16 de dez. de 2017

Criação do Bico de Lacre



História

Originário das savanas Africanas, no século XIX, durante o reinado de Dom Pedro I, foi trazido para o Brasil, em navios negreiros, para servir como pássaro de estimação aos nobres Europeus. Após escapar do cativeiro, espalhou-se pelo Rio de Janeiro, daí, infiltrando-se em outras regiões brasileiras, hoje é encontrado no Espírito Santo, Bahia, Pernambuco, Pará, Amazonas, Mato Grosso, Distrito Federal, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Também é conhecido como Beijo-de-moça.

Características

Tamanho e ou envergadura:  de 6 a 10 cm  de comprimento  e  7,5 g de peso.
Cores tipos ou Variedades: Apresenta cor cinzenta ou acastanhada; bico vermelho-vivo; uma marca vermelha ao redor dos olhos; linhas escuras evidentes na região dorsal. Machos e fêmeas são semelhantes, porém, os machos possuem coloração mais viva no peito. Os jovens apresentam plumagem incompleta e o bico preto.

Comportamento

Calmo e sociável; vive em bandos de 6 ou mais indivíduos, bandos que podem chegam a conter 1000 indivíduos, que vocalizam durante o vôo. Adapta-se facilmente a regiões próximas às habitações humanas.

Reprodução

Vivem e reproduzem melhor em viveiros arborizados.
durante o ano todo, exceto nos meses mais frios.
Identificação: Machos e fêmeas são semelhantes, porém, os machos possuem coloração mais viva no peito.
Ninhos: Em liberdade, engenhosamente faz seu ninho em arbustos fechados, de forma esférica ou oval, com paredes grossas feitas de capim, penas de galinha e algodão, acessível por um tubo estreito. A entrada é geralmente virada para baixo, dificilmente é vista por quem o vê de cima. É comum haver uma entrada falsa mais exposta, para despistar os predadores. Em cativeiro usa-se a Cabaça, oferecendo-se material para que o casal faça a forração.
Postura & Nascimento: de 3 a 5 ovos, que são chocados pelo casal durante 11 dias, os filhotes permanecem no ninho por 18 dias.
Alimentação: Alpiste, Painço, Sementes de gramíneas.
Filhotes: apresentam plumagem incompleta e o bico preto.

Comecei a reproduzir bicos de lacre, em viveiros de 60x60x60 com resultados positivos. Um dos primeiros obstáculos é o facto de a sua reprodução não ser aparentemente fácil, requer tempo e muita paciência, mas assim que estes se começam a reproduzir, muito dificilmente o deixarão de fazer. Agora tenho-os a reproduzir com muita facilidade e com elevados níveis de sucesso. Para colmatar esse obstáculo, devemos juntar os casais cerca de um ano antes da época de reprodução, de modo a que as aves se familiarizem e mesmo assim, no meu primeiro ano não tirei muitas crias, apenas 3. No ano a seguir (2000) tirei 7 aves, dos quais 4 machos foram ao Campeonato do Mundo (evento que foi acolhido em Portugal em 2001), sendo estes consagrados com uma medalha de prata.

São aves que apesar de resistentes, preferem ambientes temperados, com bastante luz natural. É crucial que os viveiros não disponham rede de fundo, pois são aves que adoram passear pelos fundos dos mesmos, devendo ter também, sempre grite á disposição.

Um dos factores a ter em atenção é que quando estabelecemos um casal, nunca o deveremos desfazer na época de reprodução, pelo que pode por em causa o sucesso desse ano. Não se deve utilizar sistema de rotação, como no caso dos canários em que podemos ter um macho para várias fêmeas, no caso dos bicos de lacre isso não é aconselhável, pelo menos comigo nunca resultou. São aves que gostam de muito sossego quando iniciam a postura, pelo que podem abandonar o ninho facilmente.

Em termos de ninhos, os meus preferem ninhos de java, como poderá verificar na fotografia abaixo. Material para o mesmo uso fibra de côco e alguma vegetação seca.
Ninho
Ao nível da alimentação, dou uma mistura de exóticos com uma maior percentagem de paínço, paínço vermelho e milho japonês.

São aves que gostam de verduras, em observação no seu habitat natural verifiquei que estes gostam bastante de espigas de milhã (não sei o nome científico, mas é assim que os antigos da minha região lhe chamam) e de capim, coincidindo a sua reprodução também em estado selvagem com o aparecimento destes. Não é fácil ter um casal que goste muito de papa, na verdade os meus não lhe pegam muito bem, é uma coisa que deve ser feita gradualmente.

Atualmente e depois de uma interrupção de 6 anos, mudei o sistema de criação. Sou apologista do sistema em colónia, os meus resultados levaram-me a optar por esta via, tem um fator negativo que é o controlo das crias, mas em termos reais, as aves criam muito melhor. Agora tenho-os num viveiro de 2m2 com vegetação natural, isto não permite só fontes de cálcio naturais, como também tem algum alimento vivo.

Estou neste momento a tentar produzir mutações, sendo o próximo ano decisivo para a fixação das mesmas. Tudo porque há uns anos atrás ofereceram-me um macho pastel selvagem, simplesmente explêndido, mas aprendi da pior forma que não devemos trocar casais durante a reprodução. Actualmente existe a variação cromática de bico amarelo, mas em nada me seduzem. Espero um dia ter aves isabéis e quem sabe algo ainda mais revolucionário, sei que estou no bom caminho.

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