17 de set. de 2017

Criação de Minhocas (minhocultura)



As minhocas desempenham papel importante no setor agrícola, por causa da elevada capacidade de produção de húmus, principal fonte regeneradora do solo, e por sua interferência física com a grande quantidade de terra movimentada em seus deslocamentos. 

A minhocultura tem desempenhado um papel muito importante para todo o setor agrícola. No Brasil, começou a despertar o interesse dos agricultores a partir da década de 80, por causa do baixo custo de produção e fácil integração com outras atividades rurais. De lá para cá, principalmente devido aos novos nichos de mercado em torno do setor agropecuário, a criação de minhocas volta ao cenário como um bom negócio, para quem mantém um minhocário tanto no campo quanto na cidade.

“Na agricultura, não só por sua grande capacidade de produção de húmus, principal fonte regeneradora do solo, as minhocas também se destacam pela sua interferência física com a grande quantidade de terra movimentada em seus deslocamentos. A minhoca é um verdadeiro arado vivo”, explica o técnico em Agropecuária e educador ambiental Claudio da Silva Teixeira, instrutor do curso de extensão (livre) “Minhocultura”, ministrado pela Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), na Escola Wencesláo Bello. A unidade funciona no bairro da Penha, Rio de Janeiro.

Segundo Teixeira, na pecuária é estabelecida uma relação muito interessante com as demais criações já que, para sua alimentação, “podemos utilizar os estercos dos animais, gerando não só os adubos naturais citados, mas também a produção de uma rica fonte proteica”. “A carne da minhoca, por exemplo, apresenta cerca de 70% de proteína bruta”, comenta o  instrutor.

O crescimento da minhocultura no Brasil, na visão do educador ambiental, está ligado diretamente ao crescimento da agricultura orgânica. “Não podemos falar em uma forma sustentável de agricultura sem a preocupação com a redução de perdas de nutrientes e de outros elementos essenciais para a conservação do solo, principal responsável pela produção de alimentos e sobrevivência de toda a humanidade.”

ÍNDICES ZOOTÉCNICOS

Para explicar melhor a importância das minhocas para o setor agropecuário, o educador ambiental cita os principais índices zootécnicos das minhocas:

Longevidade: dependendo da espécie pode atingir uma vida útil de até 20 anos; em média; elas vivem quatro anos;
Reprodutivo: por ser um animal hermafrodita, apresenta os dois aparelhos reprodutivos em um mesmo indivíduo, conseguindo a procriação pela fecundação cruzada, pela qual, durante o acasalamento, um animal deposita o sêmen no receptáculo seminal do outro e os dois são fecundados com capacidade de gerar novos indivíduos. Uma minhoca pode gerar em torno de 1,5 mil descendentes por ano;
Produção de húmus: uma minhoca pode ingerir por dia o equivalente ao seu peso e dejetar, na forma de húmus, 70% do material ingerido. Uma minhoca pode ser comparada a uma “micro usina viva de transformação (beneficiamento)”.
Teixeira conta ainda que as minhocas se alimentam não só de esterco, mas de toda matéria orgânica decomposta ou em estado de decomposição: “Por isto, elas vêm sendo utilizadas, com muito sucesso, no tratamento dos resíduos sólidos orgânicos oriundos das atividades agrícolas e urbanas, por meio de técnicas de compostagem e da vermicompostagem”.

FACILIDADE DE CRIAÇÃO

O instrutor da EWB/SNA comenta que a minhocultura pode ser considerada uma atividade de fácil condução, quando comparada a outras atividades zootécnicas. “No Brasil, mesmo com a diversidade climática das regiões, o clima não é um fator limitante. Prova disto é que a atividade é desenvolvida com êxito do Norte ao Sul do País. O que vai diferenciar (entre o sucesso e o fracasso da produção) é o manejo, a forma como a criação vai ser conduzida.”

Outro diferencial, conforme Teixeira, poder ser determinado pelo objetivo da criação. “Quando é destinada para a produção de minhocas (vermicultura), visamos atender ao máximo às necessidades essenciais da espécie, para atingir um melhor índice reprodutivo. Quando objetivamos a produção de húmus (vermicompostagem), criamos as condições básicas para que as minhocas permaneçam nos criatórios e transformem os restos orgânicos tratados em húmus de minhoca.” 

IMPLANTAÇÃO

O instrutor da EWB/SNA informa que o custo de implantação de um minhocário está ligado diretamente à sua capacidade de produção e ao objetivo da criação (comercial ou doméstica). “Para fins comerciais, utilizamos como modelo uma unidade de produção que desenvolvi, para ser replicada em pequenas propriedades rurais do município de Magé (RJ).”

Nesta região, ele atua como extensionista rural, por meio da Emater-RJ (Empresa de Assistência Técnica Rural do Estado do Rio de Janeiro): “Com baixo custo e de fácil montagem, esta unidade pode ser adequada conforme a necessidade de produção.”

Teixeira comenta também que “não podemos desconsiderar o interesse que a minhocultura vem despertando para a criação doméstica”. “Graças ao incentivo da agricultura urbana, a criação de minhocas em pequenos espaços ganha, a cada dia, novos adeptos. O uso de caixas plásticas, como instalações, permite inclusive o reaproveitamento de embalagens.”

VIABILIDADE

O que determina a viabilidade da construção de um minhocário, diz o instrutor da EWB/SNA, é a disponibilidade de matérias orgânicas de origem animal e/ou vegetal que, mesmo encontradas em grandes quantidades, tanto nas áreas rurais como nas urbanas, são descartadas de forma inadequada pela falta de uma coleta seletiva, o que inviabiliza sua utilização.

“As instalações permitem a utilização de canteiros feitos em alvenaria, placas de cimento armado, madeira, bambu, caixas plásticas, entre outros.  As ferramentas, basicamente, são as mesmas utilizadas em outras atividades agrícolas. Só devemos restringir o uso, no interior dos canteiros, de ferramentas com partes cortantes, para evitar machucar as minhocas.”

A utilização de alguns equipamentos podem facilitar a vida do minhocultor, como termômetros, medidores de umidade e medidores de pH. “Trituradores de resíduos orgânicos aceleram o processo de tratamento dos resíduos orgânicos.  E o mais importante: o futuro minhocultor deve ter vocação para desenvolver uma atividade agrícola, que demandará tempo e dedicação do interessado.”

HÚMUS

O húmus é o resultado do processo de decomposição da matéria orgânica, que ocorre naturalmente, gerando um rico fertilizante. Teixeira explica que, no processo de decomposição, são consideradas algumas etapas muito importantes. A primeira delas é quando o material passa por uma ação de micro-organismos (química e biológica), caracterizada pela presença de fermentação. Nesta fase, quando está estabilizada, cria-se um ambiente propício para a atuação de uma série de macro-organismos (gongolos, formigas, tesourinha, tatuzinho, minhocas, etc.), que participarão do processo final de humificação.

“Destacamos neste processo o trabalho das minhocas, maiores e melhores produtoras biológicas de húmus. Podemos entender, então, o grande interesse na criação em cativeiro destes animais”, analisa Teixeira.

Para a implantação do minhocário, é necessário ter material orgânico tratado (animal ou vegetal), ou seja, com o processo fermentativo inicial estabilizado, as instalações devem permitir o controle da umidade (de 50 a 70%), temperatura (de 18 a 30° C) e do acesso de possíveis predadores (formigas, lacraias, sanguessugas, pássaros em geral).

“O húmus produzido será utilizado na manutenção da fertilidade dos solos e regeneração dos solos degradados. As minhocas serão usadas na alimentação de outros animais, in natura ou na forma de pasta ou farinha geralmente adicionada as rações”, relata o educador ambiental.

COMERCIALIZAÇÃO

O húmus pode ser comercializado a granel, em grandes quantidades destinadas à agricultura em geral e/ou ensacado, em pequenas quantidades geralmente destinadas a jardinagem e paisagismo.

“As minhocas despertam o interesse de um mercado muito interessante, que vai desde os criadores de pequenos animais, como pássaros e peixes ornamentais e até mesmo os criadores de grandes animais para enriquecimento das rações balanceadas. Outro filão é o da pesca recreativa, pesque-pagues e grupos de pesca formam um grupo de interesse em pleno crescimento. As minhocas também podem ser comercializadas como matrizes para futuros criadores

minhocultura, ou seja, o cultivo de minhocas em cativeiro, é uma atividade zootécnica que tem como processo básico a vermicompostagem. Esse processo consiste na transformação dos resíduos orgânicos em uma forma mais estabilizada da matéria orgânica, resultante da ação das mesmas e da microflora que vive em seu trato digestivo, produzindo húmus, que é a sua excreção. Nesse processo, ocorre também o aumento da população dos espécimes, então, fica evidente que na criação obtemos dois produtos finais, as minhocas e o húmus. 

As minhocas podem ser utilizadas na alimentação animal tanto in natura como na forma de farinha, que também vem sendo estudada e viabilizada na alimentação humana. Aproximadamente, 75% da matéria seca das minhocas é composta por proteínas. Outra finalidade é o seu uso como iscas para pesca e como matrizes para quem pretende iniciar uma criação. 

O húmus é um rico adubo orgânico que pode ser utilizado  em todas as culturas. Viveiristas, paisagistas e floricultores fazem seu uso com  frequência e são potenciais consumidores. Além disso, pode ser utilizado na fruticultura, cultivo de grãos, agricultura orgânica, dentre outros.  

Basicamente são três as características necessárias às minhocas para que sejam criadas comercialmente: devem se adaptar ao cativeiro; devem se alimentar de material orgânico em decomposição e precisam ser bastante prolíferas, reproduzindo-se em grande quantidade. As espécies mais comercializadas são a Eisenia foetida e Lumbricus rubellus, conhecidas como “Vermelha da califórnia” e Eudrilus eugeniae conhecida como “Gigante africana”. O interesse comercial por essas espécies se deve ao fato de elas viverem em altas concentrações de resíduos orgânicos, além de apresentarem uma altíssima taxa de reprodução, adaptando-se facilmente nos canteiros.

Criar minhocas é relativamente simples e, dependendo da finalidade a que se destina, não exige grandes investimentos. É possível a criação em pequenas caixas e até mesmo em latões cortados ao meio. O importante é acondicioná-las satisfatoriamente. O alimento é também o local onde vivem, dessa maneira, o substrato deve atender a requisitos que satisfaçam às exigências no que diz respeito ao ambiente e à nutrição. 

Os materiais utilizados para produção do substrato, o vermicomposto,  podem ser de diversas origens: agrícola, domiciliar ou industrial, desde que ricos em matéria orgânica, tais como esterco; palhas; lixo doméstico orgânico; lodo de esgoto; restos de culturas, dentre outros. A questão está em como fornecer esses substratos. É necessário que toda matéria-prima utilizada na preparação do mesmo passe por um processo de fermentação ou compostagem adequado


Minhoca  (Como criar)

Criação do bicho pode ser rentável até em pequenas áreas. O húmus produzido é muito usado por floricultores, jardineiros e paisagistas 
Se não fossem tão benéficas à natureza, as minhocas certamente seriam consideradas pragas. A cada dois meses, elas têm a população duplicada, um vantajoso atributo para os criadores desses anelídeos. Mas os predicados não param por aí: as minhocas melhoram a qualidade do solo, servem de alimentação para outros animais e têm boa demanda no mercado.
Miúdas e longas, as minhocas penetram na terra e, com seus movimentos, revolvem, arejam e descompactam o terreno, o que evita encharcamentos e diminui a ocorrência de erosões.
Ao mesmo tempo, em seu processo digestivo, eliminam restos em decomposição e "limpam" a terra, devolvendo ao meio ambiente um adubo natural. Trata-se do húmus, matéria orgânica rica em nutrientes, com muito nitrogênio, cálcio, magnésio, fósforo, potássio e extensa flora bacteriana, ótimo para o desenvolvimento de hortaliças em geral e fruteiras, entre outras culturas. O produto tem lugar garantido entre floricultores, horticultores, jardineiros e paisagistas.
Minhocário: acima do nível do solo e em área plana, mas inclinado para evitar acúmulo de água
Ricas em proteínas, as minhocas são uma boa opção de alimento para animais. É um dos pratos prediletos de criações de aves, rãs e peixes. Servem ainda para a fabricação de farinha e podem ser usadas como isca viva na pesca esportiva. Outro papel importante das minhocas é na eliminação de lixo orgânico. Na cidade de São Paulo, por exemplo, existem condomínios que adotam o uso de minhocários em áreas comuns para o aproveitamento de resíduos orgânicos descartados.
Os diversificados canais de venda fazem da minhocultura um meio de o criador incrementar a renda no fim do mês. A necessidade de pouco investimento inicial e os baixos custos com manutenção da infra-estrutura também contribuem para a conquista de um negócio rentável. A atividade não exige mão-de-obra especializada nem tratamento veterinário.
As minhocas não possuem olhos, dentes ou ossos, mas têm capacidade de regenerar uma nova cauda. Pelo mundo são encontradas milhares de espécies. Aqui, são nativas a minhoca brava (Pheretyma hawayana), a mansa (Lumbricus terrestris) e o minhocuçu (Rhinodrilus alatus). Entre as estrangeiras, as populares são vermelha-da-califórnia ou vermelha-híbrida (Eisenia phoetida), gigante africana (Eudrilus eugeniae) e também a européia (Lumbricus rubelus).

Como Criar
Criação mínima: quatro litros de minhocas
Custo: 100 reais (para criação mínima)
Investimento inicial: Mil reais
Retorno: um ano e seis meses
Reprodução: criação pode dobrar a cada 60 dias

Mãos à obra
Início - comece com poucas minhocas. Coloque quatro litros em um canteiro de dois metros quadrados. Os minhocultores brasileiros preferem a vermelha-da-califórnia para a produção de húmus, pois é produtiva e fácil de lidar.
Expansão - para produções maiores, opte por um canteiro de 20 x 1 metro, com 30 centímetros de profundidade. Deposite seis metros cúbicos de esterco curtido. Se bem conduzida, a atividade pode alcançar em dois meses quatro toneladas de húmus, o equivalente a 100 sacos de 40 quilos.
Ambiente - o minhocário deve ser mantido limpo, o que evita a aproximação de predadores. Palha seca por cima inibe a ação de passarinhos. Livre-se de grama ao redor do canteiro, para não haver contaminação com sementes. Não deixe exceder o número de minhocas no local, pois elas não gostam de variações de umidade e temperatura, tampouco de locais muito quentes.
Estrutura - instale o minhocário acima do nível do solo e em área plana, mas com leve inclinação para evitar o acúmulo de água. Feitas de alvenaria ou madeira, as paredes devem contar com drenos para escoar o excesso de umidade. Proteja o local da chuva com telas plásticas apoiadas em suportes de arame, bambu ou madeira.
Alimentação - as minhocas se alimentam de esterco e restos vegetais, como gramas, frutas, folhas secas, papéis e matérias orgânicas em decomposição. Junte tudo para fazer uma compostagem. Faça um monte de 1,5 metro de altura, em local seco e arejado. Deixe descansar por uma semana e revire o material para aumentar o arejamento. Repita o procedimento, mas apenas com uma virada, até que o resfriamento da compostagem. Leve a massa para o canteiro somente quando, ao apertar um punhado, ela não pingar água.
Reprodução - apesar de possuírem os dois sexos, as minhocas não se auto-fecundam. É necessário o acasalamento com outra minhoca, o que pode ocorrer o ano todo. Fecundados e no interior de um casulo, os óvulos são expelidos na terra. Em cerca de 21 dias eles eclodem, e cada um origina algumas minhoquinhas.
Coleta - o método de armadilhas é uma das técnicas para se recolher o húmus produzido. Encha sacos de aniagem com esterco curtido e úmido, estendendo-os sobre o canteiro para atrair as minhocas. Após capturar a maior parte delas, transfira-as para um outro canteiro já preparado com esterco.




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