Comportamento Social dos Bovinos e o uso do espaço
Considerações gerais
Os bovinos são animais gregários — ou seja, vivem em grupos — e isso parece ser tão importante que os indivíduos isolados do rebanho tornam-se estressados. Na verdade, embora a vida em grupo traga uma série de vantagens adaptativas (defesa contra predadores, facilidade para encontrar o parceiro sexual, etc.), ela também traz o aumento na competição por recursos, principalmente quando estes são escassos, resultando na apresentação de interações agressivas entre os animais do mesmo grupo ou rebanho (Paranhos da Costa e Nascimento Jr., 1986). Essa é uma questão muito importante na vida social dos bovinos mantidos em sistemas intensivos de criação ou em condições pouco apropriadas às suas necessidades sociais, mas não chega a preocupar muito quando o sistema de criação é extensivo e os recursos importantes são de fácil acesso a todos os animais.
Em condições naturais, essa agressividade é controlada, pois os bovinos apresentam uma série de padrões de organização social, que definem como serão as interações entre grupos e entre animais do mesmo grupo, contribuindo para minimizar os efeitos negativos da competição. O conhecimento desses padrões é imprescindível para que se possa manejar o gado adequadamente.
Aspecto importante está relacionado com o uso do espaço pelos animais. Os animais não se dispersam ao acaso em seu ambiente. Essa falta de casualidade no uso do espaço é relacionada com as estruturas física e biológica do ambiente, com o clima e com o comportamento social (Arnold e Dudzinski, 1978).
Em rebanhos criados extensivamente e pouco manejados, os animais definem a sua área de moradia, que é caracterizada pela área onde eles desenvolvem todas as suas atividades, sendo, portanto, o seu espaço mais amplo. De maneira geral, essas áreas apresentam dimensões variáveis, dependendo da disponibilidade dos recursos e da pressão ambiental (clima, predadores, etc.). Essa área pode ser subdividida de acordo com a sua utilização pelos animais em áreas de descanso (malhadouro) e de alimentação. Um dado rebanho de bovinos pode ter mais de uma área de descanso, dependendo das condições ecológicas prevalecentes, por exemplo, eles podem descansar em locais mais ventilados se são muito incomodados pela presença de moscas, ou em locais sombreados nas horas mais quentes do dia, ou ainda próximo das aguadas se o ambiente for muito quente e seco. Em determinadas situações é difícil definir o porquê da escolha de determinada área para descanso, como, por exemplo, quando se encontram áreas de descanso sob torres de alta tensão.
Quando qualquer uma dessas áreas é defendida, surge o que se denomina território, que pode ser de uso múltiplo, quando compreende toda a área de moradia, de descanso que se restringe à área onde os animais acampam para descansar, e assim por diante. Os bovinos não são animais essencialmente territoriais, portanto não é comum a defesa de áreas de moradia, descanso ou qualquer outra.
A simples busca de sombra para se abrigar da radiação solar não caracteriza a definição de uma área de descanso; para tanto, o animal deve usar a mesma área regularmente.
Para cada um dos indivíduos do grupo há ainda a caracterização de um espaço individual, representado pela área onde o animal se encontra ou se encontrará e, portanto, se desloca com ele. Esse espaço compreende, aditivamente ao espaço físico que o animal necessita para realizar os movimentos básicos, um espaço social, que caracteriza a distância mínima que se estabelece entre um animal e os demais membros do grupo. Além disso, existe também a distância de fuga, que é o máximo de aproximação que um animal tolera a presença de um estranho ou do predador, antes de iniciar a fuga. Tais comportamentos de espaçamento são ilustrados na Figura 5.1.
Figura 5.1.Esquema ilustrativo do espaço individual e da distância de fuga nos
bovinos (as diferenças apresentadas no desenho representam a existência de
diferenças individuais).
Fonte: Paranhos da Costa, M.J.R. (2000).
Todavia, tais padrões de espaçamento não são suficientes para a neutralização ou a diminuição da agressividade entre animais que estão competindo por algum recurso. Há outro mecanismo de controle social, que tem origem na familiaridade e na competição entre os animais, resultando na definição da liderança e da hierarquia de dominância, respectivamente.
Hoje em dia os rebanhos bovinos raramente apresentam grupos sociais naturais, basicamente porque tais grupos são formados de acordo com os interesses do homem. Assim, formam-se grupos de acordo com o sexo desde a desmama, quando também separam-se os bezerros das suas mães, formam-se também grupos tendo em conta a idade dos animais ou ainda conforme a produção de leite.
A dominância se estabelece nesses grupos pela competição, ou seja, ela é produto de interações agressivas entre os animais do mesmo grupo ao competirem por um determinado recurso, definindo quem terá prioridade no acesso à comida, à água, à sombra, etc. O dominante é o indivíduo ou indivíduos do grupo que ocupam as posições mais altas na hierarquia, dominam os demais os atacando impunemente e têm prioridade em qualquer competição; os submissos (ou dominados) são os que se submetem aos dominantes. Os fatores que normalmente determinam a posição na hierarquia são o peso, a idade e a raça. O tempo até o estabelecimento da hierarquia em um lote recém-formado vai depender do número de animais e do sistema de criação, seguindo a tendência apresentada na Figura 5.2.
Figura 5.2.Intensidade das interações agressivas em função da formação da
hierarquia de dominância.
Fonte: Paranhos da Costa, M.J.R. (2000).
Há diferenças entre raças nas relações sociais que determinam a hierarquia; por exemplo, o estudo de Le Neindre (1989) mostrou que novilhas Salers foram mais ativas socialmente e dominaram as Holandesas, e os resultados de Wagnonet al. (1966) indicaram que vacas da raça Aberdeen-Angus foram dominantes em relação às da raça Hereford. Assim, como já apontado por Paranhos da Costa e Cromberg (1997), deve-se ter cautela na formação de lotes, sob pena de se manter certos animais em constante estresse social.
Outro aspecto do comportamento social dos bovinos é a liderança, que muitas vezes resulta na atividade sincronizada dos bovinos. Um rebanho de vacas se comporta como uma unidade, na qual a maioria dos membros apresenta o mesmo comportamento ao mesmo tempo. Há sempre um animal que inicia o deslocamento ou as mudanças de atividade; quando ele é seguido pelos outros, trata-se do líder. Geralmente são as vacas mais velhas que lideram os rebanhos, que não estão no topo da ordem de dominância. Isto faz sentido se se considerar que a estrutura social dos bovinos é originalmente matrilinear (Stricklin e Kautz-Scanavy, 1984).
Tal comportamento não envolve atividades agressivas, mas sua compreensão pode ser muito útil para o manejo do gado nas pastagens, particularmente durante a condução do rebanho para áreas de manejo.
Nas condições de sistemas intensivos de produção é muito comum a formação de grandes grupos de animais, freqüentemente mantidos em alta densidade. A expectativa é que nessas condições haja aumento da produtividade, mas não se pode esquecer que também terá efeitos sobre a expressão do comportamento. Por exemplo, para os bovinos em condições de alta densidade populacional, os animais não podem evitar a violação de seu espaço individual, o que pode resultar em aumento de agressividade e estresse social (Schake e Riggs, 1970; Araveet al.,1974; Hafez e Bouissou, 1975 Kondoet al., 1984). Quando os grupos são muito grandes, os animais podem ter dificuldades em reconhecer cada companheiro e em memorizar o "status" social de todos eles, e com isso também há aumento na incidência das interações agressivas (Hurnik, 1982). Nessas condições os animais ficam mais sujeitos a lesões, que podem prejudicar seu desenvolvimento e a qualidade da carne.
Respeitando-se certos limites, desde que os grupos não sejam alterados em sua constituição, principalmente com a introdução de animais novos, a ordem de dominância se manterá relativamente estável ao longo do tempo, estabelecendo-se equilíbrio dinâmico nas relações sociais entre os animais.
O tamanho do grupo e a densidade atuam de forma integrada na definição das condições sociais. Se o espaço for considerável, pode ocorrer a diminuição da agressividade mesmo com densidades altas, pois um dado animal teria condições de se afastar do outro, diminuindo os encontros competitivos. Os resultados de Kondo et al. (1989) mostraram que a média de distância entre bezerros (6 a 13 meses de idade) e animais adultos (2 a 12 anos de idade) aumentou à medida que o grupo diminuiu de tamanho; para os animais adultos isso se deu até um limite de aproximadamente 360 m2por animal, quando a média de distância entre eles se manteve constante entre 10 - 12 m.
Não é claro qual o tamanho máximo que um grupo de bovinos deva ter. Rebanhos com 150 animais são comuns, mas, por conveniência no manejo, talvez não devam ultrapassar 100 animais por grupo. O que se deve ter em conta é que o tamanho ideal de um grupo, para a manutenção da ordem social, é menor em condições de criação intensiva do que em extensiva. Em rebanhos numerosos de gado de corte, não se sabe da ocorrência de formação de um grupo dominante e outros subgrupos, com seus elementos interagindo apenas entre si (Ewbank, 1969).
De qualquer forma, é importante enfatizar que é bom que o grupo seja estável em sua composição. Qualquer alteração, principalmente com a entrada de outros animais, vai alterar a hierarquia social previamente estabelecida, com influências na produção e no bem-estar.
Algumas recomendações
Sombra é uma necessidade sempre, quer em confinamento ou em sistema de pastejo (extensivo e rotacionado). No sistema rotacionado, a sombra pode estar na área de suplementação (junto com a água e a comida) e, nesse caso, os animais devem ter acesso à sombra sempre que quiserem. Três metros quadrados de sombra por animal é um número seguro.
A água deve, de preferência, ser oferecida em bebedouros artificiais, com o propósito de evitar danos ambientais (erosão, assoreamento), muito comuns em áreas de maior declividade, solos arenosos e principalmente em pequenos cursos de água. Há várias referências de que a água define as ondas de pastejo, com os animais iniciando as ondas de desfolhação da forragem a partir dos pontos de água. Em condições extensivas, o bovino pode se afastar até 1600 m do ponto de água em busca da forragem.
Quanto aos cochos para alimentação e suplementação,se o sistema de criação é intensivo (levando o animal a estar sempre próximo a essa fonte de recursos), o alimento deve estar sempre disponível; nesse caso, a dimensão tem caráter secundário (dentro de certos limites).
É importante não combinar a oferta de recursos restritos no mesmo espaço, ou seja, ao colocar sombra sobre o cocho pode-se levar à restrição na ingestão do alimento ou suplemento, em virtude de competição pela sombra.
Em relação ao espaço, sistemas muito intensivos (confinamentos com 3,0 a 3,5 m2por animal) invariavelmente resultam em maior estresse. Geralmente esse tipo de criação é feita em galpões cobertos, mas ainda assim há problemas com o piso (atualmente tem-se desenvolvido a criação sobre cama) e, de qualquer forma, há prejuízos ao bem-estar animal. No confinamento a céu aberto, é usual utilizar 10 m2/animal, o que pode ser pouco, dado o risco de formação de lama. O espaço de 40 m2/animal foi testado em nível de campo, com sombreamento natural (árvores) ou não, havendo ganho maior, da ordem de 100 g/dia, para os animais (novilhas cruzadas de três raças) que dispunham de sombra.
Cercas
Podemos ter dois tipos de cercas numa propriedade: Convencional ou Elétrica. A cerca convencional pode ser confeccionada com arame liso ou com arame farpado, dependendo das condições existentes e do gosto pessoal do produtor.
São extremamente eficientes em terrenos de topografia irregular. Quando se utilizam lascas ou balancins pode-se obter soluções eficientes e econômicas para muitos casos. Para utilização em cercas para conter gado de corte o arame a ser utilizado deve ter diâmetro mínimo de
1,6 m e alta resistência à ruptura (350 Kgf) De acordo com o tipo de terreno, o tipo de animal e o objetivo da cerca, o número de fios utilizados e o espaçamento entre eles variam. Veja a tabela abaixo:
UtilizaçãoNúmerode fiosAltura doprimeiro fioDistância entre fios (de cima para baixo)
Gado de corte, bezerros e divisasde propriedades. 51,35m30 / 2x25 / 2x 27,5
Animais bravios e corredores defazendas 61,35m25 / 5x22
Gado de leite e lavouras41,35m35 / 2x32,5 / 35 Vacas mansas em lactação31,25m45 / 2x40
Material Necessário para construção de uma cerca:
Arame farpado: Diâmetro mínimo 1,6mm e resistência à ruptura mínima de 350 kgf. , galvanizado.
Grampos galvanizados: Os grampos, assim como os arames devem ser galvanizados (que é uma fina cobertura de zinco) para prevenir ferrugem.
Distanciadores de fios (balancins ou tramas): Utilizados quando se quer diminuir a quantidade de mourões intermediários ou lascas, facilitando a construção e diminuindo o custo.
Mourões (postes, esteios ou esticadores): Devem ser de madeira de lei ou eucalipto tratado. Podem ser quadrados com 15cm de lado ou roliços, com diâmetro entre 15 e 20cm e com 2,30 ou 2,50cm de altura. O topo deve ser chanfrado para evitar infiltração de água.
Lascas ou mourões intermediários: Devem ser da mesma madeira que os mourões. Quando serrados devem ter 10cm de lado e quando roliços devem ter diâmetro aproximado de 10cm. A altura é de 2,0 a 2,20m
Tipos de Cercas de Arame Farpado:
A) Cerca convencional de 4 fios de arame farpado em terreno arenoso – Utilizada para gado europeu ou mestiço, pastagens de pouca qualidade, ou lavouras.
B) Cerca elástica de 3 fios de arame farpado em terreno compacto – Utilizada para gado leiteiro de alta produção
C) Cerca elástica de 4 fios de arame farpado em terreno compacto – Utilizada para gado de corte europeu, leiteiro manso ou lavoura.
D) Cerca elástica de 4 fios de arame farpado em terreno arenoso – Utilizada para gado de corte europeu, leiteiro manso ou lavoura.
E) Cerca elástica de 5 fios de arame farpado em terreno compacto – Utilizada para gado de corte mestiço ou zebuíno
Procedimento para construção de uma Cerca.
Após decidir o tipo de cerca mais adequada à situação que dispomos e adquirir material de qualidade, o primeiro passo é:
A) Alinhamento dos mourões e marcação dos intermediários: Primeiro marca-se o início e o final do lance (trecho reto de cerca a ser construído) com estacas ou balizas. Entre eles marca-se a posição dos mourões a cada 50 ou 100 metros com estacas, utilizando-se uma trena ou mesmo um foi de arame como gabarito. Na seqüência, aproveita-se o balizamento e marca-se a posição dos mourões intermediários, de acordo com o tipo de cerca a ser construído (2,0 ou 6,0 metros).
B) Colocação dos mourões:
B.1) Mourões esticadores: A colocação dos mourões pode se dar de duas formas: Ou se abre um buraco com 1 vez e meia o diâmetro do mourão e compacta-o dentro com a terra livre e um socador ou se abre um buraco do tamanho exato do mourão e crava-o com uma marreta. Este segundo método pode apresentar o inconveniente de rachar o mourão, o que o inutiliza por causa da infiltração de água e diminuição da vida útil do mourão. Depois de fincado no solo, o mourão deve estar a prumo (vertical ao chão e reto) e a 1,40m fora do solo.
B.2) Escoras: As escoras são utilizadas para aumentar a resistência do mourão. São peças de 1,5 m de comprimento e 10 cm de diâmetro, colocada de forma inclinada no terreno para não deixar o mourão sair de sua posição vertical. Deve sempre ser colocada no sentido contrário à tensão do arame. Para perfeito encaixe da escora deve-se abrir um entalhe com formão a 40cm do topo do mourão bem como cortar a ponta da escora para encaixar um no outro. A escora também deve ser enterrada 10 cm no solo ou apoiada em uma estaca cravada ou pedra bem socada no chão.
No meio da cerca o escoramento deve ser duplo para que o mourão não ceda para nenhum dos lados:
Nas mudanças de direção este escoramento deve ser triplo, entrando uma nova escora, entre as duas laterais, impedindo que o mourão tombe para o lado interno da cerca.
B.3) Colocação dos mourões intermediários se dá da mesma forma que os mourões esticadores, socados ou cravados com a marreta, enterrando-os 60cm, obedecendo sempre ao alinhamento.
C) Colocação do Arame: O primeiro passo é marcar em cada mourão a altura em que os fios serão fixados. A colocação dos fios sempre se dará de Cima para baixo, evitando que o arame se enrole. Para iniciar, dê duas voltas no esticador, arrematando com pelo menos 6 voltas ao redor do próprio fio, fazendo o acabamento das pontas com alicate. Firma-se com grampos. Na seqüência, desenrola-se o arame até o mourão do final do lance.
C.1) Estiramento do fio: Numa cerca de arame farpado a tensão não pode ser muita para não comprometer a resistência. Por isto pode se usar apenas um alicate para esticar o fio. Uma alternativa para aumentar a firmeza da cerca é passar o fio ora por dentro ora por fora dos mourões intermediários.
C.2) Fixação do grampo: A posição de fixação do grampo deve ser oblíqua, de cima para baixo do mourão.
D) Colocação dos distanciadores ou balancins: Após a pregação dos grampos em todos os mourões, esticadores ou intermediários, colocam-se os distanciadores a cada 2,0 m aproximadamente. Inicia-se a colocação pelo segundo fio (de cima para baixo) até o último. Encaixa- se então a extremidade no primeiro fio e torce as pernas da forquilha ao redor do fio. Desenrola a sobra da ponta inferior e torce as duas pernas no último fio da cerca. O balancim deve ser fixado no primeiro e último fios.
E) Outros detalhes:
E.1) Passagem sobre lajeados: Quando não é possível enterrar o mourão, coloca-se mourões a cada 2,0m apoiados sobre a própria laje. Amarra-se então dois pedaços de 4,0m de arame e dá-se a volta no mourão, fixando-os com dois grampos. Cada perna é então firmemente amarrada a uma pedra pesada, afastada 80 cm do mourão, uma para cada lado. Pode-se também pregar uma travessa na base do mourão, colocando duas escoras nas laterais para dar firmeza.
E.2) Passagem sobre valas:
E.3) Quebra Corpo:
E.4) Porteira: E.5) Colchete ou tronqueira:
E.6) Proteção contra descargas elétricas: E.6.1) Aterramento:
E.6.2) Afastamento de mourões:
F) Manutenção de cercas: A manutenção das cercas é o maior fator de economia.
Quando os reparos são feitos na hora certa, a durabilidade da cerca é aumentada. Vistorias periódicas, capina ao longo da cerca numa faixa de 2,0m, utilização de material adequado e correta colocação dos grampos farão a cerca durar muito mais tempo e ser muito mais eficiente.
Conhecida também como Cerca Elástica, a cerca de arame liso é ótima solução para terrenos planos. É uma cerca bastante flexível e tem grande resistência ao impacto (avanço) dos animais. Não causa ferimentos ou lesões no couro ou no úbere, pois não contém farpas. Se for bem feita, conterá o animal sem machuca-lo, mesmo que ele invista sobre ela.
Para adequada contenção dos animais, os arames lisos a serem utilizados devem ter diâmetro mínimo de 2,2 m e resistência igual ou superior a 600Kgf. (o dobro do arame farpado, por não possuir farpas).
De acordo com o tipo de terreno, o tipo de animal e o objetivo da cerca, o número de fios utilizados e o espaçamento entre eles variam. Veja a tabela abaixo:
UtilizaçãoNúmerode fiosAltura doprimeiro fioDistância entre fios (de cima para baixo)
Divisas de propriedades51,35m27
Gado de corte europeu ou mestiço5*1,35m25 / 5x22 Bezerros 5* 1,35 2x30/3x25
Gado de leite e lavouras3 ou 41,35m45 / 2x32,5 / 35 * O penúltimo fio de cima pode ser farpado
Material Necessário para construção de uma cerca:
Arame liso: Diâmetro mínimo 2,2 m, resistência mínima à ruptura de 600 kgf e galvanizado.
Grampos galvanizados: Os grampos, assim como os arames devem ser galvanizados (que é uma fina cobertura de zinco) para prevenir ferrugem.
Distanciadores de fios (balancins ou tramas): Utilizados quando se quer diminuir a quantidade de mourões intermediários ou lascas, facilitando a construção e diminuindo o custo.
Mourões (postes, palanques ou esteios): Devem ser de madeira de lei ou eucalipto tratado. Podem ser quadrados com 15cm de lado ou roliços, com diâmetro entre 15 e 20cm e com
2,30 ou 2,50cm de altura. O topo deve ser chanfrado para evitar infiltração de água.
Lascas ou mourões intermediários: Devem ser da mesma madeira que os mourões. Quando serrados devem ter 10cm de lado e quando roliços devem ter diâmetro aproximado de 10cm. A altura é de 2,0 a 2,20m. As lascas podem ser perfuradas antes ou durante a construção da cerca, utilizando-se broca ” ou ½”.
Tensionadores: Os tensionadores ou esticadores são utilizados para esticar o arame e é colocado um para cada fio no mourão inicial da cerca, permitindo o tensionamento desejado que é entre 158 e 180kgf. São feitos de metal e deve-se preferir os galvanizados em função da durabilidade. Existem vários modelos de tensionadores, exemplos abaixo:
Tipos de Cercas de Arame Liso: A) Cerca elástica de 3 fios de arame liso e 1 fio de arame farpado com ancoragem simples –
B) Cerca elástica de 4 fios, com ancoragem simples –
C) Cerca elástica de 4 fios, com ancoragem dupla –
Procedimento para construção de uma Cerca.
Após decidir o tipo de cerca mais adequada à situação que dispomos e adquirir material de qualidade, o primeiro passo é:
A) Alinhamento dos mourões e marcação dos intermediários: Dá-se da mesma forma que a cerca de arame farpado.
B) Ancoragem (início e fim do lance): Inicia-se colocando o mourão esticador (veja cerca de arame farpado) e a fêmea da ancoragem. Para lances curtos, de até 50m, por exemplo, em terreno firme, basta 1 escora e uma trava, conforme desenho:
Lances maiores, com 300m ou mais exigem esticador, fêmea, trava e morto, conforme figura: (OBS: O morto é uma peça de 10 cm de diâmetro com 1m de comprimento, enterrada a 1,40m de distância do esticador. A trava é uma peça de 5cmx6cmx1, 5m, colocada sob pressão entre o mourão esticador e a fêmea, encaixada em uma “caixa” aberta com formão a 10 cm do topo dos mourões).
Um outro modelo de ancoragem pode ser utilizado, utilizando um travesseiro (peça de 10cm x 1,0m colocado no pé do mourão principal) tencionado com um rabicho.
Para ancoragem em terreno arenoso utilizam-se outros métodos, conforme figuras a seguir:
C) Canto de Cerca: Deve ser feito como uma ancoragem normal, apenas utilizando-se o mesmo mourão esticador para dois lances de cerca.
D) Meio de Cerca: Quando o lance de cerca excede a 500m, deve-se colocar uma ancoragem no meio, aproveitando um só conjunto de peças para ancorar os dois lances que se formaram.
E) Mourões intermediários ou lascas: Coloca-se nos lugares marcados, da mesma maneira que na cerca de arame farpado.
F) Passagem dos Fios: A ordem de colocação é: 1o o fio mais alto; 2o o fio mais baixo; 3o os demais, de cima para baixo. É importante desenrolar o fio pouco a pouco, cuidando para não desfazer o rolo. Chegando ao final do lance, dar uma volta abraçando o mourão esticador, retornando pelo furo e amarrando o arame.
G) Tensionamento dos fios: Um tensionamento perfeito e igual em todos os fios, entre
150 e 180 kgf é obtido com o auxílio de um tensiômetro. Conseguida a tensão desejada, firmar a ponta do arame com o tensionador escolhido.
H) Ajuste Final dos Mourões intermediários ou lascas: Acompanhe a cerca ajustando a altura dos postes, podendo levantar ou enterrar (com marreta) um pouco, após o que se faz a compactação final. Para evitar estes ajustes pode-se fazer os furos com os postes já fincados. I) Colocação dos distanciadores: Acontece da mesma forma que na cerca de arame farpado.
J) Proteção contra raios: A cerca deve ser interrompida a cada 400m mais ou menos, fazendo um fio terra para cada 50m, conforme figura.
K) Emendas de fios: Existe um emendador de fios lisos chamado emendador gripple. Para quem não utilizar estes emendadores, uma série de emendas é eficiente:
L) Outros detalhes: Como porteiras, colchetes, passagem por valas secas ou com enxurradas e quebra corpo seguem da mesma forma que as cercas de arame farpado.
A cerca elétrica aplica-se em duas modalidades de pastoreio:
Pastoreio Rotativo – utilizando Cercas Elétricas fixas Pastoreio em Faixas – utilizando Cercas Elétricas Temporárias
A escolha do sistema dependerá de: Ø Topografia da área;
Ø Distribuição das chuvas; Ø Lotação a ser utilizada;
Ø Espécie(s) forrageira(s) implantada(s) na área;
Ø Fertilidade do solo; Ø Temperatura ambiente;
Ø Metodologia de pastoreio;
Ø Localização e distribuição de aguadas e saleiros;
Ø Acesso e movimentação de máquinas e animais; Ø Aspectos eletrotécnicos.
Vantagens da Cerca Elétrica em relação à Cerca Convencional
Ø Mais eficaz, pois o efeito sobre os animais é psicológico; Ø Menor custo de implantação e manutenção;
Ø Simples e rápida de construir;
Ø Simples manejo para mover, retirar, modificar, recolher e guardar; Ø Maior vida útil devido o menor desgaste;
Ø Evita machucaduras no couro e no úbere.
Vantagens da Cerca Convencional Ø Mais eficiente em relevo acidentado ou de difícil acesso
Cercas Elétricas fixas utilizarão postes de madeira distanciados 20 m um do outro, arames de aço galvanizado (mínimo 2,1mm) e baixa manutenção, ao passo que as temporárias podem ser feitas com postes de plástico, fibra ou ferro, com menos de 20m entre eles, fios de material flexível (fios de nylon trançados com aço), estendendo-se por, no máximo, 3km e exige alta manutenção, embora esta seja feita no momento da mudança de local.
Para controlar um animal um choque deve ser suficiente e, para tanto, uma voltagem mínima de 2000 volts é necessária. Os fatores que afetam a intensidade do choque são: a voltagem e energia de saída do eletrificador; a qualidade do arame/fio; a qualidade do aterramento e as perdas de energia ao longo da cerca (isoladores deficientes, passagens subterrâneas mal feitas e vegetação encostando-se ao arame/fio).
Os componentes de uma Cerca Elétrica são:
Eletrificador: O eletrificador a ser utilizado numa cerca elétrica deve seguir as regras internacionais de segurança. Eletrificadores caseiros ou “arranjados” põem em risco a segurança das pessoas e dos animais envolvidos. Na escolha do eletrificador é importante levar em conta o comprimento (quilometragem de fio utilizada em toda a extensão da cerca – se for de dois fios, somar as duas distâncias) e o raio de operação (distância máxima do eletrificador ao ponto mais extremo) da cerca. O eletrificador pode ser ligado na rede elétrica, em baterias ou ainda possuir painel solar.
Chave interruptora: Permite desligar o eletrificador de maneira rápida e eficiente. Arame: O arame deve ser galvanizado, pois a ferrugem interfere na condutibilidade elétrica e o diâmetro mínimo deve ser 2,1mm. Pode ser substituído por fios especiais para cercas elétricas. Esticadores de arame: Peças semelhantes às utilizadas em cercas convencionais de arame liso.
Isoladores intermediários: Existem inúmeros tipos de isoladores disponíveis no mercado. O importante é que ele tenha pouco contato com a superfície do arame (não atrapalha o campo magnético e não enferruja o arame com o contato), situe-se a 2,5cm de distância do poste, seja fácil de instalar (não ter que furar o poste e seja fácil de passar o arame) e de fácil reposição (não precisar tirar todo o arame da cerca).
Isoladores de canto: Precisa ser resistente, pois será ele que suportará a tensão do fio no final do lance de cerca.
Isoladores para porteiras: idem ao isolador de canto.
Manoplas para porteiras: Peças que servem para utilização das porteiras sem a necessidade de desligar a cerca. Pára Raio: Normalmente é um equipamento simples e barato, vendido junto com os eletrificadores.
É ligado à cerca, ao eletrificador e aterrado de forma eficiente. Quando há uma descarga elétrica muito alta, ele desvia esta energia vinda da cerca para o fio terra, impedindo a queima do aparelho e incêndios eventuais. Hastes de aterramento: hastes de aço galvanizado (mínimo 3), de pelo menos 1m de comprimento, enterradas no solo com distâncias de 3m entre elas, em linha reta e ligada ao fio terra do aparelho. Cabo de aterramento: Deve ser um cabo isolado, ligando o aparelho às hastes de aterramento, fixado nestas com parafusos. Voltímetro: Aparelho para medir a voltagem em diversos pontos da cerca. Permite ver se o aparelho está funcionando de acordo com o esperado e se há ou não perdas de corrente ao longo da cerca. Placas de advertência: as normas internacionais exigem placas de advertência ao longo da cerca para prevenir acidentes com pessoas desavisadas.
Um Centro de Manejo, também chamado de Mangueira ou Curral de Manejo compreende um grupo de estruturas necessárias ao manejo de bovinos de Corte. As estruturas que o compõem são as seguintes:
Ø Curraletes ou mangueiras: são espaços onde os animais ficam contidos ou armazenados, antes ou depois das práticas de manejo.
Ø Seringa: estreitamento que conduz os animais de um curralete ou mangueira para o brete. Ø Brete: corredor onde podemos enfileirar de 4 a 12 animais, também chamado de tronco coletivo, onde podemos fazer alguns tratamentos simples com os animas. Ø Tronco: ou tronco veterinário ou tronco individual é uma estrutura onde podemos imobilizar parcialmente um animal para realizarmos várias atividades sobre ele, desde inseminações e medicações até tratamentos de casco ou cesarianas, com relativa segurança para o animal e para o homem.
Ø Balança: pode ser para 1 ou vários animais ao mesmo tempo. É o que mede a produtividade da propriedade.
Ø Embarcadouro ou Carregador: Corredor, geralmente localizado na seqüência da balança, com rampa que nivela com a carroceria do caminhão boiadeiro, para transporte do gado. Serve tanto para carregar quanto para descarregar o caminhão. Ø Farmácia: Local para armazenar medicamentos, vacinas e material veterinário.
Pede ser uma sala ou simplesmente um armário, porém precisa ser trancado para evitar acesso de animais, crianças e pessoas não capacitadas.
Ø Escritório: Local para armazenar os dados zootécnicos e escrituração da propriedade. Pode ser uma sala ou simplesmente uma escrivaninha. Deve ser preservado de pessoas não autorizadas.
Tipos de Centros de Manejo: Existem alguns tipos padrões de Centros de Manejo que podem ser utilizados na íntegra ou modificados de acordo com cada situação. A) Curral Aguirre para 100 animais: Este curral é muito bom para um número pequeno de animais, embora não apresente local para colocação da balança. Esta facilmente pode ser colocada entre o tronco coletivo e o tronco individual. Pode ainda ser colocada após o tronco individual e antes do embarcadouro, embora deva ser prevista uma porteira apartadora após a balança.
B) Curral Água Amarela para 240 animais: Este módulo não apresenta tronco individual, que é muito importante para várias práticas de manejo, no entanto este pode facilmente ser alocado na parte final do tronco coletivo.
C) Curral Saladino para 500 animais:
D) Curral Stanley para 1000 animais:
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