23 de abr. de 2018

Importância Econômica de Caprinos e Ovinos de Corte

OVINOS

CAPRINOS

A produção de caprinos e ovinos tem importância para a maioria das economias mundiais e tem um papel fundamental, especialmente, nas economias dos países em desenvolvimento, visto que, além de envolver um componente social, as carnes caprina e ovina são consideradas um produto essencial para esses países, pois são utilizadas como fonte de proteína animal para a população. No Brasil, as carnes caprina e ovina constituem-se em uma das principais fontes de proteína para os que moram na zona rural do País. Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura – FAO (2014), existiam no mundo, em 2012, aproximadamente 1 bilhão de cabeças de caprinos e 1,17 bilhão de cabeças de ovinos, sendo que os países que mais produzem fazem parte do grupo dos países em desenvolvimento.
A exploração dos pequenos ruminantes domésticos no Brasil tem um elevado potencial, uma vez que o País apresenta condições favoráveis à produção de carne e seus derivados, além de calçados e vestuário oriundos das peles. Aproveitando essas condições favoráveis e transformando em produtos de origem caprina/ovina e derivados, o País poderá suprir a demanda de sua população e ainda gerar excedentes que poderão ser exportados. As condições ambientais propícias, aliadas à ampla disponibilidade de terras, principalmente nas fronteiras em expansão do semiárido nordestino e das regiões Centro-Oeste e Norte do País, propiciam custos de produção relativamente baixos, favorecendo esse mercado. Entretanto, os sistemas de produção vigentes, em quase a sua totalidade, representam um retrato dos baixos níveis de organização da cadeia produtiva, com reflexos nos índices de produtividade, na qualidade dos produtos e na falta de regularidade na oferta. Com tais características, as atividades da caprinocultura e da ovinocultura no Brasil ainda não conseguiram desenvolver todo o seu potencial de produção e de competitividade (LEITE, 2005).
Tanto os caprinos quanto os ovinos estão disseminados por todo o território brasileiro. Das 558 microrregiões existentes no Brasil, de acordo com o IBGE, os caprinos estavam presentes em 552 e os ovinos em 547 dessas microrregiões, em 2005 (MARTINS et al., 2006a, 2006b). De acordo com dados do IBGE (2014), em 2012, existiam no Brasil 16,8 milhões de cabeças de ovinos e 8,65 milhões de caprinos, sendo que 56% dos ovinos e 91% dos caprinos estavam localizados na região Nordeste.
A Tabela 1 apresenta o efetivo de caprinos em 31/12/2012 e as participações relativa e acumulada no efetivo total, segundo as Unidades da Federação e os 20 municípios com os maiores efetivos, em ordem decrescente, de acordo com os dados do IBGE. Conforme mencionado anteriormente, mesmo estando disseminados por todos os estados brasileiros, os principais estados produtores de caprinos estão, em sua maioria, na região Nordeste (cerca de 91% do rebanho caprino). Ainda, todos os 20 municípios com maiores efetivos (que detêm 21,7% dos caprinos do Brasil) estão na região semiárida brasileira.

Tabela 1. Efetivo de caprinos em 31/12/2012 e as participações relativa e acumulada no efetivo total, segundo as Unidades da Federação e os 20 municípios com os maiores efetivos em ordem decrescente.
Unidades da Federação e os 20 municípios com os maiores efetivos, em ordem decrescente
Efetivos de caprinos em 31/12
(cabeças)
Participações no efetivo total (%)
Relativa
Acumulada
Brasil
8.646.463
100
Bahia
2 427 207
28,1
28,1
Pernambuco
1 791 422
20,7
48,8
Piauí
1 285 033
14,9
63,
Ceará
 1 024 255
11,8
75,5
Paraíba
473 184
5,5
81,0
Rio Grande do Norte
383 971
4,4
85,4
Maranhão
369 201
4,3
89,7
Paraná
176 130
2,0
91,7
Minas Gerais
114 682
1,3
93,0
Rio Grande do Sul
100 283
1,2
94,2
Alagoas
67 471
0,8
95,0
Pará
59 895
0,7
95,7
São Paulo
59 271
0,7
96,4
Santa Catarina
57 243
0,7
97,0
Mato Grosso do Sul
37 927
0,4
97,5
Rio de Janeiro
28 969
0,3
97,8
Mato Grosso
26 281
0,3
98,1
Amazonas
22 599
0,3
98,4
Tocantins
22 560
0,3
98,6
Sergipe
19 629
0,2
98,9
Espírito Santo
17 930
0,2
99,1
Acre
17 203
0,2
99,3
Rondônia
15 923
0,2
99,4
Roraima
7 622
0,1
99,5
Amapá
2 891
0,0
99,6
Goiás
36 881
0,4
100,0
Distrito Federal
800
0,0
100,0
20 municípios com maiores efetivos
Floresta - PE
268 900
3,1
3,1
Casa Nova - BA
163 236
1,9
5,0
Petrolina - PE
135 800
1,6
6,6
Uauá - BA
135 000
1,6
8,1
Sertânia - PE
100 000
1,2
9,3
Juazeiro - BA
98 547
1,1
10,4
Serra Talhada - PE
92 000
1,1
11,5
Curaçá - BA
87 987
1,0
12,5
Canudos - BA
85 000
1,0
13,5
Monte Santo - BA
82 000
0,9
14,4
Ibimirim - PE
70 000
0,8
15,2
Tauá - CE
68 162
0,8
16,0
Carnaubeira da Penha - PE
67 687
0,8
16,8
Parnamirim - PE
63 745
0,7
17,6
Campo Formoso - BA
63 525
0,7
18,3
Remanso - BA
62 225
0,7
19,0
Macururé - BA
62 167
0,7
19,7
Custódia - PE
60 000
0,7
20,4
Santa Cruz - PE
55 000
0,6
21,1
Belém de São Francisco - PE
54 815
0,6
21,7
Fonte: IBGE ( 2014).
A Tabela 2 apresenta o efetivo de ovinos em 31/12/2012 e as participações relativa e acumulada no efetivo total, segundo as Unidades da Federação e os 20 municípios com os maiores efetivos, em ordem decrescente. Diferentemente dos caprinos, a presença dos ovinos está concentrada, principalmente, nas regiões Nordeste e Sul, mas também se percebe a sua presença em todos os estados do Brasil. É importante frisar que existe uma diferença fundamental no tipo de ovinos entre as referidas regiões: na região Sul predominam os ovinos lanados e no Nordeste os deslanados. Animais com aptidões distintas geram diferenças nos modos de produção onde cada região desenvolve um sistema de produção de acordo com a aptidão dos seus animais e com as características específicas da região. Ressalte-se que dos 20 municípios com os maiores efetivos de ovinos, todos eles são ou da região Sul ou da região Nordeste e os mesmos concentram 18,7% do rebanho ovino brasileiro.
Tabela 2. Efetivo de ovinos em 31/12/2012 e as participações relativa e acumulada no efetivo total, segundo as Unidades da Federação e os 20 municípios com os maiores efetivos em ordem decrescente
Unidades da Federação e os 20 municípios com os maiores efetivos, em ordem decrescente
Efetivos de ovinos em 31/12
(cabeças)
Participações no efetivo total (%)
Relativa
Acumulada
 16 789 492
 16 789 492
 100,0
Rio Grande do Sul
4 095 648
24,4
24,4
Bahia
2 812 360
16,8
41,1
Ceará
2 071 096
12,3
53,5
Pernambuco
1 652 883
9,8
63,3
Piauí
1 240 423
7,4
70,7
Paraná
638 923
3,8
74,5
Rio Grande do Norte
558 563
3,3
77,8
Mato Grosso do Sul
498 064
3,0
80,8
São Paulo
426 957
2,5
83,4
Mato Grosso
377 904
2,3
85,6
Paraíba
374 081
2,2
87,8
Santa Catarina
307 651
1,8
89,7
Maranhão
233 530
1,4
91,1
Minas Gerais
225 955
1,3
92,4
Alagoas
209 527
1,2
93,7
Goiás
191 348
1,1
94,8
Pará
175 757
1,0
95,8
Sergipe
173 422
1,0
96,9
Rondônia
141 972
0,8
97,7
Tocantins
122 388
0,7
98,4
Acre
84 419
0,5
98,9
Amazonas
71 691
0,4
99,4
Rio de Janeiro
49 027
0,3
99,7
Espírito Santo
42 487
0,3
99,9
Distrito Federal
11 000
0,1
100,0
Amapá
2 416
0,0
100,0
20 municípios com maiores efetivos
Santana do Livramento - RS
408 406
2,4
2,4
Alegrete - RS
269 626
1,6
4,0
Quaraí - RS
195 758
1,2
5,2
Uruguaiana - RS
192 180
1,1
6,3
Lavras do Sul - RS
159 814
1,0
7,3
Pinheiro Machado - RS
154 332
0,9
8,2
Casa Nova - BA
150 729
0,9
9,1
Dom Pedrito - RS
150 673
0,9
10,0
Rosário do Sul - RS
147 996
0,9
10,9
Tauá - CE
135 600
0,8
11,7
Floresta - PE
132 300
0,8
12,5
São Gabriel - RS
129 788
0,8
13,3
Dormentes - PE
128 950
0,8
14,0
Bagé - RS
122 857
0,7
14,8
Juazeiro - BA
122 500
0,7
15,5
Uauá - BA
115 000
0,7
16,2
Monte Santo - BA
110 000
0,7
16,8
Serra Talhada - PE
109 000
0,6
17,5
Caçapava do Sul - RS
102 530
0,6
18,1
Piratini - RS
100 115
0,6
18,7
Fonte: IBGE (2014).
De acordo com a FAO, em 2011, o mundo produziu 5,27 milhões de toneladas de carne caprina e 8,35 milhões de toneladas de carne ovina. Desse total 55,4 mil e 822 mil toneladas foram exportadas, o que resultou num valor de exportações de US$ 286 bilhões e US$ 5,47 trilhões, respectivamente de carne caprina e ovina. As importações das carnes caprina e ovina foram, respectivamente, de 61 mil e 852 mil toneladas, gerando US$ 342 bilhões e US$ 5,97 trilhões, respectivamente, de valor das importações (FAO, 2014). Como se vê, a caprinocultura e a ovinocultura movimentam cifras significativas no mercado internacional, e ressalte-se que nos dados citados não estão inclusos os valores referentes aos produtos derivados.
Os dados de exportação e importação da FAO relativos a 2011 mostram que os dez maiores países exportadores de carne ovina são, em ordem decrescente: Nova Zelândia, Austrália, Reino Unido, Irlanda, Espanha, Holanda, Bélgica, Uruguai, Paquistão e Índia. Já os dez maiores exportadores de carne caprina são, em ordem decrescente: Austrália, Etiópia, China, Paquistão, França, Arábia Saudita, Espanha, Argentina, Nova Zelândia e Holanda. Com relação à importação, os dez maiores importadores de carne ovina são, em ordem decrescente: França, Reino Unido, China, Estados Unidos da América, Arábia Saudita, Alemanha, Bélgica, Emirados Árabes Unidos, Holanda, Hong Kong e Taiwan. Os dez maiores importadores de carne caprina são, em ordem decrescente: Estados Unidos da América, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Oman, Taiwan, Hong Kong, Trinidade Tobago, Canadá e Itália (FAO, 2014).
Segundo estimativas feitas a partir de dados da FAO (2014), o consumo aparente de carne caprina e ovina no Brasil foi de aproximadamente 118.313 toneladas em 2011. O Brasil é um importador líquido das carnes caprina/ovina: em 2011, o Brasil importou 5.135 toneladas e exportou  apenas 9 toneladas, o que resulta numa importação líquida de 5.126 toneladas. Como o crescimento populacional (tanto em nível mundial como no Brasil) aumenta significativamente a demanda por proteína animal, a tendência é que cada vez mais o mundo demande produtos de origem animal. Esses dados mostram que existe uma possibilidade enorme de mercado a ser conquistado, dado que o Brasil tem condições favoráveis e potencial para produzir carne de melhor qualidade do que a carne importada.
Diante deste cenário, percebe-se que a caprinocultura e a ovinocultura de corte têm potenciais produtivos de significativa importância para a economia brasileira, sobretudo naquelas regiões de maior concentração de rebanho, como é o caso das regiões Nordeste e Sul. No entanto, essas cadeias produtivas ainda não estão totalmente organizadas em todos os seus elos, mas vêm se ajustando ao longo dos últimos anos. Políticas públicas têm sido implementadas com o intuito de desenvolver a cadeia produtiva desses diferentes setores, e isso vem propiciando uma readequação dos arranjos produtivos, tornando-os mais competitivos, conforme demonstra as várias experiências exitosas que têm surgido em quase todos os estados produtores.






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