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2 de nov. de 2017

Instalações para Criar Abelhas




Tipos de Apiários


Apiário Fixo 
 
Um apiário fixo é caracterizado pela permanência das colmeias durante todo o ano em um local previamente escolhido, onde as abelhas irão explorar as fontes florais disponíveis em seu raio de ação (máximo de 3 km para uma coleta produtiva). Como as abelhas não são deslocadas, permanecendo no apiário durante todo o ano, a escolha do local assume importância fundamental na manutenção das colmeias e produtividade do apiário. Algumas diretrizes devem ser seguidas para que se possa garantir a segurança em relação a pessoas e animais, em função da presença de abelhas. É recomendável que o apiário seja cercado, podendo-se utilizar mourões de madeira e arame farpado, ou materiais que estejam disponíveis no local, como bambus, madeiras, etc. Esses materiais alternativos podem reduzir o custo de instalação da cerca, apesar de não terem a mesma durabilidade de uma cerca com arame (Fig.27). 

Outros pontos a serem considerados quando se pretende instalar um apiário serão discutidos no item Localização.




Figura 27. Apiário fixo devidamente cercado (cerca ao fundo).


Apiário Migratório


Esse tipo de apiário deve atender à maioria das características de um apiário fixo, entretanto, é usado na prática da apicultura migratória, em que as abelhas são deslocadas ao longo do ano para locais com recursos florais abundantes. Como a necessidade de deslocamento é freqüente, a maioria dos apicultores prefere não cercar esses apiários, o que acarretaria um aumento dos custos (já consideráveis em uma apicultura migratória) e de mão-de-obra para a instalação das cercas. 

Outra característica que o difere do apiário fixo está baseada nos tipos de cavaletes utilizados. Pela necessidade de praticidade no transporte das colmeias e do restante do material, os cavaletes utilizados devem ser desmontáveis ou dobráveis diminuindo, dessa forma, o volume de carga a ser transportada e o tempo gasto na sua montagem e desmontagem (Fig. 28.). Alguns apicultores ainda preferem a simples utilização de tijolos e caibros de madeira, para a construção de um suporte para as colmeias. Apesar de esses cavaletes serem de fácil instalação, existem algumas desvantagens com relação ao manejo no caso de as colmeias serem dispostas em um mesmo suporte e pela falta de proteção contra formigas e cupins. A situação menos recomendável é aquela em que as colmeias são dispostas em contato direto com o solo, sem a utilização de qualquer suporte, acarretando prejuízos tanto para o enxame como para a vida útil das caixas.


Figura 28. Colmeias com cavaletes dobráveis em apiário móvel.


Localização do Apiário 
 
Dentre os vários aspectos que devem ser levados em conta quando se pretende instalar um apiário, a disponibilidade de recursos florais é, sem dúvida, a mais importante, sendo abordada em detalhes a seguir.


Flora Apícola 
 
A flora apícola é caracterizada pelas espécies vegetais que possam fornecer néctar e/ou pólen, produtos essenciais para a manutenção das colônias e para a produção de mel. O conjunto dessas espécies é denominado "pasto apícola ou pastagem apícola".

Para que se obtenha sucesso na criação de abelhas, é fundamental uma avaliação detalhada da vegetação em torno do apiário, levando-se em conta não apenas a identificação das espécies melíferas, mas também a densidade populacional e os seus períodos de floração. Essas informações serão fundamentais na decisão do local para a instalação do apiário, assim como no planejamento e cuidados a serem tomados (revisão, alimentação suplementar e de estímulo, etc.) para os períodos de produção e para os períodos de entressafra (épocas de pouca ou nenhuma disponibilidade de recursos florais).
O pasto apícola pode ser natural, ou seja, formado a partir de espécies nativas ou proveniente de culturas agrícolas e reflorestamentos da indústria de madeira e papel. Nesses casos, a dependência de monoculturas não é aconselhável, pois, além de as abelhas só terem fontes de néctar e pólen em determinadas épocas do ano, há o risco de contaminação dos enxames e dos produtos pela aplicação de agroquímicos nessas áreas (prática comum na agricultura convencional). No caso dos grandes reflorestamentos de eucalipto, nem sempre podem ser considerados bons pastos apícolas, pois, apesar de existirem várias espécies com grande potencial apícola, na maioria dos casos, o corte das árvores ocorre antes da sua maturidade reprodutiva e conseqüente floração.
A diversidade do pasto apícola é uma situação que deve ser buscada. Nesse sentido, o apicultor pode e deve melhorar, sempre que possível, seu pasto apícola, introduzindo na área em torno do apiário espécies apícolas que sejam adaptadas à região, de preferência que apresentem períodos de floração diferenciados, disponibilizando recursos florais ao longo de todo o ano.
O tamanho de um pasto apícola, assim como a sua qualidade (variedade e densidade populacional das espécies, tipos de produtos fornecidos, néctar e/ou pólen e diferentes períodos de floração) irão determinar o que tecnicamente denomina-se "capacidade de suporte" da área. É a capacidade de suporte que irá determinar o número de colmeias a serem locadas em uma área, levando-se em conta o aspecto produtivo. Dessa forma, o potencial florístico dessa área será explorado pelas abelhas, de forma a maximizar a produção, sem que ocorra competição pelos recursos disponíveis.
Apesar das abelhas terem a capacidade de forragear com alta eficiência uma área de 2 a 3 Km ao redor do apiário (em torno de 700 ha de área total explorada), quanto mais próximo da colmeia estiver a fonte de alimento, mais rápido será o transporte, permitindo que as abelhas realizem um maior número de viagens contribuindo para o aumento da produção.


Outros Fatores a Serem Considerados 
 
Além da importância da flora apícola em torno do apiário, outros fatores são fundamentais para uma produção otimizada, de qualidade e para a facilidade no manejo. A seguir listar-se-ão os principais pontos a serem considerados:

  • Acesso 
    O local do apiário deve ser de fácil acesso, dispondo de acesso a veículos o mais próximo possível das colmeias, o que facilita acentuadamente o manejo, o transporte da produção e, eventualmente, das colmeias.

  • Topografia 
    O terreno do apiário deve ser plano, com frente limpa, evitando-se áreas elevadas (topo de morros, etc.), em virtude da ação negativa dos ventos fortes. Terrenos em declive dificultam o deslocamento do apicultor pelo apiário e, conseqüentemente, o manejo das colmeias, principalmente durante a colheita do mel.

  • Proteção contra os ventos 
    A proteção contra ventos fortes, é fundamental para uma melhor produtividade do apiário, pois regiões descampadas, castigadas pela ação de ventos fortes, dificultam o vôo, causando desgaste energético adicional para as operárias.

  • Perímetro de Segurança 
    O apiário deve estar localizado a uma distância mínima de 400 metros de currais, casas, escolas, estradas movimentadas, aviários e outros, evitando-se situações que possam levar perigo às pessoas e animais. Outra questão a ser considerada é a distância mínima de 3 km em relação a engenhos, sorveterias, fábricas de doces, aterros sanitários, depósitos de lixo, matadouros, etc., para que não ocorra contaminação do mel por produtos indesejáveis.

  • Identificação 
    É aconselhável que o apiário disponha de uma placa de identificação e aviso em relação à presença de abelhas na área. Essa placa deve estar em lugar visível, escrita de forma legível e de preferência a uma distância segura em relação às colmeias. Infelizmente, os apicultores brasileiros preferem não sinalizar seus apiários ou por desconhecimento da importância de uma sinalização de aviso ou principalmente em virtude da acentuada incidência de roubos e saques em suas colmeias.

  • Água 
    A presença de água é fundamental para a manutenção dos enxames, principalmente em regiões de clima quente, uma vez que a água é usada para auxiliar na termoregulação(em casos extremos, uma colmeia pode chegar a consumir 20 litros d'água por semana). Deve-se fornecer para as abelhas fonte de água pura a uma distância de, no mínimo, 100 metros, (para que não haja contaminação pelos próprios dejetos das abelhas, uma vez que elas só os liberam fora da colmeia) e no máximo de 500 metros (evitando-se gasto energético acentuado para a sua coleta). Caso o local não disponha de fonte natural (rios, nascentes, etc.), deve-se instalar um bebedouro artificial, tomando-se o cuidado de manter a água sempre limpa. Para isso, deve-se trocá-la freqüentemente e lavar o bebedouro com uma escova, evitando foco de contaminação.

  • Sombreamento 
    O apicultor deve procurar instalar seu apiário em área sombreada, mas não úmida em demasia, de forma a evitar os efeitos nocivos das altas temperaturas em relação à qualidade do mel e propiciar o desenvolvimento normal das crias. O sombreamento também pode contribuir para minimizar os efeitos do calor excessivo no apicultor, durante seu trabalho no apiário. 
    O sombreamento pode ser natural (sombra de árvores) ou artificial (coberturas artificiais construídas a partir de diversos materiais, dos mais rústicos aos mais resistentes) (Fig.28.). Se essa situação não for possível, recomenda-se que pelo menos as colmeias apresentem algum tipo de cobertura, protegendo-as da insolação direta e dos efeitos da chuva, que diminuem a vida útil das colmeias e contribuem para o aumento indesejado de umidade. Para isso, devem utilizar materiais que não venham a acentuar o efeito das altas temperaturas (telha de amianto, etc.). 
    Para uma prática apícola segura, o uso de vestimentas adequadas (macacões) é imprescindível; entretanto, contribuem para uma sensação térmica desconfortável, o que reforça a importância de se instalar o apiário em área sombreada.

  • Suporte das Colmeias 
    As colmeias devem ser instaladas em suportes, denominados cavaletes, com a finalidade de se evitar o contato direto com o solo, protegendo-as da umidade do terreno. Esses cavaletes devem ser individuais, a fim de que, durante o manejo, não se perturbe a colmeia ao lado, em virtude da característica mais defensiva de nossas abelhas (Fig.28). 
    Esses suportes podem ser feitos de madeira ou metal e devem apresentar proteção contra formigas e cupins. Existem várias soluções para esse tipo de proteção, como pequenas bacias para a colocação de graxa, óleo, etc., funis invertidos, entre outros. Os cavaletes devem apresentar uma leve inclinação em relação ao nível do solo, para que se evite a entrada da água da chuva nas colmeias, e ser instalados de forma que as colmeias estejam a 50 cm do solo, facilitando o manejo, pois colmeias muito baixas obrigam o apicultor a trabalhar curvado e colmeias muito altas dificultam o manejo e o acesso às melgueiras).

  • Disposição das Colmeias 
    O alvado (entrada da colmeia) deve estar, de preferência, voltado para o sol nascente, estimulando as abelhas a iniciarem mais cedo suas atividades. Entretanto, essa recomendação pode ser sobreposta ao analisarem-se a direção do vento (ventos fortes podem dificultar o pouso e conseqüentemente a entrada das abelhas na colmeia), e a distribuição das linhas de vôo ( deve-se evitar que a saída das abelhas de uma colmeia interfira na outra). 
    As colmeias podem ser dispostas sob várias formas (em linha reta, fileiras paralelas, semicírculo, etc.), todavia, em todos os casos, deve-se manter uma distância mínima de 2 metros entre colmeias, evitando-se alvoroço, brigas, saques e mortandade das abelhas, por ocasião do manejo. 
    A disposição das caixas no apiário estará dependente da área disponível, mas, qualquer que seja a forma escolhida, deve priorizar o acesso de veículos, minimizando o esforço físico do apicultor no manejo de colheita de mel e no caso do transporte das colmeias (apicultura migratória). Visando otimizar o trabalho do apicultor no campo, deve-se evitar a colocação das colmeias de forma muito dispersa e distante uma da outra.







27 de out. de 2017

Equipamentos Usados na Criação de Abelhas



A prática apícola requer alguns utensílios especiais, tanto para o preparo das colmeias, como para o manejo em si, sendo de suma importância o emprego correto desses itens pelo apicultor, para que se possam garantir a produção racional dos diversos produtos apícolas e a segurança de quem está manejando as colmeias, assim como das próprias abelhas.

Martelo de Marceneiro e Alicate
Ferramentas muito utilizadas pelo apicultor na manutenção das colmeias (Fig. 11 A e B) e principalmente na atividade de "aramar" os quadros (colocação do arame nos quadros para sustentação da placa de cera alveolada).


Figura 11. Alguns dos apetrechos utilizados pelo apicultor para o preparo das colmeias: (A) martelo de marceneiro, (B) alicate, (C) aram, (D) esticador de arame, (E) quadro de melgueira.


Arame
Arame utilizado para formação de uma base de sustentação e fixação da placa de cera alveolada. Deve ter espessura tal que permita leve tensionamento sem o seu rompimento, mas que não seja grosso demais, o que iria dificultar a fixação da cera. Normalmente se usa o arame nº 22 ou nº 24. Recomenda-se a utilização do arame de aço inóx, mais resistente e de maior durabilidade que o arame comum de metal (Fig. 11 C).


Esticador de Arame
Trata-se de um suporte de metal, onde o quadro é encaixado, com a finalidade de esticar o arame. Ferramentas como alicates (corte ou de bico) também podem auxiliar nesse procedimento ou mesmo realizá-lo plenamente, embora sem a mesma eficiência e praticidade do esticador (Fig. 11 D e Fig. 12).


Figura 12. Esticador de arame (A) e o quadro de melgueira (B).


Carretilha de Apicultor
Equipamento utilizado para fixação da cera no arame. É constituída de uma peça com empunhadura de madeira e parte de metal, com uma roda dentada na extremidade (Fig. 13).


Figura 13. Carretilha do apicultor.

Incrustador Elétrico de Cera
Aparelho utilizado também para a fixação da cera no quadro, por meio do leve aquecimento do arame. É constituído de um suporte onde é fixada uma resistência (chuveiro) e fios para a condução da corrente elétrica, os quais possuem na extremidade dois terminais de fixação no arame (Fig 14).


Figura 14. Incrustador elétrico de cera.


Limpador de Canaleta
Utensílio de metal com extremidade curvada, usado para raspar a cera velha da canaleta do quadro, para incrustação de nova placa de cera. Outros equipamentos podem ser utilizados para a mesma finalidade, como facas, canivetes, etc., que podem ser úteis ao apicultor em outras situações (corte de placa de cera, de favo para captura de enxames, etc.).


Fumigador
Equipamento constituído de tampa, fole, fornalha, grelha e bico de pato (Fig. 15). Tem a função de produzir fumaça, sendo essencial para um manejo seguro. O fumigador que hoje é utilizado pelos apicultores brasileiros foi desenvolvido aqui mesmo no Brasil, a partir do modelo anteriormente utilizado, de dimensões menores, após o processo de africanização que as abelhas sofreram no País. O modelo brasileiro por apresentar maior capacidade de armazenamento da matéria-prima a ser queimada, propicia a produção de fumaça por períodos mais longos, sem a necessidade freqüente de abastecimento (Fig. 15 e 16). O desenvolvimento desse fumigador, juntamente com outras técnicas de manejo foram fundamentais para a continuidade da apicultura no Brasil, pois viabilizou o manejo das abelhas africanizadas.


Figura 15. Partes que compõem um fumigador: (A) tampa, (B) fole, (C) fornalha, (D) grelha, (E) bico de pato.




Figura 16. Fumigador montado.


Formão de Apicultor
Utensílio de metal, com formato de espátula (aproximadamente com 20,0 cm de comprimento e 3,0 cm de largura) e uma das extremidades com leve curvatura (Fig. 17 A). É utilizado pelo apicultor para auxiliá-lo na abertura da caixa (desgrudando a tampa), remoção dos quadros, limpeza da colmeia, raspagem da própolis de peças da colmeia (tampa, fundo, etc.), remoção de traças, etc.


Figura 17. Formão do apicultor (A) e vassoura ou espanador (B).


Vassoura ou espanador apícola
O espanador é uma pequena vassoura de mão utilizada para remover as abelhas dos favos ou de outros locais sem machucá-las (Fig. 17 B). Devem ser fabricadas de cerdas sintéticas (cores claras de preferência), pois as cerdas naturais têm odor muito forte, irritando as abelhas.


Vestimentas
O uso da vestimenta apícola pelo apicultor é condição essencial para uma prática segura. Composta de macacão, máscara, luva e bota, apresenta algumas características específicas (Fig. 19):
  • Macacão: Deve ser de cor clara (cores escuras podem irritar as abelhas), confeccionado com brim (grosso) ou materiais sintéticos (nylon, polyester, etc.). Pode ser inteiriço ou composto de duas peças (calça e jaleco), com elásticos nas extremidades (pernas e braços), tendo a máscara já acoplada ou não. Os modelos que têm a máscara separada necessitam de chapéu (de palha); outros mais modernos, dispensam o seu uso. Recomenda-se que o macacão esteja bem folgado, evitando o contato do tecido com a pele do apicultor. Atualmente, existem no mercado vários modelos que agregam inúmeras soluções que facilitam o manejo (áreas maiores de ventilação, local que permita a ingestão de líquidos, materiais mais resistentes, etc.).
  • Luva: Podendo ser confeccionada com diversos materiais (couro, napa ou mesmo borracha), deve, entretanto, ser capaz de evitar a inserção do ferrão na pele, principalmente porque as mãos do apicultor são áreas muito visadas pelas abelhas.
  • Bota: Deve ser de cor clara, de preferência cano alto, confeccionada em borracha ou couro.

Figura 19. Vestimenta apícola completa: (A) jaleco com máscara e calça, (B) luvas, (C) bota.



Colmeia


As colmeias são as peças fundamentais na prática de uma apicultura racional. O desenvolvimento de peças móveis (tampas, fundos, quadros, etc.) permitiu a exploração dos produtos apícolas de forma contínua e racional, sem dano para as abelhas. Existem vários modelos de colmeias, entretanto, o apicultor deve padronizar seu apiário, evitando a utilização de diferentes modelos. Uma colmeia racional é subdividida em: tampa, sobrecaixa (melgueira ou sobreninho), ninho e fundo e os quadros (caixilhos). A manutenção das medidas padrões para cada modelo também é essencial.
Para a construção das colmeias, recomenda-se uso de madeiras de boa qualidade (cedro, aroeira, pau d'arco, etc.), que garantam uma maior vida-útil para a caixa. A madeira deve estar bem seca, evitando posterior deformação. A espessura da tábua pode variar, desde que sejam respeitadas as medidas internas das colmeias e externas dos quadros.
O produtor poderá optar por usar na parte superior da colmeia a melgueira ou o sobreninho. As caixas podem ser compradas ou feitas pelo apicultor e devem ser pintadas externamente com tinta de cor clara e de boa qualidade (látex), o que ajuda na conservação do material. Internamente, as colmeias não devem ser pintadas. O modelo indicado pela Confederação Brasileira de Apicultura como padrão de colmeia é o modelo Langstroth (Fig. 20 a Fig. 23). Esta colmeia idealizada por Lorenzo Lorin Langstroth, em 1852, baseada nas pesquisas que identificaram o "espaço abelha".
O espaço abelha é considerado uma das grandes descobertas da apicultura moderna e trata-se do espaço livre que deve haver entre as diversas partes da colmeia, ou seja, entre as laterais e os quadros, quadros e fundo, quadros e tampa e entre os quadros. Esse espaço deve ser de, no mínimo, 4,8 mm e, no máximo, 9,5 mm. Se menor, impede o livre transito das abelhas; se maior, será obstruído com própolis ou construção de favos.
Na construção das colmeias, o espaço abelha deve ser rigorosamente respeitado.




Figura 20. Colmeia Langstroth vista de frente.


Figura 21. Partes da colmeia Langstroth: tampa (A), melgueira (B), ninho (C), fundo (D).




Figura 22. Colmeia Langstroth com destaque para o alvado.




Figura 23. Colmeia Langstroth aberta mostrando a disposição dos quadros dentro do ninho (A) e o alvado (B).

A prática apícola requer, ainda, outros utensílios e assessórios para as colmeias usados durante o transporte e manejo produtivo e de entressafra.
  • Tela Excluidora: armação com borda de madeira e área interna de malha de metal ou plástico. Colocada entre o ninho e a sobrecaixa tem a finalidade de evitar o acesso da rainha nas sobrecaixas destinadas à produção de mel (Fig. 24 e 25).

  Figura 24. Tela excluidora de rainha com malha de metal.


Figura 25. Tela excluidora de rainha com malha de plástico.
  • Tela Excluidora de Alvado: com a mesma estrutura da tela excluidora de ninho, apresenta dimensões adequadas para ser encaixada no alvado com a finalidade de evitar a saída da rainha (enxameação).
  • Tela de Transporte: utilizada para o transporte da colmeia, podendo ser de dois tipos: a tela de encaixe no alvado e a tela para substituição da tampa (Fig. 26). Esses assessórios permitem a ventilação da colmeias, sem que aja fuga das abelhas por meio tela de "nylon" ou de arame com malha de dimensões inferiores ao tamanho das abelhas (Fig. 26);
Figura 26. Tela de transporte para substituição da tampa






11 de set. de 2015

CRIAÇÃO DE ABELHAS



HISTÓRICO

O mel, que é usado como alimento pelo homem desde a pré-história, por vários séculos foi retirado dos enxames de forma extrativista e predatória, muitas vezes causando danos ao meio ambiente, matando as abelhas. Entretanto, com o tempo, o homem foi aprendendo a proteger seus enxames, instalá-los em colmeias racionais e manejá-los de forma que houvesse maior produção de mel sem causar prejuízo para as abelhas. Nascia, assim, a apicultura.
Essa atividade atravessou o tempo, ganhou o mundo e se tornou uma importante fonte de renda para várias famílias. Hoje, além do mel, é possível explorar, com a criação racional das abelhas, produtos como: pólen apícola, geléia real, rainhas, polinização, apitoxina e cera. Existem casos de produtores que comercializam enxames e crias.
O Brasil é, atualmente, o 6° maior produtor de mel (ficando atrás somente da China, Estados Unidos, Argentina, México e Canadá), entretanto, ainda existe um grande potencial apícola (flora e clima) não explorado e grande possibilidade de se maximizar a produção, incrementando o agronegócio apícola. Para tanto, é necessário que o produtor possua conhecimentos sobre biologia das abelhas, técnicas de manejo e colheita do mel, pragas e doenças do enxame, importancia econômica, mercado e comercialização.
As abelhas são descendentes das vespas que deixaram de se alimentar de pequenos insetos e aranhas para consumirem o pólen das flores quando essas surgiram, há cerca de 135 milhões de anos. Durante esse processo evolutivo, surgiram várias espécies de abelhas. Hoje se conhecem mais de 20 mil espécies, mas acredita-se que existam umas 40 mil espécies ainda não-descobertas. Somente 2% das espécies de abelhas são sociais e produzem mel. Entre as espécies produtoras de mel, as do gênero Apis são as mais conhecidas e difundidas.
O fóssil mais antigo desse gênero que se conhece é da espécie já extinta Apis ambruster e data de 12 milhões de anos. Provavelmente esse gênero de abelha tenha surgido na África após a separação do continente americano, tendo posteriormente migrado para a Europa e Ásia, originando as espécies Apis mellifera, Apis cerana, Apis florea, Apis korchevniskov, Apis andreniformis, Apis dorsata, Apis laboriosa, Apis nuluensis e Apis nigrocincta.
As abelhas que permaneceram na África e Europa originaram várias subespécies de Apis mellifera adaptadas às diversas condições ambientais em que se desenvolveram. Embora hoje essa espécie seja criada no continente Americano e na Oceania, elas só foram introduzidas nessas regiões no período da colonização.


Prezados amigos: Com esta publicação, damos por encerrados os trabalhos aqui neste blog sobre "A CRIAÇÃO DE ABELHAS", nosso objetivo é contribuir com uma página para Produtores, Profissionais da área, Estudantes, compilando, agregando, reunindo dados que possam facilitar o estudo e conhecimentos ora em questão, nossos agradecimentos à EMBRAPA, EPAMIG E AOS MESTRES DA APICULTURA.
Para melhor entendimento, publicaremos todos os slides disponíveis até o momento, procurando sempre que possível, atualizá-los e se quiserem aprofundar mais sobre algum assunto mais especifico, sugerimos no "Blog" procurar o marcador de "ABELHAS, ABELHAS EUROPÉIAS, ABELHAS NATIVAS" e ao clicar, serás direcionados ao conjunto de publicaçôees refentes a esta criação.
Com relação aos slideshares, para melhor visualização, clique na aba inferior do mesmo, naquele quadradinho com duas setas invertidas para visualizares em tela cheia, se por acaso tiveres interesse em fazer o download do mesmo, clique no titulo logo abaixo do slide, serás direcionado ao servidor, onde há a opção para baixar para seu o "PC".

MEUS SINCEROS AGRADECIMENTOS POR SUA VISITA, SALIENTADO QUE ESTE É UM TRABALHO DE CONTRIBUIÇÃO, SEM NENHUMA VANTAGEM ECONÔMICA, REALIZADO APENAS PELO PRAZER E AO ETERNO AMOR À AGRICULTURA.

ABRAÇOS.

Carlos Pena




Histórico da Apicultura

Pesquisas arqueológicas mostram que as abelhas sociais já produziam e estocavam mel há 20 milhões de anos, antes mesmo do surgimento do homem na Terra, que só ocorreu poucos milhões de anos atrás.
No início, o homem promovia uma verdadeira "caçada ao mel", tendo que procurar e localizar os enxames, que muitas vezes nidificam em locais de difícil acesso e de grande risco para os coletores. Naquela época, o alimento ingerido era uma mistura de mel, pólen, crias e cera, pois o homem ainda não sabia como separar os produtos do favo. Os enxames, muitas vezes, morriam ou fugiam, obrigando o homem a procurar novos ninhos cada vez que necessitasse retirar o mel para consumo.
Há, aproximadamente, 2.400 anos a.C., os egípcios começaram a colocar as abelhas em potes de barro. A retirada do mel ainda era muito similar à "caçada" primitiva, entretanto, os enxames podiam ser transportados e colocados próximo à residência do produtor.
Apesar de os egípcios serem considerados os pioneiros na criação de abelhas, a palavra colmeia vem do grego, pois os gregos colocavam seus enxames em recipientes com forma de sino feitos de palha trançada chamada de colmo.
Naquela época, as abelhas já assumiam tanta importância para o homem que eram consideradas sagradas para muitas civilizações. Com isso várias lendas e cultos surgiram a respeito desses insetos. Com o tempo, elas também passaram a assumir grande importância econômica e a ser consideradas um símbolo de poder para reis, rainhas, papas, cardeais, duques, condes e príncipes, fazendo parte de brasões, cetros, coroas, moedas, mantos reais, entre outros.
Na Idade Média, em algumas regiões da Europa, as árvores eram propriedade do governo, sendo proibido derrubá-las, pois elas poderiam servir de abrigo a um enxame no futuro. Os enxames eram registrados em cartório e deixados de herança por escrito, o roubo de abelhas era considerado um crime imperdoável, podendo ser punido com a morte.
Nesse período, muitos produtores já não suportavam ter que matar suas abelhas para coletar o mel e vários estudos iniciaram-se nesse sentido. O uso de recipientes horizontais e com comprimento maior que o braço do produtor foi uma das primeiras tentativas. Nessas colmeias, para colheita do mel, o apicultor jogava fumaça na entrada da caixa, fazendo com que todas as abelhas fossem para o fundo, inclusive a rainha, e depois retirava somente os favos da frente, deixando uma reserva para as abelhas.
Alguns anos depois, surgiu a idéia de se trabalhar com recipientes sobrepostos, em que o apicultor removeria a parte superior, deixando reserva para as abelhas na caixa inferior. Embora resolvesse a questão da colheita do mel, o produtor não tinha acesso à área de cria sem destrui-la, o que impossibilitava um manejo mais racional dos enxames. Para resolver essa questão, os produtores começaram a colocar barras horizontais no topo dos recipientes, separadas por uma distância igual à distância dos favos construídos. Assim, as abelhas construíam os favos nessas barras, facilitando a inspeção, entretanto, as laterais dos favos ainda ficavam presas às paredes da colmeia.
Em 1851, o Reverendo Lorenzo Lorraine Langstroth verificou que as abelhas depositavam própolis em qualquer espaço inferior a 4,7 mm e construíam favos em espaços superiores a 9,5 mm. A medida entre esses dois espaços Langstroth chamou de "espaço abelha", que é o menor espaço livre existente no interior da colmeia e por onde podem passar duas abelhas ao mesmo tempo. Essa descoberta simples foi uma das chaves para o desenvolvimento da apicultura racional. Inspirado no modelo de colmeia usado por Francis Huber, que prendia cada favo em quadros presos pelas laterais e os movimentava como as páginas de um livro, Langstroth resolveu estender as barras superiores já usadas e fechar o quadro nas laterais e abaixo, mantendo sempre o espaço abelha entre cada peça da caixa, criando, assim, os quadros móveis que poderiam ser retirados das colmeias pelo topo e movidos lateralmente dentro da caixa. A colmeia de quadros móveis permitiu a criação racional de abelhas, favorecendo o avanço tecnológico da atividade como a conhecemos hoje.











ABELHAS NATIVAS SEM FERRÃO




Abelhas Nativas sem Ferrão - Uruçu, Mandaçaia, Jataí e Iraí 










Raças de Abelhas



Introdução da Apis mellifera no Brasil

As abelhas da espécie Apis mellifera foram introduzidas no Brasil em 1840, oriundas da Espanha e Portugal, trazidas pelo Padre Antônio Carneiro. Provavelmente as subespécies (abelha preta ou alemã) tenham sido as primeiras abelhas a chegar em nosso país.
Em 1845, imigrantes alemães introduziram no Sul do País a abelha . Entre os anos de 1870 a 1880, as abelhas italianas, foram introduzidas no Sul e na Bahia.
Não se tem registro preciso da introdução das abelhas no Norte e Nordeste do país, mas em 1845 Castelo Branco afirmava: "as abelhas do Piauí não têm ferrão".




Naquele período, a maior parte dos apicultores criava as abelhas de forma rústica, possuindo poucas colmeias no fundo do quintal, onde, em razão da baixa agressividade, eram criadas próximo a outros animais, como porcos e galinhas. O objetivo principal da maioria dos produtores era atender às próprias necessidades de consumo.
Em meados de 1950, a apicultura sofreu um grande baque em razão de problemas com a sanidade em função do surgimento de doenças e pragas, o que dizimou 80% das colmeias do País e diminuiu a produção apícola drasticamente. Diante desse quadro, ficou evidente que era preciso aumentar a resistência das abelhas no País.
Assim, em 1956, o professor Warwick Estevan Kerr dirigiu-se à África, com apoio do Ministério da Agricultura, com a incumbência de selecionar rainhas de colmeias africanas produtivas e resistentes a doenças. A intenção era realizar pesquisas comparando a produtividade, rusticidade e agressividade entre as abelhas européias, africanas e seus híbridos e, após os resultados conclusivos, recomendar a abelha mais apropriada às nossas condições.
Dessa forma, em 1957, 49 rainhas foram levadas ao apiário experimental de Rio Claro para serem testadas e comparadas com as abelhas italianas e pretas. Entretanto, nada se concluiu desse experimento, pois, em virtude de um acidente, 26 das colmeias africanas enxamearam 45 dias após a introdução.
A liberação dessas abelhas muito produtivas, porém muito agressivas, criou um grande problema para o Brasil. O pavor desse inseto invadiu o mundo em razão de notícias sensacionalistas nas televisões, jornais e revistas internacionais, que não condiziam exatamente com a verdade, mas ajudavam nas vendas. Nesse período, nenhum animal foi mais comentado em livros, entrevistas, reportagens e filmes do que as "abelhas assassinas" ou "abelhas brasileiras", como eram chamadas.
As "abelhas assassinas" eram consideradas pragas da apicultura e começaram a surgir campanhas para a sua erradicação, não só dos apiários, mas também das matas, com a aplicação de inseticidas em todo o País. Essa atitude, além de ser uma operação de alto custo, provocaria um desastre ecológico de tamanho incalculável.
Toda essa campanha acabou provocando o abandono de muitos apicultores da atividade e uma queda na produção de mel no País. Na verdade, o que acontecia era uma completa inadequação da forma de criação e manejo das abelhas africanas. Embora as técnicas usadas fossem adaptadas às abelhas européias, para as abelhas africanas, as vestimentas eram inadequadas; os fumigadores, pequenos e pouco potentes; as técnicas de manejo, impróprias para as abelhas e as colmeias dispostas muito próximas das residências, escolas, estradas e de outros animais. Todos esses fatores, em conjunto com a maior agressividade, facilitavam o ataque e os acidentes.
Com isso, muitos produtores considerados amadores abandonaram a atividade e os que permaneceram tiveram que se adaptar as novas técnicas de manejo, profissionalizando-se cada vez mais para controlar a agressividade das abelhas.
Na tentativa de amenizar a situação, distribuíram-se entre os apicultores rainhas italianas fecundadas por zangões italianos. Tal iniciativa não deu certo porque os produtores, já sabendo da maior produtividade das abelhas africanas, eliminavam as rainhas italianas. A solução foi distribuir rainhas italianas virgens, que se acasalavam com zangões africanos, obtendo uma prole mais produtiva e menos agressiva.
Outros fatores importantes que contribuíram para a redução da agressividade das abelhas africanas e para o crescimento e desenvolvimento da atividade foram: a interação entre produtores e pesquisadores nos congressos e simpósios; a criação de concursos premiando novos inventos; a liberação de créditos para a atividade; a participação do País em eventos internacionais; o investimento em pesquisas; a criação da Confederação Brasileira de Apicultura em 1967; e a valorização progressiva de outros produtos apícolas.
Hoje, as abelhas chamadas de africanizadas, por terem herdado muitas características das abelhas africanas, são consideradas como as responsáveis pelo desenvolvimento apícola do País, de modo que o Brasil, que era o 28º produtor mundial de mel (5 mil t/ano), passou para o 6º (20 mil t em 2001). A agressividade é considerada por muitos apicultores como um forte aliado para se evitar roubo da sua produção e ainda vêem a vantagem de serem tolerantes a várias pragas e doenças que assolam a atividade em todo o mundo, mas não têm acarretado impacto econômico no Brasil.

O habitat das abelhas Apis mellifera é bastante diversificado e inclui savana, florestas tropicais, deserto, regiões litoraneas e montanhosas. Essa grande variedade de clima e vegetação acabou originando diversas subespécies ou raças de abelhas, com diferentes características e adaptadas às diversas condições ambientais.

A diferenciação dessas raças não é um processo fácil, sendo realizado somente por pessoas especializadas, que podem usar medidas morfológicas ou análise de DNA.
A seguir, apresentam-se algumas características das raças de abelhas introduzidas no Brasil.


Apis mellifera mellifera (abelha real, alemã, comum ou negra)
  • Originárias do Norte da Europa e Centro-oeste da Russia, provavelmente estendendo-se até a Península Ibérica.
  • Abelhas grandes e escuras com poucas listras amarelas.
  • Possuem língua curta (5,7 a 6,4 mm), o que dificulta o trabalho em flores profundas.
  • Nervosas e irritadas, tornam-se agressivas com facilidade caso o manejo seja inadequado.
  • Produtivas e prolíferas, adaptam-se com facilidade a diferentes ambientes.
  • Propolisam com abundância, principalmente em regiões úmidas.


Apis mellifera ligustica (abelha italiana)
  • Originárias da Itália.
  • Essas abelhas têm coloração amarela intensa; produtivas e muito mansas, são as abelhas mais populares entre apicultores de todo o mundo.
  • Apesar de serem menores que as A. m. mellifera, têm a língua mais comprida (6,3 a 6,6 mm).
  • Possuem sentido de orientação fraco, por isso, entram nas colmeias erradas freqüentemente.
  • Constroem favos rapidamente e são mais propensas ao saque do que abelhas de outras raças européias.


Apis mellifera caucasica
  • Originárias do Vale do Cáucaso, na Rússia.
  • Possuem coloração cinza-escura, com um aspecto azulado, pêlos curtos e língua comprida (pode chegar a 7 mm).
  • Considerada a raça mais mansa e bastante produtiva.
  • Enxameiam com facilidade e usam muita própolis.
  • Sensíveis à Nosema apis.


Apis mellifera carnica (abelha carnica)
  • Originárias do Sudeste dos Alpes da Áustria, Nordeste da Iugoslávia e Vale do Danúbio.
  • Assemelham-se muito com a abelha negra, tendo o abdome cinza ou marrom.
  • Pouco propolisadoras, mansas, tolerantes a doenças e bastante produtivas.
  • Coletam "honeydew" em abundância.
  • São facilmente adaptadas a diferentes climas e possuem uma tendência maior a enxamearem.


Apis mellifera scutellata (abelha africana)
  • Originárias do Leste da África, são mais produtivas e muito mais agressivas.
  • São menores e constroem alvéolos de operárias menores que as abelhas européias. Sendo assim, suas operárias possuem um ciclo de desenvolvimento precoce (18,5 a 19 dias) em relação às européias (21 dias), o que lhe confere vantagem na produção e na tolerância ao ácaro do gênero varroa.
  • Possuem visão mais aguçada, resposta mais rápida e eficaz ao feromônio de alarme. Os ataques são, geralmente, em massa, persistentes e sucessivos, podendo estimular a agressividade de operárias de colmeias vizinhas.
  • Ao contrário das européias que armazenam muito alimento, elas convertem o alimento rapidamente em cria, aumentando a população e liberando vários enxames reprodutivos.
  • Migram facilmente se a competição for alta ou se as condições ambientais não forem favoráveis.
  • Essas características têm uma variabilidade genética muito grande e são influenciadas por fatores ambientais internos e externos.


Abelha africanizada


A abelha, no Brasil, é um híbrido das abelhas européias (Apis mellifera mellifera, Apis mellifera ligustica, Apis mellifera caucasica e Apis mellifera carnica) com a abelha africana Apis mellifera scutellata.

A variabilidade genética dessas abelhas é muito grande, havendo uma predominância das características das abelhas européias no Sul do País, enquanto ao Norte predominam as características das abelhas africanas.

A abelha africanizada possui um comportamento muito semelhante ao da Apis mellifera scutellata, em razão da maior adaptabilidade dessa raça às condições climáticas do País. Muito agressivas, porém, menos que as africanas, a abelha do Brasil tem grande facilidade de enxamear, alta produtividade, tolerância a doenças e adapta-se a climas mais frios, continuando o trabalho em temperaturas baixas, enquanto as européias se recolhem nessas épocas.



Importancia Econômica das Abelhas



As abelhas, pertencentes à ordem dos himenópterose à família dos apídeos, são muito importantes para a preservação das plantas.  Por meio da polinização, elas contribuem para a perpetuação de diversas espécies de culturas agrícolas e nativas. Economicamente, produzem melprópoliscera,geléia real e veneno, que são utilizados na indústria de alimentos e farmacêutica, e são comercializados no Brasil e exterior.
Esses insetos podem ser solitários ou sociais, dependendo do seu grau de sociabilidade. No Brasil, os meliponídeos, popularmente conhecidos comoabelhas sem ferrão ou indígenas, são altamente sociais. São pouco utilizadas na apicultura, pois sua produção é baixa. Já as abelhas do gênero Apis ou Bom-bus possuem ferrão. O Apis Melliferaé uma das espécies mais utilizada na apicultura por produzir mel de excelente qualidade.
As abelhas foram introduzidas no país pelos jesuítas, no século XVIII, e se espalharam por quase todo o território nacional. Atualmente, são catalogadas 729 espécies em São Paulo, e 500 no Rio Grande do Sul, num total de 2.000 em todo o país. No mundo todo, existem mais de 20.000 espécies.

Estudos sobre a produção apícola no Brasil mostram dados contraditórios quanto ao número de apicultores e colmeias, produção e produtividade. Quanto aos apicultores, as pesquisas apontam os extremos entre 26.315 e 300.000; esses produtores, juntos, possuem entre 1.315.790 e 2.500.000 colmeias e um faturamento anual entre R$ 84.740.000,00 e R$ 506.250.000,00.
Os dados conflitantes refletem a dificuldade em se obterem informações precisas quanto à produção e comercialização no setor agropecuário, entretanto, conseguem passar a idéia da importância dessa atividade para o País.

Produção de mel no Brasil e no mundo


Dimensionar o volume de mel produzido e comercializado é uma tarefa difícil, pois os poucos dados confiáveis sobre o assunto são conflitantes. Estima-se que a produção mundial de mel durante o ano de 2001 foi de, aproximadamente, 1.263.000 toneladas, sendo a China o maior produtor (256 mil toneladas). A Tabela 1 demonstra a produção de mel nos continentes e em alguns países nos últimos anos.
Segundo os dados do IBGE, a produção de mel em 2000 no Brasil foi de 21.865.144 kg, gerando um faturamento de R$ 84.640.339,00.
Os maiores exportadores mundiais são: China, Argentina, México, Estados Unidos e Canadá. Juntos, esses países comercializaram durante o ano de 2001 cerca de 242 mil toneladas, movimentando, aproximadamente, US$ 238 milhões (Tabela 2).
Entre janeiro e julho de 2002, o Brasil exportou 10.615 toneladas de mel, mas estima-se que o mercado internacional conseguirá absorver 170 mil toneladas/ano de mel oriundo do Brasil. Os principais compradores de mel do País são: Alemanha, Espanha, Canadá, Estados Unidos, Porto Rico e México.

Tabela 1. Produção Mundial de mel em mil toneladas.
Continente/País
1998
1999
2000
2001
Ásia
401
435
457
465
China
211
236
252
256
América do Norte e Central
218
201
208
205
Canadá
46
37
31
32
Estados Unidos
100
94
100
100
México
55
55
59
56
América do Sul
109
133
141
131
Argentina
75
93
98
90
Brasil
18
19
22
20
Europa
291
293
286
288
União Européia
109
117
112
111
Oceania
31
29
29
29
Austrália
22
19
19
19
Total
1188
1232
1265
1263
Fonte: Braunstein, 2002.
Tabela 2. Principais exportadores de mel (em mil toneladas) e os ganhos (em milhões de dólares).
País
1998
1999
2000
Mel
US$
Mel
US$
Mel
US$
China
79
87
87
79
103
87
Argentina
68
89
93
96
88
87
México
32
42
22
25
31
35
Estados Unidos
5
9
5
9
5
8
Canadá
11
20
15
21
15
21
União Européia
44
46
48
Fonte: Braunstein, 2002.

Outros produtos importantes da atividade

Além do mel, que será descrito com maiores detalhes adiante, o produtor poderá obter renda de outros produtos como cêra,própolis,geleia real,polinização e apitoxina.

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Cera
Utilizada pelas abelhas para construção dos favos e fechamento dos alvéolos (opérculo). Produzida por glandulas especiais(ceriferas) situadas no abdome das abelhas operárias. A cera de Apis mellifera possui 248 componentes diferentes, nem todos ainda identificados. Logo após sua secreção, a cera possui uma cor clara, escurecendo com o tempo, em virtude do depósito de pólen e do desenvolvimento das larvas.
As indústrias de cosméticos, medicamentos e velas são as principais consumidoras de cera; entretanto, também é utilizada na indústria têxtil, na fabricação de polidores e vernizes, no processamento de alimentos e na indústria tecnológica. Os principais importadores são: Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, Japão e França; os principais exportadores são: Chile, Tanzânia, Brasil, Holanda e Austrália.


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Própolis
Substância resinosa, adesiva e balsãmica, elaborada pelas abelhas a partir da mistura da cera e da resina coletada das plantas, retirada dos botões florais, gemas e dos cortes nas cascas dos vegetais.
A própolis é usada pelas abelhas para fechar as frestas e a entrada do ninho, evitando correntes de ar frias durante o inverno. Em razão das suas propriedades bactericidas e fungicidas, é usada também na limpeza da colônia e para isolar uma parte do ninho ou algum corpo estranho que não pode ser removido da colônia.
Sua composição, cor, odor e propriedades medicinais dependem da espécie de planta disponível para as abelhas. Atualmente, a própolis é usada, principalmente, pelas indústrias de cosméticos e farmacêutica. Cerca de 75% da própolis produzida no Brasil é exportada, sendo o Japão o maior comprador.


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Pólen apícola
Gameta masculino das flores coletado pelas abelhas e transportado para a colmeia para ser armazenado nos alvéolos e passar por um processo de fermentação. Usado como alimento pelas abelhas na fase larval e abelhas adultas com até 18 dias de idade. É um produto rico em proteínas, lipídios, minerais e vitaminas.
Em virtude do seu alto valor nutritivo, é usado como suplementação alimentar, comercializado misturado com o mel, seco, em cápsulas ou tabletes. Não existem dados sobre a produção e comercialização mundial desse produto.

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Polinização
A polinização é a transferência do pólen (gameta masculino da flor) para o óvulo da mesma flor ou de outra flor da mesma espécie. Só após essa transferência é que ocorre a formação dos frutos.
Muitas vezes, para que ocorra essa transferência, é necessária a ajuda de um agente. Além da água e do vento, diversos animais podem servir de agentes polinizadores, como insetos, pássaros, morcegos, ratos, macacos; entretanto, as abelhas são os agentes mais eficientes da maioria das espécies vegetais cultivadas.
Em locais com alto índice de desmatamento e devastação ou com predominância da monocultura, os produtores ficam extremamente dependentes das abelhas para poderem produzir. Com isso, muitos apicultores alugam suas colmeias durante o período da florada para serviços de polinização.
Embora esse tipo de serviço não seja comum no Brasil, ocorrendo somente no Sul do País e em regiões isoladas do Rio Grande do Norte, nos EUA metade das colmeias é usada dessa forma, gerando um incremento na renda do produtor.
Dependendo da cultura, local de produção, manejo utilizado e devastação da região, a polinização pode aumentar a produção entre 5 e 500%. Dessa forma, estima-se que por ano a polinização gere um benefício mundial acima de cem bilhões de dólares.

 
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Geléia real
A geléia real é uma substância produzida pelas glandulas hipofaringianas e mandibulares das operárias com até 14 dias de idade. Na colmeia, é usada como alimento das larvas e da rainha.
Constituída basicamente de água, carboidratos, proteínas, lipídios e vitaminas, a geléia real é muito viscosa, possui cor branco-leitosa e sabor ácido forte. Embora não seja estocada na colmeias como o mel e o pólen, é produzida por alguns apicultores para comercialização in natura, misturada com mel ou mesmo liofilizada. A indústria de cosméticos e medicamentos também a utilizam na composição de diversos produtos.
A China é o principal País produtor, responsável por cerca de 60% da produção mundial, exportando, aproximadamente, 450 toneladas/ano para Japão, Estados Unidos e Europa.

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Apitoxina
A apitoxina é o veneno das abelhas operárias de Apis mellifera purificado. O veneno é constituído basicamente de proteínas, polipeptídios e constituintes aromáticos, sendo produzido pelas glândulas de veneno nas duas primeiras semanas de vida da operária e armazenado no "saco de veneno" situado na base do ferrão. Cada operária produz 0,3 mg de veneno, que é uma substância transparente, solúvel em água e composta de proteínas, aminoácidos, lipídios e enzimas.
Embora a ação anti-reumática do veneno seja comprovada e o preço no mercado seja muito atrativo, trata-se de um produto de difícil comercialização, pois, ao contrário de outros produtos apícolas, o veneno deve ser comercializado para farmácias de manipulação e indústrias de processamento químico, em razão da sua ação tóxica.
A tolerância do homem à dose do veneno é bastante variada. Existem relatos de pessoas que sofreram mais de cem ferroadas e não apresentaram sintomas graves. Entretanto, indivíduos extremamente alérgicos podem apresentar choque anafilático e falecer com uma única ferroada.