CICLO DE PRODUÇÃO
A maioria dos conhecimentos actuais sobre a criação de rã provém do Brasil, onde esta produção terá atingido o estado mais avançado de conhecimento, sobretudo em torno da produção da rã touro gigante (bullfrog) Rana catesbeiana. Apesar das diferenças (e note-se que aquela rã também provém de clima temperado e frio), a maioria dos conceitos e técnicas produtivas (bem como a sua evolução), permitiram que a Europa se lance agora com grande confiança na ranicultura com a Rana ridibunda.
A produção de rã inclui duas fases distintas:
1 – Fase estritamente aquática
A postura dos ovos de rã é feita directamente na água (o macho abraça a fêmea, libertando esperma enquanto aquela desova), dando-se a eclosão até ao fim de cerca de 7 dias, surgindo girinos (forma totalmente aquática, inicialmente sem membros, e com uma cauda).
No caso da Rana ridibunda, as fêmeas fazem até 5 posturas anuais, podendo totalizar até 10.000 ovos, embora a média seja bastante inferior.
Na fase de girinos estes são hominívoros, incluindo na sua dieta, além de algas, ovos e larvas de insectos. Porém, na produção industrial, a alimentação é dada na forma de farelo ou flocos flutuantes, como no caso dos peixes.
2 – Fase terrestre
Ao longo da vida como “girino”, estes vão passando por uma metamorfose, que se completa ao fim de 2-3 meses, nesta fase são miniaturas de rãs, iniciando-se um período de engorda. Apesar de se chamar fase terrestre, a verdade é que, neste caso, a vida do animal vai continuar a estar extremamente dependente da água e da humidade atmosférica, uma vez que, sendo a respiração feita sobretudo através da pele, esta tem que se manter sempre húmida. Por esse motivo, os animais têm que viver em tanques baixos onde possam manter uma vida “dentro e fora” de água (como curiosidade a Rana ridibunda, mesmo no estado selvagem, nunca se afasta mais de 5 metros de um espelho de água).
Nesta fase, as rãs passam a carnívoras e o canibalismo é um dos maiores problemas que se enfrenta na produção em cativeiro.
No final da metamorfose inicia-se a engorda, que no caso de produção em cativeiro, e com aquecimento atmosférico (estufa) ou da água, idealmente fontes renováveis ou de baixo custo), que poderá durar 4 a 5 meses.
Nesta rã, o estado adulto (ou seja, a capacidade para se reproduzir) só se dá quando atinge, aproximadamente, um ano de idade, eventualmente 2 anos, em climas mais frios, onde todo o ciclo se retarda, podendo viver mais de 6 anos.
De sublinhar que o crescimento das rãs, e o tempo de cada fase, incluindo a incubação, aumenta ou reduz significativamente de acordo com a temperatura ambiente e da água.
O abate faz-se quando os animais chegam, aproximadamente, aos 100 gramas de carcaça. Porém, tal como congéneres como a Turquia, a maior oportunidade que se perfila em Portugal está no abastecimento à Europa com animais vivos, reduzindo assim custos.
Sanidade
Apesar de animais rústicos, as rãs podem ser afetadas por várias doenças, pelo que a higiene da água, a realização de vazios sanitários nos tanques e sua correta higienização, a utilização de rações microbiologicamente seguras e um bom arejamento são condições fundamentais para o sucesso, e como em qualquer outra produção zootécnica a vigilância veterinária deve ser realizada desde o início.
Apesar de não ser uma doença, na maior parte das criações, verifica-se, em poucos anos, uma rápida redução da fertilidade e subida da mortalidade, o que se deve ao fenómeno da consanguinidade (falta de diversidade genética), pelo que é muito importante manter diversas linhas reprodutoras em separado, bem como proceder a sistemáticas “renovações de sangue”.
Embora a criação em parques abertos e charcas seja uma possibilidade, esta expõe os animais ao ataque de predadores, e só sendo admissível na criação de espécies nativas, pelo risco de fuga.
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