27 de jun. de 2018

Principais Raças Bovinas de Corte no Brasil



A pecuária bovina é um dos principais setores da economia brasileira. O mercado de bovinos tem um valor bruto de produção estimado em 74,38 bilhões neste ano, de acordo com levantamento do Ministério da Agricultura. Além disso, a área deve prosperar bastante nos próximos anos.
Segundo projeção do ministério, a produção de carne bovina deve crescer 21% na próxima década, chegando a um volume de 10.236 mil toneladas em 2026 (leia mais: aumento de produtividade é responsável por 80% do crescimento da agropecuária).
  O crescimento expressivo está ligado ao número de cabeças de gado do país, que formam o maior rebanho comercial do mundo, com 214 milhões de animais. Só neste ano, foram abatidas 30,6 milhões de cabeças em todo o Brasil, de acordo com dados do IBGE.   Outros fatores que tornam o Brasil competitivo no mercado de carne são a diversidade das raças existentes no País e o desenvolvimento genético, que seleciona animais com desempenho superior para a pecuária de corte e a produção leiteira. Confira na lista abaixo algumas raças bovinas que compõem o rebanho brasileiro e impulsionam o desenvolvimento da pecuária nacional.
A força dos bovinos
Os bovinos podem ser divididos de acordo com duas classificações. Os taurinos, de origem europeia, e os zebuínos, originários da Ásia. De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC), por causa da adaptação ao clima tropical, os zebuínos se desenvolveram mais no Brasil e representam atualmente cerca de 80% do rebanho brasileiro.   Os zebuínos brasileiros são fruto do cruzamento com outras espécies e, apesar de manterem as principais características zebu, eles se diferenciam dos bois de outros países. “O Brasil possui uma tecnologia em agropecuária única no planeta e tem a melhor genética zebuína do mundo”, afirma Antônio Jorge Camardelli, presidente da ABIEC em publicação comemorativa da associação.

Nelore

É a raça predominante no Brasil, muito procurada por produtores de carne. Sua característica marcante é a pelagem branca, que pode ter tons de cinza claro. Tem orelhas pontiagudas e chifres curtos, mas algumas variações são mochos, ou seja, sem chifres.       

Boi Guzerá 

Guzerá Foi a primeira raça de zebuíno a ser trazida para o País e é uma das mais antigas do mundo. É reconhecida por possuir um par de chifres grandes e curvados para cima e pode ser direcionada tanto para a pecuária de corte como de leite. A pelagem varia em tons de cinza, do mais claro ao escuro. Os animais apresentam grande porte, a raça é muito fértil e resistente à seca. 
        
boi Gir 

Gir Trazido ao Brasil em 1911, das montanhas Gir na Índia, a raça é indicada para a pecuária de leite. Inclusive, a raça Girolando, a mais famosa na produção leiteira no Brasil é resultado de cruzamento de Gir com a vaca Holandesa. Os indivíduos dessa raça apresentam chifres compridos e torcidos para baixo, com orelhas enroladas na parte superior. A pelagem varia do vermelho ao amarelado e pode apresentar pintas. A raça é dócil e as fêmeas têm grande habilidade materna.     

Gado cangaian 

Cangaian Essa raça chegou ao Brasil entre 1962 e 1963, vindo da região Sul da Índia. A raça representa um rebanho pequeno e pouco representativo, em números, no Brasil. Os bois têm pequena estatura e possuem chifres longos e grossos, mas são indicados somente à produção de carne, porque não produzem muito leite. São muito resistentes ao calor e a doenças.           

Gado brahman 

Brahman Veio em 1994 dos Estados Unidos e é o resultado do cruzamento de Nelore, Guzerá, Sindi, Cangaian e Indubrasil. A coloração pode ser cinza-claro, cinza-escuro ou vermelho. Não tem chifres e as orelhas são de tamanho médio. É indicado como gado de corte (leia mais: conheça as vantagens de criar brahman).       

Boi tabapuã 

Tabapuã Surgiu ao cruzar zebuínos Nelore, Gir e Guzerá com os mochos brasileiros e apesar de ser uma raça  nacional, é criada também em outros países, na maioria da América do Sul. A pelagem varia do branco ao cinza e não possui chifres. É usado na produção de carne, porque tem boa musculatura.       

Gado sindi 

Sindi Originária da província de Sindi, no Paquistão, a raça veio para o Brasil em 1952 e é formada por animais resistentes, que sobrevivem em locais secos e com pouco pasto sem perder peso. Por causa disso, são criados principalmente em regiões nordestinas. São bois pequenos, com chifres curtos e pelo vermelho. Podem ser usados para a produção de carne ou leite.

         Gado indubrasil 

Indubrasil A raça é fruto do cruzamento de Nelore, Gir e Guzerá. Surgiu no Brasil em 1930, sendo criação de bovinicultores do Triângulo Mineiro. A pelagem pode ser branca, cinza ou vermelha e tem chifres médios. É usado como gado de corte e já foi exportado para os Estados Unidos.       

Gado angus 

Angus Essa é a mais famosa raça de taurinos no Brasil. Seu nome ficou conhecido e a raça se popularizou especialmente a partir do investimento de grandes empresas, como o MC Donald’s, que criou um hambúrguer com a carne Angus. De acordo com a Associação Brasileira de Angus, as principais vantagens da raça para a criação são a alta fertilidade e precocidade, pois atingem a puberdade e o estado de abate mais cedo. Seu diferencial é a ótima qualidade da carne, que é marmorizada e macia (leia mais: angus garante produção de carne com qualidade superior).     

Gado caracu 

Caracu É um gado taurino português, trazido para o Brasil na época colonial, que tem pelagem amarela ou alaranjada. Segundo informações do Conselho Nacional de Pecuária de Corte, a raça é extremamente rústica, atingindo níveis de engorda mesmo em pastagens ruins. Outra vantagem da raça é ser resistente a doenças endêmicas brasileiras e a ectoparasitas. É usada como gado de corte ou de leite e também como animal de tração.   

Charolês 

Gado charolês De origem francesa, essa raça taurina é excelente para produção de carne. Informações do Conselho Nacional de Pecuária de Corte indicam que, no Brasil, é também muito usada na criação de mestiços, como o gado Canchim. A raça possui pelagem branca ou creme, com narinas rosas e é uma das melhores para engorda em confinamento, porque chega a atingir, em machos adultos, mais de uma tonelada (leia mais: conheça as vantagens de criar charolês).










17 de jun. de 2018

Consorciação de plantas forrageiras na produção leiteira



Atualmente, é comum observarmos vacas leiteiras criadas à base de pasto alimentando-se essencialmente de monoculturas de forragem, geralmente apenas gramíneas de gênero C3. Quanto aos animais confinados, uma característica comum dos sistemas é a alimentação regular, leia-se, os mesmos ingredientes e porcentagens ao longo do ano. Nestas duas situações é praticamente inexistente o emprego de leguminosas na dieta dos animais.

Embora o uso de pastagens consorciadas promova diversos benefícios ao solo e as plantas, como o aporte de nitrogênio no sistema por meio do processo de fixação biológica de N, e a melhoria da qualidade nutricional da pastagem, principalmente em termos de PB e digestibilidade, a prática ainda é muito pouco explorada por produtores brasileiros.

No entanto, além destes benefícios, o uso de pastagens consorciadas tem mostrado um potencial de modificar o perfil de ácidos graxos (ou gordura) do leite. Tal fato tem chamado a atenção de muitos pesquisadores acerca deste tema, impulsionados diretamente pela demanda crescente de consumidores cada vez mais preocupados com a qualidade nutricional dos produtos que consomem.

Na maioria dos casos, as pesquisas que avaliam o perfil lipídico do leite buscam o aumento dos ácidos graxos poli-insaturados, em especial o ácido linoleico conjugado (CLA).  Shokryzadan et al. (2017) revisaram inúmeros estudos envolvendo o CLA e seus benefícios aos seres humanos, e os autores sentiram-se seguros em afirmar os efeitos benéficos do isômero CLA sobre o controle do peso corporal e também a inibição de diversos tipos de câncer em animais. No entanto, estas e outras questões como a diminuição do risco de doença cardiovascular em seres humanos ainda são controversos, embora os resultados preliminares sejam animadores.

Na literatura mundial, diversos estudos comparam sistemas à base de pasto com sistemas confinados e a influência disto no percentual de CLA no leite. Contudo, são escassos trabalhos que comparem apenas sistemas pastoris de monocultura com sistemas mistos. Os autores Rego et al. (2016), avaliaram vacas leiteiras da raça Holandesa em dois regimes de alimentação, em que no primeiro momento os animais foram mantidos em pastagem com suplementação de 5 kg de concentrado dia-1, e na sequência, os animais foram alocados em um confinamento no qual recebiam uma dieta composta por 60% de silagem de milho e 40% de concentrado. Após os 21 dias de confinamento as vacas retornaram a pastagem, que por sua vez era composta majoritariamente por azevém e trevo branco.

A concentração dos isômeros CLA no leite (g/100g de ácidos graxos totais) foi semelhante entre as duas etapas de pastagem, e estas, superiores ao período que os animais permaneceram confinados (1,71 e 1,58 vs. 0,85). Os mecanismos que explicam estas mudanças não estão completamente elucidados. Todavia, a principal hipótese é de que as leguminosas possuem compostos secundários, como os terpenos e os polifenóis que poderiam diminuir a taxa de biohidrogenação ruminal (Chilliard et al., 2007).

Lahlou et al. (2014) que trabalharam com vacas Holandesas confinadas versus animais à base de pastagem composta de 55% gramíneas e 45% leguminosas (trevo branco e vermelho) atribuíram a maior quantidade de CLA para os animais a pasto (1,06 vs. 0,71 g/100 g de ácidos graxos totais), devido aos polifenóis do trevo vermelho, os quais também poderiam proteger os lipídeos da biohidrogenação no rúmen.

Embora o mecanismo de ação destes compostos ainda não esteja totalmente claro, os resultados de pesquisa evidenciam a influência do consumo de leguminosas na composição do leite de vacas. Ao mesmo tempo, os trabalhos têm demonstrado que o consumo de produtos ricos em CLA parece ser promissor para a saúde humana. Aqui, gera-se então uma hipótese de que alimentar vacas com pastagens consorciadas pode ser uma alternativa para enriquecer ainda mais a qualidade nutricional do leite. Neste contexto, abre-se o precedente: podemos futuramente explorar este nicho de mercado?

Autores do artigo: 

Daniel Augusto Barreta e Beatriz Danieli > Zootecnistas e mestrandos do PPGZOO UDESC.

Ana Luiza Bachmann Schogor > Zootecnista, Professora Doutora do Departamento de Zootecnia da UDESC Oeste

A produção animal, em grande parte das regiões tropicais, é limitada principalmente, pela variação de qualidade da forragem em oferta ao longo do ano. Essa qualidade é reflexo da concentração da produção no período das chuvas, com grande oferta de forragem, porém, em contradição nas demais estações do ano, com baixa oferta e qualidade, afetando diretamente a produção animal. Além disto, as gramíneas tropicais possuem menor qualidade de forragem do que as gramíneas de clima temperado e a introdução de leguminosas adaptadas nas pastagens tropicais resolvem problemas como a baixa disponibilidade de nitrogênio e os baixos teores de proteína na dieta dos ruminantes.
A consorciação é uma prática que permite associar numa mesma área o plantio de culturas diversas para aumentar o rendimento, enriquecer a vida biológica do solo e protegê-lo contra a erosão. Podendo também ser considerada como uma técnica agrícola de conservação que visa um melhor aproveitamento em longo prazo do solo, bem como o cultivo na qual se utiliza mais de uma espécie de planta na mesma área e no mesmo período de tempo (Peixoto et al., 2001). Sendo algumas espécies mais adaptadas à consorciação, como os gêneros Stylosanthes, Arachis, Leucaena, dentre outras.
Mas para a adoção dessa técnica é necessário avaliar alguns pontos críticos do processo, como as diferenças morfológicas entre leguminosas e gramíneas forrageiras, em que as gramíneas são mais eficientes na utilização de água, de alguns nutrientes minerais e apresentam uma eficiência fotossintética mais alta, que resulta na taxa de crescimento e potencial de produção de forragem superior ao das leguminosas (Nascimento Jr., et al., 2002). Ressaltando também sua forma de crescimento e propagação diferenciada, onde a gramínea é mais agressiva e competitiva, pela presença de perfilhos e ramificações, já a leguminosa apresenta grande dependência da planta mãe, custando a possuir vigor e eficiência própria. 
Dentro desses critérios, o manejo deve ser direcionado para favorecer as leguminosas, porém sem comprometer a produtividade das gramíneas, escolhendo uma associação compatível entre a gramínea e a leguminosa, em que as condições climáticas não sejam limitantes, assegurando um suprimento adequado de nutrientes, para otimizar o crescimento da leguminosa forrageira. 
Dentre os benefícios do uso de leguminosas estão a melhor qualidade do pasto; maior ganho de peso animal; economia nos gastos com adubação nitrogenada; recuperação de áreas degradadas; maior cobertura de solo e melhor proteção, além da garantia de um processo não poluente e ambientalmente correto. 
O melhor desempenho animal em pastagens consorciadas é explicado por apresentarem em geral melhor valor alimentício em relação às gramíneas. Maiores níveis de proteína bruta e de digestibilidade são os atributos mais marcantes (Pereira, 2002).
O uso de leguminosas em pastagens vem para suprir os níveis de nitrogênio que, ao longo dos anos, acaba se tornando insuficiente para o desenvolvimento satisfatório das gramíneas, logo, a consorciação em pastagens é uma forma de aumentar o aporte de N no sistema, uma maneira econômica.
Não se trata de uma novidade para o pecuarista, embora o emprego desta técnica, anteriormente, tenha implicado em limitações pela própria falta de tradição e conhecimento dos pecuaristas, e técnicos em usar e manejar adequadamente as pastagens consorciadas.

Dheyme Cristina Bolson, Graduanda em Zootecnia – UFMT, Campus Sinop;
Dalton Henrique Pereira, Professor da Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Sinop;
Bruno Carneiro e Pedreira, Pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril.

ESCOLHA DE FORRAGEIRAS PARA A PRODUÇÃO DE LEITE.pdf

clique na foto abaixo e leia o artigo ou baixe








9 de jun. de 2018

Gestão da Água na Suinocultura



Mais um fantástico trabalho que a EMBRAPA nos oferece e que orgulhosamente nosso BLOG divulga.

Um trabalho essencial para os profissionais da área, (produtores, técnicos, professores e afins)

A partir de 2010, a Embrapa Suínos e Aves, o Sindicato das Indústrias de Carne e Derivados (Sindicarne/SC), a Universidade Federal de Santa Catarina (PPGEA-UFSC), a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (FAPESC) e a Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS) decidiram formalizar uma parceria para atualizar os parâmetros de consumo de água e produção de dejetos na suinocultura. O objetivo principal desta parceria foi o estudo da gestão da água e do manejo de dejetos nas propriedades produtoras de suínos. Outra intenção foi a atualização dos valores de referência para estes parâmetros, de modo a servirem de base para o processo de atualização da Instrução Normativa (IN-11), dispositivo legal utilizado pela Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina (FATMA) no licenciamento ambiental de propriedades suinícolas.
Dessa experiência bem sucedida surgiu a oportunidade de reunir os principais atores envolvidos com a produção de suínos em Santa Catarina e editar um documento que sugerisse a técnicos e produtores o que fazer para utilizar de modo sustentável a água. Esta publicação é a materialização desta convergência de interesses. De forma inédita, buscou-se concentrar em um
único documento todos os itens que impactam a gestão da água. O texto
enfatiza a descrição de procedimentos, aponta sugestões que interferem na gestão da água e deixa claro os prejuízos que o produtor registra quando não combate o desperdício.
São notórios os avanços dos últimos anos na relação entre suinocultura e meio ambiente. Todos concordam, no entanto, que ainda há um bom caminho a percorrer. Como fica claro no decorrer deste documento, o aprimoramento dos avanços ambientais já conquistados passa pela melhoria da gestão da água dentro da propriedade. É na água, por exemplo, que começa boa parte dos problemas relacionados aos subprodutos e resíduos da produção. É com foco neste desafio que este documento se coloca à disposição de quem vive diariamente a suinocultura.

O Prosa Rural desta semana traz informações especiais para quem é suinocultor, pois aborda a gestão da água na suinocultura. Quem acompanhar o programa vai saber que hoje em dia é possível criar porcos, e muito bem, com muito menos água do que antigamente. E mais: o pesquisador Paulo Armando de Oliveira, da Embrapa Suínos e Aves, dá dicas sobre o bom uso da água e explica quais são os resultados dessa prática, entre outros, ganhos imediatos para o meio ambiente, para os animais e também para o bolso do produtor.







1 de jun. de 2018

Controle de Verminose em Caprinos e Ovinos


Sanidade - Controle de Verminose

O uso efetivo de drogas anti-helmínticas proveu, durante muitos anos, a base para manutenção da sanidade dos rebanhos de caprinos e ovinos no mundo todo. No entanto, devido ao surgimento da resistência parasitária e devido ao alto custo dos medicamentos, o controle tradicional vem sendo substituído por uma combinação de métodos e alternativas cujo objetivo é atacar o problema de diferentes formas e reduzir ao máximo o uso de medicamentos. Essa estratégia, associada a um conjunto de práticas de manejo, irão constituir um programa integrado de controle, cuja elaboração deverá ter por base as seguintes orientações: 1) usar várias estratégias; 2) manter uma carga parasitária mínima; 3) manter o desempenho produtivo; 4) retardar o aparecimento da resistência anti-helmíntica; 5) reduzir os resíduos na carne, no leite e no ambiente.
No entanto, um bom programa de controle da verminose é aquele que foi adaptado à realidade de cada propriedade, que é influenciada por diferentes fatores. Sendo assim, embora recomendações gerais sejam descritas aqui, não existe um programa pronto a ser entregue ao produtor rural como uma “receita de bolo”. O criador deverá, portanto, avaliar suas condições particulares e, com a ajuda de um técnico, ter habilidade para aplicar as ferramentas disponíveis de acordo com sua realidade. Ao montar um bom programa de controle, o criador se permitirá, da melhor forma possível, realizar o equilíbrio entre os animais e parasitas, minimizando os prejuízos e mantendo a viabilidade da produção.

Conhecendo a Doença

A verminose é um dos principais problemas na criação de caprinos e ovinos no mundo todo. Afeta praticamente todos os animais a campo, sendo mais grave em animais jovens. Causa prejuízos para os produtores devido às despesas adicionais com mão de obra, medicamentos e mortalidade. A doença é causada por diversas espécies de vermes, sendo o principal Haemonchus contortus que se alimenta de sangue.

Conhecendo os Sintomas

Os principais sintomas são diminuição do apetite, emagrecimento, pelos arrepiados e sem brilho, anemia e, às vezes, diarreia (Figuras 1 e 2). A mortalidade gira em torno de 30%.
Autor: Raymundo Rizaldo Pinheiro
Figura 1. Animal com diarreia.
Autor: Raymundo Rizaldo Pinheiro
Figura 2. Mucosa do olho branca (sinal de anemia).

Conhecendo a Contaminação

A principal fonte de contaminção é o próprio pasto onde as larvas dos vermes se desenvolvem após serem eliminadas junto com as fezes. Água e alimentos contaminados também podem servir de fonte de contaminação.

Fatores que Influenciam a Ocorrência da Verminose

A verminose pode ser mais grave em alguns rebanhos ou em alguns animais, e principalmente em algumas épocas, devido à influência do manejo, fatores do meio ambiente e das características do próprio animal. Esses fatores são:
  • Clima: calor e presença de chuvas aumentam a verminose.
  • Animais: categorias como cabritos e cordeiros jovens, fêmeas em gestação ou lactação, bem como algumas raças são mais sensíveis à verminose.
  • Doenças e nutrição: animais com doenças, como a linfadenite (mal do caroço) e a CAE (mal do joelho) e animais malnutridos são mais susceptíveis.
  • Resistência dos vermes aos medicamentos: o uso frequente e inadequado dos medicamentos leva à perda da sua eficiência.

Controlando a Verminose

Para se controlar a verminose, é preciso atacar a doença de diferentes formas e reduzir ao máximo o uso de medicamentos. Porém, o plano de controle da verminose deverá ser adaptado a cada realidade. Portanto, o produtor deverá avaliar a situação e escolher quais medidas poderão ser aplicadas na sua propriedade. As alternativas disponíveis são diversas e se baseiam no controle dos fatores que influenciam a ocorrência da doença. Elas buscam prevenir ou limitar ao máximo o contato entre o parasita e os animais. A seguir serão destacadas as principais medidas que podem ser utilizadas no controle da verminose, lembrando sempre que a pastagem é a principal fonte de contaminação.
Lembre-se: A verminose quando não controlada é a doença responsável pelo maior número de mortes e prejuízos nos rebanhos caprino e ovino.
Reduzindo a contaminação
  • Evite a superlotação de animais.
  • Forneça água e alimentos de boa qualidade.
  • Faça a limpeza regular das instalações. Mantenha cochos de água e alimentos sempre limpos e colocados fora das baias.
  • Escolha capim que possa ser utilizado em pastejo alto (> 15 cm), pois a maioria dos vermes se encontra até 5 cm do solo.
  • Alterne o pastejo com plantas nativas (Ex: Caatinga) e capim cultivado nas propriedades que possuam esta condição.
  • Reserve para feno ou silagem o capim oriundo dos piquetes mais contaminados.
  • Utilize o descanso de pastagens, ou alterne com culturas, pastejo de restolhos ou palhadas.
  • Coloque o esterco nas esterqueiras por um período mínimo de 60 dias antes de aplicar nas pastagens – a fermentação promove a morte das larvas.
  • Separe os animais jovens dos adultos, tanto na baia como no piquete. Animais adultos pastejam antes dos jovens; se possível, dê preferência ao confinamento de animais jovens (sensíveis).
  • Use o pastoreio rotacionado com espécies animais diferentes: utilizar outras espécies no mesmo pasto faz com que os vermes de ovinos e caprinos sejam reduzidos ao serem ingeridos por esses animais (Ex: ovinos e bovinos no mesmo pasto – Figura 3).
  • Forneça ração (1% peso vivo) para disponibilizar proteína a borregos e cabritos até a desmama.
  • Forneça ração para cabras e ovelhas em gestação e com crias ao pé.
Autor: Raymundo Rizaldo Pinheiro
Figura 3. Modelo de pastoreio rotacionado com ovinos e bovinos. Cada módulo é dividido em 8 piquetes e a cada 40 dias ovinos são transferidos para o módulo onde estavam bovinos e assim sucessivamente.
Fonte: Fernandes et al. (2004)
Selecionando animais para o tratamento
Atualmente, não se recomenda mais aplicação de vermífugos em todo rebanho sem antes identificar os animais com real necessidade de tratamento. Porém, a identificação pode ser difícil caso os animais não apresentem sinais evidentes de verminose. Nesse caso, poderão ser utilizados métodos específicos para seleção dos animais que necessitam tratamento mesmo sem sintomas. Um deles é a realização da contagem de ovos de parasitas nas fezes (OPG - ovos por grama de fezes). Porém, o exame de fezes exige o envio de amostras para um laboratório. Todos os animais que apresentarem resultados superiores a 1000 ovos/g deverão receber medicação. Esse método, embora eficiente, torna-se trabalhoso e de alto custo em grandes rebanhos. Uma forma mais prática é avaliar o grau de anemia dos animais através da observação da mucosa ocular, método conhecido como FAMACHA. Nesse método, utiliza-se um cartão com cores que indicam o grau de anemia dos animais. Os animais cuja coloração da mucosa ocular indicar nível de anemia igual ou superior a 3, precisam receber vermífugo, conforme a Figura 4.
Atenção!
  • Em regiões onde se usa pastagem cultivada e há grande incidência de verminose, recomenda-se o exame dos animais utilizando o cartão FAMACHA a cada 7 dias.
  • Em regiões semiáridas, recomenda-se a realização do exame a cada 15 dias no período chuvoso e a cada 30 dias no período seco.
Autor: Raymundo Rizaldo Pinheiro
Figura 4A. Exame da mucosa ocular.
Figura 4B. Cartão Famacha pequeno em várias línguas, lançado em 2005 - com o auxílio do cartão observa-se o grau de anemia e a indicação para a necessidade de tratamento ou não. Os animais deverão ser tratados quando apresentarem anemia do nível 3 ou superior.
Fonte: Van Wyk et al (1997).
Utilizando vermífugos corretamente
As drogas contra verminose ainda são muito importantes para o seu controle, porém o uso inadequado e por um longo período pode ser catastrófico para o produtor, levando a resistência dos vermes. Para evitar a perda da eficiência das drogas disponíveis, não se usa mais a vermifugação de todo o rebanho, devendo-se atentar para os critérios utilizados para o uso correto.
  • Vermifugue emergencialmente os animais em que os sintomas estejam visíveis (emagrecimento, anemia, papeira, diarreia, queda na produção de carne ou leite). Geralmente apenas 10% do rebanho manifestam tais sintomas. Animais sem sintomas evidentes devem ser avaliados quanto à necessidade de tratamento pelos métodos descritos anteriormente (OPG ou FAMACHA).
  • Trate os animais de compra antes de incorporá-lo no rebanho.
  • Não vermifugue as fêmeas no terço inicial da prenhez (primeiros 45 dias), para evitar problemas de malformação da cria.
  • Vermifugue as fêmeas 30 dias antes do parto.
  • Vermifugue os animais que vão entrar na estação de monta.
Atenção!
  • Após a vermifugação, deixe os animais presos no chiqueiro ou no aprisco por, pelo menos, 12 horas (faça as vermifugações sempre no final da tarde).
  • Cabritos e cordeiros deverão ser vermifugados somente após o contato com o pasto, geralmente após a terceira semana de pastejo.
  • Leia a bula do vermífugo e siga as instruções do fabricante quanto ao período de descarte do leite e tempo para o abate.
  • Reduza ao máximo a frequência de vermifugações.
  • Troque o vermífugo somente a cada ano para evitar resistência dos vermes.
Meta do Produtor
O produtor deve descartar os animais que receberam 8 ou mais doses de vermífugo num período de 6 meses (animais que repetem grau FAMACHA 3, 4 ou 5). No rebanho, devem permanecer os animais que repetem grau FAMACHA 1 e 2, ou seja, animais resistentes à verminose.
Escolha do vermífugo
Existem vários tipos de vermífugos classificados pelo grupo químico e princípio ativo (Tabela 1). Os vermífugos de um mesmo grupo químico podem ser vendidos com diferentes nomes (marca comercial) de acordo com seu fabricante. Ao trocar de vermífugo, escolha sempre um de diferente grupo químico do utilizado anteriormente. É possível consultar as opções disponíveis na internet através do endereço eletrônico http://www.cpvs.com.br/cpvs/index.html. Na dúvida, é melhor pedir a orientação de um profissional qualificado.
Atenção!
- Evite ao máximo a troca de vermífugo sem necessidade.
- Nunca troque o vermífugo antes de um ano de uso.

Precaução: 
Observar o período de carência dos medicamentos (ver informações com o técnico veterinário ou na bula). A carência é o período no qual o leite e a carne não devem ser consumidos devido à presença de resíduos do medicamento.
Tabela 1. Vermífugos disponíveis comercialmente separados pelo grupo químico e princípio ativo.
GRUPO QUÍMICO
PRINCÍPIO ATIVO
AÇÃO
IMIDATIAZÓIS
Levamisol
Tetramisol
Vermes gastrintestinais
PIRIMIDINAS
Pamoato de pirantel
Vermes gastrintestinais
SALICILANILIDAS
Closantel
Niclosamida
Vermes gastrintestinais)
Tênias
ORGANOFOSFORADOS
Triclorfon
Vermes gastrintestinais
BENZIMIDAZÓIS
Albendazol
Mebendazol
Oxfendazol
Febendazol
Vermes gastrintestinais

Vermes pulmonares e tênias
LACTONAS MACROCÍCLICAS
Ivermectina
Moxidectina
Doramectina
Abamectina
Eprinomectina
Vermes gastrintestinais, pulmonares e parasitas externos
SUBSTITUTOS NITROFENÓLICOS
Disofenol
Nitroxinil
Vermes gastrintestinais e pulmonares
DERIVADO DA AMINO-
ACETONITRILA
Monepantel
Vermes gastrintestinais

Aplicação do Vermifugo

A principal via de aplicação de vermífugos em caprinos e ovinos é a via oral ou bucal (dentro da boca). Para administrar o vermífugo na boca do animal, são utilizadas seringas comuns ou pistolas dosificadoras automáticas (Figura 5). 
Autor: Raymundo Rizaldo Pinheiro
Figura 5. Administração do vermífugo por via oral.
Atenção!
  • É importante administrar a dose recomendada pelo fabricante (bula), devendo-se para isso pesar animais.
  • Atentar para as diferenças entre caprinos e ovinos. As doses de um mesmo medicamento pode ser diferente ou não são recomendadas para ambos.
  • Tenha cuidado ao administrar medicamentos na boca do animal, pois qualquer descuido poderá levá-lo à morte.
  • Ao usar a pistola dosificadora, verifique se está funcionando bem, para evitar a aplicação de quantidades erradas.