A produção e comercialização de animais silvestres é um sistema bastante complexo e quem investe, ou quer investir na atividade, precisa estar atento à tecnologia, mas não pode, de maneira nenhuma, esquecer a questão mercadológica (KINLAW, 1996).
A pecuária alternativa ou silvestre, como também é chamada e inserida no contexto de econegócio, deve ser tornar regra nos próximos anos. As empresas e propriedades que atualmente estão investindo nesses seguimentos, carregam o ônus do pioneirismo pois estão abrindo o mercado (ROCHA, 2001).
Nos últimos anos, inúmeros interessados na criação de animais silvestres foram desestimulados pela burocracia da legislação vigente, remetendo uma enorme necessidade de adaptação do mercado interno e de políticas governamentais que favoreçam as atividades ambientais desenvolvidas no país, pois será desvantajoso para o Brasil, manter uma legislação mais restrita para o uso da fauna silvestre do que a de nossos vizinhos perante o MERCOSUL. Será frustrante para o empresário nacional ver os consumidores brasileiros comprarem carne de jacaré, por exemplo, manufaturados na Argentina, legalizados na Paraguai e extraídos dos brejos do Pantanal brasileiro (ROCHA, 2001).
A competitividade constitui, nesse século, a maior preocupação em todos os setores e atividades. Diante dessa realidade, os setores do agronegócio são pressionados a promover mudanças estratégicas em ritmo cada vez mais acelerado. O setor de produtos silvestres enfrenta mudanças turbulentas diante de um processo de reestruturação semelhante ao vivido em décadas passadas em países como Argentina, Venezuela, Bolívia e Paraguai. Entretanto, pode-se tomá-los como exemplos, fazendo uma análise da realidade do país, porém, não se pode ter um raciocínio simplista e acreditar que as soluções que foram aplicadas em outros países poderão ser adequadas para o Brasil. A produção interna do país não é suficiente para abastecer o mercado devido ao número de criadores legalizados ou à quantidade de matrizes e reprodutores. Com a abertura das importações e exportações pelo MERCOSUL, o setor passou a encarar, de uma hora para outra, uma competição com o produto externo, ou seja, os produtos oriundos de animais exóticos e até mesmo os produtos silvestres brasileiros manufaturados em países vizinhos, revendidos no Brasil como produtos de exportação (CARRER, 2001).
O mercado brasileiro e internacional tem se mostrado ávido por carnes silvestres e exóticas, com menos gordura e colesterol, além do aspecto turístico. No Brasil, esse filão tem sido suprido pela caça predatória que ameaça de extinção inúmeras espécies. Daí o interesse para institucionalizar um amplo programa de criação, abate e comercialização de animais silvestres. Sobretudo, buscando a preservação das espécies mediante a conservação dos habitats naturais e porcentagem de reposição obrigatória por parte dos criadores (ROCHA, 2001).
Pode-se dizer que para quem está entrando na atividade é difícil imaginar que existiria mercado, mas o detalhe é que só existe mercado se houver o produto. O país está numa fase onde não há o produto em oferta regular e constante, então se torna complicado abrir o mercado sem ter o produto.
Segundo Oliveira (2008), hoje a criação de animais silvestres se encontra em transição e por esse motivo o criador precisa pensar, com muita cautela, numa estratégia de criação, abate e comercialização. A medida que vão aumentando as propriedades, vão se criando novos pontos de mercado. Por exemplo, o preço da capivara é o mesmo de seis anos atrás, pois conforme aumenta a oferta, os produtores tentam abrir o mercado. A Prófauna já chegou a exportar carne de capivara, mas a produção reduzida não viabiliza todo o esquema comercial para exportação. O ideal seria aumentar a produção, principalmente em fronteiras agrícolas e criar novos canais de comercialização. Se o sistema for bem dosado, a produção não vai sofrer como em alguns sistemas tradicionais onde, às vezes, existe maior oferta do que demanda do produto.
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