O Brasil apesar de deter um rebanho de 6.590.646 cabeças de caprinos e 13.954.555 de ovinos, dos quais 93,7% e 48,1%, respectivamente, na Região Nordeste (IBGE, 2002), continua importando carne de ovinos e, principalmente, peles de caprinos (COELHO, 1999). CARVALHO (2002) cita que as importações de carne ovina no Distrito Federal têm aumentado entre 1992 e 2000. Mesmo sendo um negócio economicamente rentável, a produção/oferta de carnes caprina e ovina não tem aumentado na mesma proporção da demanda em todo o País (SANTANA, 1999). Estes dados justificam a importância do agronegócio da caprino-ovinocultura como estratégia para o desenvolvimento rural, visto que este é uma atividade chave e pode gerar um grande impulso na economia nordestina, caso a sua integração agroindustrial seja adequadamente localizada, conduzida e estimulada.
O mercado tem se mostrado consumidor tanto no Brasil como no exterior. A tendência do mercado é de aumentar o consumo de carne fresca ou resfriada em substituição à carne congelada. Esta tendência do mercado consumidor poderá favorecer as regiões que tenham maior presença no mercado durante maior número de meses ao ano. Assim, os efetivos de caprinos e ovinos precisam ser aumentados rapidamente para diminuir as importações e cobrir as ociosidades existentes nos abatedouros/frigoríficos e nos curtumes Portanto, planejamento adequado aliado à organização dos produtores e à pesquisas bem orientadas poderão aumentar o período de oferta de animais para abate por maior número de meses do ano (MCT/CNPq/CGAPB, 2001).
Presume-se que um dos principais entraves ao desenvolvimento da cadeia produtiva seja a estacionalidade na oferta. Esta é decorrente, dentre outros fatores, da quase completa ausência de organização e gestão da unidade produtiva em forma empresarial. Particularmente, na zona semi-árida da Região Nordeste, esta é fortemente influenciada pelos fatores climáticos que afetam a produção, quantitativa e qualitativa de forrageiras, com fortes conseqüências no desempenho produtivo e no desfrute dos rebanhos.
Tendo em vista a estacionalidade na produção e, conseqüentemente, na oferta, a demanda permanece reprimida. Entretanto, os consumidores buscam fontes de proteína que estejam disponíveis durante todo o ano. Sendo o consumidor o elo final das cadeias sendo, pois, os demais elos focados nele. (FURLANETTO, 2000; GUIMARÃES FILHO, 1999; GUIMARÃES FILHO & CORREIA, 2001).
Atualmente, o cenário interno e externo apresenta alguns fatores que favorecem o desenvolvimento do agronegócio de caprinos e ovinos, viabilizando a agregação de valor à produção tanto no âmbito doméstico quanto internacional, numa escala sem precedentes, dadas às oportunidades reais de mercado. No cenário externo, pode-se citar a manifestação da gripe do frango nos países asiáticos e, a incidência da encefalopatia espongiforme bovina (EEB), conhecida como o mal da vaca louca, nos rebanhos de vários países da Europa e dos Estados Unidos. No cenário doméstico, a estabilização econômica, a melhoria do nível de renda da população e, às políticas sanitárias e de regulamentação do comércio interno de produtos agropecuários, são alguns dos fatores favoráveis, dentre outros.
Ademais, está acontecendo uma mudança de atitude por parte dos consumidores de alimentos, existindo uma tendência principalmente nos países desenvolvidos, de que as preocupações com a saúde e bem-estar em geral, incluindo receios ambientais, passem a ter cada vez mais importância no processo de escolha dos consumidores. Este cenário, aliado ao fenômeno da globalização poderá impulsionar o consumo mundial de carne caprina. Ressalte-se que dentre as carnes mais consumidas no mundo, a carne caprina é a mais magra (contém o menor teor de gordura), sendo inclusive mais magra que a carne de frango. Por exemplo, em cada 100 gramas de carne assada ao forno, a carne caprina apresenta 2,75 gramas de gordura, contra 3,75 gramas da de frango, 17,14 gramas da bovina e 25,74 gramas da suína. Este diferencial, aliado às estratégias de conquista de novos mercados poderá impulsionar consideravelmente o consumo mundial de carne caprina (MARTINS, 2002).
Pelo que se observa as condições dos mercados externo e interno são favoráveis ao desenvolvimento da caprino-ovinocultura. Entretanto, para criar, manter e/ou ampliar parcelas nos mercados externo e interno há que se produzir com qualidade total.
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