Devem-se manter anotações em fichas próprias para o controle zootécnico do plantel. Na ficha deve conter: nome do proprietário, número de codornas alojadas, a data de alojamento do lote, o número do lote, origem das codornas, número diário de mortes, data das vacinações e quantidade de ração fornecida (figura 32).
MODELO DE FICHA DE CONTROLE DE DESEMPENHO CODORNA PARA CORTE
Proprietário: Propriedade:
Tipo de codorna: Procedência:
Data do Nascimento: / / Nº do galpão ou lote:
Número de aves alojadas: Nº de aves abatidas:
Data final do lote: / / .
Assinatura do responsável...................................................................................................................
Manejo do galpão: ao alojar um novo lote, todo o galpão e os equipamentos devem ser lavados e desinfetados. Deve-se assegurar que tudo está funcionando e que a quantidade é suficiente. Verificar ainda se as cortinas estão subindo e descendo de forma adequada. Caso tenha ficado resíduo de cama do lote anterior, o primeiro passo é realizar uma limpeza, retirando toda matéria orgânica (fezes, penas, resto de carcaças, etc.) do galpão (figura 23). A desinfecção deve ser realizada com aplicação de lança-chamas. Em seguida deve ser usado um sanitizante diluído (hipoclorito de sódio, creolina, etc.), e por fim realizada a caiação. Os sanitizantes são utilizados nas seguintes proporções:
a) Calda de cal extinta (caiação): diluir 20 kg de cal virgem em 25 litros de água. Adicionar 200 ml de creolina. Usar a solução para caiação de pisos e paredes.
b) Solução de creolina a 10%: diluir 1 litro de creolina comercial em 9 litros de água. Utilizar em pulverizações de pisos e paredes.
c) Cal virgem em pó (pedilúvio seco): colocar a cal virgem em pó em caixas na entrada do galpão.
Limpeza e desinfecção do galpão.
O substrato ou cama de acomodação das aves deve ser distribuído por todo o piso do galpão com altura entre 5 a 8 cm. Dessa forma, evita-se o contato direto das mesmas com umidade e friagem. O material utilizado deve possuir capacidade de absorver com facilidade a umidade das fezes, sendo os mais utilizados na coturnicultura a palha de arroz, a maravalha e o sabugo de milho triturado. O volume de 01 m³pode cobrir 20 m² de área, com uma altura de 5 cm. Devem-se evitar materiais que formem pó ou liberem odores desagradáveis (figura 24).
Figura 24. Distribuição de cama de palha de arroz.
Manejo (fase inicial): a chegada das codorninhas na granja é um momento muito delicado e merece atenção redobrada. No recebimento das codornas de 01 dia, sobre a cama devem ser montados os círculos de proteção, o equipamento com fonte de aquecimento (campânula), comedouros tipo bandejas e bebedouros próprios para a fase inicial, que vai do 1º aos 21 dias de idade. Antes da montagem dos equipamentos dentro dos círculos, os mesmos devem ser forrados com papelão, tecido ou tela de nylon branca (figura 25).
Figura 25. Galpão montado aguardando chegada das codornas de 01 dia.
As caixas de transporte das codorninhas devem ser distribuídas do lado de fora, ao lado do círculo de proteção. Deverão ser abertas uma de cada vez, as codorninhas devem ser retiradas com as duas mãos de forma delicada, soltando-as sob a campânula, dentro do círculo de proteção. Sob o forro deve ser espalhado um pouco de ração, estimulando as codorninhas ao consumo da mesma. O forro deve ser retirado no início da 2ª semana de vida das aves.
Os círculos de proteção têm como função proteger as codorninhas das correntes de ar e limitar a área disponível às mesmas, próxima da fonte de aquecimento, da água e da ração. Para construção do círculo são necessárias 03 folhas de compensado de 2,75 m de comprimento por 40 cm de altura, com 3 mm de espessura. À medida que as codorninhas forem crescendo, os círculos deverão ser ampliados. Quando as aves começarem a voar sobre eles, entre o 15º e o 20º dia, retire-os do galpão.
A campânula deve ser instalada a 80 cm de altura do piso e acesa uma hora antes da chegada das aves para adequar a temperatura da instalação e fornecer calor necessário às codorninhas. Não podemos esquecer que nas primeiras semanas de vida, as mesmas não têm capacidade de regular a temperatura corporal, portanto o aquecimento é de fundamental importância para o seu crescimento. A temperatura nesta primeira fase deve ficar entre 36 e 39°C. À medida que vão crescendo, as exigências de calor vão diminuindo em 3°C por semana, até atingir a temperatura de conforto animal que é de 25°C, na quinta semana de vida. Uma campânula deve ser utilizada para 1.000 aves. O controle de temperatura deve ser realizado conforme o comportamento das codorninhas, abaixando ou levantando a campânula em relação à cama (figura 26).
Figura 26. Comportamento das codorninhas de acordo com a temperatura.
Outro ponto importante a ser observado é o manejo das cortinas. Recomenda-se manter as cortinas levantadas nos primeiros 07 dias de vida para manter a temperatura interna. A partir da segunda semana pode manejá-las, abaixando-as nos dias mais quentes e levantando-as nos dias mais frios (Figura 27). Entretanto, as mesmas não podem ser baixadas totalmente, evitando mudanças bruscas de temperatura dentro do galpão. Caso haja odor de amônia dentro da instalação, deve-se baixar a cortina, preferencialmente do lado que não recebe vento, para que ocorra troca de ar. Os bebedouros tipo sino intercalado ou tipo copo de pressão devem ser instalados na proporção de 1:200 codorninhas. Em suas canaletas distribua bolas de gude (figura 28), isto evitará que as codorninhas, por serem pequenas, sujem a água ou se molhem, podendo morrer por hipotermia. Devem ser limpos todos os dias, mantendo a água sempre fresca. A partir da segunda semana de vida das aves podem ser retiradas. Os comedouros do tipo bandeja também devem ser instalados na proporção de 1:200 aves, deverão estar afastados da fonte de calor, pois a temperatura elevada facilita a oxidação de vários nutrientes, além disso, a área do centro deve ficar livre para circulação das codorninhas. Mantê-los sempre cobertos por ração, isto evitará que os mesmos fiquem escorregadios, evitando distensões e luxações nas aves. Nesta fase, a ração deve ser peneirada e distribuída 03 vezes ao dia, isto evitará desperdícios, além de estimular o consumo. Os comedouros e bebedouros devem ser posicionados de forma alternada dentro dos círculos de proteção (figura 29).
Figura 27. Manejo de cortinas.
Figura 28. Bebedouro com bolas de gude.
Figura 29. Disposição de bebedouro e comedouros dentro do círculo protetor.
Manejo (fase crescimento/terminação): a instalação e a distribuição dos bebedouros e comedouros permanentes são serviços que devem ser realizados após a retirada dos círculos de proteção, da campânula, dos bebedouros e comedouros utilizados na fase inicial. Entretanto, os pontos de instalação dentro do galpão já devem estar todos definidos.
Os bebedouros pendulares devem ser regulados para ficar com a borda superior na altura do dorso das aves (figura 30). A quantidade de água dentro dos bebedouros deve ser reduzida à metade de sua capacidade, isto evitará o derramamento de água na cama. As codornas adultas bebem mais água para facilitar a deglutição da ração e, por essa característica, há uma considerável queda de ração nos bebedouros, podendo fermentar e causar diarreias e intoxicações nas aves. Caso os bebedouros fiquem regulados de forma alta, as aves terão dificuldade para beber água, gastando mais energia, pois terão que se esforçar para alcançá-la, além de terem seu desenvolvimento retardado. Caso estejam baixo, a água irá sujar mais rapidamente, haverá mais possibilidade de molhar a cama, além de favorecer o surgimento de doenças. Devem ser lavados diariamente.
Figura 30. Altura do bebedouro.
Os comedouros tubulares são regulados para que a borda superior da calha coincida com a altura do dorso das aves (figura 31). Como as codornas crescem rapidamente, sempre será necessário fazer nova regulagem. Considere o porte médio das aves ao realizar esta operação. Abasteça os comedouros até 1/3 da altura da borda.
Figura 31. Altura do comedouro.
Em função das aves terem como hábito escolherem os maiores grãos da ração, caso os comedouros fiquem regulados de forma baixa, ao fazerem essa seleção irão promover o desperdício do alimento, prejudicando a conversão alimentar. Caso os comedouros estejam altos, haverá dificuldade de ingestão da ração, consequentemente mais gasto de energia, levando a um menor desempenho das aves.
O manejo da cama deve ser contínuo, é importante evitar que ela fique úmida e forme placas. Caso isso aconteça, as placas devem ser imediatamente retiradas, substituindo-as por uma cama nova. A umidade dentro do galpão não deve ultrapassar 70%, pois isto favorece o aparecimento de enfermidades, dificulta o empenamento, retarda o crescimento e, por consequência, diminui o desempenho das codornas.
As cortinas devem ser manejadas corretamente a fim de propiciar maior ventilação no galpão, sem que ocorra incidência de ventos diretamente sobre as aves, fornecendo ar fresco e extraindo o ar viciado em gás carbônico, amônia e umidade.
O que diferencia a codorna europeia da codorna japonesa é o peso vivo na fase adulta, a codorna europeia é mais indicada para corte devido ao seu maior peso por ocasião do abate (250 a 270g), enquanto que a codorna japonesa atinge peso menor na fase adulta (140 a 160g), fato compensado por sua alta postura de ovos.
O agricultor interessado em criar codornas para produção de carne deve ter uma atenção especial ao adquirir estas aves. As codorninhas de um dia devem ser compradas de fornecedores registrados nos serviços de defesa Agropecuária municipais, estaduais ou do Ministério da Agricultura.
No caso do Distrito Federal, como não existem fornecedores de codorna para corte, os coturnicultores adquirem as codorninhas de granjas matrizeiras localizadas no estado de São Paulo, principalmente da região de Suzano. Estas granjas importam as matrizes, destinadas à produção de codorninhas de um dia, dos países europeus situados na região do Mediterrâneo: França, Itália, Espanha e Grécia. Nessa região existem linhagens com boa carga genética e as aves são selecionadas exclusivamente para este fim.
As aves são enviadas pelas granjas matrizeiras por via aérea, sendo retiradas no aeroporto pelos criadores (figura 08 e 09). O transporte até as propriedades é realizado em veículo adequado, deve possuir boa ventilação e não permitir a entrada de chuva ou ventos fortes.
caixa para transporte
Caixas com codornas de 01 dia.
PLANEJAMENTO DA CRIAÇÃO DE CODORNAS PARA CORTE
Antes de iniciar a criação de codornas, devemos levar em consideração vários fatores de ordem técnica e econômica para implantação da granja, dentre os quais se destacam: o clima, os insumos, a mão de obra, a eletricidade, a localização, a fonte de água e o mercado.
Clima: as codornas são originárias de regiões temperadas, portanto necessitam de ambientes que lhes proporcionem conforto. Lugares onde ocorrem ventos fortes com frequência, umidade elevada e que apresentem topografia muito acidentada, não são recomendados para a construção das instalações. Esses fatores geram estresse das aves e consequentemente o surgimento de doenças, além de elevar o custo das instalações.
Insumos: é importante identificar fábricas de ração ou fornecedores de soja, milho ou sorgo na região, ingredientes indispensáveis para a elaboração de uma boa ração. Outros fatores como bons fornecedores de codorninhas de 01 dia (matrizeiros), lojas de equipamentos avícolas e a logística para aquisição desses insumos devem ser avaliados. A assistência técnica contínua e de qualidade também é de fundamental importância para o sucesso da criação.
Mão de obra: a mão de obra tem sido um dos fatores limitantes para o desenvolvimento da atividade coturnícola. A criação exige pessoas capacitadas, responsáveis e bem treinadas tecnicamente para manejar as aves. A utilização de mão de obra familiar diminui o custo da atividade. Uma pessoa adulta bem capacitada consegue manejar 20.000 aves para corte.
Eletricidade: a criação depende de energia elétrica em todas as fases, sendo imprescindível na fase inicial. Como em algumas áreas pode existir falta constante de energia elétrica é recomendado que até os 15 dias de idade a fonte de energia seja a gás ou a lenha. Em grandes criações é recomendável a instalação de um conjunto gerador de eletricidade.
Localização: estradas são recursos absolutamente indispensáveis para escoamento da produção, sem elas não há possibilidade de iniciar uma criação. As vias de acesso não podem passar pela granja. Deve-se evitar o fluxo contínuo de veículos nas vias internas. É importante destacar que alguns patógenos aviários podem ser transmitidos pelo ar, por pássaros ou por veículos que circulam pelo aviário. Devido à sensibilidade da codorna ao estresse provocado pelo barulho, pela presença de animais ou por pessoas estranhas na granja, a exploração deve ser desenvolvida distante de áreas residenciais, bem como de rodovias movimentadas.
Água: as codornas são muito sensíveis à qualidade da água. Portanto, a fonte desse elemento deve atender aos padrões de potabilidade para o abastecimento, principalmente no que diz respeito aos critérios físicos, químicos e biológicos. A fonte da água deve ser de boa procedência, preferencialmente de poços artesianos ou semi artesianos, pois permite melhor controle da qualidade. Mesmo potável, a água deve ser filtrada. Portanto, deve-se instalar um filtro industrial no início das tubulações hidráulicas dos galpões. Dentro de cada galpão deve-se instalar uma pequena caixa d’água para garantir água fresca às codornas e facilitar a aplicação de vacinas e medicamentos por via oral. Vale lembrar que todo o sistema de fornecimento de água deve ser lavado a cada seis meses.
Mercado: é de grande importância certificar a existência de um mercado consumidor e se esse mercado tem condições de absorver a produção total que se pretende produzir, sem causar saturação e consequentemente redução nos preços do produto. É interessante que se faça um estudo do potencial de consumo da região e de viabilidade econômica do negócio, deve-se levar em consideração os hábitos alimentares e o poder aquisitivo do mercado consumidor.
Planejamento das instalações
As instalações devem ser construídas de modo a permitir o máximo conforto às aves, facilitando a limpeza, a disponibilidade de água e a renovação do ar no interior dos galpões, propiciando melhor controle e manejo sanitário do plantel. No momento de construir as instalações, é imprescindível que os ventos do Sul sejam evitados e que o sol não incida diretamente dentro dos galpões. É recomendável que a construção seja orientada no sentido leste-oeste de modo que o sol, durante o seu trajeto, percorra a cumeeira em toda a sua extensão sem causar irradiação direta no seu interior. É interessante também que a área nas proximidades do galpão seja arborizada, evitando assim a radiação direta do sol e a redução da ação dos fortes ventos. Árvores frutíferas não devem ser plantadas para diminuir a presença de pássaros.
Galpão: o tamanho do galpão será definido em função do número de aves a serem criadas. Para codornas de corte, cada metro quadrado do galpão pode receber 50 aves adultas. Os galpões construídos pelos pequenos coturnicultores do DF possuem 6 m de largura por 12 m de comprimento e pé-direito de 2,5 m, sendo feitos de alvenaria, com mureta de 50 cm e cobertura de telha fibrocimento, totalizando 72 m² e capacidade para alojar em torno de 3.600 aves. O beiral deve ter de 1,0 m a 1,20 m, isto protegerá as aves do sol e chuva (figuras 10 e 11).
Nas laterais, deve ser colocada tela anti pássaros e predadores (figura 12). Com o galpão pronto, devem-se tirar as medidas e encomendar as cortinas em lojas de equipamentos para avicultura. Não se esqueça de instalar o cortinado de forma a permitir que os mesmos sejam abertos de cima para baixo (figura 13).
Figura 12. Tela anti pássaros.
Figura 13. Cortinado instalado.
O piso do galpão deve ser cimentado para facilitar a limpeza e manutenção, assim como os passeios em volta do galpão, seguindo a linha dos beirais (figura 14).
A instalação hidráulica deve facilitar a colocação dos bebedouros e possíveis nebulizadores. Instale uma caixa d’água do lado externo ou no interior do galpão, isto facilitará a limpeza, bem como a aplicação de vacinas e medicamentos (figura 15).
Figura 14. Muretas e calçadas.
Figura 15. Instalações hidráulicas para pequenas criações.
A distribuição de tomadas e lâmpadas dentro e fora do galpão também é imprescindível para um bom manejo da criação. A temperatura ideal dentro da instalação deve ser mantida entre 25 e 28°C. Na entrada do galpão, instale um pedilúvio para higienização dos pés dos tratadores. Uma sala para o depósito de rações, utensílios e de medicamentos deve ser construída próxima à instalação.
Vista geral do galpão.
Equipamentos: na fase inicial, são necessários círculos de proteção de folhas de compensado, fontes de aquecimento (campânulas) de preferência a gás (figura 17), bebedouros de pressão tipo sino intercalados ou bebedouros tipo copo de pressão (figura 18) e comedouros do tipo bandeja para pizza (figura 19). Os equipamentos devem ser instalados antes da chegada das aves.
Círculos de proteção e campânula a gás.
Bebedouro de pressão tipo sino.
Comedouro tipo bandeja.
A partir dos 15 dias de vida, devem ser utilizados comedouros pendulares com capacidade para 5 kg de ração e bebedouros do tipo automático pendular. (figuras 20, 21 e 22).
Taxa de crescimento: as codornas são aves de rápido crescimento. Nascem com cerca de 7,5 a 10 g. A codorna japonesa aos 07 dias de vida triplica o seu peso corporal. Aos 28 dias pesa dez vezes mais que o peso inicial. A codorna europeia nesta idade pesa 20 vezes mais do que o peso ao nascimento. A codorna japonesa adulta pesa em torno de 140 a 160 g e a codorna europeia em torno de 250 a 270 g. Estão aptas para postura ou abate em torno de 40 a 45 dias.
Rusticidade: são consideradas aves resistentes a uma diversidade de doenças, podem ser criadas em regiões quentes ou frias, desde que tenham instalações que possuam um bom conforto térmico.
Precocidade sexual e produtiva: decorrente de seu rápido crescimento, a codorna atinge a maturidade sexual entre 40 e 45 dias de vida, ou seja, inicia a fase de postura em idade precoce. No caso da codorna para produção de carne, pode-se realizar um abate seletivo, somente as fêmeas, aos 35 dias de vida, tornando a criação ainda mais vantajosa economicamente.
Consumo e conversão alimentar: um animal adulto para corte consome entre 30 a 35 g de ração por dia e animal para postura consome cerca de 25 a 28 g por dia.
Pequeno porte: por ser uma ave de porte pequeno, ocupa pouco espaço para a sua criação, sendo uma excelente alternativa econômica para as pequenas propriedades rurais.
Produtividade: as codornas japonesas quando bem manejadas e alojadas, a produção de ovos pode chegar a 300 ovos/ave/ano. O período de produção varia entre 12 a 14 meses.
Rendimento de carcaça: quando criadas para a produção de carne, tanto as fêmeas como os machos apresentam um rendimento de carcaça na ordem de 75% em relação ao seu peso vivo.
PRODUÇÃO DE CODORNA PARA CORTE
O que diferencia a codorna europeia da codorna japonesa é o peso vivo na fase adulta, a codorna europeia é mais indicada para corte devido ao seu maior peso por ocasião do abate (250 a 270g), enquanto que a codorna japonesa atinge peso menor na fase adulta (140 a 160g), fato compensado por sua alta postura de ovos.
O agricultor interessado em criar codornas para produção de carne deve ter uma atenção especial ao adquirir estas aves. As codorninhas de um dia devem ser compradas de fornecedores registrados nos serviços de defesa Agropecuária municipais, estaduais ou do Ministério da Agricultura.
No caso do Distrito Federal, como não existem fornecedores de codorna para corte, os coturnicultores adquirem as codorninhas de granjas matrizeiras localizadas no estado de São Paulo, principalmente da região de Suzano. Estas granjas importam as matrizes, destinadas à produção de codorninhas de um dia, dos países europeus situados na região do Mediterrâneo: França, Itália, Espanha e Grécia. Nessa região existem linhagens com boa carga genética e as aves são selecionadas exclusivamente para este fim.
Figura 07. Codorna japonesa (esquerda). Codorna europeia (direita) Fonte: José Gonçalves.
As aves são enviadas pelas granjas matrizeiras por via aérea, sendo retiradas no aeroporto pelos criadores (figura 08 e 09). O transporte até as propriedades é realizado em veículo adequado, deve possuir boa ventilação e não permitir a entrada de chuva ou ventos fortes.
Figura 08. Caixas para transporte aéreo de codornas de 01 dia.
A codorna pertence à classe das aves e ordem dos Galináceos, família das Faisanidas, subfamilia dos Perdicinae e do gênero Coturnix, existindo grandes quantidades de espécies. As mais conhecidas e difundidas são: a codorna japonesa Coturnix coturnix japonica, a codorna europeia ou selvagem Coturnix coturnix coturnix, a codorna americana conhecida como “Bobwhite Quail” Colinus virginianus, e a codorna chinesa Coturnix adansonii, muito utilizada como ave decorativa e ornamental.
Descrição das espécies
Codorna japonesa (Coturnix coturnix japonica): predomina a plumagem de coloração bege com tonalidades tipo carijó. Entretanto, é normal na criação terem algumas com plumagem de cor branca e mista. É conhecida com uma “máquina” de produzir ovos, pois tem a capacidade de botar 300 ovos por ano. Animal dócil e muito resistente a doenças, de fácil criação e manejo.
Figura 03. Codorna Japonesa (Coturnix coturnix japonica).
Codorna europeia (Coturnix coturnix coturnix): as codornas europeias são aves mais precoces do que as japonesas, sendo uma melhor opção para a criação destinada ao corte. Com 42 dias de vida podem atingir peso de até 270g. Elas apresentam uma postura menor que as japonesas, mas os ovos têm um peso maior, em torno de 13g enquanto os ovos das japonesas pesam 10g. Possuem rendimento de carcaça de 75%. Sua plumagem apresenta diversas cores, variando entre bege, branca, marrom e mista. Predomina a cor tipo carijó. (figura 04).
Figura 04: Codorna Europeia (Coturnix coturnix coturnix).
Codorna chinesa (Coturnix adansonii): a codorna chinesa é criada principalmente como ave ornamental. Sua plumagem é muito variável, tornando-a bastante atraente para o mercado “pet”. É uma ave dócil e fácil de criar, de tamanho pequeno atingindo uma média de 13 centímetros o que a torna ideal para coabitar em viveiro com outras aves. Para identificar o macho, basta observar a plumagem do pescoço que apresenta manchas pretas e brancas. Na cabeça a plumagem é de um tom escuro de azul e a coloração inferior da plumagem um marrom-avermelhado. De baixa postura, seu ovo é menor do que os ovos da japonesa o que diminui a escolha da criação para postura.
Figura 05. Codorna Chinesa (Coturnix adansonii)
Codorna americana (Colinus virginianus): a codorna americana é originária dos Estados Unidos. É também conhecida como Bob White. A sua plumagem é de coloração marrom tipo carijó tendo como destaque as listas brancas na cabeça. Suas penas traseiras são mais alongadas. A Bob White possui dupla aptidão, ou seja, é boa para a produção de carne e ovos, sendo estes bastante utilizados nas agroindústrias para a produção de ovos em conserva em virtude do seu maior tamanho. A casca do seu ovo não possui pigmentação como o da codorna europeia e o da japonesa. Em função desta característica não é aceito pelo consumidor quando vendido in natura. Possui baixa conversão alimentar quando comparada com a linhagem europeia e baixo índice de postura em relação à japonesa.
Figura 06. Codorna Americana (Colinus virginianus)
O crescimento constante da avicultura industrial possibilitou ao Brasil tornar-se um dos maiores produtores e exportadores de carne in natura. Com a evolução e a modernização tecnológica desse segmento, algumas atividades que antes eram consideradas domésticas, tornaram-se uma excelente fonte de renda para os produtores, dentre elas destaca-se a criação de codornas ou a coturnicultura.
A criação de codorna teve o seu início na primeira década do século passado, quando os japoneses iniciaram estudos e cruzamentos entre as codornas europeias com espécies selvagens, obtendo como resultado a codorna domesticada, ou seja, a codorna japonesa.
Atualmente, os produtores dispõem de raças desenvolvidas especialmente para a produção comercial, dentre elas, além da japonesa, destacam-se a codorna européia, a americana e a chinesa. De acordo com a aptidão de cada uma, essas aves possuem características diferentes entre si, tais como: tamanho, peso, precocidade, coloração da casca do ovo, coloração da plumagem e índice de postura.
A criação empresarial de codornas para corte no país teve início em 1989, quando uma grande empresa avícola brasileira resolveu implantar o primeiro criatório e abatedouro no Sul do país. Com a introdução dessas linhagens europeias para a produção de carne, houve um maior estímulo ao consumo do produto, aumentando a demanda e surgindo assim uma excelente oportunidade para os criadores.
HISTÓRICO
Os primeiros dados históricos sobre a origem da codorna datam do século XII na Europa, onde vivia como ave migratória. Por possuir uma carne rara e de excepcional sabor, era uma das principais atrações nas grandes caçadas, hobby esportivo da época praticado pelos lordes europeus. A ave foi posteriormente levada para a Ásia (China e Coréia) e depois introduzida no Japão. A codorna foi domesticada pelos japoneses em função do canto melodioso dos machos.
A criação de codornas com a finalidade de produzir carne e ovos iniciou-se no Século XX, mais precisamente na década de 1910, com os japoneses e chineses que por meio de diversos cruzamentos entre as codornas europeias com espécies selvagens, conseguiram obter a subespécie Coturnix coturnix japônica, ou seja, a codorna japonesa ou doméstica.
No Brasil, as codornas foram introduzidas pelas mãos do italiano Oscar Molena em 1959. Em seu país, o criador possuía a caça dessa ave como um hobby. Entretanto, em solo brasileiro esta prática tornou-se impossível em função de não existir codornas domesticadas. Numa ocasião, ao retornar de um passeio ao seu país, o italiano conseguiu trazer 20 dúzias de ovos de codornas galados, iniciando assim, a criação exclusivamente para a caça. Somente em 1961, com o declínio da criação destinada ao hobby esportivo, começou a criação de codornas para a produção de ovos. Devido à grande aceitação do produto e à fama de alimento afrodisíaco difundida com o sucesso da música “ovo de codorna”, cantada por Luiz Gonzaga, várias pessoas demonstraram interesse na atividade, principalmente os imigrantes japoneses que passaram a desenvolvê-la no Estado de São Paulo. Desse Estado, a criação expandiu para todo o País.
A coturnicultura como uma atividade agropecuária empresarial altamente viável, capaz de gerar emprego e renda para os pequenos agricultores, principalmente em função de apresentar as seguintes características: rápido crescimento da ave, precocidade na produção, alta produtividade, ave de pequeno porte, pouco espaço exigido para implantação da granja, baixo uso de mão de obra, proximidade do mercado consumidor, baixo investimento e rápido retorno financeiro.
Figura 01. Coturnicultura, alternativa para agricultura familiar.