20 de out. de 2021

PROCESSO DE REPRODUÇÃO DE GALINHAS CAIPIRAS

 

Manter um processo de reprodução eficiente na propriedade rural é de extrema importância para o avicultor, em função de ser a base da cadeia de produção do seu projeto de criação. 

Um projeto de avicultura bem estruturado deve sempre manter um bom plantel de aves matrizes com vários reprodutores que comprovadamente façam uma boa transferência genética aos seus descendentes e que possam se reproduzir de forma sistemática afim de manter a regularidade no fornecimento de aves para o mercado consumidor. 

MONTA NATURAL

Por apresentar uma grande facilidade de manejo, esse é o modo mais comum de reprodução das aves nas propriedades brasileiras. Cabe ao produtor fazer a formação das famílias e separá-las em grupos de no máximo 10 fêmeas para cada macho. 

Nesse sistema de reprodução o avicultor deve ficar atendo a um comportamento muito comum entre as aves que é a monta preferencial entre alguns galos e galinhas.

Quando o produtor perceber esse comportamento entre suas aves ele deve fazer a troca entre as famílias formadas pelas galinhas do seu plantel para evitar o problema de infertilidade dos ovos. 

INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL

O procedimento de inseminação artificial é uma prática pouco realizada nos pequenos aviários, porém ela é capaz de trazer melhores taxas de fertilidade dos ovos quando aplicada corretamente. O que garante o sucesso nessa prática é possibilidade de aproveitar ao máximo a produção de sêmen de um reprodutor e a certeza de que todas as galinhas do plantel foram devidamente inseminadas. 

MANEJO DOS OVOS PARA INCUBAÇÃO

Somente se conseguem ótimos nascimentos e pintinhos de boa qualidade quando se mantém o ovo em ótimas condições, desde a postura até a colocação na máquina incubadora. Lembremos que o ovo contém muitas células vivas. Uma vez posto o ovo, o potencial de nascimento pode, na melhor das hipóteses, ser mantido, mas nunca melhorado. Se o manejo for insatisfatório, o potencial de nascimento pode se deteriorar rapidamente. 

COLETA DOS OVOS PARA INCUBAÇÃO

Deve-se realizar a coleta e conjuntamente, uma pré-seleção desses ovos. No mínimo cinco coletas por dia (três pela manha e duas pela tarde) devem ser realizadas. Atualmente, recomendações de sete a dez coletas diárias têm sido mais preconizadas por acreditar-se que quanto maior o numero de coletas, melhor será qualidade do ovo incubável. Os objetivos com esta prática são: reduzir o numero de ovos trincados e quebrados; reduzir o numero de ovos postos na cama e, portanto, reduzir a contaminação; reduzir o tempo de permanência dos ovos em ambiente contaminado. 

A maior concentração de postura é no período da manhã. Desta maneira, as coletas de ovos devem ser concentradas no período das 6 às 12 hora, no mínimo 4 vezes por período. No período entre 13 a 17 horas, as coletas de ovos devem ser no mínimo 3 vezes por período. 

Os funcionários devem desinfetar as mãos antes de colher os ovos, principalmente se os ovos de cama forem recolhidos inicialmente. 

Recomenda-se que os ovos Durante a colheita sejam acondicionados em bandejas de plástico desinfetadas, pois são laváveis, de fácil desinfecção e possibilitam melhor circulação de gás durante a fumigação. 

SELEÇÃO DOS OVOS

É necessário descartar os ovos que apresentem pouca chance de eclosão ou que impliquem na produção de pintainhos de baixa qualidade. Ovos muito grandes ou muito pequenos dificultam a incubação, ovos deformados, casca trincada, casca suja (sangue, fezes de galinha, fezes de mosca), casca anormal, alteração da coloração normal da casca, entre outros fatores podem implicar no descarte desses ovos para a incubação. 

Ovos sujos normalmente são provenientes de cama, porém podem ser de ninho quando as fêmeas dormirem nos ninhos ou quando o intervalo entre as coletas é muito grande. Ovos sujos geralmente têm taxas de nascimento 10% a 15% menores que as obtidas com ovos limpos. O ideal é não incubar os ovos sujos. 

Os ovos postos sobre a cama são contaminados e exigem cuidados especiais na coleta e higiene. A coleta, o armazenamento e a incubação dos ovos de cama devem sem sempre separados dos ovos de ninho, pois têm menor eclodibilidade e explodem mais nas incubadoras que os ovos de ninhos devido a maior contaminação verificada naqueles ovos. 

HIGIENIZAÇÃO DOS OVOS

A higienização dos ovos deve ser feita imediatamente após a colheita, e devem ser limpos a seco pois a prática de lavar ovos sujos e de cama aumenta a contaminação. Os ovos sujos podem contaminar os demais e, por isso representam um risco para o incubatório, além de conferirem uma queda expressiva na eclosão. 

A superfície dos ovos em nenhum momento pode ser considerada um ambiente estéril. Apesar de ser produzido por reprodutora saudável, o ovo pode ser contaminado por fezes, material de ninho, mãos do tratador, água, bandejas, cama, piso e poeira. 

Ao passar pela cloaca, o ovo já sofre uma contaminação e quando em contato com o ninho e com o ambiente do galpão tem aumentada essa contaminação. Apesar das barreiras naturais do ovo, muitas bactérias passam para o seu interior devido ao diferencial de temperatura no resfriamento pós-postura. Neste contexto, é muito importante reduzir esta carga microbiana, pois quanto menor for a contaminação, menor será a possibilidade de o embrião morrer devido à contaminação. 

Ovos com boa qualidade de casca, com peso específico adequado podem ter penetração de bactérias em apenas 30 minutos. Mesmo os ovos que são livres de organismos patogênicos, podem ser contaminados com microorganismos que não são patogênicos mas que se desenvolvem durante o processo de incubação, produzindo gases que podem ocasionar o estouro dos ovos na máquina de incubação e a contaminação dos demais ovos. 

Desta maneira, recomenda-se que a primeira higienização seja realizada no momento da coleta, no máximo 30 minutos após a postura, tentando assim evitar que os microorganismos atravessem a casca e contaminem a clara e a gema. 

A contaminação inicial do ovo apresenta apenas algumas colônias de microorganismos, os quais multiplicam-se dez vezes em apenas 60 minutos. 

A) HIGIENIZAÇÃO ÚMIDA A imersão dos ovos em solução de desinfetantes ou antibióticos é usada par a eliminação dos microorganismos sobre a casca do ovo. Esse método é pouco usado na indústria avícola por ser menos eficiente, uma vez que, a cada imersão, a solução vai se saturando com resíduos orgânicos e reduzindo a ação do desinfetante. 

A imersão consiste em mergulhar os ovos numa solução de amônia quaternária à base de 200ppm ou de dióxido de cloro à base de 80 ppm logo após a coleta. 

Os dados encontrados na literatura divergem sobre qual deve ser a temperatura e o tempo ideais, podendo se encontrar trabalhos feitos com imersão em soluções com temperatura entre 39 e 42°C (Proudfoot ET al., 1985) a 35°C por 10 segundos (Donassolo, 2004), 30°C (Soncini & Bittencourt, 2003), 25 a 43°C por 3 minutos (Barros Et al, 2001) e 45°C por 30 segundos (Oliveira & Silva, 2000). 

Segundo Mauldin (2002), a imersão deve ser feita por 5 minutos citando que quando a imersão é feita em período de tempos excessivametne longos a temperatura do embrião pode elevar-se resultando em mortalidade embrionária. Por outro lado, se o processo é feito em curto espaço de tempo não irá promover a desinfecção adequada. 

B) HIGIENIZAÇÃO ÚMIDA MANUAL A lavagem direta pode ser manual, usando-se uma solução de amônia quaternária 80%, á base de 2%, e formol 37%, a 1%. Essa técnica é usada para higiene de ovos sujos. Existe o inconveniente de reduzir a eclosão e estourar os ovos durante o processo de incubação. 

C) HIGIENIZAÇÃO ÚMIDA PULVERIZAÇÃO A pulverização foi introduzida no Brasil, em 1980, pela equipe da empresa Big Birds S/A com a finalidade de substituir o formol. 

É uma técnica simples, econômica e eficaz. Quando bem aplicada, reduz a contaminação dos ovos e não afeta a eclosão. 

Entre os produtos mais usados na avicultura brasileira, estão a amônia quaternária e o formol ou a combinação desses. 

Os ovos devem ser pulverizados, no Máximo, 30 minutos após a coleta, antes que sejam penetrados pelos microorganismos. As bandejas também são pulverizadas com a mesma solução antes de receberem os ovos. Um simples pulverizador é suficiente para essa operação. Em seguida, os ovos são guardados num armário livre de poeira. 

Muitos desinfetantes têm sido usados na desinfecção úmida (pulverização) como: 

· Amônia quaternária: 1.000 a 4.800ppm; 

· Formalina, solução: 1 a 1,5%; 

· Água oxigenada, solução: 1,0 a 5,0%; 

· Bióxido de cloro, solução: 30 a 40ppm; 

· Fenólicos, solução: 1.600ppm; 

· Glutaraldeído, solução: 1.000ppm; 

· Clohexidina, solução: 0,08 a 0,10ppm; 

· Proxitane, solução: 200ppm; 

· Combinações de amônia com: formalina, glutaraldeído, água oxigenada, ácido acético; 

· Combinações de água oxigenada com: ácido acétiico, ácido paracétio. 

 Todos esses produtos podem combater os microorganismos contaminantes da casca do ovo, porém só serão eficazes se forem considerados os fatores interferentes, como: 

· Incompatibilidade; 

· Dosagem; 

· pH; 

· Concentração do principio ativo; 

· Presença de matéria orgânica; 

· Perfumes de azeites componentes do desinfetante; 

· Excesso de minerais na água; 

· Temperatura da água. 

ESTOCAGEM DOS OVOS

A estocagem dos ovos férteis é uma prática comum e muitas vezes necessária na incubação comercial. Na maioria das vezes, o objetivo é evitar a mistura de ovos de diferentes lotes e idades, ou de lotes com status sanitário duvidoso e a incubação de um maior volume de ovos para atender uma demanda programada. O manejo de estocagem depende de vários fatores, entre eles as condições ambientais, linhagem, idade do lote, características físicas e químicas do ovo, estagio do desenvolvimento embrionário e tempo de estocagem, fatores esses que afetam a eclodibilidade e qualidade do pinto ao nascer. 

A) ARMAZENAMENTO DOS OVOS O armazenamento dos ovos férteis é uma prática, muitas vezes, necessárias na incubação comercial. Na maioria das vezes, o objetivo é evitar a mistura de ovos de diferentes lotes e idades. Porém, esta prática pode implicar em alterações na eclodibilidade dos ovos, necessitando de atenção aos fatores relacionados com a prática, como temperatura, umidade e tempo de armazenamento. 

B) TEMPERATURA Os ovos devem ser armazenados em temperaturas abaixo do “zero fisiológico” (23,9°C) para evitar o desenvolvimento do embrião fora da incubadora. Normalmente, é utilizada a temperatura entre 18 e 21°C consideradas ideais para o armazenamento dos ovos. O resfriamento dos ovos deve ser lento, sedo realizado num período entre 6 a 8 horas. 

C) UMIDADE A umidade relativa deve ser mantida entre 70% e 85%, para evitar a desidratação do embrião e a condensação de gotículas na superfície dos ovos. 

D) TEMPO O tempo Máximo de armazenamento é de 4 dias, principalmente para o armazenamento de ovos provenientes de matrizes com mais de 48 semanas de idade. Ovos de matrizes com menos de 48 semanas de idade possibilitam um tempo de armazenamento de até 7 dias sem prejuízos na eclosão. A partir daí a eclodibilidade cai na proporção de um ponto percentual por dia a mais de armazenamento. Os ovos postos pela manhã devem ser armazenados à tarde e, os postos à tarde devem ser armazenados à noite. 

INCUBAÇÃO  NATURAL

Usar galinhas para fazer a incubação dos ovos em um aviário comercial só é viável no início da criação. Depois que demanda pelo produto aumenta, essa prática torna-se economicamente não sendo interessante para o avicultor, pois é muito difícil para produtor manter um plantel de aves apenas para incubar os ovos sem que o avicultor consiga manter um programa de incubação de forma sistemática que atenda as necessidades de produção. 

INCUBAÇÃO ARTIFICIAL

O rendimento da incubação está estreitamente relacionado coma mortalidade embrionária, à qual sofre influencia da gravidade especifica (espessura da casca) e da capacidade do ovo em perder umidade. O acompanhamento dos resultados de incubação, para conhecimento sistemático dos índices de nascimento através da eclosão e da eclodibilidade, são de fundamental importância para avaliação dos possíveis fatores que limitam a produtividade do incubatório. 

A eclosão é obtida pela relação entre o numero de pintos nascidos e o total de ovos incubados (formula 1). Ela representa um índice geral, que caracteriza o desempenho tanto da granja produtora de ovos quanto do incubatório. 

Já a eclodibilidade consiste em uma avaliação mais específica do incubatório. Para sua obtenção utiliza-se a relação entre os pintos nascidos e o total de ovos férteis incubados (formula 2). Para essa avaliação é indispensável que seja realizada a ovoscopia (processo de retirada de ovos claros ou inférteis, realizada no décimo dia de incubação ou transferência da incubadora para o nascedouro) esta pratica permite também determinar a fertilidade aparente do lote. (formula 3). 

Após o nascimento dos pintos deve ser realizada a quebragem dos ovos não eclodidos para avaliação da mortalidade embrionária precoce (1 a 5 dias) intermediária (6 a 15 dias) e tardia (16 a 21 dias, de incubação). 

Valores de 88 e 96% para eclosão e eclodibilidade, respectivamente, refletem boas práticas na granja produtora de ovos férteis e no incubatório, ressaltando-se o manejo sanitário. 

É importante salientar que a qualidade do pinto está estritamente relacionada com as características do ovo incubado. Neste sentido é fundamental a manutenção de suas propriedades reprodutivas para a produção de pintos viáveis e com alta qualidade. 

A) TEMPERATURA A produção industrial de pintos de corte constitui um dos fatores de maior importância no desenvolvimento da indústria avícola moderna. O processo produtivo envolvido na atividade do incubatório é constituído por entradas (ovos férteis) e transformação biológica dessas entradas em produtos (pintos de um dia), agregando valor. O sucesso desta atividade envolve condições ótimas de manejo, considerando as pressões impostas aos animais pelo ambiente, somatório de fatores biológicos e físicos, dentre os quais se destacam a temperatura de incubação e a umidade relativa. (GONZALES, 1994). 

A temperatura é o fator ambiental mais importante e critico que afeta diretamente a eclodibilidade. Os reflexos da temperatura de incubação baixa ocasionam retardo no desenvolvimento embrionário e diminuição do ritmo de batimento cardíaco, com atraso de nascimento, má formação do animal e umbigo não cicatrizado. Temperaturas altas promovem aceleração no desenvolvimento do embrião com má posição embrionária, umbigo mal cicatrizado, pouca penugem, bicagem e nascimentos adiantados. (GUSTIN, 2003). A temperatura ideal para obtenção de bom desempenho zootécnico está em torno de 37,8°C e que a variação desta não deve ser superior a ± 0,3°C, uma vez que variações desta amplitude provocam impacto muito grande na incubação, dilatando o período de nascimento. 

B) UMIDADE A umidade relativa é outro ponto a ser levado em consideração, no entanto, esta pode variar muito mais que a temperatura sem causar danos sérios a eclodibilidade. Porém, deverá ser mantida em determinada amplitude para assegurar a obtenção de bons resultados. Se a umidade relativa for muito alta, os embriões tendem a eclodir precocemente. (DECUPYERE et al., 2003) 

Durante a incubação, a taxa de perda evaporativa de peso do ovo é controlada, em grande parte, pela umidade relativa da máquina incubadora e, também, influenciada pela qualidade da casca. Essa perda de peso tem sido associada a resultados de incubação e utilizada como ferramenta eficaz para avaliar o rendimento desse processo 

C) OXIGENAÇÃO E VENTILAÇÃO Para favorecer o metabolismo no desenvolvimento de um pintinho saudável, oxigênio tem que ser fornecido e o gás carbônico têm que ser retirado do ovo na forma de dejetos. Consequentemente, a manutenção dos níveis corretos de oxigênio durante todo o ciclo de incubação tem um efeito benéfico no desenvolvimento do sistema circulatório e no crescimento do embrião. Além de aumentar o desenvolvimento dos embriões nas incubadoras, a estimulação pelo controle preciso do oxigênio nos nascedouros conduz a uma melhor eclosão, redução na janela de nascimento e a uma melhor qualidade do pintinho. 

D) VIRAGEM Essa é uma prática muito importante no processo de incubação, ela evita que o embrião cole na membrana interna do ovo além de garantir a temperatura adequada em toda circunferência do ovo. 

Portanto, quando o ovo é colocado em condições de incubação, isto é, oxigenação em torno de 21%, temperatura (entre 37,5°C e 38,1°C), umidade relativa (entre 60% e 75%) e viragem (mínimo de 4 em 4 horas) o embrião encontra o ambiente ideal para um desenvolvimento equilibrado e saudável. 

E) PRÉ-AQUECIMENTO Esse procedimento é fundamental para que os ovos não sofram um choque de temperatura e com isso, reduzir a taxa de eclosão. Quando os ovos passam por um processo de resfriamento na estocagem, o pré-aquecimento deve ser feito antes que os mesmos sejam colocados na chocadeira, esse processo deve ser feito de forma lenta num período de 6 a 12 horas a uma temperatura de 24 a 30°C e umidade variando entre 60 e 70%. Para um bom desenvolvimento do embrião a temperatura interna do ovo, no momento da incubação, deve variar entre 26 e 28°. 






Nenhum comentário: