimento de ração deve-se aguardar um período de pelo menos uma a uma hora e meia para o fornecimento do feno. Isso porque o processo de digestão e a absorção dos nutrientes da ração, que deve ser realizada no Intestino Delgado, precisam de um tempo mínimo para ocorrer.
Quando fornecemos o feno (fibra), ele aumenta mais ainda a taxa de passagem neste compartimento e funciona como uma “vassoura”, arrastando todo alimento desse compartimento para o Intestino Grosso e aumentando o risco deste alimento fermentar e criar um quadro de cólica.
Após ingerir a ração deve-se aguardar um período de pelo menos uma a uma hora e meia para o fornecimento do feno.
3) Fornecer muita ração e pouca quantidade de feno
Como foi dito anteriormente, equinos são animais herbívoros e o feno deve fazer parte de sua vida.
A relação mínima e segura que deve haver entre o fornecimento da ração e do feno é de no mínimo 50/50. Ou seja, se o consumo diário por equino for de 4Kg de ração, seu consumo de feno deve ser no mínimo de 4kg ou mais.
4) Deixar o animal sem água por um longo período de tempo
Esse é um problema que parece tolo, mas que é muito frequente.
Como foi dito anteriormente o Intestino Grosso tem um grande volume hídrico e precisa dele para funcionar adequadamente.
Quando ele cai, isso pode influenciar de forma negativa em todo ecossistema intestinal.
Deve-se ter um cuidado especial com animais mantidos em piquetes com bebedouros que exigem ser enchidos manualmente.
Muitas vezes os animais derrubam os bebedouros, derramando toda a água e ficando por um longo período sem ela.
Isso pode ser prejudicial para o animal, principalmente em dias quentes e quando mantidos em piquetes não sombreados. Muitas vezes, o animal para de comer como reflexo do período sem água.
Os bebedouros automáticos são ótimos, pois se mantêm sempre cheios e facilitam a vida dos tratadores.
Contudo, atenção especial deve ser dada aos animais mantidos em baias e piquetes com esse tipo de bebedouro, pois deve-se observar se eles estão de fato consumindo água. Inúmeros fatores podem influenciar no consumo e observar essa alteração comportamental podem fazer a diferença, antes que algo mais grave aconteça.
Em alguns eventos é comum os competidores deixarem os animais por longos períodos presos a árvores ou trailers sem acesso a água. Sem a mínima noção de como isso pode ser prejudicial a eles.
Se seu cavalo não está aquecendo e nem competindo, deixe-o em um local adequado com acesso a água. Se esses animais foram mantidos em dietas hiperproteicas podem apresentar um quadro de desidratação ainda mais acelerada.
O consumo hídrico é um indicativo extremamente importante sobre a saúde de seu animal, pode ser um sinal claro de que algo não vai bem. Várias alterações podem influenciar no consumo de água, então é bom ficar muito atento a isso.
Animais adultos mantidos com dietas hiperproteicas, que não estão gestando ou amamentado e são mantidos com rações com teor acima de 14% de proteína bruta ou com feno de alfafa (principalmente) como única fonte de volumoso, apresentam um consumo hídrico maior e consequentemente produção maior de urina. Isso ocorre porque todo excesso, no caso a proteína, precisa ser excretada na urina.
Isso vai interferir de forma negativa para o animal, pois a tendência é de ter a baia sempre úmida e não é preciso nem relatar o quanto uma baia nesse estado pode ser ruim para seu cavalo. Além disso, essa excreção exige um gasto energético que poderia ser utilizada para melhorar o seu desempenho.
Em caso de dúvidas, consulte um zootecnista especializado em nutrição equina para verificar e até mesmo balancear a dieta.
5 – Animais soltos em piquetes com pastagens novas
É comum no início das estações de chuva alguns animais mantidos em piquetes apresentarem quadros de diarreia e até mesmo casos de cólica. Isso ocorre porque, como foi dito antes, os equinos selecionam os capins mais novos, quem contém em sua composição substâncias altamente fermentáveis, além de teor maior de proteína e água.
Para evitar esse tipo de ocorrência, deve ser organizado um esquema de entrada e saída de animais nos piquetes, padronizando-se uma altura de entrada, que pode variar em função da espécie forrageira.
Os casos citados acima são apenas alguns erros comuns, muitas vezes cometidos sem querer, mas que podem ser facilmente corrigidos no manejo diário. A principal ação é identificar onde está o erro no manejo e corrigi-lo.
Animais criados com foco nas competições, são e devem ser tratados como atletas.
Uma das recomendações para qualquer atleta é uma vida regrada, seja em sua rotina de trabalho quanto em sua rotina nutricional.
Ele não tem culpa se por alguma razão dormimos mal durante a noite e não respeitamos seu horário de alimentação e manejo.
A nutrição adequada dos equinos é extremamente importante para um bom desempenho em toda fase produtiva.
Escolha uma ração e um feno de boa qualidade para seus animais. Um bom resultado entra pela boca. Mas a nutrição não é tudo, ela é uma parte importante do todo.
Deve ser associada a uma rotina rigorosa de treinamento. Esse é o segredo para todo campeão.
Em caso de dúvida, consulte sempre um zootecnista especializado em nutrição equina, que poderá oferecer a melhor assessoria e esclarecer suas dúvidas com relação a melhor dieta e manejo nutricional para sua propriedade.
- A beleza do equino refere-se à sua aparencia geral, a condição do pêlo, o estado físico, toalete, maquiagem, cuidados com os cascos.
- Cavalos magros já entram em desvantagem no julgamento de conformação, pois apresentam menos qualidade na forma das partes do tronco.
- Os cavalos obesos tendem a apresentar excessos de tecido adiposo ao longo da borda superior do pescoço, garupa e base da inserção caudal. A avaliação da conformação será sensivelmente prejudicada, pela falta de definição na forma e harmonia entre as regiões.
- O pêlo, quando longo e grosseiro, interfere na avaliação da conformação, principalmente na ligação cabeça/pescoço, inserção pescoço/tronco, qualidade da sustentação muscular na região superior e na musculatura da garupa.
- Diariamente, os animais de exposição devem ser raspados e escovados. Crina e cauda devem ser penteadas.
- O pêlo adquiri melhor aparência nos animais embaiados
- Pode ser fornecido em torno de 5 a 10 ml de oleo de milho diariamente na ração, ou diretamente na boca por meio de uma seringa. Este produto melhora a condição do pêlo.
- Durante o inverno há um crescimento maior dos pêlos, que servem como proteção contra o frio e a umidade
- Os banhos devem ser dados sempre após os exercícios, utilizando shampoo apropriado e condicionador de pêlo.
- A toalete objetiva o destaque de determinadas regiões. Envolve a aparação dos pêlos nas regiões das narinas, boca, mandíbula inferior, olhos, orelhas, boletos, coroa dos cascos, tosquia do corpo, tosa do topete, da crina, desbaste da cauda.
- A prática rotineira da toalete é bastante nociva ao equino. A recomendação é que seja feita somente nos animais destinados às exposições e, mesmo assim, poucos dias antes do inicio do evento. Vejamos alguns dos principais danos à saúde:
- Tosquia do pêlo: quando feita nos períodos de frio ou chuva, deixa o animal mais sensível às alterações climáticas e às infestações por ecto-parasitas;
- Aparação da cauda: o animal perde o único meio de espantar mosquitos e outros insetos;
- Corte dos pêlos da orelha: perda da proteção contra umidade, predisposição às micoses;
- Corte dos pêlos das narinas e boca: afeta negativamente os sentidos do olfato e tato;
- Corte dos cílios: perda da proteção dos olhos
- Corte do cabelo do machinho: Denomina-se de machinho os pêlos que se estendem por trás dos boletos. Sendo aparados, a água da chuva, ou de banhos freqüentes, escorre diretamente para a região posterior da quartela, deixando-a úmida, o que favorece o desenvolvimento de micoses
-A maquiagem objetiva realçar a beleza do animal. Envolve a aplicação de óleos para conferir brilho no corpo, na cauda, na crina, região bucal, pavilhão das orelhas. Em algumas raças, é pratica comum aplicar graxa de brilho nos cascos.
- Os cascos devem ser adequadamente aparados e, se for o caso, fazer o ferrageamento. Quando aparados excessivamente ou na véspera da viagem, haverá risco do animal claudicar, pela maior sensibilidade dos cascos após as aparações, principalmente se for levado em conta que o piso nos parques de Exposições é de asfalto.
ALIMENTAÇÃO
- Acesso a pastos de qualidade, sendo a melhor graminea para pastejo o Tifton;
- O capim verde picado, oriundo das capineiras, ou de pastos de Tifton, Coast Cross, Tangola e outros, deve ser cortado no ponto ótimo de crescimento (altura em torno de 1,50m), a fim de preservar o valor nutritivo ideal. O capim velho e fibroso pode provocar distúrbios digestivos. O capim muito novo pode provocar diarréia;
- A quantidade de volumoso deve ser, no mínimo, 5kg por dia;
- O capim picado não deve permanecer no cocho mais do que 12 h, para evitar a fermentação e o consequente risco de distúrbios digestivos. As cólicas ainda representam a causa numero 1 de mortes na espécie equina;
- Não é recomendado misturar ração ao capim picado. Obedeça um intervalo de, pelo menos, uma hora, entre o consumo do volumoso e o da ração concentrada;
- É mais indicado o fornecimento de feno de qualidade para animais confinados, especialmente os de Tifton e Alfafa;
- Quantidade de feno/cabeça/dia: um fardo de 10 a 12 kg de feno de Tifton é suficiente para alimentar diariamente até dois animais adultos ou três potros, pressupondo que a dieta também inclui ração concentrada e acesso a pasto durante um período do dia ou da noite;
- A ração concentrada deve ser de fabricante idôneo, sendo recomendado dividi-la em duas ou três vezes / dia - manhã, meio-dia, tarde;
- O total de consumo/mês é relativo ao peso. Para cada 100kg de peso, fornecer de 0,5 a 1,0kg de ração concentrada.
- Não fornecer quantidade superior a 2,5 kg de ração concentrada por vez;
- Para potros, entre 1 a 2 anos, a média de consumo varia de 2 a 4 kg/dia, dependendo da raça. Para animais adultos, a média varia de 4 a 6kg/dia;
- Acesso permanente a água limpa e fresca
- Limpeza diária de bebedouros e cochos;
- Livre acesso a mistura mineral balanceada e sal comum.
- Antes, durante e logo após o transporte, não fornecer ração concentrada;
- Obedeça um intervalo de pelo menos uma hora entre o fornecimento de ração concentrada e o início e término dos exercícios físicos intensos;
- Durante o período de exposições, programar o fornecimento da mesma alimentação recebida pelos animais no haras.
CUIDADOS COM OS CASCOS
- Limpar diariamente os cascos, especialmente o sulco e comissuras laterais da ranilha, a fim de prevenir afecções, sendo as mais comuns a podridão da ranilha e as brocas de sola ou de muralha;
- O casqueamento deve ser iniciado a partir dos 2 meses de idade, principalmente quando for identificado algum tipo de desvio de aprumos. Na foto, notar a retidão dos aprumos posteriores do potrinho, em relação aos aprumos da mãe.
- O casqueamento deve ser conduzido em uma periodicidade mensal, podendo ser de tres tipos:
- O casqueamento de manutenção objetiva aparar os excessos de crescimento, mantendo o formato natural e o equilíbrio de sustentação dos cascos
- Para aumentar a eficiencia do casqueamento podem ser utilizados o angulador de cascos e o angulador das espaduas. O mesmo ângulo medido na inclinação das espaduas deve ser verificado na inclinação das quartelas após o casqueamento dos cascos anteriores
- O casqueamento corretivo tem por finalidade corrigir algum tipo de desvio de raio ósseo ou do direcionamento de cascos, sendo o mais frequente o desbalanceamento médio-lateral, que se caracteriza por um crescimento maior de um lado do casco.
- O casqueamento ortopédico tem por finalidade corrigir algum tipo de traumatismo ( ex.: fissura de muralha) ou de afecção ( ex.: doença do osso navicular)
- O ferrageamento, deve ser efetuado em caso exclusivo de necessidade, seja para proteção dos cascos de animais que trabalham em terrenos pedregosos, para correção de desvios muito graves de aprumos, problemas ortopédicos ou para correções de irregularidades na locomoção. O ferrageamento deve ser conduzido a cada 45 dias.
DOMA
- O bridão é uma embocadura para iniciar a doma de sela.
- Existem três tipos de bridões, de acordo com o grau de severidade: ação branda, moderada ou severa.
- O charreteamento, também chamado de redeamento, é um método de domar de baixo, com o auxilio de rédeas longas, conduzindo o animal ao passo e na marcha, ou trote.
- A doma de sela é dividida em doma de baixo e doma de cima. Todo o processo dura, em média, de 60 a 90 dias. Em seguida, o animal é introduzido em um programa de adestramento avançado, passando a ser treinado de acordo com a atividade atlética a ser desempenhada.
- Cada animal tem treinabilidade própria, muito influenciada pelo grau de inteligência e temperamento de sela.
- Por temperamento de sela entende-se a disposição, vontade de trabalhar, respostas rápidas e eficientes aos comandos de equitação.
- Por comandos de equitação entende-se os principais e auxiliares. Os primeiros são as rédeas, assento e pernas. Os segundos são a tala e esporas.
REPRODUÇÃO
- A égua é uma fêmea poliestro estacional. Os cios férteis concentram-se nas estações da primavera e verão
- O cio tem duração média de 7 dias, com a ovulação ocorrendo nas ultimas 48h. Assim, as cobrições devem ser feitas a partir do terceiro ou quarto dia do cio.
- A identificação do cio deve ser feita com um rufião apropriado, com desvio de pênis, solto com a éguada. Poneys e Piquiras não devem ser usados para este trabalho, pois as éguas de médio a grande porte geralmente não gostam destes pequenos
- Não dispondo de um rufião, utilizar qualquer cavalo inteiro, à exceção do próprio reprodutor do haras, a fim de se evitar problemas psicológicos ou até mesmo de acidentes.
- Um reprodutor não deve dar mais do que dois saltos por dia. E mesmo assim, descansando um dia da semana. A alimentação do reprodutor em serviço reprodutivo intenso deve ser reforçada 30 dias antes do inicio da estação de monta e ao longo de toda a estação.
- A prenhez já pode ser diagnosticada através de ultrasonografia a partir de 18 dias após a fecundação
- Mais de 90% dos partos ocorrem no periodo noturno, sendo que apenas 1 a 2% são partos distórcicos. A égua parturiente não deve ser incomodada, permanecendo em local limpo, seco, sem riscos de acidentes.
- As gestações gemelares quase sempre são inviáveis. O resultado será o aborto ou a morte posterior de um ou ambos os produtos.
TREINAMENTO PARA PASSEIOS E CAVALGADAS
Passeio e cavalgadas apresentam basicamente o mesmo significado, o lazer oferecido pelos chamados cavalos de sela. A diferença pode ser que no passeio, a distância do percurso geralmente é curta. Nas cavalgadas, a distância de percurso é maior. Nem por isso, uma cavalgada deixa de ser um passeio, e vice- versa. Este é o segmento que mais cresce no mundo inteiro, o uso do cavalo como trail horse, como pleasure horse.
Preparar um cavalo para tal finalidade não é difícil. Basta treinar em ambientes naturais. Uma regra básica é que o cavalo deve permanecer quieto ao ser montado e desmontado. O treinador não prepara o cavalo pensando em si, mas em qualquer pessoa, incluindo os leigos em equitação. Outra regra básica: se o cavaleiro/amazonas é iniciante, deve conduzir a montaria com comandos diretos de rédeas, no bridão. Portanto, um cavalo de cavalgadas, ao ser terminado seu adestramento avançado no freio, deve ser trabalhado também no bridão, para atender diferentes tipos de usuários.
Algumas aptidões a serem treinadas no cavalo de passeios e cavalgadas:
- Aprender a abrir e fechar corretamente porteiras;
- Permanecer quieto quando amarrado a troncos de arvores, estacas de cerca, etc. ;
- Ser resistente e bem disposto;
- Não relutar em atravessar rios, riachos, córregos, pontes, etc.;
- Ao passo, marcha, ou trote, subir com vigor e descer com equilibrio;
- Saltar valetas, subir e descer barrancos íngremes;
- Andamentos regulares ao longo de trilhas sinuosas;
- Ser regular nos andamentos naturais;
- Ser eficiente em cada variedade de andamento, de acordo com a velocidade.
Portanto, o treinamento consiste em aquecer corretamente o animal e trabalhar fora de redondéis, pistas, estradas. Pelo Método LSA de Adestramento, um cavalo que tenha passado pelo adestramento básico ao longo de 60 dias, com mais 30 dias estará finalizado o seu adestramento avançado como cavalo apto a uma performance correta nos passeios e cavalgadas.
TREINAMENTO PARA CONCURSOS DE MARCHA
Após o cavalo de marcha ter passado pelo adestramento básico, seguindo o Método LSA de Adestramento, o treinamento para concursos de marcha será por demais facilitado. O treinador precisará apenas de corrigir detalhes do estilo, buscar incrementos no rendimento da marcha, estabilizar o diagrama da marcha, e o aspecto mais demorado que é o desenvolver da resistência, para suportar provas de marcha de 40 minutos de duração em um ritmo intenso de marcha.
Os ganhos de resistência devem ser moderados, a cada semana, jamais aumentando simultaneamente a distancia e o tempo de treinamento. O cavalo estará bem condicionado para competir quando suportar bem um treinamento de uma hora de duração, em dias alternados. O melhor método é o treinamento intervalado, alternando seções de exercício de baixa, média e alta intensidade.
Os exercícios de pista devem ser intercalados com exercícios de estrada. A natação é um bom exercício para desenvolver a capacidade respiratória e circulatória, além de proporcionar um rápido fortalecimento muscular, especialmente dos músculos torácicos, das espáduas, braços e ante-braços.
O galope lento é um bom exercício para melhorar o rendimento da marcha, vigor, impulsão, equilíbrio dinâmico. O passo livre é um exercício imprescindível para relaxar o animal, recuperar as taxas respiratórias(15 fluxos/minuto) e cardíacas (30 batidas/ minuto ).
Os exercícios de marcha em figuras de serpentina, de oito, círculos à direita e à esquerda, favorecem o equilíbrio e a coordenação da marcha, desenvolvem a força de impulsão, fortalece e flexiona a musculatura geral – pescoço, tronco e membros, as articulações, tendões e ligamentos. As transições de andamentos contribuem para um melhor posicionamento da cabeça ( força a flexão da nuca ) e o fortalecimento da musculatura que se distribui ao longo da grande região dorso-lombar.
O aquecimento, durante 5 minutos, e o desaquecimento, após o trabalho, são essenciais para manter a integridade do animal. Muitos animais são arruinados na integridade muscular caso estas duas fases não sejam adequadamente conduzidas. O melhor andamento para a fase do aquecimento é o passo médio e a marcha reunida. Como o animal geralmente sai da baia com reservas de energia, pode não encarta o passo médio, apenas de contato de rédeas, permanecendo por um ou dois minutos no passo reunido. Quanto ao desaquecimento o melhor andamento é ao passo livre. Não conseguindo, o passo médio é a segunda alternativa.
TREINAMENTO PARA ATRELAGEM
Não é difícil treinar um cavalo marchador em atrelagem. Obviamente, o primeiro passo é adestrar de sela, consolidando a qualidade global na marcha. Em seguida, o treinamento para atrelagem é iniciado utilizando o selote, ou cilha, do conjunto de charreteamento utilizado no adestramento inicial de sela. Um tronco, não muito pesado, deve ser puxado de cada lado, com a corda presa em cada uma das argolas laterais do selote. O andamento nos primeiros dois, ou três dias, conforme sejam as reações de cada cavalo, deve ser o passo. Em seguida, mas dois dias, em média, na marcha. Na Segunda semana, a arreata completa para atrelagem de charrete deve ser usada, repetindo o treinamento ao passo e marcha durante dois dias. Estando o cavalo calmo, a próxima etapa é prender os varais da charrete, cabresteando o cavalo sem o condutor, ao passo e depois na marcha, durante mais dois dias. Daí, estaremosna terceira semana do treinamento, quando o condutor poderá subir na charrete e charretear. No primeiro dia é recomendado que o auxiliar puxe o cabo do cabresto, para prevenir risco do animal disparar, assustado.
Tendo o cavalo passado pelo Método LSA de Adestramento deverá estar respondendo aos comandos vocais de VIRAR!,ÔÔHA!, FASTA!, o quem em muito facilitará o aprendizado no treinamento de atrelagem.
TREINAMENTO PARA PROVAS FUNCIONAIS
O treinamento para provas funcionais consiste em apresentar o percurso ao cavalo, inicialmente ao passo reunido ou médio, seguindo-se o treinamento ao passo alongado. Quando o cavalo concluir adequadamente o percurso, deve ser solicitada a marcha curta, seguindo-se a média e a alongada. O galope, em velocidades progressivas, somente deve ser solicitado quando o animal estiver executando o percurso corretamente ao passo e marcha. Geralmente, o grau maior de dificuldades será na conclusão correta dos saltos, que em hipismo rural são sobre fardos de feno ou tambores, volteios de 360 graus em balizas e tambores e o recuo. Para o treinamento de provas funcionais é essencial que o cavalo esteja executando adequadamente todos os andamentos naturais, variações de velocidade, transições, esbarro, arrancada e recuo. Este aprendizado deve ser consolidado antes de se apresentar os percursos de provas funcionais ao animal. Primeiro, devem ser ensinados os exercícios mais fáceis no percurso.
Diversos sinais emitidos pelo cavalo podem auxiliar a condução do treinamento no haras, na apresentação e avaliação em julgamento.
Orelhas voltadas para trás: é o sinal mais evidente de raiva, intenção de morder, escoicear, manotear, corcovear;
Orelhas permanentemente móveis: indicativo de cavalos muito ativos, árdegos, briosos, nobres, mas também pode ser temperamento nervoso, associado à má índole;
Orelhas caídas: cansaço, sonolência, doença ou quando recebem sedativos fortes;
Orelhas rígidas: quando recebem estimulantes muito fortes (dopping);
Apenas uma orelha voltada para o lado: apreensão, insegurança, receio
Olhar sem brilho: fadiga, doença;
Olhar fixo, com orelhas armadas: algo desperta a atenção, podendo gerar curiosidade ou medo;
Cauda erguida: sinal de excitação, reserva acumulada de energia;
Antigamente, o sistema predominante de criação era o extensivo. A éguada era mantida em grandes extensões de pastos nativos. As crias permaneciam ao lado de suas mães até o parto subsequente, quando eram forçosamente apartadas pelas mães. Em muitas fazendas, até mesmo o reprodutor era mantido com as éguas a campo, em sistema de monta natural. As taxas de fertilidade eram boas, com economia de mão de obra, mas os reprodutores sofriam muitos acidentes. Como as pastagens eram nativas, os animais passavam por graves deficiências nutricionais, o que afetava, principalmente, o crescimento e a reprodução. Não havia o hábito de suplementar os animais durante os meses de estiagem e os piores pastos eram destinados aos equinos. As terras de cultura eram destinadas às lavouras, gado de leite e/ou gado de corte.
A primeira evolução no sistema extensivo foi o manejo de dividir os animais nos pastos de acordo com cada categoria: potros, potras, éguas paridas, éguas solteiras, éguas gestantes. A estação de monta foi adotada, concentrando as cobrições, e parições, na segunda metade da primavera e durante todo o verão. Quanto maior o fotoperíodo, mais fértil tende a ser a égua. As éguas gestantes eram mantidas nos melhores pastos. E para poupar a égua parida, os potros passaram a ser apartados em grupos, por volta dos 6 meses de idade. Mas os criadores antigos eram muito resistentes quanto à necessidade de suplementar os animais durante o período seco, como medida preventiva da perda de peso, e para manter a éguada prenhe em bom estado. Quando não havia como evitar estes gastos extras, nos casos de animais muito magros, alguns criadores utilizavam silagem, cana picada, ou rolão de milho.
Com o avanço dos estudos na área de nutrição equina e do melhoramento genético das raças, possibilitando a produção de cavalos de maior valor, o sistema de criação extensiva foi substituído pelos sistemas intensivo e semi-intensivo. No primeiro os animais são mantidos em confinamento, saindo das baias apenas para exercícios. No segundo, os animais são mantidos confinados nas baias durante o dia e soltos à noite. Outras alternativas são soltar durante o dia e prender a noite, mantendo os animais sob vigilância, ou soltar apenas parte do dia, manhã ou tarde.
Outra característica do presente é que um grande numero de haras são montados em áreas pequenas, o que inviabiliza o sistema extensivo de criação. Ainda assim, a recomendação é para prender somente os animais destinados às exposições e vendas. Garanhões devem ser mantidos em baia anexa a piquete. Éguas devem ser mantidas em piquetes. O confinamento onera a criação; gera estresse mental, tornando os animais inquietos, nervosos; afeta negativamente a fertilidade, pela inibição do fotoperiodo; desenvolve animais obesos, de baixa resistencia, prejudicando o desempenho funcional. O melhor sistema é o semi-intensivo.
Conheça o Método LSA de Adestramento.
Após vários anos de teoria e prática na lida com equideos, este autor desenvolveu um novo método de adestramento de cavalos, chamado de Método LSA de Adestramento, dividido em básico e avançado, para cada uma das fases do adestramento de cabresto e do adestramento de sela.
O termo doma foi substituído pelo termo adestramento, por ser este mais indicativo da lida com animais racionais. Ao contrario, domar guarda relação com a lida de animais selvagens. O termo adestramento sugere mais refinamento no trato com o cavalo.
A exemplo do método da doma racional, o Método LSA de Adestramento tem na sua essência o uso da não violência e a integração plena entre treinador / cavalo. A diferença principal dos métodos usuais de doma racional é a eliminação do uso do bridão durante a fase inicial do adestramento de sela, chamada de adestramento básico.
Durante a fase do adestramento de baixo, denominada de charreteamento, é utilizado o buçal, um equipamento de origem colombiana. Na fase seguinte, do adestramento de cima, é utilizado a barbada, também de origem colombiana, uma versão avançada de um hackamore, de uso corriqueiro pelos treinadores do cavalo Quarto de Milha.
Buçal, equipamento utilizado para o charreteamento. A cabeça do cavalo é totalmente envolvida, acionando simultaneamente todos os pontos de controle. Acima, através da testeira, que se liga a uma focinheira com proteção de feltro, exercendo pressão sobre a nuca e a região do chanfro, próximo à região de transição com o focinho. Abaixo, o afogador pressiona a região da garganta, contribuindo para firmar a testeira e a faceira da cabeçada na nuca, uma peça de sola fixa o buçal no meio da região mandibular e outra peça de sola fixa a focinheira do bucal na região do queixo, onde atua a barbela dos freios.
Barbada, ou hackamore, um equipamento utilizado para o inicio do adestramento de sela. Uma focinheira com três pontos de pressão exerce pressão no chanfro e outra peça com nylon trançado apoia na região do queixo. O comando é através de rédeas duplas, ligadas lateralmente nas argolas da cabeçada e abaixo, em argolas presas à peça inferior, de nylon trançado. As rédeas inferiores, quando acionadas de forma independente, exercem o efeito imediato de elevar a cabeça. As rédeas laterais, acionadas de forma independente, ou em conjunto com as rédeas inferiores, exercem os efeitos simultâneos da flexão vertical (da cabeça, pressionando a nuca ) e da flexão lateral ( cabeça e pescoço).
Indubitavelmente, mais de 90% dos vícios de doma e treinamento são desenvolvidos pelo mal uso de embocaduras, em especial o bridão. E logo esta, considerada a embocadura de principiantes, tanto cavalos como cavaleiros e amazonas. O bridão exerce ação elevatória da cabeça, favorecendo um dos vícios mais comuns: o posicionamento excessivamente elevado da cabeça. O segundo vicio de ocorrência mais comum é o chamado “cavalo ponteiro”, aquele que lança seu focinho à frente, atitude provocada pela má flexão da nuca. O uso do bridão não favorece o desenvolvimento de uma boa flexão da nuca. Outros vícios decorrentes do uso do bridão são: abrir e fechar a boca, pendular a cabeça.
Através do Método LSA de Adestramento, potros e potras podem ser adestrados a partir dos 24 meses de idade, desde que apresentem porte normal para a idade, bom direcionamento e sustentação na região dorso-lombar, boa estrutura óssea-muscular de tronco e membros, e aprumos sem desvios considerados graves, que são aqueles enquadrados como desvios totais de raio ósseo.
As vantagens do Método LSA de Adestramento são inúmeras:
- Possibilita avaliação precoce do potencial de andamento, o que se torna interessante em se tratando de animais destinados a venda em leilões, ou mesmo para apresentação a compradores no haras. - Evita o adestramento de potros durante a fase critica da manifestação do libido, especialmente se estes potros já foram introduzidos na reprodução, o que geralmente ocorre por volta dos 30 meses de idade. O libido afeta negativamente o grau de concentração nas lições. - Evita o adestramento de potras após terem sido cobertas, o que geralmente aumenta os riscos de reabsorção embrionária e/ou aborto. - Reduz os riscos de danos à boca do animal, tendo em vista que retarda o uso de embocadura. Esta somente será introduzida quando o animal completar o adestramento basico, ou seja, estiver executando corretamente o passo, a marcha ou o trote, as paradas, os volteios à direita e à esquerda e o recuo.
Manejo Geral – Equinos
Cuidar de um cavalo é uma atividade que requer grande responsabilidade. Uma boa solução para o animal é passar parte do dia ao ar livre, em que se mantém em prática mesmo que não seja incitado a fazer exercício e outra parte do dia no estábulo; assim, o cavalo torna-se mais fácil de montar do que se estivesse todo o dia encerrado. Deixar o cavalo sempre ao ar livre ou sempre no estábulo são outras opções. No primeiro caso é necessário ter uma pastagem abundante, uma fonte de água fresca e abrigo contra o mau tempo do Inverno e os insectos no verão; nestas condições deve ser dado ao cavalo um complemento alimentar pois apenas a pastagem não é suficiente para manter o cavalo em forma. No caso do cavalo estar encerrado é preciso evitar o tédio visto que o cavalo não está no seu ambiente natural e é também essencial que o tratador entenda a psicologia do cavalo.
Manter um cavalo a Penso
O penso ou pensão é a alternativa para quem não pode ter os cavalos em casa. Para isso é necessário encontrar um centro onde tratem cavalos e onde haja pessoal experiente. Existem 5 sistemas de penso:
O penso completo, em que se paga a alguém para fazer tudo o que for necessário inclusive o exercício de que o animal necessita;
Faça você mesmo, onde o trabalho é feito pelo proprietário;
A pastagem, que é indicada para cavalos que vivam todo o ano ao ar livre;
O repartido que é, ideal para o proprietário manter o contacto com o cavalo, pois parte do trabalho é feito por ele e a outra metade pelo centro;
O sistema em trabalho, em que o cavalo é utilizado por exemplo, numa escola de equitação.
Requisitos de uma pastagem para Cavalos
A pastagem deve ser, para cada cavalo, de cerca de 0,2 a 0,4 há. Deve ser livre de plantas venenosas, de lixo e de outros perigos tais como tocas de coelhos. Deve ter muito cuidado no que diz respeito ás cercas: utilize postes e varas, sebes vivas, cercas eléctricas, de plástico ou de arame próprio para cavalos, nunca deve ser utilizado arame farpado nem o arame simples ou concebido para outro tipo de gado, pois podem provocar ferimentos. O campo deve ter também abrigo. Este deve ter uma frente aberta e larga para não dificultar a entrada e saída dos cavalos e deve estar contra o vento predominante.
Tente sempre que o cavalo esteja acompanhado por outros animais, principalmente outros cavalos. Visite-o pelo menos duas vezes por dia mesmo que esteja permanentemente ao ar livre, pois assim fica mais alerta para quaisquer tipos de problemas.
Cavalariças e camas
A boxe de um cavalo deve ser espaçosa, clara e arejada. Ter uma fila de boxes de um lado e do outro e um corredor central facilita as tarefas dos trabalhadores. É também muito importante que haja um constante abastecimento de água fresca e limpa.
A cama mantém o cavalo confortável e quente e evita grande parte das feridas quando este se mantém deitado. Podem ser utilizados vários tipos de cama desde as de palha às de borracha. Deve evitar que o cavalo viva num ambiente com muito pó e gases que provém da cama e até do próprio feno. Todas as camas têm vantagens e desvantagens: A palha de trigo é muito poeirenta e os cavalos comem-na; também a palha cortada e sem pó tem o inconveniente de ser comida pelos animais; as aparas de madeira só são aconselhadas se o pó tiver sido extraído; o cânhamo proporciona uma cama resistente e leve, mas têm também o problema do pó e de serem comidas; as tiras de papel não são poeirentas mas são difíceis de remover e voam facilmente; os tapetes de borracha devem ser utilizados apenas em cavalariças com boa drenagem, pois caso contrário pode formar-se uma possa de liquido de borracha, e sempre debaixo de uma fina camada de cama.
A limpeza do estábulo
A cama deve ser remexida e o estrume retirado todos os dias. No caso de aparas, cânhamo ou papel, deve retirar-se apenas o estrume e deve ser limpo completamente 1 ou 2 dias por semana; no caso de ser de palha deve ser limpa todos os dias.
Para facilitar a limpeza utilize um carro de mão, uma pá, uma vassoura e uma forquilha. Para tirar o estrume pode calçar umas luvas de borracha e apanhá-los à mão ou então usar uma forquilha.
Aquando da limpeza completa deve tirar todo o que esteja sujo e molhado, varrer o chão e desinfecta-lo, deixando-o secar. Ao fazer de novo a cama utilize o material que aproveitou da anterior no sitio que o cavalo suja mais e acrescente material novo.
A limpeza do cavalo
A limpeza diária do seu cavalo não serve apenas para o deixar com boa aparência pois é também uma boa oportunidade para se aperceber se este tem feridas ou inchaços nos membros ou temperatura nos cascos e articulações ou outro tipo de problemas físicos.
A técnica que utiliza na limpeza do cavalo deve estar relacionada da com o modo de vida e com o tipo de cavalo: por exemplo, um pónei que passe todo o tempo ao ar livre necessita de toda a gordura da pele sobre o pelo (para ficar impermeável; por outro lado o cavalo que passe todo o tempo no estábulo que é tosquiado deve ser limpo mais profundamente.
A maioria dos cavalos não se opõe à limpeza desde que sejam tratados respeitosamente.
O estojo de limpeza
O estojo de limpeza deve ser individual, para evitar infecções e transmissão de doenças e deve ter:
Um ferro de cascos;
Uma cardoa– escova de pelos compridos e duros – para limpeza geral do pelo;
Uma brussa– escova de pelos curtos e macios – para tirar o pó e a gordura;
Uma almofada para limpar as escovas;
Um pente (ou escova) de plástico para pentear crina e cauda;
Repelente de insetos;
Compressas de algodão descartáveis que se molhem para lavar olhos, narinas e zona do anús.
O estojo pode também conter unto para os cascos, tesouras de rombas (para ripar e acertar crinas e cauda).
Uma luva de crina (para remover nódoas) e um pano macio para limpar o pó e deixar o pelo brilhante.
O processo de limpeza
No caso de ter um cavalo em semi-estábulo este deve limpar os seus cascos todos os dias e verificar as ferraduras. Deve também escovar o pelo para tirar toda a lama seca principalmente nas zonas onde são colocados os coberjões ou arreios. Deve lavar também os olhos, narinas e zona do anús.
No caso do cavalo ser castrado, deve limpar a bragada com água morna.
Para tornar a limpeza mais eficiente pode seguir os seguintes conselhos:
Limpe o cavalo estabulado fora da boxe para não largar o pó no seu interior;
Limpe-o de cima para baixo, usando sempre a mão do lado do corpo do cavalo;
Ao usar a cardoa tenha gestos curtos e leves levantando-o no final para sacudir o pó do pelo;
Utilize a brussa com gestos curtos mas não tão leves e limpe-a na almofada cada 3 ou 4 passagens;
No caso do cavalo ter a cauda aparada em cima coloque-lhe uma ligadura várias vezes por semana uma ou duas horas para domar a cauda, mas não muito apertada para não causar problemas de circulação.