26 de set. de 2015

Manejo Produtivo para Caprinos e Ovinos



Para o bom funcionamento de um sistema de produção uma série de medidas de manejo geral devem fazer parte das atividades de rotina da propriedade rural. Neste capítulo estão abordadas as principais práticas gerais de manejo necessárias para a produção de caprinos e ovinos de corte.


Práticas Gerais de Manejo

Neste item os principais aspectos que serão abordados são: a escrituração zootécnica e o descarte orientado.


A escrituração zootécnica consiste no conjunto de práticas relacionadas às anotações da propriedade rural que possui atividade de exploração animal. É o mecanismo de descrição formal de toda a estrutura da propriedade: localização; acesso; área; relevo; clima; divisões; áreas de pastagens; benfeitorias; máquinas e equipamentos; funcionários; rebanhos; práticas de manejo geral e alimentar, sanitário e reprodutivo; produtos e comercialização; anotações contábeis etc.
Em um sentido restrito, escrituração zootécnica consiste nas anotações de controle do rebanho, com fichas individuais por animal, registrando-se sua genealogia, ocorrências e desempenho. Nestas anotações são registradas as datas, a condição e a extensão de importantes ocorrências como nascimento; coberturas; partos; enfermidades; morte; descarte etc. além dos registros de desempenho produtivo como pesagens, entre outras importantes mensurações, tais como as medidas morfométricas (altura, comprimento, circunferência escrotal e condição corporal e medidas de tipo e conformação). Sua importância encontra-se no fato de manter-se sob controle tudo o que ocorre na propriedade, e assim tomar decisões mais acertadas, corrigindo erros que porventura venham a ocorrer. Quanto maior o detalhe das anotações maior será o benefício que poderá ser extraído destas informações.
A escrituração zootécnica pode ser feita de maneira manual ou informatizada. Na escrituração manual, o produtor utiliza fichas individuais para o registro do desempenho de cada animal e fichas coletivas para o controle das práticas de manejo, tais como coberturas, partos etc. Estas fichas são armazenadas em arquivos físicos na propriedade.
Na escrituração informatizada, as fichas estão contidas em programas específicos de computador. Os benefícios da escrituração informatizada são grandes, pois afora permitir maior controle, detalhe e integração da informação, favorece a disponibilização fácil e rápida para o usuário. Entretanto, na sua impossibilidade, a escrituração manual pode muito bem atender aos objetivos propostos, desde que tomada de forma prática e eficiente. O mercado disponibiliza diversos programas de gerenciamento de propriedade. Esses softwares apresentam várias formas de entrada de dados, controle e níveis de utilização da informação.

Descarte Orientado


O percentual anual de descarte deve variar entre 15 a 20%/ano. Devem ser descartados os animais velhos, portadores de taras (defeitos) genéticos, animais improdutivos, defeituosos, fêmeas portadoras de mastite crônica, fêmeas com baixa habilidade materna, fêmeas com baixa taxa de sobrevivência das crias.

Manejo Geral das Matrizes


Deve-se anotar a data da cobertura e data possível do parto das fêmeas cobertas. Após a cobertura observar o retorno ou não do cio pela matriz. No terço final da prenhez separar as matrizes em piquetes maternidades e melhorar sua alimentação conforme recomendação no capítulo de manejo alimentar.
As matrizes devem ser mantidas em lotes homogêneos e o local onde o parto deverá ocorrer deve ser tranqüilo e higienizado. Deve-se evitar a presença de outros animais (gato, cachorro e ratos) no local do parto.
Após o parto a matriz deve fazer o reconhecimento da cria e o tratador deve observar se a mesma expulsou a placenta.

Manejo Geral das Crias


É muito importante o manejo da cria para a eficiência do sistema. A mortalidade das crias deve ser evitada através de medidas de manejo.
Logo após o nascimento a cria deve mamar o colostro, que é o primeiro leite. O colostro é rico em proteínas e anticorpos, que irão proteger a cria de doenças. O colostro deve ser ingerido nas primeiras 48 horas de vida da cria.
Deve-se, proceder também, logo após o parto, o corte e cura do umbigo. O umbigo deve ser cortado, deixando-o com um tamanho de três a quatro centímetros. O coto umbilical deve ser em seguida mergulhado em um frasco, com boca larga, contendo iodo a 10%.
Faz parte dos cuidados com a cria, a pesagem da mesma ao nascer, anotar junto com esse dado o dia do nascimento, o número da mãe e o número do pai. A partir daí é importante o acompanhamento periódico através de pesagens mensais, do desempenho das crias.
Exame de fezes e vermifugação periódica conforme orientação do manejo sanitário descrito nesta publicação.
Além destas práticas, existem outras que são bastante importantes no sistema de produção.

Desmame

O desmame no sistema extensivo é realizado aos seis meses de idade. No entanto, para que haja eficiência no sistema de produção. A Embrapa Caprinos propõe em seu pacote tecnológico a redução de seis para no máximo três meses. Sendo que para o atual sistema de três partos em dois anos, o período ideal é de 60 a 75 dias. Para conseguir este período é necessário o uso da amamentação controlada e da prática do creep feeding que são detalhadas no capítulo de manejo alimentar.

Marcação

Existem várias maneiras de marcar os animais de um rebanho. É importante que o produtor tenha todos os animais marcados e identificados de modo que possa acompanhar sua vida produtiva e reprodutiva dentro do rebanho.
O uso de brincos e chapas metálicas é bastante utilizado por ser de baixo custo, e pode ser usado logo após o nascimento da cria. No entanto, tem o inconveniente dos animais constantemente perderem este tipo de identificação.
A tatuagem é outra forma de marcação. Geralmente tatuam-se os animais puros que possuem registro genealógico. Para proceder a prática utiliza-se um alicate tatuador.
A marcação de ferro a fogo é realizada na tábua do queixo ou base do chifre. O método é barato, no entanto, de difícil execução.
Os sinais chamados piques ou mossas, que são feitos nas orelhas quando os animais possuem entre dois e três meses de idade, constituem um dos tipos de marcação mais característicos dos sistemas extensivos de criação.

Castração

A castração tem por objetivos melhorar a consistência e o sabor das carnes, tornar os animais mais dóceis, engordar os animais mais rapidamente e possibilitar a criação de machos e de fêmeas juntos, sem que ocorram coberturas indesejáveis.
Existem vários métodos de castração. O método cirúrgico, burdizzo e anel de borracha são os mais conhecidos.
O método cirúrgico é o mais seguro, porém de maior custo. O método do anel de borracha é muito simples e consiste em colocar um anel de borracha na base do saco escrotal de modo que não haja circulação sanguínea e com o passar dos dias os testículos caem.
O burdizzo consiste no esmagamento dos cordões sem que haja o corte da pele. É um processo rápido, prático e simples. A eficiência deste método depende bastante do operador. Este deve estar atento para o funcionamento do alicate. Na hora de fazer a castração deve fazer o esmagamento de um lado do testículo e depois do outro. Não se deve fazer o esmagamento da região total. Ao final do processo o operador deve se certificar de que os dois cordões foram rompidos.


A descorna tem por finalidade facilitar o manejo dos animais, evitando a ocorrência de lesões causadas por chifres no rebanho. A prática é mais destinada para caprinos. O método mais comum e eficiente é a descorna utilizando ferro quente aos dez dias de nascido. Deve-se prestar bastante atenção para que o ferro cauterize apenas o botão do chifre.
As pastas cáusticas são perigosas por causar muitas vezes cegueira e intoxicação nos animais. A descorna cirúrgica só é recomendada após oito meses de idade.








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