QUE ESPÉCIES ESCOLHER
Para começar a criar rãs para o mercado há que começar pela definição das espécies a criar.
Das centenas de espécies de rãs apenas algumas reúnem as características necessárias, ou mais interessantes para o consumo humano e criação.
Além da ausência de toxicidade ser obviamente um dos requisitos necessários, a adaptação às condições climáticas do meio artificial e o rendimento em carne, são algumas das características a ter em consideração.
Em todos os países onde se estabeleceu a produção industrial de rãs foram feitas duas escolhas:
A primeira, e aparentemente mais tentadora, a produção de animais de espécies nativas, e eventualmente cruzamentos industriais destas;
Na segunda opção deu-se preferência à produção de rã touro, principalmente da espécie norte americana Rana catesbeiana ou Lithobates catesbeiana, espécie que já sofreu melhoramento, e que se encontra melhor estudada em termos de produção industrial, sendo carnívora (hominívora quando girino), bem adaptada a regimes de ração granulada e com indivíduos adultos que ultrapassam os 2 kg de peso vivo.
Embora haja explorações realizadas na Europa utilizando espécies nativas de rã, sendo a Rana ridibunda e a Rana temporária as espécies preferidas em França, a informação sobre sistemas de produção é ainda muito escassa, liderada, sobretudo, por pesquisas feitas em França,
onde florescem nos últimos 5 anos as primeiras unidades industriais de R. ridibunda, exploradas ainda de forma bastante intuitiva, mas já muito bem sucedida dado o apoio dado pelo governo francês.
Em Espanha, a Rana perezi (também muito comum em Portugal, e já testada em França, incluindo em cruzamentos industriais) é a que se encontra em produção há mais tempo, tendo a rã touro tido uma história curta, que culmina com a proibição da sua produção e até detenção, na Europa, dado o risco de fuga para o ambiente, sendo que se trata de um animal considerado de alto risco ecológico.
Do ponto de vista da produção industrial, o ideal, para um país com as características climáticas de Portugal, onde se esperariam elevadas produtividades, seria a introdução da rã touro sobretudo por se poder importar com facilidade o modelo de produção, incluindo factores de produção sem grande necessidade de adaptação. Porém, em Portugal vigora para esta espécie anfíbia, e só para este espécie de rã touro, uma total proibição de produção, e até de detenção caseira, para fins lúdicos.
A rã touro é uma espécie omnívora, caçadora implacável, que se alimenta, sem clemência, inclusivamente, de outras espécies de rãs, sapos, ratos, lesmas, caracóis e até peixes. Assim se compreende a importância de se produzir em circuitos fechados e com redobradas cautelas para evitar perturbações ambientais irreversíveis, como sucedeu noutros países onde estes animais foram acidentalmente ou
deliberadamente libertados no ambiente. A facilidade com que se podem produzir fugas para o ambiente (bastam alguns ovos), vedou, nesses países, esta possibilidade de exploração.
Além de outras espécies exóticas (consideradas como de fora da Europa), que se podem vir a introduzir em produção em Portugal, a opção que se perfila como mais imediata é a linha industrial, “Rivan 92”. Trata-se de uma linha obtida em França por melhoramento genético a partir da R. ridibunda, apresentando grandes diferenças face aos indivíduos selvagens, quer na pele, que é totalmente verde (água) na face superior e creme na inferior, quero pelo facto de apresentar uma excelente adaptação à alimentação granulada artificial (índice de conversão de 1,5:1 kg ração/carne produzida), elevada fertilidade e viabilidade, rapidez de crescimento precocidade e também porte, podendo passar dos 20 centímetros, maior do que a média selvagem da R. ridibunda e que já é, por si, a maior das rãs europeias.
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