12 de out. de 2016

Nutrição de Bovinos (Gado de Corte)


Alimentação

Alimentação de bezerros na fase de cria

Efeito da alimentação no desenvolvimento funcional do rúmen
Ao nascer, os bezerros são considerados pré-ruminantes, com o estômago apresentando características diferentes do ruminante adulto, não sendo capazes de utilizar alimentos sólidos. Nessa fase inicial da vida, o leite é um importante alimento para os bezerros. As mudanças anatômicas, fisiológicas e metabólicas que ocorrem no sistema digestivo dos bezerros são caracterizadas pela transição de digestão semelhante à de um monogástrico (essencialmente enzimático) para digestão de ruminante. Isto ocorre geralmente no período entre o nascimento e o terceiro ou o quarto mês de idade. A extensão dessas modificações é função do tipo de dieta ingerida. Assim, a diminuição da ingestão de leite (que passa diretamente para o abomaso, através da goteira esofágica) e o início da ingestão de forragem e/ou concentrado (que permanecem no rúmen-retículo) estimulam a atividade celulolítica e, conseqüentemente, a absorção de ácidos graxos voláteis (AGV), principal fonte energética dos ruminantes.
Efeito da produção de leite das vacas sobre o peso de bezerros à desmama
A produção de leite das vacas de corte é importante para a alimentação dos bezerros na fase de cria, pois a maior parte dos nutrientes ingeridos pelos bezerros nos primeiros meses de vida é suprida pelo leite materno. A desmama tradicional realizada aos 6 a 8 meses de idade segue a curva de lactação da vaca de corte. Vacas da raça Nelore atingem seu máximo de produção (4,7 litros/dia) nos primeiros 30 dias de lactação, permanecendo a produção mais ou menos estável até os 90 dias, quando declina rapidamente até atingir a média diária de 2,7 litros aos 5 meses. Vacas de origem européia e seus mestiços apresentam maior produção de leite do que vacas nelores, conforme pode ser verificado na Tabela 6.1. Além de raça ou grupo genético, a produção de leite de vacas em pastejo é dependente tanto da quantidade e da qualidade da forragem disponível, quanto da reserva de nutrientes que a vaca armazena antes do parto, e influenciará no peso à desmama dos bezerros. 
Existe relação linear positiva entre a produção de leite da vaca e o peso do bezerro à desmama. Embora o aumento da produção de leite permita aumentar o ganho de peso e o peso à desmama dos bezerros, não se pode esquecer que o nível nutricional, na maioria dos sistemas baseados em pastejo, é limitante para dar suporte a níveis elevados de produção de leite. Por outro lado, à medida que o bezerro cresce, sua dependência do leite materno vai diminuindo, sua capacidade de pastar aumenta e, conseqüentemente, reduz a quantidade de leite necessária para determinado ganho de peso. Tem sido observado que o consumo de matéria seca de forragem aumenta com a idade e observou-se que esse consumo representa 0,62; 1,46; 1,51; 1,75 e 2,20% do peso do bezerro aos dois, três, quatro, cinco e seis meses de vida, respectivamente. 
Suplementação para bezerros em aleitamento
À idade de aproximadamente 3 meses, mais da metade da energia necessária ao bezerro de corte provém de outras fontes alimentares que não o leite da mãe. A suplementação dos bezerros em pastagens é necessária quando se objetiva maior taxa de ganho de peso ou maior peso à desmama. Pode-se observar, na Tabela 6.2, que para um animal ser desmamado com 150 kg de peso vivo aos 7 meses de idade, a média diária de ganho de peso será de 0,57 kg, ganho possível de ser alcançado somente com leite e pastagem. Para desmamar um bezerro com 200 kg de peso vivo, seria necessário ganho de peso vivo diário de 0,80 kg, o que pode ser conseguido sem suplementação somente em situações em que se utilizem animais com bom potencial genético e bom manejo da pastagem. Para obtenção de média de ganho diário superior a 0,80 kg até a desmama, é necessário algum tipo de suplementação de boa qualidade.
Quando os bezerros se aproximam da desmama, suas exigências nutricionais aumentam. O aumento das exigências é maior em bezerros com potencial maior de ganho de peso (por exemplo, machos cruzados). Se as exigências nutricionais do bezerro são maiores do que os nutrientes supridos pelo leite e pelo pasto, obviamente o ganho de peso será restrito. A produção de leite da vaca decresce no final da estação chuvosa, assim como a disponibilidade e a qualidade do pasto. Então, a diferença entre as exigências nutricionais do bezerro e a quantidade de nutrientes supridos pelo pasto e pelo leite tendem a aumentar. Como opções para evitar que deficiências nutricionais influenciem o desempenho dos bezerros, existem dois tipos de suplementação que podem ser utilizados para suplementar a dieta dos bezerros na fase pré-desmama, conhecidas como creep feeding e creep grazing.
Creep feeding
creep feeding é a suplementação alimentar para os bezerros durante a fase que eles mamam nas vacas. A suplementação tem sido feita geralmente com concentrado em cocho privativo, ao qual só os bezerros têm acesso. A estrutura para esse sistema de alimentação exclusivo para os bezerros é bastante simples. Compõe-se basicamente de um pequeno cercado, onde ficam os cochos e aos quais apenas os bezerros têm acesso. A vantagem dessa técnica é permitir a desmama de bezerros mais pesados e proporcionar redução no tempo de abate dos animais.
Recomenda-se fornecer diariamente de 0,5 a 1,0% do peso vivo do bezerro em concentrado. A média do consumo durante o período de fornecimento será de 0,6 a 1,2 kg de concentrado/animal/dia. A sugestão dos teores de nutrientes é de 75 a 80% de NDT e de 18 a 20% de proteína bruta. Como exemplo, a composição pode conter aproximadamente 78% de milho, 20% de farelo de soja, 2% de calcário calcítico e 1% de mistura mineral. É importante lembrar que a recomendação da composição e dos teores de nutrientes do concentrado para diferentes propriedades pode variar em função da taxa de ganho, da quantidade de leite produzida pelas mães e, principalmente, da quantidade de forragem disponível e da qualidade da forragem, lembrando que os bezerros possuem hábito de pastejo seletivo e que, portanto, na amostragem deve-se procurar colher amostras representativas da forragem que está sendo pastejada.
O aumento no peso à desmama com a utilização desse sistema é variável. Os fatores que influenciam a resposta são a quantidade e a qualidade do pasto, a produção de leite das mães, o potencial genético do bezerro, o sexo, a idade dos bezerros à desmama, o tempo de administração, o consumo e o tipo de suplemento. Alguns trabalhos mostram variação de 13 a 40 kg, conforme pode ser visto na Tabela 6.3
Na maioria dos programas de cruzamento utilizam-se matrizes da raça Nelore, cujos produtos ½ sangue europeu apresentam maiores exigências nutricionais. Quando essas exigências são atendidas, os bezerros cruzados expressam o maior potencial de ganho de peso que possuem, em comparação ao dos animais nelores puros. Para suprir as deficiências, o emprego da suplementação pelo métodocreep feeding tem proporcionado bons resultados no desempenho de bezerros ½ europeu + ½ Nelore , com pesos à desmama acima dos 230 kg para os machos. 
Creep grazing
creep grazing pode ser empregado de duas formas. Uma opção é utilizar uma área de pasto de acesso exclusivo dos bezerros. Outra alternativa é a utilização de sistema rotacionado, em que os bezerros têm acesso ao pasto antes das vacas. O objetivo é que os bezerros pastem as pontas tenras ou as partes mais nutritivas das plantas, em vez dos colmos ou folhas velhas (senescentes), que serão usadas pelas vacas no restante do pastejo.
Trabalho realizado nos Estados Unidos (Harvey & Burns, 1988) mostra aumento significativo no ganho de peso vivo por hectare com a utilização do creep grazingem milheto. Trabalhos com a utilização do creep grazing precisam ser realizados no Brasil para verificar a viabilidade dessa técnica nas diferentes condições edafoclimáticas.

Alimentação de novilhas na fase de recria

Dentre os fatores que contribuem para o baixo desfrute da bovinocultura de corte no Brasil, destaca-se a idade elevada de acasalamento das novilhas. Essa idade está associada com a fase de recria, que envolve o desenvolvimento do animal da desmama ao início do processo produtivo, ou seja, o estágio em que este atinge o peso ideal para manifestar a puberdade.
Em virtude de o desenvolvimento ponderal entre o desmame e o início da vida produtiva ser vagaroso, a fase de recria nas regiões tropicais reúne o maior contingente populacional. Ademais, a fase de recria retém os bovinos, especialmente os zebuínos, por longo tempo, entre 12 e 36 meses. Essas duas características combinadas, ou seja, grande contingente populacional e prolongada duração da fase de recria, contribuem para reduzir a eficiência do processo produtivo nos trópicos.
Face aos grandes investimentos (terra, instalações, animais, etc.) e aos altos custos de manutenção (alimentação, trabalho, produtos veterinários, etc.) que acompanham um rebanho de recria, torna-se desejável que os animais entrem em produção o mais precocemente possível e haja melhora da eficiência reprodutiva principalmente das fêmeas primíparas. Assim, torna-se necessário encurtar o tempo de permanência dos animais na fase de recria e para que isso seja possível é necessário o conhecimento das alternativas que propiciarão melhor aproveitamento dos recursos produtivos visando a maximizar o retorno econômico.
A idade à puberdade é de extrema importância quando o sistema de produção prevê acasalamento de novilhas para possibilitar o primeiro parto em idade mais precoce.
A puberdade e, conseqüentemente, a idade ao primeiro parto são reflexo direto da taxa de crescimento, que é determinado pelo consumo de alimentos. As novilhas que concebem cedo na estação de monta desmamam bezerros maiores e têm maior produtividade durante a vida. Novilhas com puberdade inerentemente precoce podem acasalar a custo menor do que novilhas com idade inerentemente tardia à puberdade.
As novilhas devem manter-se crescendo durante todo o ano para que alta porcentagem delas apresente ciclo estral e taxa de concepção normal. Períodos de irregularidade na distribuição de alimentos ocasionam severos efeitos no retardamento da concepção. Variações no consumo de alimento, com nível restrito durante a seca, exercem influência negativa sobre a idade à puberdade e a idade à primeira fecundação.
A taxa de fertilidade de novilhas cobertas em seu primeiro cio é menor do que a obtida no terceiro estro e, conseqüentemente, seria ideal que as novilhas atingissem a puberdade cerca de dois meses antes da estação de monta. Isto evitaria que novilhas concebam ao final da estação de monta e, conseqüentemente, tenham ainda menores possibilidades de conceber durante a estação de monta seguinte como primíparas.
A utilização de pastagens melhoradas, com espécies de maior qualidade e adequada disponibilidade, é uma garantia para índices reprodutivos altos e consistentes entre os anos, especialmente para vacas jovens, sendo fundamental em sistemas intensivos de pecuária.
Embora a fase de recria seja menos complexa do que a fase de cria, ela requer muita atenção do produtor, pois os requerimentos nutricionais do animal em crescimento estão constantemente mudando, em função de alterações na composição de seu corpo. À medida que a idade do animal vai avançando, reduz-se a taxa de formação de ossos e proteína, com aumento acentuado na deposição de gordura. Do início dessa fase até a puberdade, o monitoramento do ganho de peso diário é fundamental, não devendo ultrapassar a média de 900 gramas por dia. Este procedimento evita a má formação da glândula mamária (acúmulo de gordura e menor quantidade de tecido secretor de leite) resultando em menor produção de leite para o bezerro e, conseqüentemente, menor desempenho de sua progênie.
A idade à primeira cobrição determinará a alimentação das novilhas nessa fase. Idades à primeira cobrição mais precoces (15 - 16 meses) exigirão planos mais elevados de alimentação do que aqueles para idades mais avançadas para a primeira cobrição (24 - 26 meses).
Embora a idade cronológica da novilha seja importante, geralmente a puberdade ou a idade ao primeiro cio para a maioria das raças européias ou cruzamentos é reflexo da idade fisiológica (tamanho ou peso). Desse modo, o plano de alimentação a ser adotado para as novilhas cruzadas será aquele que, de forma mais econômica, permita que elas atinjam o peso para cobrição o mais cedo possível. O peso vivo para cobrição das novilhas varia de acordo com a raça ou o grupo genético e também com o nível de alimentação que poderá ser fornecido após a cobrição, mas tem sido sugerido de modo geral o peso de 300 kg para as fêmeas cruzadas e de 280 kg para as fêmeas da raça Nelore. 
Recria de novilhas em pastagem
Pastos de excelente qualidade e bem manejados podem suprir os nutrientes para o crescimento das novilhas durante o período das águas, desde que uma mistura mineral esteja sempre à disposição. A suplementação volumosa na seca pode ser feita com forragens verdes picadas, cana-de-açúcar adicionada de 1% de uréia, silagens ou fenos. Para o fornecimento de volumosos em cochos, é necessário minimizar a competição por alimento entre os animais manejados em grupos e, para isso, é importante propiciar aos animais área suficiente de cocho, permitindo que todos tenham chance de se alimentar.
O fornecimento de concentrado às novilhas depende da idade, da qualidade do alimento volumoso utilizado e do plano de alimentação adotado. A suplementação da dieta de novilhas cruzadas Angus x Nelore, Simental x Nelore, Canchim x Nelore e Nelore, com aproximadamente 12 meses de idade, na Embrapa Pecuária Sudeste, com cana, 0,9% de uréia, 0,1% de sulfato de amônio e 1,5 kg de concentrado contendo 18% de proteína bruta, mantidas em pastagem na seca, resultou em média de ganho diário de aproximadamente 0,4 kg por animal por dia. Em outro trabalho realizado na Embrapa Pecuária Sudeste, utilizando fêmeas desmamadas com sete meses mantidas em pastagem e recebendo cana-de-açúcar e 1,5 kg de concentrado com 70% de farelo de soja, 17% de milho, 4,5% uréia, 0,5% de sulfato de amônio, 2,0% de calcário calcítico, 6,0% de mistura mineral e 48% de proteína bruta, observou-se média diária de ganho de 0,63 kg por animal por dia nos animais cruzados de Angus x Nelore e Simental x Nelore. 
Recria de novilhas em confinamento
Nesse sistema, os alimentos são levados às novilhas que permanecem confinadas durante todo o tempo, sem acesso ao pasto. Elas podem receber, no cocho, forragem verde picada, silagem e/ou feno. Mistura mineral deverá estar sempre à disposição, em cochos separados, independentemente do volumoso utilizado.
Ao se fornecer rações à base de silagem de milho para novilhas, deve-se observar a necessidade de suplementação protéica, se não houve utilização de uréia ou outra fonte de nitrogênio não-protéico na ensilagem. Às vezes, é necessário limitar o consumo da silagem de milho, para evitar que as novilhas fiquem obesas.
O fornecimento de concentrado vai depender do ganho de peso desejado durante essa fase. É importante ter sempre em mente que os extremos, subalimentação ou superalimentação, devem ser evitados. Resultados de consumo diário de matéria seca, ganho de peso e conversão alimentar obtidos em trabalho realizado na Embrapa Pecuária Sudeste (Rodrigues et al., 2002) com novilhas da raça Canchim, confinadas na fase de recria, alimentadas com variedades de cana-de-açúcar, são mostrados nas Tabelas 6.4 e 6.5. Todas as novilhas foram suplementadas com 1,3 kg de concentrado com 77% de farelo de soja, 12,5% de uréia, 1,4% de sulfato de amônio, 1,5 de calcário calcítico e 7,6% de suplemento mineral.  

Alimentação de vacas de corte em gestação

Pode-se considerar a nutrição da vaca gestante como sendo o primeiro passo na produção de bovinos e, como em qualquer outra atividade, o sucesso vai depender de como esse primeiro passo é dado.
A Tabela 6.6 evidencia a importância da alimentação pré-parto nos problemas referentes a mortalidade, peso ao nascer e incidência de diarréia nos bezerros.
Qualquer tentativa de produção eficiente de bovinos está diretamente ligada à melhoria de condições de alimentação, notadamente no período de seca. Ênfase deve ser dispensada especialmente ao fornecimento adequado de energia, proteína, cálcio e fósforo, bem como para deficiências regionais de microelementos.
A produção animal pode ser expressa como uma função de consumo e utilização de alimentos, como se segue: produção animal = consumo de alimentos x teor de nutrientes x digestibilidade dos nutrientes. Os nutrientes podem ser obtidos de diferentes fontes alimentares, sendo que fatores econômicos locais e momentâneos determinarão a decisão sobre as fontes recomendadas.
O custo dos alimentos deve ser baixo, considerando-se que a atividade como um todo deve ser lucrativa. A razão disso é o fato de que alta porcentagem dos nutrientes necessários pelos animais é utilizada para satisfazer as exigências de mantença da vaca (Rodrigues, 2002) e somente uma parte bem menor dos nutrientes necessários na atividade de produção de bovinos de corte é recuperada pela venda de animais para abate. Em condições normais de preço, isto significa que a vaca deve ser mantida em pastagens durante o verão, e no inverno ou na seca deve ser suplementada com outro tipo de forragem de baixo custo ou mantida em pastagens reservadas especialmente para essa categoria, podendo a dieta, caso seja necessário, ser corrigida com pequena quantidade (por exemplo, 0,5 kg a 0,7 kg) de farelos protéicos, como, por exemplo, farelo de algodão ou farelo de soja. Caso a opção utilizada seja cana-de-açúcar deve-se também incluir uréia.
Os requerimentos da vaca de corte nos primeiros meses de gestação são menores do que nos últimos meses de gestação. Os requerimentos de nutrientes da vaca de corte com 6 a 9 meses de gestação são mostrados nas Tabelas 6.7 e 6.8. Nessas tabelas são mostrados os requerimentos de proteína, energia, cálcio e fósforo. Contudo, outros nutrientes podem ser críticos, dependendo do teor na forragem, ou em outros alimentos que estão sendo consumidos, principalmente na seca. Os microelementos também podem estar deficientes. Como exemplo, cobre, cobalto e zinco podem ser deficientes em algumas áreas geográficas.
Os valores constantes das Tabelas 6.7 e 6.8 servem como guia, mas o leitor que não está bem familiarizado com o assunto não deve concluir que os requerimentos de nutrientes de vacas de corte em gestação são fixos conforme indicado nas tabelas. Existe grande variedade de fatores que podem influenciar as necessidades de um animal ou rebanho individualmente, como, por exemplo, deficiência de nutrientes, condição corporal da vaca, condições climáticas, idade da vaca, raça, etc.
Deve ser lembrado que a habilidade dos microrganismos do rúmen para utilizar forragem de baixa qualidade está relacionada a suprimento adequado de nitrogênio e minerais. Entre os macroelementos necessários para os microrganismos do rúmen, podem ser destacados o fósforo, o enxofre e o magnésio.
Durante a gestação, as necessidades de proteína na dieta são relativamente baixas. O teor de proteína na dieta para vacas em gestação pode ser suprido pelas forragens tropicais. Somente nos casos em que a forragem apresentar teor de proteína muito baixo, ou então quando se estiver usando alimentos como palhadas, sabugo, cana-de-açúcar e raiz de mandioca, haverá necessidade de suplementação protéica. Com relação a esse aspecto, e considerando a fase de gestação, é importante lembrar que normalmente o animal recicla parte da uréia sangüínea para o rúmen durante um período de baixo consumo de proteína, reduzindo, parcialmente, a quantidade necessária de suplemento nitrogenado. Nos animais zebuínos, a reciclagem da uréia sangüínea para o rúmen é maior do que em raças de gado de corte européias e, conseqüentemente, a resposta à suplementação com uréia será menor nas raças zebuínas.
Os efeitos da alimentação pré e pós-parto sobre a função reprodutiva de vacas de corte são marcantes. Na Tabela 6.9, é mostrado que animais bem alimentados antes do parto apresentam menor intervalo do parto ao primeiro cio do que aqueles submetidos a um plano nutricional baixo no período pré-parto, independentemente do nível nutricional pós-parto. O nível de alimentação pós-parto tem pouco efeito na atividade reprodutiva das vacas com boa condição corporal ao parto, mas tem influência marcante quando o nível nutricional pré-parto é baixo, particularmente na percentagem de vacas que exibem cio até 90 dias pós-parto. A literatura relata que a condição corporal ao parto é relativamente mais importante do que o nível de nutrição pós-parto. Assim, vacas que apresentavam baixa condição corporal ao parto, mas alimentadas para ganhar peso após o parto, tiveram média de intervalo à primeira ovulação de aproximadamente 76 dias. As vacas que pariram em boa condição corporal tiveram média de intervalo de 38 dias, embora tenham sido alimentadas após o parto apenas para manter o peso. 
No período pré-parto, novilhas e vacas gestantes com condição corporal abaixo do ideal, principalmente quando estão magras, tem de ganhar peso para apresentar boa condição corporal ao parto. Parte do aumento de peso, que normalmente se observa no terço final da gestação e que pode atingir de 40 a 50 kg, é resultado do crescimento do feto, das membranas e do acúmulo de líquidos fetais, bem como do aumento do próprio útero. Portanto, o animal pode ter apresentado aumento de peso sem ter melhorado a sua condição corporal ou mesmo pode ter tido perda de condição corporal, o que não é ideal, considerando que o desejado é que as vacas, principalmente as de primeira cria, voltem a ciclar o mais rapidamente possível após o parto.
As vacas de primeira cria geralmente têm o período do parto ao primeiro cio maior do que as vacas com duas ou mais crias. Por essa razão, deve-se ter maiores cuidados com a alimentação das novilhas gestantes. Uma técnica que pode ser utilizada para melhorar a alimentação das novilhas gestantes é permitir que essa categoria de animais realize o pastejo de ponta, ou seja, consuma as pontas do capim antes das vacas adultas.
Tem sido observado que vacas magras não têm boa taxa de gestação e levam mais tempo para apresentar cio dentro da estação de monta. Vacas com condição corporal moderada têm boa taxa de gestação, porém um pouco inferior àquela das vacas em boa condição corporal. Assim, deve-se procurar fazer com que todas as vacas tenham pelo menos condição corporal moderada ao parto. Para isso, deve haver avaliação dos animais três a quatro meses antes do parto e manejo diferenciado para os animais que apresentarem condição corporal abaixo da desejada, para que possam chegar ao parto em condições corporais adequadas.
É importante lembrar que vacas adultas consomem maior quantidade de matéria seca do que novilhas, conseqüentemente, a ingestão de energia por essas duas categorias de animais na mesma pastagem será diferente. Novilhas gestantes magras devem ter manejo diferenciado de vacas gestantes magras, visto que a demanda nutricional da novilha gestante é maior, por se encontrar em fase de crescimento. Portanto, o manejo nutricional de animais de diferentes categorias em gestação deve ser diferenciado, para que os animais tenham as condições adequadas de alimentação que satisfaçam os seus requisitos nutricionais. 

Recria e terminação de bovinos para produção de carne

A recria é geralmente realizada em pastagem, com suplementação de mistura mineral durante o ano todo e com ou sem suplementação de concentrados nos períodos críticos de produção de forragem. Alguns autores, principalmente nos Estados Unidos, sugerem o uso de concentrados durante o verão, para aumentar a taxa de lotação das pastagens ou em pequenas quantidades para explorar o efeito aditivo de volumoso e concentrado no aumento do ganho diário de peso vivo (Owensby et al., 1995). Quando a quantidade de concentrados é elevada (>0,4% do peso vivo) ou a qualidade da forragem (pasto) é adequada, pode ocorrer redução do consumo de pasto (efeito substitutivo) (Pordomingo et al., 1991). Como o desejado é o consumo máximo de forragem durante a recria em pastagens de verão, o fornecimento de concentrados deve ser limitado a 0,4% do peso vivo dos animais.
A terminação de bovinos para produção de carne pode ser realizada das seguintes maneiras:
  1. no pasto;
  2. no pasto com suplementação no verão;
  3. no pasto com suplementação na seca (semiconfinamento); e
  4. em confinamento.
Nos sistemas extensivos de produção, a terminação dos bovinos geralmente é realizada no pasto, com suplementação de mistura mineral. Em conseqüência das limitações de produção de forragem, em quantidade e qualidade, os animais apresentam desempenho inadequado na seca, idade de abate elevada (acima de 36 meses), carcaça com baixo peso e terminação inadequada, resultando em baixa produtividade por unidade de área.
Nos sistemas que utilizam a suplementação com mistura de concentrados na seca (semiconfinamento), há necessidade de vedar áreas de pastagem para utilização durante a seca. Nesses sistemas, ocorre melhor distribuição (redução da sazonalidade) da produção de carne em relação aos sistemas de produção unicamente em pastagem, porém, a produtividade da propriedade ganha pequenos incrementos. Esses sistemas são atrativos pela simplicidade, isto é, requerem investimentos apenas na compra de cochos e concentrados, que são fornecidos na proporção de 1% do peso vivo dos animais, na própria pastagem (Almeida & Azevedo, 1996).
A tomada de decisão de fazer semiconfinamento ou confinamento depende do tipo de animal que o criador possui, do ganho de peso desejado ou necessário para produzir bovinos prontos para abate e do planejamento antecipado na produção de alimentos volumosos, entre outros fatores. O baixo ganho de peso vivo, entre 0,34 a 0,64 kg/animal/dia, dependendo do peso vivo inicial (Almeida et al., 1994), obtido com animais nelorados em sistema de semiconfinamento, pode ser considerado como uma desvantagem deste sistema de criação, em relação aos sistemas que utilizam o confinamento para a terminação de bovinos para abate, como mostrado a seguir.
Nos sistemas mais intensificados, a recria e ou a terminação pode ocorrer em pastos com diferentes graus de correção e fertilização dos solos. A correção e a adubação das pastagens aumenta a produção e a qualidade da forragem disponível para os bovinos. Dessa maneira, é possível aumentar a taxa de lotação e o ganho diário de peso vivo, resultando em maiores produções por unidade de área.
Os sistemas de produção de carne bovina da região Sudeste, que utilizam mais intensivamente o fator terra, fazem uso do confinamento de bovinos como técnica para reduzir a idade de abate, liberar áreas de pastagens para outras categorias de animais, reduzir a taxa de lotação das pastagens nos períodos críticos (seca), obtendo, dessa maneira, melhor taxa de abate, carcaças mais pesadas na entressafra e maior produção de carne por unidade de área. O confinamento de bovinos na década de 1990 era realizado com o objetivo de "estocar boi em pé", isto é, obter lucro com a variação de preço de safra-entressafra do boi gordo. 
O diferencial de preço em moeda americana (dólar) foi de 15,3%, em média, de 1992 a 1997. Atualmente, o confinamento tem de ser realizado com planejamento de tipo ou grupo genético de animais, disponibilidade de alimentos volumosos e concentrados, formulação da dieta adequada para os animais, instalações, época do ano mais apropriada e idade dos animais, entre outros fatores. Diversos estudos mostram que animais que entraram em confinamento acima de 20 meses de idade apresentaram eficiência de conversão alimentar (ECA) de 8,7, enquanto que aqueles que possuíam idade entre 7 e 17 meses apresentaram ECA de 6,3 kg de matéria seca ingerida por quilograma de ganho de peso vivo, mostrando vantagem de 27% em favor do confinamento de animais mais jovens. Por outro lado, animais de alto potencial para ganho de peso que foram recriados em pastagens podem apresentar elevado ganho de peso compensatório por períodos de até 60 dias, sendo então adequados para os sistemas que produzem carne para mercados pouco exigentes quanto à terminação dos bovinos, como pode ser observando na Tabela 6.10. 
Tabela 6.10. Ganho diário de peso vivo (GDP), consumo de alimentos e eficiência de conversão alimentar (ECA) em diversos períodos do confinamento1
Parâmetros
Período (dias)
Média

0-21
21-42
42-63
63-84
84-112
0-112
GDP, kg
1,95
1,91
2,05
1,33
1,12
1,67
Consumo – Silagem, kg
17,0
21,7
22,3
20,3
21,4
20,6
Consumo – Concentrado
4,6
5,9
6,0
5,5
5,8
5,6
ECA, kg MS/kg GDP
4,72
6,13
5,85
8,27
10,35
6,72
1 Adaptado de Cruz (2000). Média dos valores de 72 animais (32 Canchim; 16 Canchim x Nelore, 16 Gelbvieh x Nelore e 8 mestiços leiteiros) distribuídos em 4 baias.
Médias mais adequadas de eficiência de conversão alimentar em confinamento, por períodos mais prolongados do que aqueles apresentados na Tabela 6.10, podem ser observados com diversos grupos genéticos mostrados na Tabela 6.11. A principal razão das diferenças observadas na eficiência de conversão alimentar (ECA) está relacionada à idade mais jovem de entrada dos animais em confinamento. É importante observar também que animais de diferentes tamanhos de estrutura corporal podem permanecer no confinamento por mais tempo, apresentando alta ECA, em razão da deposição de gordura na carcaça ser mais tardia.
Na região Sudeste, a época mais apropriada para a realização da terminação de bovinos em confinamento é durante o período seco do ano, como forma de amenizar os efeitos adversos de alta umidade (lama) e altas temperaturas sobre o desempenho dos animais e para não competir com a produção de carne exclusivamente em pastagem durante o verão, que possui custos de produção mais baixos. O confinamento a céu aberto é o mais recomendado para o período seco na região Sudeste, por apresentar custo mais baixo do que os outros tipos de instalações.
Tabela 6.11. Eficiência de conversão alimentar em diversos períodos do confinamento (kg de matéria seca/kg de ganho de peso vivo)1
Grupo Genético
Período de confinamento (dias)

0-31
31-59
59-74
74-87
87-108
108-129
Blonde d’Aquitaine x Nelore
4,5
6,2
5,9
6,2
7,4
10,2
Limousin x Nelore
4,9
6,4
5,6
6,1
6,9
9,7
Canchim
5,9
5,6
5,5
6,6
9,1
10,8
Canchim x Nelore
4,7
6,2
6,3
7,2
10,8
10,6
1 Adaptado de Cruz (2000). Média dos valores de 3 baias, de cada grupo genético.
O desempenho de bezerros de seis grupos genéticos confinados aos 12 meses de idade pode ser observado nas Tabelas 6.12 e 6.13. O ganho diário de peso vivo e o consumo diário de matéria seca, expresso em percentagem do peso vivo, sofreram reduções com o aumento do peso vivo de abate. A conversão alimentar aumentou (piorou) de 5,92 para 6,26 ou 6,49 kg de matéria seca por quilograma de ganho diário de peso vivo à medida que os pesos de abate tiveram acréscimos de 400 para 440 ou 480 kg. Dois fatores devem ter contribuído para a redução do ganho de peso e a piora na conversão alimentar, quais sejam, a redução na ingestão de nutrientes e a mudança na composição do ganho de peso (aumento da deposição de gordura) com o aumento do peso vivo de abate. A vantagem do animal cruzado em relação ao Nelore comercial quanto ao potencial para ganho de peso vivo (Tabela 6.4) é evidente quando os animais receberam ração com 13% de proteína bruta e 70% de nutrientes digestíveis totais (50% de silagem de milho, 28,3% de milho em grão moído, 9,2% de farelo de soja, 10,8% de farelo de trigo, 0,7% de calcário calcítico e 1% de mistura mineral, na base seca).
O ponto ideal de abate de bovinos machos não-castrados depende do peso mínimo exigido pelo mercado, que é de aproximadamente 240 kg de carcaça quente (16 @), à idade máxima de aproximadamente 18 meses, para evitar problemas de manejo e obter proporções equilibradas de quartos dianteiro e traseiro na carcaça e terminação adequada de no mínimo 3 mm de gordura externa, para proporcionar a qualidade desejada no produto final.
Tabela 6.13. Média estimada de ganho diário de peso de machos não-castrados em confinamento, por grupo genético, de acordo com o peso de abate.

Peso vivo de abate (kg)

Grupo genético
400 (I)
440 (II)
480 (III)
Erro Padrão
Blonde d’Aquitaine x Nelore
1,57a
1,53a
1,54a
0,06
Canchim
1,83a
1,60a
1,55a
0,10
Canchim x Nelore
1,64a
1,38a
1,40a
0,08
Limousin x Nelore
1,70ab
1,80a
1,58b
0,06
Piemontês x Nelore
1,47a
1,48a
1,49a
0,05
Nelore1
1,13a
1,12a
1,11a
0,06
1 Pesos previstos para abate foram de 380, 410 e 440 kg.
abc Médias seguidas de letras iguais na mesma linha não diferem (P > 0,05) pelo teste SNK. 
A castração de bovinos destinados ao abate é tradicionalmente realizada no Brasil por motivos econômicos e de aceitação do consumidor. Na pecuária extensiva brasileira, os bovinos são colocados em pastagens com baixa disponibilidade de forragem e de baixa qualidade nutricional por longos períodos, ocasionando idade de abate tardia. Nessas condições, é imperativo que se faça a castração para tornar os animais mais dóceis (facilitar o manejo), produzir carne de melhor qualidade e evitar o deságio praticado pelos frigoríficos. Nos sistemas intensivos de produção, com pastagens de melhor qualidade em combinação e uso de confinamento, quando necessário, o abate dos bovinos deve ocorrer entre 14 e 20 meses de idade. A decisão da castração ou não dos bovinos jovens é dependente da política dos frigoríficos em cada região. Geralmente não há restrição para machos não-castrados com dentição de leite intacta, peso mínimo de 240 kg de carcaça quente e terminação adequada.




2 de out. de 2016

Instalações para Gado de Corte (Bovinos)

Comportamento Social dos Bovinos e o uso do espaço

Considerações gerais
Os bovinos são animais gregários — ou seja, vivem em grupos — e isso parece ser tão importante que os indivíduos isolados do rebanho tornam-se estressados. Na verdade, embora a vida em grupo traga uma série de vantagens adaptativas (defesa contra predadores, facilidade para encontrar o parceiro sexual, etc.), ela também traz o aumento na competição por recursos, principalmente quando estes são escassos, resultando na apresentação de interações agressivas entre os animais do mesmo grupo ou rebanho (Paranhos da Costa e Nascimento Jr., 1986). Essa é uma questão muito importante na vida social dos bovinos mantidos em sistemas intensivos de criação ou em condições pouco apropriadas às suas necessidades sociais, mas não chega a preocupar muito quando o sistema de criação é extensivo e os recursos importantes são de fácil acesso a todos os animais.
Em condições naturais, essa agressividade é controlada, pois os bovinos apresentam uma série de padrões de organização social, que definem como serão as interações entre grupos e entre animais do mesmo grupo, contribuindo para minimizar os efeitos negativos da competição. O conhecimento desses padrões é imprescindível para que se possa manejar o gado adequadamente.
Aspecto importante está relacionado com o uso do espaço pelos animais. Os animais não se dispersam ao acaso em seu ambiente. Essa falta de casualidade no uso do espaço é relacionada com as estruturas física e biológica do ambiente, com o clima e com o comportamento social (Arnold e Dudzinski, 1978).
Em rebanhos criados extensivamente e pouco manejados, os animais definem a sua área de moradia, que é caracterizada pela área onde eles desenvolvem todas as suas atividades, sendo, portanto, o seu espaço mais amplo. De maneira geral, essas áreas apresentam dimensões variáveis, dependendo da disponibilidade dos recursos e da pressão ambiental (clima, predadores, etc.). Essa área pode ser subdividida de acordo com a sua utilização pelos animais em áreas de descanso (malhadouro) e de alimentação. Um dado rebanho de bovinos pode ter mais de uma área de descanso, dependendo das condições ecológicas prevalecentes, por exemplo, eles podem descansar em locais mais ventilados se são muito incomodados pela presença de moscas, ou em locais sombreados nas horas mais quentes do dia, ou ainda próximo das aguadas se o ambiente for muito quente e seco. Em determinadas situações é difícil definir o porquê da escolha de determinada área para descanso, como, por exemplo, quando se encontram áreas de descanso sob torres de alta tensão.
Quando qualquer uma dessas áreas é defendida, surge o que se denomina território, que pode ser de uso múltiplo, quando compreende toda a área de moradia, de descanso que se restringe à área onde os animais acampam para descansar, e assim por diante. Os bovinos não são animais essencialmente territoriais, portanto não é comum a defesa de áreas de moradia, descanso ou qualquer outra.
A simples busca de sombra para se abrigar da radiação solar não caracteriza a definição de uma área de descanso; para tanto, o animal deve usar a mesma área regularmente.
Para cada um dos indivíduos do grupo há ainda a caracterização de um espaço individual, representado pela área onde o animal se encontra ou se encontrará e, portanto, se desloca com ele. Esse espaço compreende, aditivamente ao espaço físico que o animal necessita para realizar os movimentos básicos, um espaço social, que caracteriza a distância mínima que se estabelece entre um animal e os demais membros do grupo. Além disso, existe também a distância de fuga, que é o máximo de aproximação que um animal tolera a presença de um estranho ou do predador, antes de iniciar a fuga. Tais comportamentos de espaçamento são ilustrados na Figura 5.1.
http://172.16.14.88/migracao/FontesHTML/BovinoCorte/BovinoCorteRegiaoSudeste/fig51.gif
Figura 5.1.Esquema ilustrativo do espaço individual e da distância de fuga nos
bovinos (as diferenças apresentadas no desenho representam a existência de
diferenças individuais).
Fonte: Paranhos da Costa, M.J.R. (2000).
Todavia, tais padrões de espaçamento não são suficientes para a neutralização ou a diminuição da agressividade entre animais que estão competindo por algum recurso. Há outro mecanismo de controle social, que tem origem na familiaridade e na competição entre os animais, resultando na definição da liderança e da hierarquia de dominância, respectivamente.
Hoje em dia os rebanhos bovinos raramente apresentam grupos sociais naturais, basicamente porque tais grupos são formados de acordo com os interesses do homem. Assim, formam-se grupos de acordo com o sexo desde a desmama, quando também separam-se os bezerros das suas mães, formam-se também grupos tendo em conta a idade dos animais ou ainda conforme a produção de leite.
A dominância se estabelece nesses grupos pela competição, ou seja, ela é produto de interações agressivas entre os animais do mesmo grupo ao competirem por um determinado recurso, definindo quem terá prioridade no acesso à comida, à água, à sombra, etc. O dominante é o indivíduo ou indivíduos do grupo que ocupam as posições mais altas na hierarquia, dominam os demais os atacando impunemente e têm prioridade em qualquer competição; os submissos (ou dominados) são os que se submetem aos dominantes. Os fatores que normalmente determinam a posição na hierarquia são o peso, a idade e a raça. O tempo até o estabelecimento da hierarquia em um lote recém-formado vai depender do número de animais e do sistema de criação, seguindo a tendência apresentada na Figura 5.2.
http://172.16.14.88/migracao/FontesHTML/BovinoCorte/BovinoCorteRegiaoSudeste/fig52.gif
Figura 5.2.Intensidade das interações agressivas em função da formação da
hierarquia de dominância.
Fonte: Paranhos da Costa, M.J.R. (2000).
Há diferenças entre raças nas relações sociais que determinam a hierarquia; por exemplo, o estudo de Le Neindre (1989) mostrou que novilhas Salers foram mais ativas socialmente e dominaram as Holandesas, e os resultados de Wagnonet al. (1966) indicaram que vacas da raça Aberdeen-Angus foram dominantes em relação às da raça Hereford. Assim, como já apontado por Paranhos da Costa e Cromberg (1997), deve-se ter cautela na formação de lotes, sob pena de se manter certos animais em constante estresse social.
Outro aspecto do comportamento social dos bovinos é a liderança, que muitas vezes resulta na atividade sincronizada dos bovinos. Um rebanho de vacas se comporta como uma unidade, na qual a maioria dos membros apresenta o mesmo comportamento ao mesmo tempo. Há sempre um animal que inicia o deslocamento ou as mudanças de atividade; quando ele é seguido pelos outros, trata-se do líder. Geralmente são as vacas mais velhas que lideram os rebanhos, que não estão no topo da ordem de dominância. Isto faz sentido se se considerar que a estrutura social dos bovinos é originalmente matrilinear (Stricklin e Kautz-Scanavy, 1984).
Tal comportamento não envolve atividades agressivas, mas sua compreensão pode ser muito útil para o manejo do gado nas pastagens, particularmente durante a condução do rebanho para áreas de manejo.
Nas condições de sistemas intensivos de produção é muito comum a formação de grandes grupos de animais, freqüentemente mantidos em alta densidade. A expectativa é que nessas condições haja aumento da produtividade, mas não se pode esquecer que também terá efeitos sobre a expressão do comportamento. Por exemplo, para os bovinos em condições de alta densidade populacional, os animais não podem evitar a violação de seu espaço individual, o que pode resultar em aumento de agressividade e estresse social (Schake e Riggs, 1970; Araveet al.,1974; Hafez e Bouissou, 1975 Kondoet al., 1984). Quando os grupos são muito grandes, os animais podem ter dificuldades em reconhecer cada companheiro e em memorizar o "status" social de todos eles, e com isso também há aumento na incidência das interações agressivas (Hurnik, 1982). Nessas condições os animais ficam mais sujeitos a lesões, que podem prejudicar seu desenvolvimento e a qualidade da carne.
Respeitando-se certos limites, desde que os grupos não sejam alterados em sua constituição, principalmente com a introdução de animais novos, a ordem de dominância se manterá relativamente estável ao longo do tempo, estabelecendo-se equilíbrio dinâmico nas relações sociais entre os animais.
O tamanho do grupo e a densidade atuam de forma integrada na definição das condições sociais. Se o espaço for considerável, pode ocorrer a diminuição da agressividade mesmo com densidades altas, pois um dado animal teria condições de se afastar do outro, diminuindo os encontros competitivos. Os resultados de Kondo et al. (1989) mostraram que a média de distância entre bezerros (6 a 13 meses de idade) e animais adultos (2 a 12 anos de idade) aumentou à medida que o grupo diminuiu de tamanho; para os animais adultos isso se deu até um limite de aproximadamente 360 m2por animal, quando a média de distância entre eles se manteve constante entre 10 - 12 m.
Não é claro qual o tamanho máximo que um grupo de bovinos deva ter. Rebanhos com 150 animais são comuns, mas, por conveniência no manejo, talvez não devam ultrapassar 100 animais por grupo. O que se deve ter em conta é que o tamanho ideal de um grupo, para a manutenção da ordem social, é menor em condições de criação intensiva do que em extensiva. Em rebanhos numerosos de gado de corte, não se sabe da ocorrência de formação de um grupo dominante e outros subgrupos, com seus elementos interagindo apenas entre si (Ewbank, 1969).
De qualquer forma, é importante enfatizar que é bom que o grupo seja estável em sua composição. Qualquer alteração, principalmente com a entrada de outros animais, vai alterar a hierarquia social previamente estabelecida, com influências na produção e no bem-estar.
Algumas recomendações
Sombra é uma necessidade sempre, quer em confinamento ou em sistema de pastejo (extensivo e rotacionado). No sistema rotacionado, a sombra pode estar na área de suplementação (junto com a água e a comida) e, nesse caso, os animais devem ter acesso à sombra sempre que quiserem. Três metros quadrados de sombra por animal é um número seguro.
A água deve, de preferência, ser oferecida em bebedouros artificiais, com o propósito de evitar danos ambientais (erosão, assoreamento), muito comuns em áreas de maior declividade, solos arenosos e principalmente em pequenos cursos de água. Há várias referências de que a água define as ondas de pastejo, com os animais iniciando as ondas de desfolhação da forragem a partir dos pontos de água. Em condições extensivas, o bovino pode se afastar até 1600 m do ponto de água em busca da forragem.
Quanto aos cochos para alimentação e suplementação,se o sistema de criação é intensivo (levando o animal a estar sempre próximo a essa fonte de recursos), o alimento deve estar sempre disponível; nesse caso, a dimensão tem caráter secundário (dentro de certos limites).
É importante não combinar a oferta de recursos restritos no mesmo espaço, ou seja, ao colocar sombra sobre o cocho pode-se levar à restrição na ingestão do alimento ou suplemento, em virtude de competição pela sombra.
Em relação ao espaço, sistemas muito intensivos (confinamentos com 3,0 a 3,5 m2por animal) invariavelmente resultam em maior estresse. Geralmente esse tipo de criação é feita em galpões cobertos, mas ainda assim há problemas com o piso (atualmente tem-se desenvolvido a criação sobre cama) e, de qualquer forma, há prejuízos ao bem-estar animal. No confinamento a céu aberto, é usual utilizar 10 m2/animal, o que pode ser pouco, dado o risco de formação de lama. O espaço de 40 m2/animal foi testado em nível de campo, com sombreamento natural (árvores) ou não, havendo ganho maior, da ordem de 100 g/dia, para os animais (novilhas cruzadas de três raças) que dispunham de sombra.


Cercas

Podemos ter dois tipos de cercas numa propriedade: Convencional ou Elétrica. A cerca convencional pode ser confeccionada com arame liso ou com arame farpado, dependendo das condições existentes e do gosto pessoal do produtor.
São extremamente eficientes em terrenos de topografia irregular. Quando se utilizam lascas ou balancins pode-se obter soluções eficientes e econômicas para muitos casos. Para utilização em cercas para conter gado de corte o arame a ser utilizado deve ter diâmetro mínimo de
1,6 m e alta resistência à ruptura (350 Kgf) De acordo com o tipo de terreno, o tipo de animal e o objetivo da cerca, o número de fios utilizados e o espaçamento entre eles variam. Veja a tabela abaixo:
UtilizaçãoNúmerode fiosAltura doprimeiro fioDistância entre fios (de cima para baixo)
Gado de corte, bezerros e divisasde propriedades. 51,35m30 / 2x25 / 2x 27,5
Animais bravios e corredores defazendas 61,35m25 / 5x22
Gado de leite e lavouras41,35m35 / 2x32,5 / 35 Vacas mansas em lactação31,25m45 / 2x40
Material Necessário para construção de uma cerca:
Arame farpado: Diâmetro mínimo 1,6mm e resistência à ruptura mínima de 350 kgf. , galvanizado.
Grampos galvanizados: Os grampos, assim como os arames devem ser galvanizados (que é uma fina cobertura de zinco) para prevenir ferrugem.
Distanciadores de fios (balancins ou tramas): Utilizados quando se quer diminuir a quantidade de mourões intermediários ou lascas, facilitando a construção e diminuindo o custo.
Mourões (postes, esteios ou esticadores): Devem ser de madeira de lei ou eucalipto tratado. Podem ser quadrados com 15cm de lado ou roliços, com diâmetro entre 15 e 20cm e com 2,30 ou 2,50cm de altura. O topo deve ser chanfrado para evitar infiltração de água.
Lascas ou mourões intermediários: Devem ser da mesma madeira que os mourões. Quando serrados devem ter 10cm de lado e quando roliços devem ter diâmetro aproximado de 10cm. A altura é de 2,0 a 2,20m
Tipos de Cercas de Arame Farpado:

A) Cerca convencional de 4 fios de arame farpado em terreno arenoso – Utilizada para gado europeu ou mestiço, pastagens de pouca qualidade, ou lavouras.

B) Cerca elástica de 3 fios de arame farpado em terreno compacto – Utilizada para gado leiteiro de alta produção
C) Cerca elástica de 4 fios de arame farpado em terreno compacto – Utilizada para gado de corte europeu, leiteiro manso ou lavoura.
D) Cerca elástica de 4 fios de arame farpado em terreno arenoso – Utilizada para gado de corte europeu, leiteiro manso ou lavoura.
E) Cerca elástica de 5 fios de arame farpado em terreno compacto – Utilizada para gado de corte mestiço ou zebuíno
Procedimento para construção de uma Cerca.
Após decidir o tipo de cerca mais adequada à situação que dispomos e adquirir material de qualidade, o primeiro passo é:
A) Alinhamento dos mourões e marcação dos intermediários: Primeiro marca-se o início e o final do lance (trecho reto de cerca a ser construído) com estacas ou balizas. Entre eles marca-se a posição dos mourões a cada 50 ou 100 metros com estacas, utilizando-se uma trena ou mesmo um foi de arame como gabarito. Na seqüência, aproveita-se o balizamento e marca-se a posição dos mourões intermediários, de acordo com o tipo de cerca a ser construído (2,0 ou 6,0 metros).
B) Colocação dos mourões:
B.1) Mourões esticadores: A colocação dos mourões pode se dar de duas formas: Ou se abre um buraco com 1 vez e meia o diâmetro do mourão e compacta-o dentro com a terra livre e um socador ou se abre um buraco do tamanho exato do mourão e crava-o com uma marreta. Este segundo método pode apresentar o inconveniente de rachar o mourão, o que o inutiliza por causa da infiltração de água e diminuição da vida útil do mourão. Depois de fincado no solo, o mourão deve estar a prumo (vertical ao chão e reto) e a 1,40m fora do solo.
B.2) Escoras: As escoras são utilizadas para aumentar a resistência do mourão. São peças de 1,5 m de comprimento e 10 cm de diâmetro, colocada de forma inclinada no terreno para não deixar o mourão sair de sua posição vertical. Deve sempre ser colocada no sentido contrário à tensão do arame. Para perfeito encaixe da escora deve-se abrir um entalhe com formão a 40cm do topo do mourão bem como cortar a ponta da escora para encaixar um no outro. A escora também deve ser enterrada 10 cm no solo ou apoiada em uma estaca cravada ou pedra bem socada no chão.
No meio da cerca o escoramento deve ser duplo para que o mourão não ceda para nenhum dos lados:
Nas mudanças de direção este escoramento deve ser triplo, entrando uma nova escora, entre as duas laterais, impedindo que o mourão tombe para o lado interno da cerca.
B.3) Colocação dos mourões intermediários se dá da mesma forma que os mourões esticadores, socados ou cravados com a marreta, enterrando-os 60cm, obedecendo sempre ao alinhamento.
C) Colocação do Arame: O primeiro passo é marcar em cada mourão a altura em que os fios serão fixados. A colocação dos fios sempre se dará de Cima para baixo, evitando que o arame se enrole. Para iniciar, dê duas voltas no esticador, arrematando com pelo menos 6 voltas ao redor do próprio fio, fazendo o acabamento das pontas com alicate. Firma-se com grampos. Na seqüência, desenrola-se o arame até o mourão do final do lance.
C.1) Estiramento do fio: Numa cerca de arame farpado a tensão não pode ser muita para não comprometer a resistência. Por isto pode se usar apenas um alicate para esticar o fio. Uma alternativa para aumentar a firmeza da cerca é passar o fio ora por dentro ora por fora dos mourões intermediários.
C.2) Fixação do grampo: A posição de fixação do grampo deve ser oblíqua, de cima para baixo do mourão.
D) Colocação dos distanciadores ou balancins: Após a pregação dos grampos em todos os mourões, esticadores ou intermediários, colocam-se os distanciadores a cada 2,0 m aproximadamente. Inicia-se a colocação pelo segundo fio (de cima para baixo) até o último. Encaixa- se então a extremidade no primeiro fio e torce as pernas da forquilha ao redor do fio. Desenrola a sobra da ponta inferior e torce as duas pernas no último fio da cerca. O balancim deve ser fixado no primeiro e último fios.
E) Outros detalhes:
E.1) Passagem sobre lajeados: Quando não é possível enterrar o mourão, coloca-se mourões a cada 2,0m apoiados sobre a própria laje. Amarra-se então dois pedaços de 4,0m de arame e dá-se a volta no mourão, fixando-os com dois grampos. Cada perna é então firmemente amarrada a uma pedra pesada, afastada 80 cm do mourão, uma para cada lado. Pode-se também pregar uma travessa na base do mourão, colocando duas escoras nas laterais para dar firmeza.
E.2) Passagem sobre valas:
E.3) Quebra Corpo:
E.4) Porteira: E.5) Colchete ou tronqueira:
E.6) Proteção contra descargas elétricas: E.6.1) Aterramento:
E.6.2) Afastamento de mourões:
F) Manutenção de cercas: A manutenção das cercas é o maior fator de economia.
Quando os reparos são feitos na hora certa, a durabilidade da cerca é aumentada. Vistorias periódicas, capina ao longo da cerca numa faixa de 2,0m, utilização de material adequado e correta colocação dos grampos farão a cerca durar muito mais tempo e ser muito mais eficiente.
Conhecida também como Cerca Elástica, a cerca de arame liso é ótima solução para terrenos planos. É uma cerca bastante flexível e tem grande resistência ao impacto (avanço) dos animais. Não causa ferimentos ou lesões no couro ou no úbere, pois não contém farpas. Se for bem feita, conterá o animal sem machuca-lo, mesmo que ele invista sobre ela.
Para adequada contenção dos animais, os arames lisos a serem utilizados devem ter diâmetro mínimo de 2,2 m e resistência igual ou superior a 600Kgf. (o dobro do arame farpado, por não possuir farpas).
De acordo com o tipo de terreno, o tipo de animal e o objetivo da cerca, o número de fios utilizados e o espaçamento entre eles variam. Veja a tabela abaixo:
UtilizaçãoNúmerode fiosAltura doprimeiro fioDistância entre fios (de cima para baixo)
Divisas de propriedades51,35m27
Gado de corte europeu ou mestiço5*1,35m25 / 5x22 Bezerros 5* 1,35 2x30/3x25
Gado de leite e lavouras3 ou 41,35m45 / 2x32,5 / 35 * O penúltimo fio de cima pode ser farpado

Material Necessário para construção de uma cerca:

Arame liso: Diâmetro mínimo 2,2 m, resistência mínima à ruptura de 600 kgf e galvanizado.
Grampos galvanizados: Os grampos, assim como os arames devem ser galvanizados (que é uma fina cobertura de zinco) para prevenir ferrugem.
Distanciadores de fios (balancins ou tramas): Utilizados quando se quer diminuir a quantidade de mourões intermediários ou lascas, facilitando a construção e diminuindo o custo.
Mourões (postes, palanques ou esteios): Devem ser de madeira de lei ou eucalipto tratado. Podem ser quadrados com 15cm de lado ou roliços, com diâmetro entre 15 e 20cm e com
2,30 ou 2,50cm de altura. O topo deve ser chanfrado para evitar infiltração de água.
Lascas ou mourões intermediários: Devem ser da mesma madeira que os mourões. Quando serrados devem ter 10cm de lado e quando roliços devem ter diâmetro aproximado de 10cm. A altura é de 2,0 a 2,20m. As lascas podem ser perfuradas antes ou durante a construção da cerca, utilizando-se broca ” ou ½”.
Tensionadores: Os tensionadores ou esticadores são utilizados para esticar o arame e é colocado um para cada fio no mourão inicial da cerca, permitindo o tensionamento desejado que é entre 158 e 180kgf. São feitos de metal e deve-se preferir os galvanizados em função da durabilidade. Existem vários modelos de tensionadores, exemplos abaixo:
Tipos de Cercas de Arame Liso: A) Cerca elástica de 3 fios de arame liso e 1 fio de arame farpado com ancoragem simples –
B) Cerca elástica de 4 fios, com ancoragem simples –
C) Cerca elástica de 4 fios, com ancoragem dupla –
Procedimento para construção de uma Cerca.
Após decidir o tipo de cerca mais adequada à situação que dispomos e adquirir material de qualidade, o primeiro passo é:
A) Alinhamento dos mourões e marcação dos intermediários: Dá-se da mesma forma que a cerca de arame farpado.
B) Ancoragem (início e fim do lance): Inicia-se colocando o mourão esticador (veja cerca de arame farpado) e a fêmea da ancoragem. Para lances curtos, de até 50m, por exemplo, em terreno firme, basta 1 escora e uma trava, conforme desenho:
Lances maiores, com 300m ou mais exigem esticador, fêmea, trava e morto, conforme figura: (OBS: O morto é uma peça de 10 cm de diâmetro com 1m de comprimento, enterrada a 1,40m de distância do esticador. A trava é uma peça de 5cmx6cmx1, 5m, colocada sob pressão entre o mourão esticador e a fêmea, encaixada em uma “caixa” aberta com formão a 10 cm do topo dos mourões).
Um outro modelo de ancoragem pode ser utilizado, utilizando um travesseiro (peça de 10cm x 1,0m colocado no pé do mourão principal) tencionado com um rabicho.
Para ancoragem em terreno arenoso utilizam-se outros métodos, conforme figuras a seguir:
C) Canto de Cerca: Deve ser feito como uma ancoragem normal, apenas utilizando-se o mesmo mourão esticador para dois lances de cerca.
D) Meio de Cerca: Quando o lance de cerca excede a 500m, deve-se colocar uma ancoragem no meio, aproveitando um só conjunto de peças para ancorar os dois lances que se formaram.
E) Mourões intermediários ou lascas: Coloca-se nos lugares marcados, da mesma maneira que na cerca de arame farpado.
F) Passagem dos Fios: A ordem de colocação é: 1o o fio mais alto; 2o o fio mais baixo; 3o os demais, de cima para baixo. É importante desenrolar o fio pouco a pouco, cuidando para não desfazer o rolo. Chegando ao final do lance, dar uma volta abraçando o mourão esticador, retornando pelo furo e amarrando o arame.
G) Tensionamento dos fios: Um tensionamento perfeito e igual em todos os fios, entre
150 e 180 kgf é obtido com o auxílio de um tensiômetro. Conseguida a tensão desejada, firmar a ponta do arame com o tensionador escolhido.
H) Ajuste Final dos Mourões intermediários ou lascas: Acompanhe a cerca ajustando a altura dos postes, podendo levantar ou enterrar (com marreta) um pouco, após o que se faz a compactação final. Para evitar estes ajustes pode-se fazer os furos com os postes já fincados. I) Colocação dos distanciadores: Acontece da mesma forma que na cerca de arame farpado.
J) Proteção contra raios: A cerca deve ser interrompida a cada 400m mais ou menos, fazendo um fio terra para cada 50m, conforme figura.
K) Emendas de fios: Existe um emendador de fios lisos chamado emendador gripple. Para quem não utilizar estes emendadores, uma série de emendas é eficiente:
L) Outros detalhes: Como porteiras, colchetes, passagem por valas secas ou com enxurradas e quebra corpo seguem da mesma forma que as cercas de arame farpado.
A cerca elétrica aplica-se em duas modalidades de pastoreio:
Pastoreio Rotativo – utilizando Cercas Elétricas fixas Pastoreio em Faixas – utilizando Cercas Elétricas Temporárias
A escolha do sistema dependerá de: Ø Topografia da área;
Ø Distribuição das chuvas; Ø Lotação a ser utilizada;
Ø Espécie(s) forrageira(s) implantada(s) na área;
Ø Fertilidade do solo; Ø Temperatura ambiente;
Ø Metodologia de pastoreio;
Ø Localização e distribuição de aguadas e saleiros;
Ø Acesso e movimentação de máquinas e animais; Ø Aspectos eletrotécnicos.
Vantagens da Cerca Elétrica em relação à Cerca Convencional
Ø Mais eficaz, pois o efeito sobre os animais é psicológico; Ø Menor custo de implantação e manutenção;
Ø Simples e rápida de construir;
Ø Simples manejo para mover, retirar, modificar, recolher e guardar; Ø Maior vida útil devido o menor desgaste;
Ø Evita machucaduras no couro e no úbere.
Vantagens da Cerca Convencional Ø Mais eficiente em relevo acidentado ou de difícil acesso
Cercas Elétricas fixas utilizarão postes de madeira distanciados 20 m um do outro, arames de aço galvanizado (mínimo 2,1mm) e baixa manutenção, ao passo que as temporárias podem ser feitas com postes de plástico, fibra ou ferro, com menos de 20m entre eles, fios de material flexível (fios de nylon trançados com aço), estendendo-se por, no máximo, 3km e exige alta manutenção, embora esta seja feita no momento da mudança de local.
Para controlar um animal um choque deve ser suficiente e, para tanto, uma voltagem mínima de 2000 volts é necessária. Os fatores que afetam a intensidade do choque são: a voltagem e energia de saída do eletrificador; a qualidade do arame/fio; a qualidade do aterramento e as perdas de energia ao longo da cerca (isoladores deficientes, passagens subterrâneas mal feitas e vegetação encostando-se ao arame/fio).
Os componentes de uma Cerca Elétrica são:
Eletrificador: O eletrificador a ser utilizado numa cerca elétrica deve seguir as regras internacionais de segurança. Eletrificadores caseiros ou “arranjados” põem em risco a segurança das pessoas e dos animais envolvidos. Na escolha do eletrificador é importante levar em conta o comprimento (quilometragem de fio utilizada em toda a extensão da cerca – se for de dois fios, somar as duas distâncias) e o raio de operação (distância máxima do eletrificador ao ponto mais extremo) da cerca. O eletrificador pode ser ligado na rede elétrica, em baterias ou ainda possuir painel solar.
Chave interruptora: Permite desligar o eletrificador de maneira rápida e eficiente. Arame: O arame deve ser galvanizado, pois a ferrugem interfere na condutibilidade elétrica e o diâmetro mínimo deve ser 2,1mm. Pode ser substituído por fios especiais para cercas elétricas. Esticadores de arame: Peças semelhantes às utilizadas em cercas convencionais de arame liso.
Isoladores intermediários: Existem inúmeros tipos de isoladores disponíveis no mercado. O importante é que ele tenha pouco contato com a superfície do arame (não atrapalha o campo magnético e não enferruja o arame com o contato), situe-se a 2,5cm de distância do poste, seja fácil de instalar (não ter que furar o poste e seja fácil de passar o arame) e de fácil reposição (não precisar tirar todo o arame da cerca).
Isoladores de canto: Precisa ser resistente, pois será ele que suportará a tensão do fio no final do lance de cerca.
Isoladores para porteiras: idem ao isolador de canto.

Manoplas para porteiras: Peças que servem para utilização das porteiras sem a necessidade de desligar a cerca. Pára Raio: Normalmente é um equipamento simples e barato, vendido junto com os eletrificadores.
É ligado à cerca, ao eletrificador e aterrado de forma eficiente. Quando há uma descarga elétrica muito alta, ele desvia esta energia vinda da cerca para o fio terra, impedindo a queima do aparelho e incêndios eventuais. Hastes de aterramento: hastes de aço galvanizado (mínimo 3), de pelo menos 1m de comprimento, enterradas no solo com distâncias de 3m entre elas, em linha reta e ligada ao fio terra do aparelho. Cabo de aterramento: Deve ser um cabo isolado, ligando o aparelho às hastes de aterramento, fixado nestas com parafusos. Voltímetro: Aparelho para medir a voltagem em diversos pontos da cerca. Permite ver se o aparelho está funcionando de acordo com o esperado e se há ou não perdas de corrente ao longo da cerca. Placas de advertência: as normas internacionais exigem placas de advertência ao longo da cerca para prevenir acidentes com pessoas desavisadas.
Um Centro de Manejo, também chamado de Mangueira ou Curral de Manejo compreende um grupo de estruturas necessárias ao manejo de bovinos de Corte. As estruturas que o compõem são as seguintes:
Ø Curraletes ou mangueiras: são espaços onde os animais ficam contidos ou armazenados, antes ou depois das práticas de manejo.
Ø Seringa: estreitamento que conduz os animais de um curralete ou mangueira para o brete. Ø Brete: corredor onde podemos enfileirar de 4 a 12 animais, também chamado de tronco coletivo, onde podemos fazer alguns tratamentos simples com os animas. Ø Tronco: ou tronco veterinário ou tronco individual é uma estrutura onde podemos imobilizar parcialmente um animal para realizarmos várias atividades sobre ele, desde inseminações e medicações até tratamentos de casco ou cesarianas, com relativa segurança para o animal e para o homem.
Ø Balança: pode ser para 1 ou vários animais ao mesmo tempo. É o que mede a produtividade da propriedade.
Ø Embarcadouro ou Carregador: Corredor, geralmente localizado na seqüência da balança, com rampa que nivela com a carroceria do caminhão boiadeiro, para transporte do gado. Serve tanto para carregar quanto para descarregar o caminhão. Ø Farmácia: Local para armazenar medicamentos, vacinas e material veterinário.
Pede ser uma sala ou simplesmente um armário, porém precisa ser trancado para evitar acesso de animais, crianças e pessoas não capacitadas.
Ø Escritório: Local para armazenar os dados zootécnicos e escrituração da propriedade. Pode ser uma sala ou simplesmente uma escrivaninha. Deve ser preservado de pessoas não autorizadas.
Tipos de Centros de Manejo: Existem alguns tipos padrões de Centros de Manejo que podem ser utilizados na íntegra ou modificados de acordo com cada situação. A) Curral Aguirre para 100 animais: Este curral é muito bom para um número pequeno de animais, embora não apresente local para colocação da balança. Esta facilmente pode ser colocada entre o tronco coletivo e o tronco individual. Pode ainda ser colocada após o tronco individual e antes do embarcadouro, embora deva ser prevista uma porteira apartadora após a balança.
B) Curral Água Amarela para 240 animais: Este módulo não apresenta tronco individual, que é muito importante para várias práticas de manejo, no entanto este pode facilmente ser alocado na parte final do tronco coletivo.
C) Curral Saladino para 500 animais:
D) Curral Stanley para 1000 animais: