11 de ago. de 2022

CRIAÇÃO DE CODORNA PARA CORTE

 

PRODUÇÃO DE CODORNA PARA CORTE 

O que diferencia a codorna europeia da codorna japonesa é o peso vivo na fase adulta, a codorna europeia é mais indicada para corte devi­do ao seu maior peso por ocasião do abate (250 a 270g), enquanto que a codorna japonesa atinge peso menor na fase adulta (140 a 160g), fato compensado por sua alta postura de ovos. 

O agricultor interessado em criar codornas para produção de carne deve ter uma atenção especial ao adquirir estas aves. As codorninhas de um dia devem ser compradas de fornecedores registrados nos serviços de defesa Agropecuária municipais, estaduais ou do Ministério da Agricultura. 

No caso do Distrito Federal, como não existem fornecedores de co­dorna para corte, os coturnicultores adquirem as codorninhas de gran­jas matrizeiras localizadas no estado de São Paulo, principalmente da região de Suzano. Estas granjas importam as matrizes, destinadas à produção de codorninhas de um dia, dos países europeus situados na região do Mediterrâneo: França, Itália, Espanha e Grécia. Nessa região existem linhagens com boa carga genética e as aves são selecionadas exclusivamente para este fim. 

Codorna japonesa (esquerda). Codor­na europeia (direita) 

As aves são enviadas pelas granjas matrizeiras por via aérea, sendo retiradas no aeroporto pelos criadores (figura 08 e 09). O transporte até as propriedades é realizado em veículo adequado, deve possuir boa ventilação e não permitir a entrada de chuva ou ventos fortes. 

caixa para transporte 

Caixas com codornas de 01 dia. 

PLANEJAMENTO DA CRIAÇÃO DE CODORNAS PARA CORTE

Antes de iniciar a criação de codornas, devemos levar em conside­ração vários fatores de ordem técnica e econômica para implantação da granja, dentre os quais se destacam: o clima, os insumos, a mão de obra, a eletricidade, a localização, a fonte de água e o mercado. 

Clima: as codornas são originárias de regiões temperadas, portan­to necessitam de ambientes que lhes proporcionem conforto. Lugares onde ocorrem ventos fortes com frequência, umidade elevada e que apresentem topografia muito acidentada, não são recomendados para a construção das instalações. Esses fatores geram estresse das aves e consequentemente o surgimento de doenças, além de elevar o custo das instalações. 

Insumos: é importante identificar fábricas de ração ou fornecedores de soja, milho ou sorgo na região, ingredientes indispensáveis para a elaboração de uma boa ração. Outros fatores como bons fornecedores de codorninhas de 01 dia (matrizeiros), lojas de equipamentos avíco­las e a logística para aquisição desses insumos devem ser avaliados. A assistência técnica contínua e de qualidade também é de fundamental importância para o sucesso da criação. 

Mão de obra: a mão de obra tem sido um dos fatores limitantes para o desenvolvimento da atividade coturnícola. A criação exige pessoas capacitadas, responsáveis e bem treinadas tecnicamente para manejar as aves. A utilização de mão de obra familiar diminui o custo da ativida­de. Uma pessoa adulta bem capacitada consegue manejar 20.000 aves para corte. 

Eletricidade: a criação depende de energia elétrica em todas as fa­ses, sendo imprescindível na fase inicial. Como em algumas áreas pode existir falta constante de energia elétrica é recomendado que até os 15 dias de idade a fonte de energia seja a gás ou a lenha. Em grandes criações é recomendável a instalação de um conjunto gerador de eletri­cidade. 

Localização: estradas são recursos absolutamente indispensáveis para escoamento da produção, sem elas não há possibilidade de iniciar uma criação. As vias de acesso não podem passar pela granja. Deve-se evitar o fluxo contínuo de veículos nas vias internas. É importante des­tacar que alguns patógenos aviários podem ser transmitidos pelo ar, por pássaros ou por veículos que circulam pelo aviário. Devido à sensi­bilidade da codorna ao estresse provocado pelo barulho, pela presença de animais ou por pessoas estranhas na granja, a exploração deve ser desenvolvida distante de áreas residenciais, bem como de rodovias mo­vimentadas. 

Água: as codornas são muito sensíveis à qualidade da água. Portan­to, a fonte desse elemento deve atender aos padrões de potabilidade para o abastecimento, principalmente no que diz respeito aos critérios físicos, químicos e biológicos. A fonte da água deve ser de boa proce­dência, preferencialmente de poços artesianos ou semi artesianos, pois permite melhor controle da qualidade. Mesmo potável, a água deve ser filtrada. Portanto, deve-se instalar um filtro industrial no início das tubula­ções hidráulicas dos galpões. Dentro de cada galpão deve-se instalar uma pequena caixa d’água para garantir água fresca às codornas e facilitar a aplicação de vacinas e medicamentos por via oral. Vale lembrar que todo o sistema de fornecimento de água deve ser lavado a cada seis meses. 

Mercado: é de grande importância certificar a existência de um mercado consumidor e se esse mercado tem condições de absorver a produção total que se pretende produzir, sem causar saturação e conse­quentemente redução nos preços do produto. É interessante que se faça um estudo do potencial de consumo da região e de viabilidade econô­mica do negócio, deve-se levar em consideração os hábitos alimentares e o poder aquisitivo do mercado consumidor.


Planejamento das instalações 

As instalações devem ser construídas de modo a permitir o máximo conforto às aves, facilitando a limpeza, a disponibilidade de água e a renovação do ar no interior dos galpões, propiciando melhor controle e manejo sanitário do plantel. No momento de construir as instalações, é imprescindível que os ventos do Sul sejam evitados e que o sol não in­cida diretamente dentro dos galpões. É recomendável que a construção seja orientada no sentido leste-oeste de modo que o sol, durante o seu trajeto, percorra a cumeeira em toda a sua extensão sem causar irradia­ção direta no seu interior. É interessante também que a área nas proxi­midades do galpão seja arborizada, evitando assim a radiação direta do sol e a redução da ação dos fortes ventos. Árvores frutíferas não devem ser plantadas para diminuir a presença de pássaros. 

Galpão: o tamanho do galpão será definido em função do número de aves a serem criadas. Para codornas de corte, cada metro quadrado do galpão pode receber 50 aves adultas. Os galpões construídos pelos pequenos coturnicultores do DF possuem 6 m de largura por 12 m de comprimento e pé-direito de 2,5 m, sendo feitos de alvenaria, com mu­reta de 50 cm e cobertura de telha fibrocimento, totalizando 72 m² e capacidade para alojar em torno de 3.600 aves. O beiral deve ter de 1,0 m a 1,20 m, isto protegerá as aves do sol e chuva (figuras 10 e 11). 


Nas laterais, deve ser colocada tela anti pássaros e predadores (fi­gura 12). Com o galpão pronto, devem-se tirar as medidas e encomendar as cortinas em lojas de equipamentos para avicultura. Não se esqueça de instalar o cortinado de forma a permitir que os mesmos sejam aber­tos de cima para baixo (figura 13). 

Figura 12. Tela anti pássaros. 

Figura 13. Cortinado instalado. 

O piso do galpão deve ser cimentado para facilitar a limpeza e ma­nutenção, assim como os passeios em volta do galpão, seguindo a linha dos beirais (figura 14). 

A instalação hidráulica deve facilitar a colocação dos bebedouros e possíveis nebulizadores. Instale uma caixa d’água do lado externo ou no interior do galpão, isto facilitará a limpeza, bem como a aplicação de vacinas e medicamentos (figura 15). 

Figura 14. Muretas e calçadas. 

Figura 15. Instalações hidráulicas para pequenas criações. 

A distribuição de tomadas e lâmpadas dentro e fora do galpão tam­bém é imprescindível para um bom manejo da criação. A temperatura ideal dentro da instalação deve ser mantida entre 25 e 28°C. Na entrada do galpão, instale um pedilúvio para higienização dos pés dos tratado­res. Uma sala para o depósito de rações, utensílios e de medicamentos deve ser construída próxima à instalação. 

Vista geral do galpão.

Equipamentos: na fase inicial, são necessários círculos de proteção de folhas de compensado, fontes de aquecimento (campânulas) de pre­ferência a gás (figura 17), bebedouros de pressão tipo sino intercalados ou bebedouros tipo copo de pressão (figura 18) e comedouros do tipo bandeja para pizza (figura 19). Os equipamentos devem ser instalados antes da chegada das aves. 

Círculos de proteção e cam­pânula a gás. 

Bebedouro de pressão tipo sino. 

Comedouro tipo bandeja. 

A partir dos 15 dias de vida, devem ser utilizados comedouros pen­dulares com capacidade para 5 kg de ração e bebedouros do tipo auto­mático pendular. (figuras 20, 21 e 22). 

Bebedouros e comedouros instalados. 

Comedouro 

Bebedouros.