Instalações
Na criação e produção de rãs, e quando as empresas não são especializadas, ou seja, não se dedicam apenas a uma fase específica, faz-se a divisão por setores:
Setor de Reprodução
Neste setor, e de todos deve ser o mais quente, os animais reprodutores são mantidos todo o ano, geralmente separados entre sexos (para repouso) e tamanho, fazendo-se as uniões quando for conveniente.
Os reprodutores são escolhidos pelo tamanho e idade, evitando ultrapassar os 3 anos ou 2 anos de serviço, sobretudo pelo facto de as fêmeas de Rana ridibunda reduzirem rapidamente a sua prolificidade. As fêmeas serão escolhidas pela capacidade de produzir elevado número de ovos e, em todos os casos, deve seguir-se um programa de melhoramento genético.
As desovas ocorrem na primavera e verão (com máximo em abril no estado selvagem), a não ser que se proceda a uma suplementação com aquecimento (na criação é ideal que a temperatura seja, em média, >15°C, idealmente >18°C) e iluminação artificial, forma de alterar e estender o período produtivo.
Porém, nesta espécie em particular, de momento, a pausa para hibernação de reprodutores (mesmo artificial), a 2-3°C, é altamente recomendada.
Neste setor a densidade não deve ser superior a 3-6 rãs/m2 e uma relação máxima de 1:2 (macho/fêmea).
Estes são animais assustadiços, que gostam de repouso, pelo que todos os factores de stress, movimentos e ruídos devem ser evitados.
A desova da Rana ridibunda é de, aproximadamente 2.000 ovos, chegando a 10.000 ovos por época de reprodução.
Os óvulos são postos pelas fêmeas sobre a água e o esperma depositado sobre eles durante o acasalamento. Na produção comercial, depois do acasalamento (cerca de 2 a 3 horas), os ovos são levados para outra secção para desenvolvimento.
Setor de Eclosão e Girinagem
Nesta secção, os ovos devem estar em local onde as oscilações de temperatura sejam suaves, pois as variações bruscas (dia/noite) das estufas podem reduzir a fertilidade.
Os ovos ficam até 7 dias (depende da temperatura da água, podendo ser o dobro) em incubação, até que se dá a eclosão dos girinos, que se movimentam livremente e procuram alimento.
Uma vez nascidos, deve-se assegurar uma densidade máxima de 20 girinos por litro de água, mas tendo em consideração o tamanho do animal. A densidade dos girinos é algo que influencia enormemente o peso dos animais no início da metamorfose (quanto menor, maiores) além de haver uma má conversão da ração em carne.
Neste setor os tanques não devem ser muito profundos e, enquanto as rãs estão na fase aquática deve ter-se especial cuidado na oxigenação da água e na sua renovação diária (cerca de 50%/dia).
Quanto mais fria estiver a água, mais longa será a fase de girinagem, o que pode ser uma forma de o produtor fazer um “stock” de girinos cujo desenvolvimento retarda de modo a utilizar à medida das suas necessidades e espaço nos setores de engorda.
Os girinos iniciam ou aceleram a sua metamorfose com o acréscimo de temperatura, pelo que neste setor os tanques devem ter pouca profundidade para que a água aqueça com maior facilidade. Nestes tanques existirá já uma pequena rampa por onde os imagos, nas fases mais avançadas da metamorfose, possam sair parcialmente da água, mas, mesmo assim, mantendo-se molhados e poderem alimentar-se (é nesta fase que se inicia o treino com a ração granulada).
No total, desde a postura até ao final da metamorfose, terão transcorrido entre 2 a 3 meses.
Setores de pré-engorda e engorda
Os imagos perfeitos (miniaturas de rãs já sem cauda) são muito vorazes correspondendo a uma fase de crescimento exponencial, de modo que é importante fazer rapidamente a transição para a ração granulada, que não pode faltar, a fim de se evitarem grandes perdas em resultado de canibalismo e, mesmo assim, por esta razão e outras acessórias admite-se uma mortalidade relativamente elevada nesta fase.
Nos primeiros 30 dias alguns animais expressam um maior crescimento do que outros, devendo começar-se a separação assídua por lotes de tamanho, como se disse, para evitar o canibalismo, vigilância de tamanhos que se manterá até ao abate e é o maior constrangimento da produção de rã, por ser a fase que exige mais horas de trabalho.
Figura 3 Parques de engorda de Rana ridibunda
Figura 4 Lote de engorda de rãs touro no Ranabox
RANABOX
No Brasil assistiu-se a uma febre da ranicultura no início dos anos 80, numa época em que não havia ainda consumo interno nem os mercados mundiais estavam abertos.
Das centenas de empreendimentos que se iniciaram, movidos pela atracção da alta rentabilidade da criação e por certa paixão, largas dezenas acabaram por desistir, fosse pela excessiva dimensão e falta de experiência, fosse pela ausência de uma fileira estabelecida.
Alguns dos aspetos críticos nos sistemas tradicionais era a exigência de grandes áreas, elevados encargos em construções, enormes volumes de áreas, baixa densidade de animais, e dificuldade em manter os lotes de rãs homogéneos por tamanhos (trabalhoso).
Surgiu assim, no Brasil, no final dos anos 80, o sistema vertical de produção de rãs. O Ranabox, patenteado pela Ranamig, permite a produção de rãs em gavetões de plástico, sobrepostos, até 3 metros de altura, permitindo realizar várias tarefas de uma só vez, como a limpeza.
Este sistema permite, em muito pouco espaço, engordar (no caso da rã touro), mais de 1.500 rãs por metro quadrado (quando no sistema tradicional andaria em torno das 50 rãs/m2.
Esta elevada densidade permitiu neste país aproveitar melhor os espaços confinados, de modo que o controlo ambiental pode ser feito de forma mais eficiente e, sobretudo, e esta a principal vantagem do sistema, e razão da sua criação, tornar-se muito fácil a constante calibração de animais pelo seu tamanho, de modo a prevenir e evitar o canibalismo.
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