Cutia
A cutia é encontrada em quase todo país, com exceção do extremo sul. Há várias espécies no Brasil: a vermelha (Dasyprocta agouti); a parda (Dasyprocta azarae); e a preta (Dasyprocta fuliginosa) (LANGER, 1978).
A criação pode ser feita ao ar livre, em um terreno de chão batido. Deve-se construir uma mureta de 30 a 40 centímetros de altura, com igual profundidade para impedir que as cutias cavem buracos e fujam. Sobre o muro instala-se um cercado de tela de arame de 1,5 metro de altura. A área do cercado deve ser de 15 metros quadrados, onde podem ser mantidos 1 macho e 3 fêmeas. Os bebedouros e comedouros ficam no chão e podem ser feitos de alvenaria (GIANNONI, 2001).
Figura 13: Cutia (Dasyprocta fuliginosa).
As cutias alimentam-se geralmente de coquinhos, castanha-do-pará, verduras e legumes. Também gostam de milho, cana-de-açúcar e mandioca. Devem ser alimentadas diariamente, de preferência ao entardecer (LANGER, 1978).
A fêmea gera de dois a três filhotes por gestação e o parto se dá em um ninho cavado no chão. As cutias prenhes podem ser mantidas no mesmo cercado com outros animais do grupo, mas filhotes devem ser separados assim que não precisarem mais da mãe para se alimentar (ROCHA, 2001).
Como a de seus pares capivara e paca, a carne de cutia (Dasyprocta agouti) não é mais vista como uma iguaria rara. Após o fim dos anos 1990, período em que as carnes exóticas passaram a frequentar o cardápio de, especialmente, restaurantes finos e churrascarias de grandes centros urbanos, a proteína tornou-se mais conhecida entre os brasileiros.
Além de oferecer um alimento nutritivo para o consumidor, a cutia é, para o criador, mais uma opção de empreendimento de custo baixo e boa rentabilidade. Rústico, esse mamífero não exige manutenção cara para seu manejo. Produtos baratos são os principais componentes da dieta do animal, que também vive bem em acomodações simples, sem necessidade de realizar grandes investimentos e de demandar muita mão de obra.
Como a cutia tem o hábito de comer vegetais, a alimentação da criação pode ser cultivada no próprio local. A oferta de frutas variadas, grãos, como milho, e hortaliças diversas dispensa o uso de ração comercial, item que geralmente pesa na planilha de custos de atividades como criações de animais.
Para instalar um criadouro para cutias, não é preciso uma estrutura sofisticada nem muito espaço. Inclusive, pode-se fazer uso de áreas ociosas existentes no local. Uma opção que reduz o investimento inicial é o aproveitamento de ambiente que já serviu para lidar com outras criações, como pocilgas ou aviários.
Ao lado do baixo custo que representa para o pequeno investidor, a criação oferece bons rendimentos, tanto com a venda da carne branca e saborosa para o mercado quanto de exemplares vivos para outros criadores. O sistema de engorda de cutias e de desenvolvimento de matrizes são duas atividades que podem ser praticadas ao mesmo tempo, potencializando o lucro do produtor.
De fácil adaptação à rotina de um confinamento, a criação de cutia ainda contribui para a preservação da própria espécie. Na natureza, onde exerce importante papel ecológico, dispersando sementes, o animal fica à mercê da prática de caça ilegal e da redução de seu hábitat, devido ao desmatamento e ao crescimento urbano sobre matas e florestas pelo território nacional.
A cutia tem hábito diurno e vive em áreas do Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica, sobretudo em regiões do sudeste, nordeste e norte do país. De médio porte, mede de 40 a 60 centímetros de comprimento, de 15 a 20 centímetros de altura e pesa cerca de 2 a 4 quilos. Como é um animal silvestre, a cutia, para ser criada em cativeiro, mesmo que o produtor não pretenda tornar a atividade uma prática comercial, precisa ter autorização do órgão estadual que controla a gestão da fauna local.
Criação mínima: 1 macho e 3 fêmeas
Custo: o preço de cada cutia é de cerca de R$ 800 e das instalações de 3 baias R$ 3 mil
Retorno: 28 meses
Reprodução: de 2 a 4 filhotes por ano
Início Recomenda-se a participação de um profissional especializado para a elaboração e execução do projeto, o qual precisa contar com documentação protocolada no órgão gestor da fauna do Estado. Com as instalações prontas e vistoriadas, forme o plantel inicial por meio da aquisição de exemplares de criadores idôneos.
Ambiente Como é um animal rústico, nativo de bosques e matas, a cutia resiste tanto a temperaturas mais frias quanto mais quentes. Os lugares mais calmos, que assegurem a tranquilidade da criação, são os mais indicados para a atividade. É importante também que seja sombreado.
Instalações Para comportar até cinco fêmeas e um macho, são necessárias três baias, ou boxes, com 3 x 4 metros de área cada e cobertura total ou parcial. Cerque-as com tela tipo alambrado, do teto até a base, feita de muretas de alvenaria de 40 centímetros. O piso deve ser cimentado, para facilitar a limpeza e impedir que as cutias fujam escavando o chão de terra. Disponibilize um tanque de pequenas dimensões – 1 metro quadrado e 25 centímetros de profundidade – para as cutias se banharem e beberem água.
CAIXA-NINHO Em cada baia instale a toca, que pode ser feita de madeira ou alvenaria. As medidas da caixa-ninho são de 1,10 metro de comprimento por 70 centímetros de largura. A fêmea gosta de forrar o ninho com palha seca, material que ajuda a manter a caixa sem umidade.
Cuidados As doenças mais comuns entre as cutias são verminose e pneumonia. Ambas podem ser evitadas preventivamente, seguindo um programa de aplicação de doses de vermífugos na criação e evitando o excesso de umidade nas baias.
Alimentação Por ser um animal herbívoro, a cutia alimenta-se apenas de hortaliças, como abóbora, tubérculos, como mandioca, grãos (milho e soja), cana-de-açúcar, sementes, coquinhos de palmeiras, castanhas e frutas, como banana, maçã, laranja, mamão, acerola e abacaxi. Como complemento opcional da dieta, pode ser oferecida a mesma ração que é dada aos coelhos. Roedora, a cutia gosta de roer troncos de goiabeira.
Reprodução Pode acontecer, a partir dos 10 meses de idade, período em que o mamífero atinge a maturidade sexual. Após 104 dias de gestação, nascem, em média, duas crias em cada um dos dois partos que podem ocorrer em qualquer época do ano. Aos três meses de idade, o filhote é desmamado e transferido para outra baia, iniciando a recria. Aos 12 meses, pesando de 3 a 4 quilos aproximadamente, o animal está pronto para o abate. Se for vender como matriz, após seis meses, a cutia já pode ser comercializada para outros criadores.
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