A região Nordeste compreende nove estados da União (Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia), ocupando uma área de aproximadamente 1.222.354 km2, o que corresponde a aproximadamente 14,4 % do território nacional (IBGE, 2013). Sua localização geográfica vai de 1º a 18º latitude sul e de 34º30` a 48º20` longitude oeste. Cerca de 60% da área total corresponde ao semiárido nordestino. Em termos de rebanhos caprinos e ovinos, dos mais de nove milhões de cabeças de caprinos presentes no Brasil, cerca de 90% estão na região Nordeste, enquanto que os ovinos são 17 milhões de cabeças, sendo mais da metade no Nordeste (IBGE, 2009).
Clima
O clima da região, de acordo com a classificação de Köppen, é um clima semiárido quente, na grande maioria da sua extensão territorial, com temperaturas elevadas, baixa umidade relativa do ar, evaporação maior que a precipitação e curta estação chuvosa. A temperatura média da região fica em torno de 27 °C (ANGELOTTI et al., 2011). Durante a época seca, a temperatura do solo pode chegar a 60 °C. Não há grandes variações de temperatura ao longo do ano, sendo tal fator mais afetado pela altitude do que pela insolação. A umidade do ar no período chuvoso pode ser maior que 80%, mas durante os longos períodos secos pode ficar abaixo dos 50%. A precipitação pluvial varia de 250 a 1.000 mm. A evapotranspiração potencial situa-se em torno de 2.700 mm/ano, caracterizando um elevado déficit hídrico, com um índice de aridez médio de 0,30 (SILVA et al., 2010).
Solo
A região semiárida apresenta grande diversidade de solos, em algumas situações com características distintas em uma mesma paisagem. Pode-se considerar que os solos da região semiárida vão do extremo arenoso dos Neossolos Quartzarênicos ao argiloso dos Luvissolos; dos Litossolos rasos e pedregosos aos profundos Latossolos; da baixa fertilidade dos Argissolos à alta fertilidade dos Vertissolos. Ainda, apresentam solos considerados característicos de zonas semiáridas, com pH elevado e alta saturação de bases, a solos mais encontrados nos trópicos, ácidos e lixiviados. De maneira geral, pode-se citar que os solos de maior abrangência nesta região são os Latossolos, os Argissolos, os Neossolos Quartzarênicos e Litólicos, os Planossolos e os Vertissolos (SAMPAIO et al., 1995; SILVA et al., 2006).
A região semiárida é caracterizada por uma grande diversidade ambiental, tornando difícil generalização sobre fertilidade de solos. No entanto, trabalhos sugerem que as deficiências de fósforo (P) são comuns; em relação aos cátions potássio, cálcio e magnésio as limitações são mais restritas. Resultados de pesquisas sugerem que há respostas positivas e significativas para nitrogênio e fósforo; confirmando as deficiências de fósforo e indicando que esses solos também apresentam limitações em nitrogênio (SAMPAIO et al., 1995).
O emprego de doses baixas de fertilizantes nos cultivos no semiárido produz retorno econômico, e que o não uso de adubos é justificado pelos agricultores acreditarem não compensar o investimento em função da suscetibilidade do clima, especialmente no que diz respeito à irregularidade de chuvas na região (SAMPAIO et al., 1995).
Os dados disponíveis para a região semiárida sobre os fatores que controlam a disponibilidade de fósforo são bastante limitados, em comparação com dados para regiões em que predomina agricultura comercial com elevados insumos. Ressalta-se a necessidade de manter um nível adequado de atividade biológica no solo, decorrente dos aportes de resíduos orgânicos associados à presença de plantas. Essa atividade favorece a manutenção de uma proporção significativa do P em formas orgânicas, evitando sua sorção pela fase mineral coloidal e a eventual formação de compostos inorgânicos relativamente inertes (SALCEDO, 2006).
Os valores médios de carbono orgânico do solo do bioma caatinga estão em torno de 9,3 g kg-1, considerando que 58% da matéria orgânica é carbono, o valor médio seria de 15,9 g kg-1 (MENEZES et al., 2012), o que é justificável em função da não reposição de nutrientes (baixo uso de estercos na área) e manejos pouco conservacionistas empregados por alguns agricultores como cultivo intensivo, não adoção do pousio e abertura de áreas de capoeira.
Vegetação
A maior parte do território é ocupada por vegetação xerófila, denominada caatinga, que em tupi guarani significa mata branca, abrangendo uma área total de cerca de 824.000 km2 (GIULIETTI et al., 2002).
A vegetação de caatinga é constituída especialmente de espécies arbustivas e arbóreas de pequeno porte, geralmente dotada de espinhos, sendo caducifólias em sua maioria, perdendo suas folhas no início da estação seca. O componente herbáceo é formado por espécies anuais de grande importância na época chuvosa como fonte de alimentação para os rebanhos de ruminantes.
A caatinga possui registradas mais de 1.500 espécies (GIULIETTI et al., 2006). A presença de espécies endêmicas indica a rqiqueza desse ecossistema, sendo que já foram encontrados vinte gêneros, mais de 300 especies, sendo 80 da familia leguminoseae (GIULIETTI et al., 2002).
A região da caatinga é classificada como savana estépica. No entanto, existem diferentes unidades de paisagem, que variam em função de diferenças de pluviometria, fertilidade e tipo de solos e relevo. A divisão entre agreste e sertão é a mais conhecida, sendo o primeiro caracterizado por uma faixa de transição entre a caatinga e a mata atlântica, enquanto o sertão apresenta vegetação mais característica de caatinga. Outras denominações de sertão, são: Seridó, Curimataúcu, Caatinga e Carrasco.
Uma das classificações mais utilizadas atualmente divide a caatinga em oito regiões (GIULIETTI et al., 2002).
Complexo do Campo Maior- praticamente todo o Estado do Piauí e um pequeno pedaço do sudoeste do Maranhão. É uma zona que sofre inundações periódicas nas planícies sedimentares.
Complexo do Ibiapaba-Araripe – formado pelas Chapadas da Ibiapaba e do Araripe, no Estado do Ceará. Estende-se pelas fronteiras oeste do Ceará e nordeste do Piauí, pelo sul do Ceará e pela parte central do Piauí em direção ao sul. O clima sobre a Chapada do Araripe é quente e semiárido, com precipitação média anual de 698 mm no setor ocidental e 934 mm no setor oriental. Nas encostas das chapadas floresta pluvial, enquanto nos topos existe cerrado que guarda pouca relação com as áreas de Cerrado do Planalto Central. As demais áreas da ecorregião são cobertas por carrasco.
Depressão Sertaneja Setentrional - é a área mais árida da caatinga. Compreende desde a fronteira norte de Pernambuco, estendendo-se por quase toda a Paraíba, incluindo ainda parte do Rio Grande do Norte e Ceará. Prolonga-se até uma pequena faixa ao norte do Piauí. A principal característica dessa ecorregião são as chuvas irregulares ao longo do ano, especialmente durante o curto período chuvoso.
Planalto da Borborema - envolve territórios dos estados do Rio Grande do Norte, da Paraíba, de Pernambuco e de Alagoas. Tem como principais características a presença de um relevo movimentado e grandes altitudes, o que determina mudanças de clima e vegetação.
Depressão Sertaneja Meridional - é a maior parte do bioma caatinga. A diferença entre essa e a Depressão Sertaneja Setentrional está no fato de a primeira apresentar melhor regularidade de chuvas e maior ocorrência de corpos de água temporários.
Dunas do São Francisco - é caracterizada pela presença de dunas de areias quartzosas. Está no Centro oeste do bioma.
Complexo da Chapada Diamantina - Localizada na parte centro-sul do bioma, integralmente no Estado da Bahia. É a região onde são registradas as menores temperaturas. Caracteriza-se pela presença de ilhas de campos rupestres, especialmente nas áreas de maior altitude, e é cercada de caatinga nas áreas baixas.
Raso da Catarina - caracteriza-se pela presença de uma caatinga arbustiva, com solo de areia muito densa. Localiza-se no centro-leste do bioma.
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