7 de mai. de 2018

Volumosos na Alimentação de Caprinos e Ovinos

Introdução

Silagem é o alimento produzido através da fermentação ácida de uma cultura, com alto teor de umidade (acima de 50%). A silagem é uma importante fonte de forragem para os ruminantes em todo o Brasil.
Quando o processo de ensilagem é executado de forma correta, a silagem produzida irá fornecer um alimento com alta concentração de energia, nutrientes e boa aceitabilidade pelos animais.
Silagem de boa qualidade é obtida por meio da colheita do material no estágio adequado, minimizando os microrganismos indesejáveis e maximizando o rápido abaixamento do pH.
Três fatores importantes são necessários para que a silagem fique bem-feita:
  1. o tipo de material que será ensilado;
  2. a umidade do material; e
  3. a retirada do oxigênio dentro do silo (compactação).
Neste contexto, a silagem pode ser uma alternativa interessante para suplementação animal no período de escassez de forragem nas pastagens.

Forrageiras para ensilagem

As melhores plantas forrageiras para ensilagem são aquelas com elevado teor de açúcares solúveis. Esse é o caso do milho e do sorgo. Os capins, geralmente, têm baixo teor de açúcares e, portanto, não são os mais indicados para ensilagem, com exceção do capim-elefante (Napier, Cameroon, Taiwan, Mineiro e outros), que, por ter adequado teor de carboidratos solúveis, pode produzir silagem de boa qualidade. Entretanto, espécies do gênero Brachiaria e Panicum são ensiladas sem grandes problemas, mas suas silagens não têm a mesma qualidade da silagem de milho. As leguminosas, por terem um alto poder tampão, são menos indicadas para serem ensiladas sozinhas, mas podem ser utilizadas como aditivos em silagens de milho, sorgo ou capim-elefante para melhorar seu valor proteico, podendo ser adicionadas em até 20%, sem comprometer o processo de fermentação e a qualidade ou pode-se adicionar 20% de cana picada em silagem de capim-elefante maduro, com menos umidade, para melhorar as condições de fermentação.
Milho
Usam-se as mesmas variedades produtoras de grãos e adaptadas à região.
Corta-se a planta toda quando os grãos estiverem no ponto farináceo, linha do leite a ½ do grão (Figura 1).


Figura 1 . Linha do leite do grão de milho.
Produção: cerca de 20-30 tonelada de massa verde por hectare.
Sorgo
Existem variedades mais indicadas (variedades de duplo propósito para produção de forragem e grão).
Corta-se a planta toda quando os grãos estiverem no ponto farináceo. Essa espécie pertence à ensilagem da rebrota, que pode chegar a 50% da produção do plantio inicial.

Produção: cerca de 20-40 t/ha, mais a rebrota que tem sua produção variável
Capim-elefante
Corte aos 60-70 dias de idade, quando o capim estiver com 1,8 m de altura. É preciso pré-murchar o capim, antes de colocá-lo no silo, pois contém água em excesso A pré-murcha é realizada cortando o capim e deixando-o na capineira por um período de tempo que pode variar de horas (6h) até dias (1,5 dias), dependendo das condições climáticas no momento do corte e da umidade original do material a ser ensilado. Pode-se utilizar algum tipo de aditivo absorvente de umidade em opção ao pré-emurchecimento.
Produção: 20 a 30 t/ha/corte, e 3 a 4 cortes/ano.

Tipo de silos

Existem vários tipos de silos, e todos têm vantagens e desvantagens, não existindo, assim, um tipo de silo perfeito ou ideal. A escolha do tipo de silo a ser utilizada deve-se levar em conta uma série de questões, tais como: custo, praticidade, perdas do material ensilado, entre outros.
O quadro abaixo tenta fazer um comparativo superficial dos tipos de silo mais utilizados para auxiliar na tomada de decisão.


Tabela 1. Tipos de silos mais utilizados para auxiliar na tomada de decisão
Tipo de Silo
Vantagem
Desvantagem
Trincheira
Praticidade de enchimento; melhor compactação
Custo elevado, alta perda
Superfície
Menor custo, facilidade de enchimento
Perda elevada, difícil compactação
Cincho
Praticidade e custo
Compactação mais difícil, tamanho bastante reduzido
Aéreo
Baixa perda, boa compactação
Difícil enchimento e esvaziamento
Processo de Ensilagem

O sucesso para a produção de uma boa silagem está diretamente relacionado às etapas que se seguem. O processo de ensilagem consiste das etapas de colheita, picagem, enchimento do silo, compactação da massa verde e vedação do silo.
  • Colheita: O ponto ideal de corte para a silagem de milho e/ou sorgo é quando a planta acumula a maior quantidade de matéria seca e qualidade nutricional. Em geral, esse ponto se dá quando os grãos atingem o estágio de farináceo-duro, ou 50% da linha do leite (Figura 1). A altura de corte da planta deve ser feita entre 5 e 10 cm de altura do chão. A matéria seca da planta deve estar em torno de 30% a 35%.
  • Picagem: O tamanho ideal de partícula é de 2 a 3 cm. Partículas acima desse tamanho atrapalham o processo de compactação e permitem ao animal uma maior seleção, aumentando as perdas no cocho. Partículas abaixo desse tamanho provocam uma perda acentuada de nutrientes via efluente e favorecem uma compactação acentuada da massa.
  • Enchimento: o período de enchimento do silo requer um planejamento logístico para a utilização de máquinas e de mão de obra bem elaborados para que o processo ocorra de forma eficiente. O enchimento do silo deve ocorrer o mais rápido possível para que o processo fermentativo ocorra de forma homogênea em todo o material. Recomenda-se, no máximo, 3 (três) dias para o completo enchimento e vedação do silo.
  • Compactação: esta é a etapa mais importante do processo de confecção de silagem. É na etapa de compactação que ocorre a máxima expulsão de oxigênio de dentro do silo. Essa expulsão pode ser realizada de várias formas: pisoteio animal ou humano; tratos; com rolos ou tambores compactadores; entre outros. A máxima eliminação do oxigênio de dentro da massa ensilada irá propiciar condição para que o processo de fermentação ocorra de forma adequada e a qualidade do material seja mantida. Deve-se atentar para a super compactação que aumenta as perdas por efluente. A densidade de compactação ideal varia de 400 kg/m3 a 600 kg/m3, dependendo o tipo de silo utilizado.
  • Vedação: Consiste na selagem do silo com lona plástica de dupla face (com a face branca para cima), material vegetal morto e terra. A vedação deve ser muito bem feita, a fim de minimizar ou não permitir a troca de oxigênio entre o ambiente e a massa ensilada. A cobertura de lona plástica com material vegetal seco e terra é muito importante para aumentar a durabilidade da lona e diminuir o aquecimento da superfície do silo, que pode acarretar perdas no valor nutricional.
  • Abertura e utilização: a abertura do silo deve ocorrer, no mínimo, 30 dias após a vedação. Para que a silagem chegue com boa qualidade ao cocho dos animais, é fundamental estar atento a alguns cuidados importantes após a abertura do silo. Depois de aberto, a massa ensilada volta a ter contato com o oxigênio, o que que permite que microrganismos aeróbicos voltem a se desenvolver dentro do silo, levando a perdas. Assim, um bom manejo do silo, após aberto, é fundamental para se garantir o fornecimento de uma silagem de qualidade para o rebanho. É aceitável uma perda entre 10% e 15% da massa ensilada. Essa perda é em decorrência dos processos de fermentação e pelo reaparecimento de microrganismos indesejáveis com a exposição da massa ensilada ao ar.
Após a abertura do silo, diariamente se deve eliminar as partes que apresentem coloração escura ou mofo. Silagem com essas características pode intoxicar os animais, podendo, em último caso, causar a morte. A camada de silagem a ser retirada diariamente do silo não deve ser inferior a 20 cm. A retirada deve ser feita de modo que o perfil do silo seja mantido liso, sem degraus. A retirada deve ser feita sempre de cima para baixo e nunca de baixo para cima do perfil, e deve ser feito em toda a superfície do perfil, não apenas em uma parte.
O manejo correto do silo após aberto passa pelo planejamento da sua adequada dimensão. Na grande maioria das vezes, deve-se preferir a construção de um número maior de silos de menor capacidade a um menor número de silos com grande capacidade; uma exceção é quando se constroem silos em confinamentos em que a quantidade de forragem retirada do silo é grande. Nesses casos, é preferível a construção de silos maiores. Outro cuidado simples, mas bastante importante é proteger o painel com lona, pois a chuva, o vento e a radiação solar aceleram o processo de perda de qualidade da silagem.




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