A base da organização de um sistema para produção de carne e pele está na adoção de épocas de acasalamento bem definidas ao longo do ano, de tal forma a proporcionar um intervalo entre partos médio de oito meses.
Para tornar isso possível, é indispensável à seleção dos animais ao longo dos ciclos de produção, buscando manter no rebanho apenas animais férteis, prolíficos, precoces sexualmente, com alta velocidade de ganho de peso, fêmeas parideiras e boas mães. Sabe-se também, que sem uma escrituração zootécnica eficiente, fica difícil a tomada de decisões e a definição de metas a serem atingidas na produção.
Escolha das Fêmeas para Reprodução
Devem ser escolhidas as fêmeas jovens que tiverem atingido 70% do peso adulto das fêmeas do rebanho, e da mesma raça, bem como as ovelhas e as cabras primíparas e pluríparas do rebanho, selecionadas quanto à fertilidade, prolificidade e amabilidade materna, mensurada através da taxa de sobrevivência de crias ao desmame. Todas as fêmeas devem ser vistoriadas, no mínimo, 21 dias antes do início da estação de acasalamento, quanto a aspectos sanitários, clínicos e ginecológicos, e quanto ao aspecto nutricional. É preconizado o uso de fêmeas com condição corporal entre 2,0 e 2,5, de forma que, ao serem submetidas a uma suplementação protéico-energética, iniciem a estação de acasalamento ganhando peso, atingindo o escore corporal entre 3,0 e 3,5. Fêmeas com escore corporal acima de 3,5, devem ser submetidas a uma dieta de restrição alimentar, para que possam perder peso previamente ao início da estação de acasalamento e atingirem a condição corporal desejada.
Para se elevar os índices de concepção e implantação dos embriões no útero, é recomendado prolongar a suplementação alimentar por até três a quatro semanas após o início da estação de acasalamento, podendo depois reduzir para os níveis de mantença até 100 dias de prenhez.
Não se recomenda o uso de vermífugos nos primeiros 45 dias da estação de acasalamento para evitar o desenvolvimento de fetos anormais.
Devem ser escolhidos machinhos jovens a partir 7 a 8 meses, devendo para estes reduzir a relação macho/fêmea para, no máximo, 1:15, bem como reprodutores adultos, em torno de 18 meses.
É necessária a realização de exame clínico e andrológico 60 dias antes do início da estação de acasalamento e poucos dias antes de seu início, para que se possa identificar a capacidade fecundante dos animais. É também nesta época que se deve iniciar uma suplementação dos animais visando a melhoria da qualidade do sêmen que será liberado durante a estação de acasalamento. Vale salientar que o sêmen que é liberado “hoje” no ejaculado, foi produzido há 46-54 dias atrás, daí tecer cuidados com 60 dias de antecedência.
Para melhor definir a duração das estações de acasalamento, são necessários alguns conhecimentos acerca da fisiologia reprodutiva das fêmeas.
As fêmeas ovinas e caprinas apresentam uma ciclicidade média de aparecimento de estro (cio) de 17 e 21 dias, respectivamente. Encontrando-se estas espécies em um bom estado sanitário, nutricional e em ambiente favorável, esta ciclicidade é observada ao longo de todo o ano nas regiões de clima tropical, onde o Nordeste está inserido.
Baseada nessa periodicidade do aparecimento do estro dimensiona-se a estação de acasalamento para proporcionar a estes animais duas a três chances de emprenharem por ciclo de produção. Geralmente, no primeiro ano de implantação da prática de manejo, se dá três oportunidades à fêmea, ou seja, uma estação de acasalamento com duração média de 51 e 61 dias para ovelhas e cabras, respectivamente. A partir da segunda estação reduz-se para dois ciclos, isto é, 34 dias para ovelhas e 42 dias para cabras.
Objetivando concentrar o aparecimento de estro entre as fêmeas do lote a ser acasalado, pode-se fazer uso do “efeito macho”, técnica de sincronização do estro baseada na utilização de machos vasectomizados. Para que seja induzido o efeito nas fêmeas, os rufiões, bem como os reprodutores e outros indivíduos do sexo masculino, devem ser retirados do contato auditivo, visual e olfativo direto ou indireto com as fêmeas por, no mínimo, 21 dias. Ao serem reintroduzidos no plantel, provoca-se uma descarga hormonal nas fêmeas, suficiente para provocar a ovulação. Em ovinos, uma alta porcentagem de animais chega a ovular, porém o cio não é percebido pelo reprodutor em muitas delas. Baseado nesta particularidade destas espécies, preconiza-se a introdução dos rufiões no plantel, na proporção de 1:25 fêmeas, 20 dias antes de dar inicio às coberturas com os reprodutores, dando a chance de todas as fêmeas apresentarem o estro pela primeira ou segunda vez, concentrando este aparecimento nas primeiras duas semanas da estação de acasalamento, o que facilitará, também, o manejo na estação de parição.
Há duas possibilidades de manejar os rufiões. Uma é o contato direto desse com as fêmeas ao longo de todo o dia. Nesse caso, é necessário o uso de tinta marcadora no peito dos animais, para que, ao saltarem sobre as fêmeas, esta fique marcada. A tinta deve ser reforçada no início da manhã e final da tarde, quando devem ser retiras as fêmeas identificadas com a mancha de tinta. Estas fêmeas são então levadas ao reprodutor, 12 horas após a identificação do cio. Após a retirada do plantel só deverá retornar após 24 horas de sua separação, ou seja, após o término do cio, para não atrapalhar a identificação pelo rufião de outras fêmeas em estro. Nessa prática de manejo de rufiões, os animais são mais exigidos, necessitando de maiores cuidados quanto ao aporte nutricional para os mesmos.
Uma outra possibilidade é a observação direta da rufiação em apriscos ou piquetes. Esta deverá ser realizada duas vezes ao dia, no início da manhã e no final da tarde, durante um período mínimo de 30 minutos. As fêmeas identificadas em cio pelo rufião são retiradas do lote imediatamente, prosseguindo-se a observação. Esta prática potencializa o uso do rufião no plantel, de forma a aumentar a relação rufião/fêmea, a qual poderá vir a ser de 1:40. Após o término do tempo de observação, os rufiões são apartados das fêmeas e levados a piquete separados destas, onde são suplementados para nova utilização 12 horas depois. As fêmeas em estro podem ser reincorparadas ao plantel após a identificação, sendo separadas novamente à tarde, antes da nova observação, para serem cobertas.
O uso de piquetes pequenos para a observação, facilita a identificação das fêmeas em estro, pois aumenta a proporção de fêmeas por m² de área de identificação, reduzindo o desgaste do rufião e elevando a eficiência do tempo de observação.
O uso da monta controlada possibilita uma relação de um reprodutor para até 40 fêmeas. Com o uso do rufião essa relação pode ser incrementada, sendo possível o uso de um reprodutor para até 60 fêmeas.
Vale ressaltar, a necessidade de se ter no rebanho o número mínimo de dois reprodutores, pois somente dessa maneira se poderá comparar a eficiência do rebanho entre reprodutores e selecionar indivíduos que realmente estão elevando os índices produtivos, ou seja, que fazem diferença.
Caso seja possível, é aconselhada sua realização de forma a direcionar os aportes nutricionais de maneira diferenciada com estado fisiológico das fêmeas, vazias e prenhes. Com o uso de equipamento como o ultra-som, é possível, também, identificar o número de fetos por fêmea prenhe, podendo-se formular dietas baseadas nas exigências nutricionais de uma fêmea com um ou mais fetos. O diagnóstico com o ultra-som transretal, módulo B, pode ser realizado com bastante brevidade, 22-25 dias após a cobertura, permitindo uma alta acurácia na identificação do número de fetos aos 40-45 dias de prenhez. O produtor pode pela ausência de cio em cabras e ovelhas que foram cobertas na estação de monta inferir que elas podem estar prenhez.
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